A troca de acusações não foi leve, muito menos irrelevante. Ao justificar as investigações sobre um esquema de fraudes da ordem de R$ 500 milhões no sistema de arrecadação do Imposto Sobre Serviços na prefeitura de São Paulo, o petista Fernando Haddad disse que recebeu do antecessor, Gilberto Kassab, uma administração "degradada", contaminada por corrupção em várias secretarias. "Um descalabro."
Depois de uns dias de silêncio, Kassab deu o troco no mesmo tom. Segundo ele, "descalabro" é o primeiro ano da gestão Haddad e que "degradada" foi a situação em que José Serra e ele, como vice, receberam a prefeitura das mãos de Marta Suplicy, em 2005. O ex-prefeito ainda acusou o sucessor de ser intelectualmente desonesto, incompetente, e de agir com o intuito de minar sua carreira política.
Chumbo trocado para ninguém botar defeito, pois não? Denúncias e suspeições escabrosas, dignas de criterioso e profundo exame em prol do serviço público. Um descalabro, não é mesmo?
Em tese. Na prática, o legítimo descalabro é o que se inicia agora com a tentativa do PT de um lado e do PSD de Kassab de outro tentando abafar o caso, amenizando abriga em nome do bom andamento das relações políticas entre as duas forças.
O PT não quer perder o tempo de televisão ao qual o PSD tem direito e que lhe será transferido se houver coligação formal entre ambos para a eleição presidencial de 2014. Tampouco pretende abrir mão, se Dilma Rousseff for reeleita, da bancada de Kassab na Câmara.
De onde decorrem as reclamações dos petistas em relação a Haddad - que
estaria exagerando e sendo politicamente inábil ao "ir para cima" da gestão Kassab -, e a orientação do ex-presidente Lula da Silva para que o prefeito ponha o pé no freio nas acusações contra o aliado a fim de não pôr em risco a unidade de interesses.
Kassab, por sua vez, instigado a reagir por correligionários, fez o revide. Passou o recado de que, se provocado, também poderia ter coisas desagradáveis a dizer a respeito da conduta de petistas no trato da máquina pública, e rapidamente tratou de, como se diz no popular, baixar a bola.
De acordo com ele, o que ocorre em São Paulo é um "problema local" que não pode criar entraves à aliança nacional, relegando um potencial lodaçal na maior cidade do País ao terreno das irrelevâncias e subordinando isso a conveniências eleitorais.
O ex-prefeito já disse que pretende concorrer ao governo de São Paulo para que seu eleitorado (conservador) não pense que virou petista por causa do apoio a Dilma. Ainda assim, quer ficar junto com o PT para tirar proveito da força política do Planalto de aumentar a bancada, hoje de 42 deputados, do PSD na Câmara.
Para recordar um velho bordão humorístico: é bonito isso?
Mas pode ficar pior. Quando os dois, Fernando Haddad e Gilberto Kassab, depois de se acusarem mutuamente de patronos de descalabros, derem o dito pelo não dito para se darem as mãos no palanque da reeleição de Dilma Rousseff.
Jogo de encaixe. A reforma ministerial anunciada pela presidente da República para meados de janeiro é mais ou menos como as reformas na política tentadas nos últimos anos: podem ser chamadas de qualquer coisa, menos de reformas.
Pelo simples fato de que não mudam coisa alguma. A diferença de outras mudanças nos ministérios feitas nesses três anos de governo é que a engenharia das trocas terá o viés abertamente eleitoral.
A composição da equipe presidencial será feita à imagem e semelhança da coligação a ser montada para a disputa de 2014. O apoio dos partidos não necessariamente garante votos, mas assegura tempo de propaganda e impede que vá para os adversários.
Dora Kramer - O Estado de São Paulo
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
É BONITO ISSO?
sábado, 9 de novembro de 2013
HADDAD É RUIM DE DOER
Finalmente eu e Lula concordamos numa coisa: Haddad é muito ruim! Ex-presidente chama prefeito em seu instituto duas vezes para lhe dar pitos
O “Rei do Camarote” fica para depois, talvez para este domingo. Vou falar um pouco do “Rei do IPTU”. Escrevi aqui alguns textos criticando a atuação do prefeito Fernando Haddad (PT), que tem se mostrado bastante desastrado. Sua equipe também não se entende. Se os repórteres que cobrem a política municipal apurarem bem os ouvidos, verão que Antônio Donato, secretário de governo, e Jilmar Tatto, dos Transportes, tocam músicas distintas. O prefeito meteu os pés pelas mãos no aumento do IPTU. A questão foi parar na Justiça. Lançou a estrepitosa operação caça-larápios — em si, necessária — como uma espécie de manobra diversionista. Nesta sexta, teve outra grande ideia: afirmou que a quadrilha pode ter fraudado também o IPTU. Vale dizer: o prefeito anuncia que há roubalheira na área, mas pretende impor um reajuste escorchante. Não é do ramo. Muito bem. Reportagem de Marina Dias e Márcio Falcão na Folha deste sábado informa que Lula se encontrou duas vezes com Haddad nesta semana para criticar a ação do prefeito.
O alcaide teve de ir ao instituto comandado pelo ex-presidente para levar os pitos. Os encontros aconteceram na segunda e nesta sexta. Um vexame. No PT, informou o jornal, discute-se uma espécie de “intervenção” na Prefeitura. O temor é que a gestão Haddad prejudique a campanha eleitoral de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. Há quem veja risco de que a própria Dilma acabe arranhada.
