segunda-feira, 18 de junho de 2012

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Surpreendentes, na semana, foram as declarações do advogado do PT, profissional de primeira linha, Thomaz Bastos, sobre os mensaleiros do partido, a serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal em agosto: a exploração desse assunto, pela imprensa, prejudica-os gravemente. Será? Afinal, a mente dos ministros do STF não é a de marias que vão com as outras, como as do povo alemão, face à propaganda do Dr. Goebbels, ante as propostas de Hitler, num país arrasado pela inflação e pelo desemprego, causados pelas exigências e humilhações do tratado de Versalhes. Esse não é o caso do Brasil, país no qual a publicidade ajudou a eleger os dois últimos presidentes, Lula e a sucessora, Dilma.

Ambos, por sinal, parecem alimentar projetos continuístas, graças ao apoio maciço que lhes dá o povo, apesar dos estragos causados pelos mensaleiros e outros escândalos, como o rombo de R$ 100 milhões no Banco do Nordeste; não se sabe em quanto orça o desfalque na Casa da Moeda; e nas obras públicas para a Copa do Mundo. O PT honrado, antes de assumir o poder, era comparado à UDN antiga, que não deixava passar o menor malfeito. Dava gosto ver o trabalho do velho PT na oposição. Agora, como na ditadura de Getúlio, ele abusou de brigar, perdulariamente, pelos cargos públicos, perdendo, pois, a inocência de sua juventude lutadora, na oposição.

Claro, a gente digna do PT não se envolveu em nenhum escândalo citado acima. Nessa categoria, muitos sabem dos desatinos de seus companheiros no mensalão. Alguns abandonaram o partido ante o lixo partidário. Outros, porém, continuam nos quadros do PT, embora vejam, com tristeza, dirigentes petistas, entre os quais seu presidente de honra, Luiz Inácio Lula da Silva, acabarem com a praxe da consulta às bases, para lançamento dos candidatos que a maioria queira.

A bem da verdade, ao contrário do que acha seu advogado, quem pode, hoje, devolver ao partido petista sua dignidade é o Supremo Tribunal Federal, em agosto próximo, com uma faxina rigorosa nas estrebarias do mensalão. Que tal recuperação não leve o PT à intolerância do fanatismo.

Rubem Azevedo Lima - Correio Brasiliense

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