A nova investida do governo de Cristina Kirchner contra a imprensa estabelece um marco na maneira de tentar controlar a informação. Como não pode censurar diretamente as críticas feitas contra seu governo, Cristina decidiu nacionalizar a Prensa Papel, fábrica de papel para jornais pertencente aos grupos Clarín e La Nación. Usou como justificativa uma história perdida no tempo sobre a participação do governo militar na aquisição da empresa pelos grupos jornalísticos. Somada à Ley de Medios, a medida aprovada pelo Congresso busca colocar os grandes jornais argentinos sob o jugo do governo. Este passará a controlar a venda do papel para publicações de todo o país, porque a Prensa Papel é a única empresa do gênero na Argentina. A iniciativa vem de tempos. Há um ano e meio, quando o projeto foi apresentado ao Congresso, os editores executivos do Clarín relatavam, em uma reunião em Buenos Aires, as várias formas de boicote movidas pelo governo contra o jornal. Na Copa de 2010, por exemplo, o Clarín decidiu fazer uma promoção com camisas da seleção argentina. Campanha publicitária na rua, a promoção foi um sucesso. A empresa importou milhares de camisas para entregar aos seus leitores. A alfândega exigiu uma série de documentos. E foi exigindo mais e mais. As camisetas só foram liberadas após a Argentina ser desclassificada da Copa. Tudo por conta da incapacidade de Cristina Kirchner de conviver com ideias diferentes das suas. Algo, aliás, cada vez mais comum nos dias atuais.
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