Da forma como Haddad detonou a operação para pegar os auditores fiscais corruptos, o principal atingido, obviamente, é Gilberto Kassab (PSD), que pretendia — pretende ainda? — se candidatar ao governo de São Paulo. Dá-se como certo que o PSD estará com Dilma no ano que vem. Mas a coisa não pode azedar muito. Eduardo Campos (PSB), ainda sem aliados, adoraria contar com um tempinho a mais de TV e é interlocutor do ex-prefeito.
O PT contava com Kassab como linha auxiliar de Padilha em São Paulo. O presidente do PSD, obviamente, não tem condições de vencer, e seu apoio pode — poderia? — ser importante num eventual segundo turno. Agora, a receita desandou. Hoje ao menos (e não parece que esse assunto vá morrer tão cedo), as circunstâncias são bastante adversas mesmo para se lançar nessa aventura eleitoral. A base principal do ex-prefeito é a capital. Deixou a gestão com a rejeição nas alturas, como é sabido. Com quase um ano de Haddad no poder, é bem possível que estivesse em curso um processo de recuperação da sua imagem. Se havia, foi para o brejo.
De volta a Lula
É evidente que Lula não está nada satisfeito com o resultado. Haddad lidera uma gestão impopular e ainda detonou uma bomba no quintal de um fidelíssimo aliado do governo federal, que tem — ou tinha — importância estratégica em São Paulo. Ainda que Kassab consiga fazer o cálculo vencer o rancor, há um problema: o eleitor. Sabe que, nas ruas, nos táxis e nos ônibus, é a sua gestão que está na berlinda.
É evidente que Lula não está nada satisfeito com o resultado. Haddad lidera uma gestão impopular e ainda detonou uma bomba no quintal de um fidelíssimo aliado do governo federal, que tem — ou tinha — importância estratégica em São Paulo. Ainda que Kassab consiga fazer o cálculo vencer o rancor, há um problema: o eleitor. Sabe que, nas ruas, nos táxis e nos ônibus, é a sua gestão que está na berlinda.
À Folha, declarou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP): “Essa questão do IPTU tem pouco efeito eleitoral. Estamos longe das eleições, e Haddad vai conseguir explicar que esse aumento é para a parte mais rica”. Pois é… Sempre há um petista para tentar resolver tudo pelo arranca-rabo de classes. Lula já viveu o bastante para saber que as coisas não são bem assim. O diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. A indisposição de camada considerável da cidade que vai arcar com a elevação do IPTU pode, sim, contaminar setores que não serão diretamente atingidos pelo reajuste. Ora, tome-se o caso da tarifa dos ônibus: ganhou o coração mesmo dos que andam de carro. De resto, quem está sendo chamado de “rico” por Zarattini? Não é um caminho prudente.
Assim, os petralhas que ficaram inconformados com as críticas que fiz ao prefeito nos últimos dias devem agora enviar as suas reclamações a Lula. Eis um tema em que os dois concordamos: Haddad é ruim de doer.
terça-feira, 17 de julho de 2012
ÓLEO DE PEROBA
Os paulistanos precisam reagir e contestar a decisão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), referendada pela obediente Câmara Municipal, que cedeu ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva imóvel onde será erguido a sede do instituto que leva o seu nome. A irresponsável benesse em questão aconteceu ao arrepio da vontade dos moradores da maior cidade brasileira, no momento em que Kassab tentava se atirar no colo do Partido dos Trabalhadores carregando um eventual apoio a Fernando Haddad.
Como na política inexistem ações desinteressadas, Gilberto Kassab intentava naquele momento conseguir o apoio do PT para disputar a sucessão de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, em 2014. Com a entrada de José Serra na corrida à prefeitura paulistana, Kassab deu as costas ao ex-presidente Lula, mas a concessão do terreno foi consumada.
Pois bem, a concessão de uma propriedade pública, mesmo que por determinado tempo – nesse caso são cem anos – só é justificavel se no local for empreendido algo de interesse coletivo e suprapartidário, como o próprio Lula descreve o seu instituto. Acontece que a realidade é bem diferente.
Para desmontar a farsa erguida pelo ex-presidente, a partir do mencionado instituto, bastou uma declaração do desavisado Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura da capital dos paulistas. Haddad disse que no Instituto Lula será instalada uma central de gravação para que o ex-presidente consiga gravar quase que diariamente vídeos de apoio a candidatos petistas e aliados que disputarão as próximas eleições municipais.
A jornalista Mary Zaidan, no preciso artigo “A Lula o que não é de Lula”, destaca que “toda a parafernália para que o ex possa participar das campanhas do PT será montada no Instituto Lula, o mesmo que em seu estatuto se define como “suprapartidário”, “sem fins lucrativos” e “independente de estados, partidos políticos ou organizações religiosas”.
O Instituto Lula ainda não funciona no terreno cedido pelo prefeito Gilberto Kassab, mas o perfil eminentemente partidário e tendencioso da entidade configura obstáculo suficiente para que essa benesse não tivesse sido concedida. Em qualquer país com doses mínimas de responsabilidade e democracia, o ato de Gilberto Kassab, endossado por amestrados vereadores, já estaria sendo discutido na Justiça, o que pode acontecer em breve
Fonte: Ucho.Info
quarta-feira, 11 de abril de 2012
PSD A PERIGO
O PSD do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab acaba de receber duro golpe da Procuradoria Geral Eleitoral, cujo chefe, Roberto Gurgel, negou o tempo de televisão requerido pelo partido, acatando na integralidade os argumentos do DEM e de mais 20 outros partidos que entraram na Justiça contra a pretensão do novo partido de ficar com o tempo de televisão de seus filiados.
