Reparem na doce omissão da imprensa em relação à cocaína que vem da Bolívia. Não há uma miserável palavra a respeito. Cumprindo o seu ritual burocrático, que consiste em anotar aspas e praticar “outro-ladismo”, o jornalismo faz de conta que se trata de uma questão de mera opinião: Serra acha que o governo boliviano é omisso ou cúmplice; Dilma acha que não — ou melhor: Dilma ignora o centro da questão e prefere atacar Serra.
E sobram as questões que nada têm a ver com opinião, mas com fato:
- a maior parte da cocaína consumida aqui vem ou não da Bolívia?;
- a Bolívia está ou não se aparelhando para combater o tráfico?;
- cresceu ou não cresceu a área plantada de folha no país como um todo e na divisa com o Brasil em especial?;
- cresceu ou não a produção de pasta de coca no pais na gestão Evo Morales?
A pauta vai ser ignorada, claro, porque alguém se lembrará de observar que a coisa pode ser considerada “serrismo”, sabem? Neutralidade é quando o PT acusa, por exemplo, o Rodoanel de estar cheio de problemas, e os repórteres saem atrás para preencher com dados circunstanciais uma tese política.
Até quando vou apontar esta petização da imprensa? Enquanto ela existir. Enquanto eu existir. Enquanto boa parte dos jornalistas cheirar o PT até a última carreira.
Lamento: a questão é séria demais para ficar no “ele disse”; “ela nega”. A Bolívia está ou não colaborando para coibir o tráfico de cocaína para o Brasil? É só a covardia e o medo da patrulha esquerda — ou o efeito dessa droga mental poderosa — que impede que se diga a verdade aos leitores
Via ReinaldoAzevedo
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