A presidente Dilma criou fama de “gerentona”, isto é, de executiva que distribui tarefas, cobra responsabilidades e não tolera a ineficiência. O jornal “O Globo” de hoje traz uma matéria que realça esse comportamento. Segundo a reportagem, Dilma despacha diretamente com subordinados de ministros. Seria uma forma de contornar o inconveniente de não ter podido escolher o ministério dos seus sonhos, “por pressões dos partidos aliados e do ex-presidente Lula”. O jornal informa que Dilma teria criado uma “República dos vice-ministros”. Assim, “com perfil técnico e estilo centralizador, Dilma despacha diretamente com secretários-executivos de várias pastas, tomando decisões à revelia dos ministros. Em pelo menos meia dúzia de ministérios, a relação mais constante da presidente é com os subs”. O secretário-executivo mais requisitado seria o da Fazenda, Nelson Barbosa, que segundo O Globo era o preferido dela para assumir a pasta, não fosse a pressão de Lula para manter o ministro Mantega.
Muitos valorizam esse estilo de Dilma, que a diferenciaria do antecessor e lhe daria melhores condições de administrar o país. Não penso assim. Suas qualidades são elogiáveis, mas são outros os requisitos para bem exercer a chefia do governo. Para enfrentar os enormes desafios do cargo, o fundamental é a liderança e não o pendor para cuidar de detalhes, assenhorar-se do andamento de projetos ou controlar pessoalmente a execução de encargos. Dilma precisa ser a regente de uma orquestra e não a afinadora dos instrumentos. Precisa fazer-se respeitar por sua capacidade de estabelecer estratégias e liderar a adoção de medidas de grande envergadura. Ela se impõe aos subordinados ao administrar o dia a dia e ser implacável nas cobranças. Acontece que ao se envolver com controles e o acompanhamento de tudo Dilma desperdiça tempo que deveria se melhor utilizado na articulação política e na interlocução com líderes do Congresso e da sociedade.
Administrar mediante o relacionamento direto com subordinados de ministros é subverter a hierarquia, que é essencial para o bom funcionamento de qualquer organização. Observar a hierarquia é mais importante no governo do que nas organização privadas, pois no setor público é maior o potencial de conflitos, decorrente das disputas por posições e poder. No Brasil, esse aspecto adquire maior relevância, haja vista que a formação do governo costuma exigir coalizões amplas, não raramente constituídas de partidos antagônicos.
A subversão da hierarquia contribui para criar insatisfações, gerar desencontros de orientação e despertar ciúmes, que são prejudiciais ao bom andamento dos serviços e ao cumprimento de deveres e responsabilidades do cargo de presidente da República. A subversão da hierarquia distorce lealdades e constitui mau exemplo para toda a cadeia de comando dos ministérios e demais órgãos e entidades da administração pública. Os “eleitos” podem sentir-se seguros para tomar iniciativas que não lhes são próprias, emitir ordens sem deter a correspondente autoridade e até mesmo usar esse “status” para invadir a competência de outras áreas do governo. O resultado é a ampliação dos conflitos e a redução da efidiência que se espera da administração.
Em resumo, ao administrar o governo por canais informais, a presidente Dilma pode criar desconfianças, promover atritos e gerar desperdícios que podem prejudicar sua ação como chefe do governo.
Maílson da Nóbrega
Muitos valorizam esse estilo de Dilma, que a diferenciaria do antecessor e lhe daria melhores condições de administrar o país. Não penso assim. Suas qualidades são elogiáveis, mas são outros os requisitos para bem exercer a chefia do governo. Para enfrentar os enormes desafios do cargo, o fundamental é a liderança e não o pendor para cuidar de detalhes, assenhorar-se do andamento de projetos ou controlar pessoalmente a execução de encargos. Dilma precisa ser a regente de uma orquestra e não a afinadora dos instrumentos. Precisa fazer-se respeitar por sua capacidade de estabelecer estratégias e liderar a adoção de medidas de grande envergadura. Ela se impõe aos subordinados ao administrar o dia a dia e ser implacável nas cobranças. Acontece que ao se envolver com controles e o acompanhamento de tudo Dilma desperdiça tempo que deveria se melhor utilizado na articulação política e na interlocução com líderes do Congresso e da sociedade.
Administrar mediante o relacionamento direto com subordinados de ministros é subverter a hierarquia, que é essencial para o bom funcionamento de qualquer organização. Observar a hierarquia é mais importante no governo do que nas organização privadas, pois no setor público é maior o potencial de conflitos, decorrente das disputas por posições e poder. No Brasil, esse aspecto adquire maior relevância, haja vista que a formação do governo costuma exigir coalizões amplas, não raramente constituídas de partidos antagônicos.
A subversão da hierarquia contribui para criar insatisfações, gerar desencontros de orientação e despertar ciúmes, que são prejudiciais ao bom andamento dos serviços e ao cumprimento de deveres e responsabilidades do cargo de presidente da República. A subversão da hierarquia distorce lealdades e constitui mau exemplo para toda a cadeia de comando dos ministérios e demais órgãos e entidades da administração pública. Os “eleitos” podem sentir-se seguros para tomar iniciativas que não lhes são próprias, emitir ordens sem deter a correspondente autoridade e até mesmo usar esse “status” para invadir a competência de outras áreas do governo. O resultado é a ampliação dos conflitos e a redução da efidiência que se espera da administração.
Em resumo, ao administrar o governo por canais informais, a presidente Dilma pode criar desconfianças, promover atritos e gerar desperdícios que podem prejudicar sua ação como chefe do governo.
Maílson da Nóbrega
Nenhum comentário:
Postar um comentário