Tudo indica que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, se houver o julgamento, será na mesma direção, confirmando que o tempo de televisão pertence aos partidos que disputaram as últimas eleições, e não aos eleitos individualmente, não sendo possível, portanto, transferi-lo para a nova legenda ainda virgem eleitoralmente.
Se essa tendência for confirmada pelo TSE, ou mesmo se não houver um julgamento em prazo hábil, o PSD ficará sem a mercadoria mais valorizada que existe no mercado partidário brasileiro, o tempo de televisão.
Com isso, pode perder muitas adesões ou mesmo se inviabilizar, pois disputará as eleições municipais e, sobretudo, também as eleições congressuais de 2014 sem participar da propaganda eleitoral de rádio e televisão.
Muitos parlamentares, que pretendem se candidatar a deputado – estadual ou federal – e senador em 2014 certamente procurarão uma nova legenda, pois não terão tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão.
De imediato, o lugar de vice na chapa tucana em São Paulo pode ser ameaçado, e a reivindicação do DEM fica fortalecida pelo tempo de televisão que o partido tem a oferecer, o terceiro maior, depois do PT e do PSDB.
Como comenta o presidente do DEM senador Agripino Maia, sem tempo de televisão um representante do PSD só entrará na chapa “com o desgaste da prefeitura”.
Maia atribui a uma manobra de Kassab os boatos que surgiram nos últimos dias de que o DEM se dissolveria ou seria absorvido por outro partido, o PSDB ou o PMDB.
Com o direito ao tempo de televisão de propaganda intocado, o DEM considera que tem ainda um bom trunfo para negociar apoios.
Mas, por seu lado, o DEM também trará o desgaste do recente episódio do senador Demóstenes Torres, embora o tenha expelido da legenda com a rapidez que não se vê em seus adversários.
Também as alianças que o PSD vem firmando por todo o país podem ficar prejudicadas diante desse fato novo.
O ex-presidente Lula parece ter saído do tratamento para a cura do câncer na laringe disposto a cuidar mais de si do que de seu partido.
Nada mais evidente de seu estado de espírito do que a foto que divulgou ontem, da visita que recebeu no Hospital Sirio e Libanês do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, do PSD.
Como se sabe, partiu do pragmatismo de Lula a ideia de fazer uma aliança entre PT e PSD para dar ao candidato de 3% Fernando Haddad uma maior consistência política.
A irritação da senadora Marta Suplicy, que já fora escanteada na sua pretensão de se candidatar novamente à Prefeitura, só fez aumentar, e ela anunciou que não subiria no palanque ao lado de Kassab.
Por essas trapaças da política, quem a salvou foi seu arquiadversário tucano José Serra que, decidindo-se afinal se candidatar à Prefeitura, tirou Kassab dos braços do PT, que ficou a ver navios e passou a criticar aquele com quem namorara publicamente até pouco tempo antes.
O ex-presidente Lula tem uma equipe de assessoria que o acompanha o dia inteiro, inclusive um fotógrafo oficial, e as fotos de seus encontros no Hospital Sirio e Libanês ou no Instituto Lula são divulgadas obedecendo a uma estratégia política.
Como então poderá o PT dirigir suas baterias contra a gestão da Prefeitura de São Paulo se o prefeito Gilberto Kassab parece tão próximo de Lula?
Há também outro dado interessante: fora de São Paulo, o PSD de Haddad está apoiando o PT em vários estados, cena típica desse pandemônio em que se transformou a política partidária brasileira.
Os petistas e os tucanos mais radicais (é incrível, mas existem tucanos radicais) já não haviam gostado da foto recente em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abraça Lula no Sírio e Libanês.
Os tucanos, por que consideraram que a confraternização emitia sinais desencontrados para os eleitores, e houve até mesmo quem visse na visita uma tentativa de desestabilizar a candidatura de Serra.
Já os petistas consideraram que Lula abraçado a Fernando Henrique retirava o peso das críticas à gestão dos tucanos em São Paulo.
Tudo bobagem. Aquela foto mostrava apenas dois velhos conhecidos, quase amigos, que já estiveram juntos em várias ocasiões das suas vidas políticas, e distanciados outras tantas, se reencontrando na solidariedade da doença.
Um reencontro, aliás, facilitado pelo comportamento da presidente Dilma Rousseff, que soube quebrar o gelo das relações entre o ex-presidente tucano e o governo petista.
Já o encontro com o prefeito Gilberto Kassab pode ter uma conotação simplesmente formal, mas certamente a conversa teve conotações políticas.
Essa disposição de Lula de não se dedicar integralmente à atividade dos palanques, que já teria sido comunicada a seus correligionários, tem de imediato uma vítima principal, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que perde seu único apoio relevante.
É claro que Lula continuará orientando a campanha de seu escolhido para tentar tirar do PSDB a hegemonia da política paulista, mas vencer a eleição para a prefeitura paulistana já não parece ser sua prioridade, mais preocupado em preservar sua saúde e manter viva a imagem de líder popular que muitos consideram ter mudado a face social do país.
Desse ponto de vista, preservar a memória de sua carreira política através do Instituto Lula parece mais importante do que manter-se na atividade política frenética que vinha levando até ser atingido pela doença.
