quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Estratégia errada (H1N1)

Trabalho em um Hospital público em Atilio Vivácqua e em um PAM ( Pronto atendimento muncipal) em Presidente Kennedy, Es. Sou Diretor e plantonista nos dois. O que temos enfrentado nas últimas semanas é uma imensidão de pacientes apresentando sintomas de gripe, isto é, fébre, tosse, dor de cabeça, dor na garganta, dor no corpo, etc. Inicialmente não temos como distinguir a gripe comum com a gripe A (H1N1), e nos baseamos em parâmetros essencialmente clinicos, já que a intensidade destes sintomas, associados à falta de ar, nos alerta para a possibilidade de estarmos diante da gripe A, principalmente , mas não necessáriamente se o paciente estiver incluído nos grupos de risco elaborado pelo Ministério da Saúde, que em seu protocólo orienta ministrarmos o anti viral Oseltamivir ( Tamiflu) em pacientes que apresentem fébre alta com sofrimento respiratório. Temos que fazer a notificação, uma receita em duas vias e solicitarmos o medicamento, no nosso caso na Superintendencia Regional de Saúde em Cachoeiro de Itapemirim. Neste ponto, acho que a estratégia está errada, pois sabemos que esse medicamento, que é excelente por sinal, só vai ter uma ação terapêutica eficaz se ministrado até 48 horas do inicio dos sintomas, um tempo muito curto, principalmente porque se observarmos a cultura de nosso povo, sabemos que não vão procurar atendimento médico no primeiro dia da doença, o que já nos faz perder 24 horas ou mais, nos restando pouco tempo para atendê-lo, diagnosticarmos, prescrever a medicação, mandar buscar, começar a administrar a medicação, etc. Como em vários países, o Oseltamivir devería ser administrado em todos pacientes efetivamente gripados, mesmo se fossem portadores da gripe comum, já que não dispomos de um meio de diagnóstico rápido, seguro, de fácil acesso a todos para esclarecermos o agente causador da gripe. Não posso concordar com o argumento de que esse tipo de ação podería levar a uma resistência do vírus ao medicamento, pois ela pode ocorrer independentemente do uso em maior escala do Osetalmivir. Uma segunda razão é a de que o vírus não é exclusividade nossa, não existe só aqui , é o mesmo que está em todo o mundo e se em vários países a extratégia é de medicação para todos, se houver resistência, ela vai acabar chegando aqui , de qualquer jeito. Infelizmente tenho que chegar a conclusão de que o Governo não tem o estoque de medicamento que diz ter, por isso adotou a estratégia atual.

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