Mostrando postagens com marcador marolinha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marolinha. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ESCORREGANDO NA MANTEIRA, LADEIRA ACIMA

A marolinha foi uma sacada política inteligente do então presidente Lula. Evitou o pânico que retrairia subitamente o consumo. Deu certo por um tempo. Agora as ondas aumentaram. A presidente Dilma Rousseff queixou-se de um tsunami. Algo havia que fazer, mas não muito a ser feito. Adotamos cobertor curto para cobrir santo grande.



O governo quer coisas contraditórias: aliviar alguns impostos e manter a arrecadação. Os escolhidos para ganhar são os que têm lobbies mais fortes, capazes de ameaçar com desastres maiores: mais desemprego, maior frustração ou instabilidade política. A predileta é a indústria automobilística. Nela é sensível a retração do consumo. A ameaça é forte e o lobby, pesado.

O que é melhor, proteger a indústria automobilística ou a de ar-condicionado? A de caminhões ou a de micro-ondas? Numa situação de mercado, todos os produtos são iguais. As preferências dos consumidores é que definirão os vencedores. Na escolha política do governo e das burocracias, alguém diz que é melhor que os carros sejam mais baratos e os refrigerantes e os aparelhos de ar-condicionado, mais caros. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato, mas o governo optou por nos dar sapatos com pontos mais apertados e outros mais frouxos.

Voltamos à situação anterior a 1860, quando os pares de sapatos eram simétricos. Os pés direito e esquerdo dos sapatos eram iguais, só que nas pessoas um pé é diferente do outro. Cabia aos usuários deformar os sapatos para adaptá-los ao pé em que quisessem usá-los. Por isso tanta gente tinha bolhas e calos.

As recentes decisões do governo são parecidas. Ajustem seus pés, vocês, que gostam de refrigerantes, micro-ondas e ar-condicionado, porque os impostos desses produtos subirão. Preparem-se os que gostam de automóveis, porque será mais barato comprá-los. Tudo tem consequências que transbordam os limites da decisão. Em troca, uns sentirão mais calor, outros engarrafarão mais as ruas e estradas. Em economia tudo funciona assim: uma decisão tomada aqui repercute lá. Algumas vezes, meses depois.

Quando foi anunciada a decisão de aumentar os impostos dos refrigerantes, o burocrata entrevistado disse que os reajustes serão reavaliados anualmente, em 1.º de outubro, quando os novos valores devem ser anunciados. Sua ressalva foi tão idiota quanto inútil: disse que o fato de o governo elevar os impostos não significa, necessariamente, que produtores e comercializadores tenham de aumentar os preços para os consumidores. Idiota porque o que ele já adiantou é que o governo prevê a inflação em velocidade que demandará uma avaliação anual para aumentar os impostos. Inútil porque, se os produtores sabem que o governo lhes vai apertar o sapato dos impostos, eles repassarão o aperto aos clientes, nos preços. O aspecto mais sério da decisão foi anunciar, com 16 meses de antecedência, que em 1.º de outubro de 2013 o governo anunciará qual vai ser o aumento do imposto.

Foi dada a partida oficial para o vício da reindexação. Ela nunca foi totalmente abandonada, mas estava mais moderada e envergonhada. Escondia-se debaixo das diversas siglas dos índices de preços: IPCA, IGPM, IPA, INPC, ICC, Selic e outras. Não havia um índice de inflação mensal que passasse a mensagem de que todo mundo podia (podia ouvido como devia) aumentar o preço de seus tomates ou microscópios eletrônicos na mesma proporção.

Aumentar impostos para desestimular o consumo é uma política, em geral, fadada ao fracasso. Os produtos valem o que as pessoas querem pagar por eles. Se o imposto for alto, mas o desejo for maior, o consumidor compra mesmo. Já baixar os impostos funciona, porque as pessoas que desejam muito sabem que terão o prazer que querem por um preço mais baixo. A escolha não será entre consumir um ou outro, mas, sim, entre como e em quanto se endividar para comprar o que se quer.

A beleza do mercado é que milhões de pessoas mandam mensagens aos produtores dizendo o que querem comprar e a que preço; e o que não querem pelo preço que produtores estão cobrando. As consequências são inequívocas: sucesso para quem vende o que as pessoas querem pelo preço que elas estão dispostas a pagar e crise ou falência para os produtores ou vendedores que não se ajustam aos desejos dos consumidores.