Merval Pereira
Tudo indica que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, se houver o julgamento, será na mesma direção, confirmando que o tempo de televisão pertence aos partidos que disputaram as últimas eleições, e não aos eleitos individualmente, não sendo possível, portanto, transferi-lo para a nova legenda ainda virgem eleitoralmente.
Se essa tendência for confirmada pelo TSE, ou mesmo se não houver um julgamento em prazo hábil, o PSD ficará sem a mercadoria mais valorizada que existe no mercado partidário brasileiro, o tempo de televisão.
Com isso, pode perder muitas adesões ou mesmo se inviabilizar, pois disputará as eleições municipais e, sobretudo, também as eleições congressuais de 2014 sem participar da propaganda eleitoral de rádio e televisão.
Muitos parlamentares, que pretendem se candidatar a deputado – estadual ou federal – e senador em 2014 certamente procurarão uma nova legenda, pois não terão tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão.
De imediato, o lugar de vice na chapa tucana em São Paulo pode ser ameaçado, e a reivindicação do DEM fica fortalecida pelo tempo de televisão que o partido tem a oferecer, o terceiro maior, depois do PT e do PSDB.
Como comenta o presidente do DEM senador Agripino Maia, sem tempo de televisão um representante do PSD só entrará na chapa “com o desgaste da prefeitura”.
Maia atribui a uma manobra de Kassab os boatos que surgiram nos últimos dias de que o DEM se dissolveria ou seria absorvido por outro partido, o PSDB ou o PMDB.
Com o direito ao tempo de televisão de propaganda intocado, o DEM considera que tem ainda um bom trunfo para negociar apoios.
Mas, por seu lado, o DEM também trará o desgaste do recente episódio do senador Demóstenes Torres, embora o tenha expelido da legenda com a rapidez que não se vê em seus adversários.
Também as alianças que o PSD vem firmando por todo o país podem ficar prejudicadas diante desse fato novo.
O ex-presidente Lula parece ter saído do tratamento para a cura do câncer na laringe disposto a cuidar mais de si do que de seu partido.
Nada mais evidente de seu estado de espírito do que a foto que divulgou ontem, da visita que recebeu no Hospital Sirio e Libanês do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, do PSD.
Como se sabe, partiu do pragmatismo de Lula a ideia de fazer uma aliança entre PT e PSD para dar ao candidato de 3% Fernando Haddad uma maior consistência política.
A irritação da senadora Marta Suplicy, que já fora escanteada na sua pretensão de se candidatar novamente à Prefeitura, só fez aumentar, e ela anunciou que não subiria no palanque ao lado de Kassab.
Por essas trapaças da política, quem a salvou foi seu arquiadversário tucano José Serra que, decidindo-se afinal se candidatar à Prefeitura, tirou Kassab dos braços do PT, que ficou a ver navios e passou a criticar aquele com quem namorara publicamente até pouco tempo antes.
O ex-presidente Lula tem uma equipe de assessoria que o acompanha o dia inteiro, inclusive um fotógrafo oficial, e as fotos de seus encontros no Hospital Sirio e Libanês ou no Instituto Lula são divulgadas obedecendo a uma estratégia política.
Como então poderá o PT dirigir suas baterias contra a gestão da Prefeitura de São Paulo se o prefeito Gilberto Kassab parece tão próximo de Lula?
Há também outro dado interessante: fora de São Paulo, o PSD de Haddad está apoiando o PT em vários estados, cena típica desse pandemônio em que se transformou a política partidária brasileira.
Os petistas e os tucanos mais radicais (é incrível, mas existem tucanos radicais) já não haviam gostado da foto recente em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abraça Lula no Sírio e Libanês.
Os tucanos, por que consideraram que a confraternização emitia sinais desencontrados para os eleitores, e houve até mesmo quem visse na visita uma tentativa de desestabilizar a candidatura de Serra.
Já os petistas consideraram que Lula abraçado a Fernando Henrique retirava o peso das críticas à gestão dos tucanos em São Paulo.
Tudo bobagem. Aquela foto mostrava apenas dois velhos conhecidos, quase amigos, que já estiveram juntos em várias ocasiões das suas vidas políticas, e distanciados outras tantas, se reencontrando na solidariedade da doença.
Um reencontro, aliás, facilitado pelo comportamento da presidente Dilma Rousseff, que soube quebrar o gelo das relações entre o ex-presidente tucano e o governo petista.
Já o encontro com o prefeito Gilberto Kassab pode ter uma conotação simplesmente formal, mas certamente a conversa teve conotações políticas.
Essa disposição de Lula de não se dedicar integralmente à atividade dos palanques, que já teria sido comunicada a seus correligionários, tem de imediato uma vítima principal, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que perde seu único apoio relevante.
É claro que Lula continuará orientando a campanha de seu escolhido para tentar tirar do PSDB a hegemonia da política paulista, mas vencer a eleição para a prefeitura paulistana já não parece ser sua prioridade, mais preocupado em preservar sua saúde e manter viva a imagem de líder popular que muitos consideram ter mudado a face social do país.
Desse ponto de vista, preservar a memória de sua carreira política através do Instituto Lula parece mais importante do que manter-se na atividade política frenética que vinha levando até ser atingido pela doença.
