Os capixabas já vinham dando demonstrações recentes de insatisfação com a indiferença do poder central ao Estado, mas esse é um momento novo na história do Espírito Santo. Nas últimas semanas, setores da sociedade se uniram para reagir à ameaça de perda dos royalties do petróleo e do fim do Fundap, que pode quebrar 70 das 78 cidades e tirar cerca de R$ 4,3 bilhões das nossas receitas.
A mensagem foi clara, embora Brasília talvez não tenha entendido completamente: o descontentamento ganhou corpo, e os cidadãos decidiram não mais assistir silenciosamente às decisões que podem causar estragos profundos no seu futuro.
Não foi assim, por exemplo, quando o governo federal resolveu erradicar os cafezais na década de 1960. A medida teve efeito devastador, e é comparável à ameaça de hoje: 60,3 mil pessoas ficaram sem emprego. No entanto, a resposta partiu de um movimento das elites que, aliás, levou justamente à criação do Fundap.
Agora, na história recente, há anos o Espírito Santo tem sido jogado para escanteio pelo poder central. Lanterninha dos repasses federais, pouco caso com o aeroporto, rodovias e portos, recursos minguados para investimentos. Muitos capixabas acompanham esse ramerrame há mais de uma década.
O recado foi dado nas urnas: a derrota da presidente Dilma Rousseff aqui no Estado, no segundo turno da eleição presidencial, também embutiu a insatisfação do eleitor capixaba com o desdém do governo federal - embora, obviamente, outros fatores tenham influído no resultado.
Agora, a partir da mobilização pelos royalties, iniciada ainda no governo passado, houve mais ações de segmentos da sociedade para pressionar o governo central.
A manifestação em defesa dos royalties, no dia 10 de novembro, foi um marco desse novo momento do Estado. Ao contrário do Rio, onde também ocorreram protestos pelos royalties, o Espírito Santo não tem tradição de grandes mobilizações.
Mas, de lá para cá, felizmente, a sociedade manteve a pressão, diante do perigo ainda maior, o de extinção do Fundap. Segmentos se uniram para debater o tema, as instituições públicas enviaram cartas à presidente Dilma, representantes do PT saíram do muro e reforçaram a mobilização.
Hoje há grande disseminação de informações, e as pessoas em geral sabem do perigo que ronda o Estado, ainda mais com as oportunidades das gerações futuras em risco.
Pesquisa recente do Instituto Futura, publicada em A GAZETA, mostrou que 56% dos entrevistados reprovam a ação da presidente no caso dos royalties. Nas classes A/B, a reprovação chegou a 67%, e a 63% na classe C.
"A insatisfação vai desce dessas classes para toda a sociedade. As pessoas estão percebendo a ameaça à coletividade, e isso é um fator mobilizador", diz o cientista político João Gualberto Vasconcellos, um dos diretores do Instituto Futura.
Ele acrescenta: essa é a oportunidade para ampliar a mobilização, porque a sociedade mostra disposição para reagir mais. Esse é talvez o único fator positivo nesse processo. E, mantida de fato a união, pela força que tem, ela pode até mudar o quadro atual.
Praça oito - A Gazeta
A mensagem foi clara, embora Brasília talvez não tenha entendido completamente: o descontentamento ganhou corpo, e os cidadãos decidiram não mais assistir silenciosamente às decisões que podem causar estragos profundos no seu futuro.
Não foi assim, por exemplo, quando o governo federal resolveu erradicar os cafezais na década de 1960. A medida teve efeito devastador, e é comparável à ameaça de hoje: 60,3 mil pessoas ficaram sem emprego. No entanto, a resposta partiu de um movimento das elites que, aliás, levou justamente à criação do Fundap.
Agora, na história recente, há anos o Espírito Santo tem sido jogado para escanteio pelo poder central. Lanterninha dos repasses federais, pouco caso com o aeroporto, rodovias e portos, recursos minguados para investimentos. Muitos capixabas acompanham esse ramerrame há mais de uma década.
O recado foi dado nas urnas: a derrota da presidente Dilma Rousseff aqui no Estado, no segundo turno da eleição presidencial, também embutiu a insatisfação do eleitor capixaba com o desdém do governo federal - embora, obviamente, outros fatores tenham influído no resultado.
Agora, a partir da mobilização pelos royalties, iniciada ainda no governo passado, houve mais ações de segmentos da sociedade para pressionar o governo central.
A manifestação em defesa dos royalties, no dia 10 de novembro, foi um marco desse novo momento do Estado. Ao contrário do Rio, onde também ocorreram protestos pelos royalties, o Espírito Santo não tem tradição de grandes mobilizações.
Mas, de lá para cá, felizmente, a sociedade manteve a pressão, diante do perigo ainda maior, o de extinção do Fundap. Segmentos se uniram para debater o tema, as instituições públicas enviaram cartas à presidente Dilma, representantes do PT saíram do muro e reforçaram a mobilização.
Hoje há grande disseminação de informações, e as pessoas em geral sabem do perigo que ronda o Estado, ainda mais com as oportunidades das gerações futuras em risco.
Pesquisa recente do Instituto Futura, publicada em A GAZETA, mostrou que 56% dos entrevistados reprovam a ação da presidente no caso dos royalties. Nas classes A/B, a reprovação chegou a 67%, e a 63% na classe C.
"A insatisfação vai desce dessas classes para toda a sociedade. As pessoas estão percebendo a ameaça à coletividade, e isso é um fator mobilizador", diz o cientista político João Gualberto Vasconcellos, um dos diretores do Instituto Futura.
Ele acrescenta: essa é a oportunidade para ampliar a mobilização, porque a sociedade mostra disposição para reagir mais. Esse é talvez o único fator positivo nesse processo. E, mantida de fato a união, pela força que tem, ela pode até mudar o quadro atual.
Praça oito - A Gazeta
Oi meu amigo,
ResponderExcluirO que não entendo é, porque o Estado elegeu, com tantos votos, um governador claramente partidário da eleita.
Há coisas nas eleições do Brasil, atualmente, que não dá para entender.