Quando o governo passa a bulir com essas coisas, começam os desequilíbrios. Mutretas econômicas têm consequências de longo prazo, impossíveis de antecipar ou simular, mesmo nos computadores mais sofisticados.

É claro que os produtores já vão começar a equipar seus departamentos de compras e vendas para ajustar os preços de acordo com o fiat governamental, independentemente dos custos de produção ou dos desejos dos consumidores. Foi dada, de fato, a partida para a indexação. Daqui para a frente, outros setores dirão que querem a mesma coisa para que se possam planejar melhor. Recomeçaremos a ciranda de preços e reaparecerão as maquinetas remarcadoras de etiquetas, em versão mais moderna, para acompanhar a inflação que o governo já decretou que haverá e de quanto será, da perspectiva governamental.

Os preços têm, entretanto, uma capacidade fantástica: andam sempre mais rápido do que os calculadores da inflação. Entre mortos e feridos se salvarão todos, mas as escoriações generalizadas, as fraturas e os danos mais sérios não serão contabilizados. O nome do jogo, a partir dessa decisão, passa a ser outro: vamos escorregar na manteiga, ladeira acima.

Tomara que os historiadores mais inspirados não se esqueçam de chamar os anos vindouros, de consequências previsíveis, mas inevitáveis, de política econômica amanteigada. Só que não tão gostosa quanto os biscoitos homônimos de Petrópolis.

Alexandre Barros - O Estadão

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A "MAROLINHA" CHEGOU ÀS NOSSAS PRAIAS

A marcha da economia brasileira neste momento indica duas coisas: 1) ela está na banguela e vai despencando; 2) ela já esteve na banguela e anda devagar porque chegou numa rampa, lotada de encargos.

As duas coisas podem ser verdadeiras.

Os números são adversos. O chamado "PIB do BC" - na prática uma avaliação mensal do andamento do Produto Interno Bruto feita pelo Banco Central e que, projetada, ajuda a estimar o PIB do ano - registrou retração de 0,32% no mês de outubro, em comparação com setembro, pior do que muitos economistas previam.

O fato foi logo atribuído à "crise internacional" por vários comentaristas, mas, na verdade, o gráfico do PIB do BC mostra que ele já vinha caindo, depois de ter alcançado um pico antes do início do segundo semestre. A queda de outubro apenas foi mais dramática. E, em virtude dela, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apostava num crescimento de 3% do PIB em 2011, já cortou sua previsão para 2,8%. Do alto das minhas humildes sandálias, ouso ir além, ou seja, abaixo: o PIB de 2011, acredito, não deve superar os 2%. Palpite que só poderá ser confirmado, na melhor das hipóteses, no final do primeiro trimestre de 2012, dado o proverbial atraso das aferições estatísticas confiáveis no Brasil (estão melhorando, estão melhorando!).

Bem, o que está acontecendo na prática é que a economia brasileira parece que hoje em dia está mais "em fase" - como se diz - com a economia internacional, o que não ocorreu na crise de 2008-2009. Naquela época, houve uma defasagem que permitiu ao nosso guia genial dizer, como todos se lembram, que o que se passava na economia internacional era apenas uma "marolinha" que o Brasil não precisava temer. Ao perceber que o País teria muito a temer, e que não se tratava de "marolinha", o grande gênio pediu que se improvisassem medidas anticíclicas, que de fato levaram a economia brasileira para fora do desastre. Mas a diferença principal daquela crise, em relação à atual, é que ela era eminentemente bancária, provocada por excesso de facilitário creditício e inchaço da inadimplência - ou seja, afetava principalmente o setor bancário privado norte-americano. Nada que o Tesouro ianque não pudesse resolver com gordas injeções de liquidez, como, aliás, acabou fazendo.

A crise de hoje é diferente. Em primeiro lugar, é "soberana" - para usar esse modismo que esconde que se trata de crise das finanças de vários governos europeus e é resultado, fundamentalmente, da ação de governantes ineptos, demagógicos e covardes, assediados sempre por um sindicalismo altamente predador, tanto do lado patronal quanto do lado do trabalhador. Aliás, chamar, hoje em dia, de "trabalhador" um europeu com carteira assinada e sindicalizado é quase cuspir na cara dos trabalhadores do resto do mundo. A grande maioria desfruta de momentos de conversação amena nos locais de trabalho, vigiando a massa de imigrantes não sindicalizados que de fato trabalham.