Merval Pereira
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
KASSAB APOIARÁ KASSAB

Kassab distribuiu bonecos que vão apoiar PT, PSDB, PMDB, DEM, PR, PTB, PV, PSOL, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Guaratinguetá e Catanduvense
Aguardado como grande destaque do bloco Tô Enem Aí, o prefeito Gilberto Kassab desapareceu sem dar notícias. Desolado, o consagrado carnavalesco Lulinha do ABC lamentou: “Quem vai ocupar o destaque do segundo carro alegórico? Tínhamos feito uma fantasia de comunista sob medida”. O passista Fernando Haddad, que já havia ensaiado a coreografia com Kassab, estava inconsolável: "Eu me sinto como um Arlequim traído pela Colombina", disse o idealizador do Enem Aí. "Estávamos muito afinados, ia ser um espetáculo apoteótico, só no sapatinho, agora não sei com que roupa eu vou", completou Haddad, enxugando as lágrimas enquanto ajeitava os cabelos.
Desfalcado na sua ala Acaju, o Tô Enem Aí procura às pressas um substituto à altura de Kassab. "Estamos atrás do Lobão, mas parece que ele vai desfilar nos Pimpões de São Luís", disse um assessor do carnaval petista. Mão Santa e até Álvaro Dias foram cogitados, mas descartados: "Temos princípios. Não é qualquer acaju que nos serve. Não é fácil conseguir esse tom furta-cor do Kassab", disse o PT em nota carnavalesca oficial. Silvio Santos negou ter sido procurado.
Segundo informações extra-oficiais, Kassab confirmou presença no bloco Genéricos da Mooca, do folião José Serra, que havia jurado não desfilar este ano. Uma fantasia de tucano sob medida estaria sendo feita às pressas para Kassab. O prefeito, entretanto, foi visto na madrugada pulando com os dedos indicadores para o alto, alegre e faceiro, fanstasiado de João Bobo no melhor espírito momesco, enquanto entoava "Ô abre alas / Que eu quero apoiar / Sou vaselina, não posso negar / Quero estar certo de que vou ganhar”.
Fonte: The i- Piauí Herald
Aguardado como grande destaque do bloco Tô Enem Aí, o prefeito Gilberto Kassab desapareceu sem dar notícias. Desolado, o consagrado carnavalesco Lulinha do ABC lamentou: “Quem vai ocupar o destaque do segundo carro alegórico? Tínhamos feito uma fantasia de comunista sob medida”. O passista Fernando Haddad, que já havia ensaiado a coreografia com Kassab, estava inconsolável: "Eu me sinto como um Arlequim traído pela Colombina", disse o idealizador do Enem Aí. "Estávamos muito afinados, ia ser um espetáculo apoteótico, só no sapatinho, agora não sei com que roupa eu vou", completou Haddad, enxugando as lágrimas enquanto ajeitava os cabelos.
Desfalcado na sua ala Acaju, o Tô Enem Aí procura às pressas um substituto à altura de Kassab. "Estamos atrás do Lobão, mas parece que ele vai desfilar nos Pimpões de São Luís", disse um assessor do carnaval petista. Mão Santa e até Álvaro Dias foram cogitados, mas descartados: "Temos princípios. Não é qualquer acaju que nos serve. Não é fácil conseguir esse tom furta-cor do Kassab", disse o PT em nota carnavalesca oficial. Silvio Santos negou ter sido procurado.
Segundo informações extra-oficiais, Kassab confirmou presença no bloco Genéricos da Mooca, do folião José Serra, que havia jurado não desfilar este ano. Uma fantasia de tucano sob medida estaria sendo feita às pressas para Kassab. O prefeito, entretanto, foi visto na madrugada pulando com os dedos indicadores para o alto, alegre e faceiro, fanstasiado de João Bobo no melhor espírito momesco, enquanto entoava "Ô abre alas / Que eu quero apoiar / Sou vaselina, não posso negar / Quero estar certo de que vou ganhar”.
Fonte: The i- Piauí Herald
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
KASSAB É VAIADO EM EVENTO DO PT

Face lenhosa – Que a incoerência pauta a política nacional todos sabem, mas há situações que alcançam o universo da mentira. No último sábado (11), o prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, disse que seria “um erro” não comparecer ao evento em comemoração ao 32º aniversário do PT, que aconteceu um dia antes em Brasília. Kassab, que foi alvo de sonora vaia, alegou que “respeita” a manifestação. “Existem dificuldades no PT e no PSD. Vejo com naturalidade e respeito as manifestações, mesmo as da Marta Suplicy”, declarou o prefeito paulistano.
Verdadeira ode à mitomania, esse discurso visguento serve para reforçar o desejo de Kassab, que insiste em se atirar no colo do Partido dos Trabalhadores para turbinar o PSD eleitoralmente e se cacifar para disputar o governo paulista em 2014. Quem acompanha o cotidiano da política da capital do mais importante e rico estado da federação sabe dos destemperos de Gilberto Kassab diante daqueles que o contrariam.
Em 2007, o próprio Kassab se irritou com um cidadão que estava no posto de saúde à procura de tratamento para dor de dente e o agrediu e o expulsou do local aos gritos de “vagabundo”. Horas mais tarde, o prefeito disse que não agrediu o contribuinte, mas as imagens não deixam dúvidas a respeito da agressão física.
Confira no vídeo abaixo a truculência de Gilberto Kassab em posto de saúde da cidade de São Paulo
Fonte: Ucho.Info
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
KASSAB E O PT, ELES SE MERECEM
Receita explosiva – Incoerência e blefe são dois ingredientes constantes na política, principalmente quando se aproximam os períodos eleitorais. Desde que criou o neonato PSD, o prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, vem tentando conquistar em termos regionais o que conseguiu com certa facilidade no Congresso Nacional, onde parlamentares engrossaram a nova legenda por questões que passam ao largo dos interesses dos cidadãos que os elegeram.
