domingo, 29 de maio de 2011

MAUS MOMENTOS.

Os últimos dias têm sido de maus momentos na política: um prefeito em Santa Leopoldina foi cassado por fraude em licitações, vices que não trabalham pelo Estado afora - mas que recebem polpudos salários - foram desmascarados, metade da Prefeitura de Fundão foi parar na cadeia porque desviava dinheiro do petróleo e, no cenário nacional, o governo barganhou o kit anti-homofobia em troca da blindagem do ministro Antônio Palocci, que conseguiu o milagre de, com salário de deputado, fazer consultorias e aumentar seu patrimônio em 20 vezes.

Há outros exemplos que desanimam: em Campinas, São Paulo, 13 foram presos por suspeitas de fraudes em licitações, entre eles o vice-prefeito da cidade, com envolvimento também da primeira-dama. As histórias se repetem de cidade em cidade, por aqui e em Brasília. São desvios éticos, prisões, corrupção que nasce no financiamento de campanha, explicações duvidosas e uma imensa dificuldade de punição. "Vai dar em pizza", disse um dos investigados em Fundão numa conversa telefônica.
No caso de Brasília, a lua de mel com o governo Dilma acabou cedo demais, antes que ela usasse esse momento de trégua para tocar as reformas que o país precisa. Para evitar que Palocci explicasse o milagre da multiplicação de bens, a presidente recuou na distribuição da cartilha que seria distribuída em escolas com mensagens contra a discriminação de homossexuais. Cedeu para o que há de mais atrasado na política do país: Bolsonaro e Garotinho. O conteúdo do kit anti-homofobia poderia ter sido, sim, mais bem discutido. O problema foi o que motivou o recuo.

A votação do Código Florestal e a aprovação da emenda que estende aos Estados o poder de decidir sobre atividades agropecuárias em áreas de preservação permanente foi outra derrota - e mostra sinais de instabilidade na relação entre o governo e o PMDB de Michel Temer.

E como numa cena de " vale a pena ver de novo", eis que o ex-presidente Lula (PT) surge para "salvar" quem ele ajudou a eleger, reencarnando para uma espécie de terceiro mandato. Para o PT, que acusa a oposição de tentar um terceiro turno eleitoral, trata-se de um gesto normal. Mas também pode ser interpretado como um atestado de falta de habilidade política da presidente Dilma, que não consegue controlar sua base nem lidar com a oposição. Os aliados agora usam a crise para o que há de pior: o fisiologismo.

Não se pode dizer que o que acontece em Brasília contamina o país, mas o que acontece no país contamina a política.

Fonte: A Gazeta.

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