Os déficits e dívidas monstruosos de vários governos europeus são o que se poderia esperar da falta de competência e coragem - na Grécia, na Espanha, em Portugal, na Itália e onde mais - de resistir aos vorazes comensais das pizzas orçamentárias: aposentados; funcionários públicos; assalariados de empresas públicas; mutuários e beneficiários de benesses governamentais especiais criadas pelos mais diversos títulos; máfias de empreiteiros e de empresas de equipamentos militares; bancos de investimento - enfim, a imensa clientela dos orçamentos públicos (sem esquecer, é claro, dos corruptos de diversos calibres).

Os governos da Europa que 50 anos atrás eram padrão mundial de higidez financeira e fiscal se transformaram na cornucópia de uma derrama praticamente sem limites a desafiar qualquer cálculo atuarial. A ponto de não poder saber por onde começar para consertar alguma coisa. E a moeda única, o euro, ainda por cima opera como uma espécie de vírus disseminador do quebra-cabeças.

Se juntarmos à desordem financeira a crise maior, que é a da liderança política europeia atual, em que nenhum dos fantoches em movimento exibe o menor perfil do que antigamente se chamava de estadista - e mais se parecem, todos, com anões de jardim -, é fácil prever que essa crise terá longuíssima duração, e nada garante que não se aprofunde ainda mais.

Voltemos ao Brasil.

A população está satisfeita porque está podendo consumir mais e viver melhor. O governo está satisfeito porque está arrecadando mais e dispõe de um colchão de reservas cambiais e bancárias para usar em caso de baque na economia. O empresariado está menos otimista do que quando o ano começou, mas ainda aposta em melhorias. Os políticos cuidam da sua especialidade, que consiste em encher os bolsos e a paciência do público.

Mas a queda do PIB de outubro foi um sinal de que a "marola" está chegando às nossas praias e em 2012 a economia brasileira enfrentará muito mais rampa.

Fonte: O Estado de São Paulo

sábado, 10 de dezembro de 2011

EFEITO LULA, INADIMPLÊNCIA DISPARA EM NOVEMBRO




O céu é o limite – A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), informou nesta sexta-feira (9) que em novembro a inadimplência subiu 9,46%, comparação com o mesmo mês do ano passado.

Essa é a décima elevação consecutiva contra o mesmo mês do ano anterior – comparação considerada mais adequada pela CNDL. Em relação a outubro deste ano, a taxa de inadimplência registrou queda de 12,11%. No acumulado do ano – janeiro a novembro – houve aumento de 5,69%.

“A economia está passando por um período de instabilidade devido à crise externa. Diante desse cenário adverso, consumidores e empresários estavam menos confiantes. No mais, o encarecimento do crédito, com o aumento da taxa de juros, contribuiu para a elevação no número de registros [de inadimplência]“, informaram a CNDL e o SPC Brasil.

Os dados divulgados pela CNDL/SPC Brasil apontam para um aumento de 6,51% no cancelamento dos registros de inadimplência, em comparação com novembro de 2010. Em relação a outubro deste ano, o cancelamento de registros subiu 11,55% e, na parcial dos onze primeiros meses de 2011, o crescimento foi de 5,58%.

A queda no índice de inadimplência de outubro para novembro se deve ao dinheiro do décimo terceiro salário. Dos R$ 118 bilhões despejados no mercado por conta do outrora “abono de Natal”, pelo menos R$ 35 bilhões serão destinados ao pagamento de dívidas atrasadas.

Esse cenário decorre do consumismo que tomou conta do País após o então presidente Luiz Inácio da Silva ter pedido aos brasileiros, no final de 2008, que mantivessem em níveis elevados o consumo interno, como forma de minimizar os efeitos da crise financeira gerada pela crise do “subprime” norte-americano, que recebeu o apelido galhofeiro de “marolinha”.

Fonte: Ucho.Info

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ECONOMIA ESTAGNADA, A DANÇA DO SIRI



Diferentemente do que afirmam as autoridades econômicas do governo da presidente Dilma Rousseff, o Brasil não está totalmente blindado contra a crise que tem a Europa como nascedouro. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia nacional andou de lado no terceiro trimestre do ano, em comparação com os três meses anteriores. Em valores correntes, o Produto Interno Bruto atingiu a marca de R$ 1,05 trilhão no período. Em comparação com o primeiro trimestre de 2011, o segundo registrou alta de 0,7%.