De olho na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em 2014, Kassab se aproximou do Palácio do Planalto na esperança de contar com o apoio do PT daqui a dois anos. Com sonho absolutamente idêntico, o PT palaciano não desperdiçou a chance de ter mais aliados no Congresso, mas fez ares de desentendido em relação à sucessão de Geraldo Alckmin. Afinal, os petistas já trabalham com alguns nomes para a eleição estadual, sendo que dois deles servem apenas para confundir os adversários políticos e os eleitores.
Em razão da corrida à prefeitura de São Paulo, cuja decisão será tomada em outubro deste ano, Gilberto Kassab, que tentou se atirar no colo do PT, procurou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva para oferecer um candidato a vice na chapa de Fernando Haddad, candidato petista imposto pelo ex-presidente. Lula e seus companheiros mais próximos de chofre recusaram a oferta, pois sabem dos interesses futuros do alcaide paulistano.
Deixando de lado o estilo maior abandonado, Kassab partiu na direção do PSDB, desta vez a bordo da soberba e da imposição. O prefeito da maior cidade brasileira ofereceu aos tucanos a vaga de vice na chapa encabeçada por um candidato do PSD, possivelmente Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo. A desculpa para tanta arrogância foi que o Democratas, seu antigo partido, apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin em 2010. Acontece que Kassab esquece que Alckmin, derrotado na eleição à prefeitura paulista em 2008, ajudou na sua vitória, em segundo turno, sobre Marta Suplicy. Sempre lembrando que Gilberto Kassab só chegou ao trono paulistano porque veio a reboque do tucano José Serra, pois do contrário continuaria no máximo como deputado federal. E sua reeleição só foi possível porque o índice de rejeição de Marta na capital paulista é assustador.
Gilberto Kassab, que não é estreante na política, sabe que o tucanato paulista dificilmente embarcará nessa canoa pomposa, mas furada, pois sua capacidade de interferir na sucessão municipal ficou clara em recente pesquisa do Datafolha, em que sua administração recebeu pífios 22% de aprovação. No contraponto desse enxadrismo político sem fim, Kassab não se recorda que o PT que ele tanto corteja é o mesmo de Marta Suplicy, que na campanha municipal de 2008 duvidou publicamente de sua masculinidade.
Para piorar, Gilberto Kassab não sabe, ou prefere não saber, que o PT, alvo constante de sua cobiça, é o mesmo que em 2004 tentou encomendar, sem sucesso, um dossiê contra ele, quando o agora prefeito era vice na chapa de José Serra, que derrotou Marta Suplicy na briga pela prefeitura da Pauliceia Desvairada.
Como mencionado logo no início da matéria, incoerência e blefe reinam em todos os cantos da política, mas faces lenhosas sobram aos bolhões.
Fonte: Ucho.Info
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
E AGORA KASSAB?
O Ministério Público Estadual (MPE) pediu no início da tarde desta quinta-feira, 24, o afastamento de Gilberto Kassab (PSD) do cargo de prefeito de São Paulo. Kassab, o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, seis empresas - entre elas a CCR e a Controlar - e 13 empresários são acusados de participar do que seria uma fraude bilionária: o contrato da inspeção veicular em São Paulo.

A ação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social pede o bloqueio dos bens dos envolvidos, a perda dos direitos políticos e a condenação por improbidade administrativa dos acusados.
O valor da causa dado pelos promotores Roberto de Almeida Costa e Marcelo Daneluzzi é de R$ 1,05 bilhão. A ação pede a suspensão imediata da inspeção veicular, a devolução dos valores de multas cobradas dos moradores de São Paulo, além de indenização por danos morais aos donos de veículos.
O problema, segundo o MPE não é a ideia da inspeção, mas a forma como ela foi executada na cidade. Desde a constituição da empresa Controlar até as sucessivas prorrogações do contrato teriam sido feitas por meio de fraudes, como a apresentação de garantias falsas, documentos e informações falsas e, além de possíveis fraudes tributárias e fiscais. A ação foi apresentada no Fórum Helly Lopes Meireles, sede das Varas da Fazenda Pública de São Paulo.
Outro lado. A Controlar diz que ainda não foi notificada sobre a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público. Segundo a empresa, a concessionária prestou todos os esclarecimentos solicitados pela Promotoria e teria assim comprovado a "lisura na implementação e no cumprimento do contrato de concessão."
Entre os benefícios do contrato declarados pela Controlar, estão uma economia de R$ 78 milhões para o sistema de saúde municipal por causa da redução da poluição veicular.
Fonte: O Estado de São Paulo

Daniel Teixeira/AE
Ação contra o prefeito é por improbidade pela forma como inspeção veicular foi executada
A ação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social pede o bloqueio dos bens dos envolvidos, a perda dos direitos políticos e a condenação por improbidade administrativa dos acusados.
O valor da causa dado pelos promotores Roberto de Almeida Costa e Marcelo Daneluzzi é de R$ 1,05 bilhão. A ação pede a suspensão imediata da inspeção veicular, a devolução dos valores de multas cobradas dos moradores de São Paulo, além de indenização por danos morais aos donos de veículos.
O problema, segundo o MPE não é a ideia da inspeção, mas a forma como ela foi executada na cidade. Desde a constituição da empresa Controlar até as sucessivas prorrogações do contrato teriam sido feitas por meio de fraudes, como a apresentação de garantias falsas, documentos e informações falsas e, além de possíveis fraudes tributárias e fiscais. A ação foi apresentada no Fórum Helly Lopes Meireles, sede das Varas da Fazenda Pública de São Paulo.
