Pessoas que tomam estatinas para baixar o colesterol correm um risco maior de sofrer disfunção hepática, insuficiência renal, fraqueza muscular e cataratas. Os efeitos colaterais da droga devem ser cuidadosamente monitorados, informaram pesquisadores nesta sexta-feira.
Em um estudo envolvendo mais de 2 milhões de pessoas na Grã-Bretanha, estudiosos da Universidade de Nottingham descobriram que os efeitos colaterais das estatinas, prescritas para pessoas com níveis elevados de colesterol para reduzir o risco de doença cardíaca, foram piores principalmente no primeiro ano de tratamento.
Os resultados publicados no "British Medical Journal" podem afetar o uso dos medicamentos mais vendidos, como o Lipitor, da Pfizer, e o Crestor, da AstraZeneca, mas os autores do estudo disseram que os pacientes que tomam estatinas devem ser "monitorados de forma proativa" em razão dos efeitos colaterais.
"É provável que nosso estudo seja útil para fins de planejamento", disseram os professores que lideram o estudo, Julia Hippisley-Cox e Carol Coupland. Elas ainda afirmaram que a pesquisa pode ser útil "para orientar sobre o tipo e a dose de estatinas."
As estatinas estão entre as drogas de maior sucesso de todos os tempos por prevenir milhões de ataques cardíacos e derrames. A doença cardíaca é a maior causa de morte de homens e mulheres no mundo rico e também é um problema crescente de saúde em países em desenvolvimento.
Em um comentário sobre o estudo, os cardiologistas Alawi Alsheikh-Al, do Centro Médico Sheikh Khalifa nos Emirados Árabes, e Richard Karas, da Universidade de Medicina Tufts, nos Estados Unidos, disseram que, como qualquer tratamento médico, as estatinas não estão totalmente livres de risco, mas que, quando usados corretamente, os benefícios os superam.
"Seria sábio interpretar as observações a respeito das estatinas e lembrar aos pacientes que essas drogas, apesar de consideradas seguras, são como qualquer intervenção na medicina, não são totalmente livres de efeitos colaterais", escreveram.
Coupland e Hippisley-Cox estudaram dados de 368 práticas gerais em 2.004.692 pacientes com idade entre 30 e 84 anos, incluindo 225.922 pacientes que eram novos usuários de estatina.
Eles descobriram que para cada 10.000 mulheres de alto risco tratadas com estatinas, o remédio teve impacto positivo em cerca de 271 casos de doença cardíaca e oito casos de câncer do esôfago.
Por outro lado, também houve casos de 74 pacientes com disfunção hepática, 23 pacientes com insuficiência renal aguda, 307 portadores de catarata e 39 com uma condição de fraqueza muscular chamada miopatia.
Valores semelhantes foram encontrados nos homens, exceto as taxas de miopatia foram maiores, informaram. Eles notaram que alguns dos efeitos se devem a melhores taxas de detecção, já que os pacientes que tomam estatinas consultam seus médicos com mais frequência.
Os efeitos colaterais foram similares para todos os diferentes tipos de estatinas, com exceção da disfunção hepática, onde os riscos mais elevados foram encontrados para a fluvastatina, encontrada nos medicamentos Lescol e Lochol, vendidos pela Novartis.
"Todos os riscos acrescidos persistiram durante todo o tratamento, mas foram maiores no primeiro ano", escreveram eles.
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