Em comparação com o segundo trimestre do ano, o terceiro apresentou números ruins para alguns segmentos da economia. A indústria, por exemplo, registrou queda de atividade de 0,9%, enquanto o recuo do setor de serviços foi de 0,3%. Número positivo registrou a agropecuária, com crescimento de 3,2%. Mesmo com números desanimadores, o terceiro trimestre deste ano apresentou crescimento de 2,1%, se comparado com o mesmo período de 2010.

A pasmaceira que tomou conta da economia brasileira não é novidade para os que acompanham as notícias do setor. Em 22 de novembro passado, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, alertou para a possibilidade de o crescimento da economia no período ser zero. “Devemos ter uma desaceleração do crescimento no terceiro trimestre, que pode ser zero”, declarou Barbosa durante a apresentação do balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

O quadro atual torna-se ainda mais preocupante porque a inflação continua resistindo aos antídotos utilizados pelo governo federal. A redução do IPI que incide sobre determinados produtos, adotada para enfrentar os efeitos da crise, pode não surtir efeito, por conta do alto índice de endividamento das famílias e o crescimento da inadimplência, binômio assustador decorrente dos irresponsáveis pedidos de Luiz Inácio da Silva, em dezembro de 2008, quando a crise financeira originada pela bola do “subprime” norte-americano foi classificada como “marolinha”.

Fonte: Ucho.Info

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

FIASCO OFICIAL.(Mais uma do Lula)



Quando, nos últimos meses de 2008, a crise financeira internacional rumava na direção do Brasil, o então presidente Luiz Inácio da Silva não se preocupou com o consumidor e ocupou os meios de comunicação para pedir que o consumo interno fosse mantido em níveis elevados, como forma de neutralizar os efeitos daquilo que o ex-metalúrgico decidiu chamar de “marolinha”.

À época, os jornalistas do ucho.info alertaram para o perigo que emoldurava o pedido de Lula, que resolveu atacar alguns setores da imprensa, sob a desculpa que determinados profissionais da mídia torciam contra o Brasil. Na verdade, tais jornalistas apenas traduziram em palavras uma visão de longo prazo. Entre os tantos alertas por nós disparados estava a atitude omissa das autoridades diante do derrame de carros novos no mercado, uma vez que as montadoras foram beneficiadas com uma redução temporária do IPI para determinados modelos de automóveis.

A previsão de outrora pode ser facilmente constatada nas ruas e avenidas das principais cidades brasileiras, que hoje sofrem com a chamada falta de mobilidade urbana. Com esse derrame de carros novos, muitas capitais viram o já caótico trânsito piorar sobremaneira. A nossa cobrança à época era que o governo federal, que lutava contra a crise financeira internacional, tinha o dever de destinar parte do excesso de arrecadação para investimentos em mobilidade urbana.

Como se não bastasse esse caos que ora impera nas principais metrópoles verde-louras, o repentino e descomunal crescimento da frota nacional de veículos vem obrigando o Brasil a importar combustíveis. E nesse processo de importação há gasolina e etanol. Não faz muito tempo, Lula da Silva circulou pelo planeta para alardear os benefícios do combustível verde, como se fosse ele o pai da ideia. Tempos depois, o mesmo Lula peregrinou na condição de xeique tupiniquim do petróleo, embalado pela descoberta de jazidas de petróleo e gás na camada pré-sal.

A importação de gasolina, a um custo 30% maior do que o preço que a Petrobras vende ao mercado interno, faz com que a estatal petrolífera seja obrigada diariamente a sangrar seus cofres, o que causa prejuízo descomunais aos acionistas. Em qualquer país minimamente sério, as autoridades responsáveis por esse cenário já estariam demitidas e em casa, aproveitando o ócio que um bom pijama proporciona. A importação de etanol decorre de outra falha grosseira do Estado. Com o advento dos veículos bicombustível, o consumo de etanol disparou no País, sem que nenhum investimento no setor tenha integrado os planos do governo federal. Sem cana de açúcar suficiente para produzir o combustível renovável, os usineiros agora aguardam uma solução do Palácio do Planalto para o setor.

Contudo, há nesse cenário sucroalcooleiro outra situação gritante de falta de planejamento. Com a falta de matéria-prima, as caldeiras das usinas trabalham aquém da capacidade. Tal situação permite que a pressão interna de uma caldeira seja aumentada, o que na ponta gera energia elétrica. Mas como disse certa feita um conhecido e fanfarrão filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.

Fonte: Ucho.Info