Outro lado. A Controlar diz que ainda não foi notificada sobre a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público. Segundo a empresa, a concessionária prestou todos os esclarecimentos solicitados pela Promotoria e teria assim comprovado a "lisura na implementação e no cumprimento do contrato de concessão."
Entre os benefícios do contrato declarados pela Controlar, estão uma economia de R$ 78 milhões para o sistema de saúde municipal por causa da redução da poluição veicular.
Fonte: O Estado de São Paulo
sábado, 1 de outubro de 2011
O PARTIDO DA JANELA.
Se a infidelidade partidária continuasse a existir, o PSD criado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, não existiria. Tampouco existiria se pelo menos tivesse vingado a ideia da chamada "janela" para permitir que os políticos trocassem impunemente de legenda durante um período a cada quatro anos. À falta disso, o PSD vem para fazer o papel de partido da janela. Afinal, a legislação autoriza a migração, sem risco de perda de mandato, para siglas novas. O difícil é encontrar algo verdadeiramente novo na nova agremiação, cujo registro foi concedido na terça-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até o nome é plágio do velho PSD concebido pelo astuto Getúlio Vargas para fazer par com o PTB no seu esquema de sustentação à direita e à esquerda. Já Kassab anunciou, com a maior candura, que a sua futura legenda não seria nem de esquerda, nem de centro, nem de direita.
Se tivesse a pretensão de ser qualquer dessas coisas - só se declarou de centro depois de registrados o partido e as adesões a ele -, entraria em colisão com a causa que o inspirou, com o perdão das palavras: ser o porto de abrigo de todos os políticos que se sentiam desconfortáveis onde estavam, por não enxergarem ali futuro para as suas ambições - caso do estiolado DEM, de onde virá uma vintena dos 48 deputados federais que já fizeram as malas para o PSD, dando substância à previsão de que os adesistas poderão somar cerca de 60. Com isso, a social-democracia kassabista se tornará a terceira força na Câmara, depois do PT (86 deputados) e do PMDB (80). Outra razão de desconforto, ligada à anterior, é a impossibilidade de dar vazão, nas siglas em que os insatisfeitos se alojam, ao insopitável desejo de se achegar ao governo da presidente Dilma Rousseff, sem integrar formalmente a base parlamentar do Planalto. Ou, como diz o prefeito, "não fazer oposição por oposição".
O kassabismo, desse modo, põe de ponta-cabeça um clássico dito anarquista espanhol. Na versão pessedista, si hay gobierno, soy favorable. É também o mote do PMDB, entre outros, mas este pelo menos teve uma trajetória respeitável, antes de decair, lenta, gradual e seguramente no suprassumo do fisiologismo. Além disso, avantajou-se o bastante, nos últimos anos, para sonhar em ser, ele próprio, governo. As ambições de curto prazo do PSD são, em geral, menores. Exceto, talvez, no seu lugar de nascimento, onde o vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, dá sinais de pretender suceder a Kassab. A ordem é apoiar nos Estados seja lá qual for o político no poder, com vistas a conquistar posições já a partir das eleições municipais do próximo ano. O partido fará alianças com "qualquer um", disse o prefeito, "norteadas por nossos princípios e nossa conduta" - a perfeita contradição em termos.
A conduta, por sinal, é no mínimo matéria controversa, diante das pencas de irregularidades de que o País tomou conhecimento no processo de coleta das 490 mil assinaturas necessárias à inclusão do PSD no balofo sistema partidário nacional, com as suas 27 siglas. Firmas falsificadas, compra de signatários, petições circulando em repartições públicas e o uso dos nomes de eleitores mortos para cumprir as exigências da lei. Ainda assim e apesar do zelo da procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau para impedir que o vale-tudo compensasse, o TSE legitimou a agremiação. Cumprida a etapa processual e enquanto correm os conchavos para o transbordo partidário dos insatisfeitos nas suas embarcações, Kassab descobre que a sociedade também existe e quer saber a que vem o seu partido.
Daí ele anunciar a sua primeira proposta: a convocação, mediante emenda constitucional, de uma Assembleia exclusiva para revisar em dois anos a Carta de 1988, à margem do Congresso. Como se a ordem institucional tivesse vindo abaixo e um novo regime tivesse sido implantado no País. A vida política tem problemas de sobra, e os brasileiros, motivos de sobra para deplorar as suas deformações, para levar a sério essa tentativa de tapar com a peneira a indigência programática de um partido que, pretendendo ser tudo para todos, nada de novo tem a oferecer à população.
Fonte: O Estado de São Paulo
Se tivesse a pretensão de ser qualquer dessas coisas - só se declarou de centro depois de registrados o partido e as adesões a ele -, entraria em colisão com a causa que o inspirou, com o perdão das palavras: ser o porto de abrigo de todos os políticos que se sentiam desconfortáveis onde estavam, por não enxergarem ali futuro para as suas ambições - caso do estiolado DEM, de onde virá uma vintena dos 48 deputados federais que já fizeram as malas para o PSD, dando substância à previsão de que os adesistas poderão somar cerca de 60. Com isso, a social-democracia kassabista se tornará a terceira força na Câmara, depois do PT (86 deputados) e do PMDB (80). Outra razão de desconforto, ligada à anterior, é a impossibilidade de dar vazão, nas siglas em que os insatisfeitos se alojam, ao insopitável desejo de se achegar ao governo da presidente Dilma Rousseff, sem integrar formalmente a base parlamentar do Planalto. Ou, como diz o prefeito, "não fazer oposição por oposição".
