A notícia mais sensacional dos últimos dias foi o ataque frontal que o candidato José Serra fez ao presidente da Bolívia, Evo Morales, relativamente à facilitação da produção e do tráfico de drogas que seu governo patrocina para o Brasil. Serra certamente está de posse de maiores e mais detalhadas informações para trazer o tema para o centro do debate da campanha presidencial. Esse tema é um divisor de águas.
José Serra questiona não apenas a política externa de Lula; questiona também a leniência com que o PT, Lula e sua candidata tratam a questão das drogas. Objetivamente o PT é sócio das FARC no Foro de São Paulo e fez do Brasil um grande mercado para seus parceiros. A aliança com Hugo Chávez precisa também ser compreendida dentro desse arco de aliança mais amplo amparado pelo Foro de São Paulo.
Ao fazer a acusação direta o candidato José Serra pôs o dedo na ferida, demarcou seu campo político e se alinhou, de fato, com os interesses maiores do Brasil. Não há dúvida de que acertou ao dizer que as drogas, vindas da Bolívia, com a leniência do poder estabelecido nos dois lados da fronteira, estão destruindo a nossa juventude. Todas as classes sociais estão expostas aos seus efeitos devastadores. O crime organizado prospera e a violência explode onde as gangues estão agindo, ao custo de muito sofrimento e de muitas vidas frustradas.
O diagnóstico de Serra é certeiro e corajoso. No lugar dele eu mandaria reforçar a segurança pessoal, pois esses criminosos ligados ao tráfico internacional não têm limites. Basta ver o que fizeram na Colômbia, provocando a guerra civil, e no México, praticamente transformado em um narcoestado, uma terra sem lei. O Brasil, a prosseguir a leniência do governo federal, corre o risco de ambas asmazelas.
Serra contrariou grandes interesses econômicos, ideológicos e políticos com a sua fala. Assumiu uma postura de estadista. Foi à luta. Não será mais possível confundir ambas as candidaturas de Serra e Dilma, por mais que se aproximem no espectro ideológico. José Serra alinhou-se com os interesses maiores do Brasil e dos brasileiros. Finalmente alguém parece disposto a fazer o que precisa ser feito contra os bandidos das FARC e seus amigos.
Esse gesto também favorece uma aproximação com o governo dos EUA, que o PT e Lula deliberadamente afrontam. O Brasil precisa ser para os EUA o que é para eles a Inglaterra. Essa postura de afronta e de não cooperação tem custado perda de eficiência exportadora e a má vontade daquele país nos fóruns multilaterais. Parece que Serra está disposto a corrigir esse trágico engano. Certamente isso implicará no afastamento do governo delinqüente do Irã e mesmo da China.
Resta saber como conciliar isso com a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com seu discurso favorável à descriminalização das drogas. Serra parece ter tomado o partido da razão, lutando para proteger a juventude. Fez a escolha certa. FHC precisa calar a boca sobre o assunto e deixar o candidato ir ao encontro das legítimas e vitais aspirações nacionais.
Penso que essa simples tomada de posição levou para seu lado parte ponderável do eleitorado órfão, que duvidava que algum candidato estivesse disposto a comprar a briga com as FARC e seus aliados tupiniquins. Serra fez isso. É um grande mérito. Será que teremos finalmente um estadista no Palácio do Planalto?
por pontofranco
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