O kassabismo, desse modo, põe de ponta-cabeça um clássico dito anarquista espanhol. Na versão pessedista, si hay gobierno, soy favorable. É também o mote do PMDB, entre outros, mas este pelo menos teve uma trajetória respeitável, antes de decair, lenta, gradual e seguramente no suprassumo do fisiologismo. Além disso, avantajou-se o bastante, nos últimos anos, para sonhar em ser, ele próprio, governo. As ambições de curto prazo do PSD são, em geral, menores. Exceto, talvez, no seu lugar de nascimento, onde o vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, dá sinais de pretender suceder a Kassab. A ordem é apoiar nos Estados seja lá qual for o político no poder, com vistas a conquistar posições já a partir das eleições municipais do próximo ano. O partido fará alianças com "qualquer um", disse o prefeito, "norteadas por nossos princípios e nossa conduta" - a perfeita contradição em termos.
A conduta, por sinal, é no mínimo matéria controversa, diante das pencas de irregularidades de que o País tomou conhecimento no processo de coleta das 490 mil assinaturas necessárias à inclusão do PSD no balofo sistema partidário nacional, com as suas 27 siglas. Firmas falsificadas, compra de signatários, petições circulando em repartições públicas e o uso dos nomes de eleitores mortos para cumprir as exigências da lei. Ainda assim e apesar do zelo da procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau para impedir que o vale-tudo compensasse, o TSE legitimou a agremiação. Cumprida a etapa processual e enquanto correm os conchavos para o transbordo partidário dos insatisfeitos nas suas embarcações, Kassab descobre que a sociedade também existe e quer saber a que vem o seu partido.
Daí ele anunciar a sua primeira proposta: a convocação, mediante emenda constitucional, de uma Assembleia exclusiva para revisar em dois anos a Carta de 1988, à margem do Congresso. Como se a ordem institucional tivesse vindo abaixo e um novo regime tivesse sido implantado no País. A vida política tem problemas de sobra, e os brasileiros, motivos de sobra para deplorar as suas deformações, para levar a sério essa tentativa de tapar com a peneira a indigência programática de um partido que, pretendendo ser tudo para todos, nada de novo tem a oferecer à população.
Fonte: O Estado de São Paulo
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
PRESSA DE KASSAB INVIABILIZOU FUSÃO DEM/PMDB.
Os defensores da incorporação do DEM ao PMDB atribuem ao açodamento do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o fim da idéia. Ninguém se arrisca a emitir o atestado de óbito, mas é consensual que dificilmente haverá chance de retomada do projeto.
Ao formalizar a proposta com tanta antecedência, de olho na sucessão estadual de 2014, Kassab despertou as reações contrárias, da cúpula do DEM ao PT, que acusa o PMDB de estimular a oposição para tornar-se majoritário na aliança governista.
Essas são as dificuldades que inviabilizaram, pelo menos no médio prazo, a costura política da incorporação. Esta difere das outras formas de união partidária que pressupõem a auto-dissolução do DEM, como a fusão.
“Para ter chance, teria que haver namoro e noivado, para ver se dava casamento”, resume o tesoureiro e estrategista do DEM, Saulo Queiroz, confirmando a precipitação do prefeito paulista.
A incorporação permitiria que o DEM preservasse o tempo de TV e o fundo partidário, que levaria para o PMDB. Seria, por assim dizer, o dote da noiva.
Mas uma operação política de tal extensão só se viabiliza pela negociação e teria que ser precedida necessariamente de uma parceria informal no primeiro ano da nova legislatura para desarmar os espíritos dentro do próprio DEM.
A incorporação só ocorreria se sacramentada pelos dois partidos em convenção nacional, que por sua vez só pode ser convocada pelas Executivas ou por maioria dos diretórios de cada legenda, premissas inexistentes hoje no Democratas, que vive grave crise de comando.
Kassab deve ir para o PMDB por conta própria e com aliados de São Paulo
Fonte: http://bit.ly/bzv4Rv
Ao formalizar a proposta com tanta antecedência, de olho na sucessão estadual de 2014, Kassab despertou as reações contrárias, da cúpula do DEM ao PT, que acusa o PMDB de estimular a oposição para tornar-se majoritário na aliança governista.
Essas são as dificuldades que inviabilizaram, pelo menos no médio prazo, a costura política da incorporação. Esta difere das outras formas de união partidária que pressupõem a auto-dissolução do DEM, como a fusão.
“Para ter chance, teria que haver namoro e noivado, para ver se dava casamento”, resume o tesoureiro e estrategista do DEM, Saulo Queiroz, confirmando a precipitação do prefeito paulista.
A incorporação permitiria que o DEM preservasse o tempo de TV e o fundo partidário, que levaria para o PMDB. Seria, por assim dizer, o dote da noiva.
Mas uma operação política de tal extensão só se viabiliza pela negociação e teria que ser precedida necessariamente de uma parceria informal no primeiro ano da nova legislatura para desarmar os espíritos dentro do próprio DEM.
A incorporação só ocorreria se sacramentada pelos dois partidos em convenção nacional, que por sua vez só pode ser convocada pelas Executivas ou por maioria dos diretórios de cada legenda, premissas inexistentes hoje no Democratas, que vive grave crise de comando.
Kassab deve ir para o PMDB por conta própria e com aliados de São Paulo
Fonte: http://bit.ly/bzv4Rv
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