quarta-feira, 19 de maio de 2010

CARTA AO LULA. DESABAFO DE UM MÉDICO.

"Se o senhor sofresse um novo acidente de trabalho e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.


E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre."



Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico.


presidente da Associação Paulista de Medicina,


Regional de Limeira.



Abaixo, o texto completo da Carta aberta a Luís Inácio

http://drinacio.blogspot.com/ - 13 de maio de 2010


No último dia 25 de março o presidente Lula esteve em Tatuí, e lá fez a entrega simbólica de 650 ambulâncias para 573 municípios brasileiros. A cerimônia foi essencialmente política, pois os veículos são destinados ao SAMU, ou seja, os serviços de atendimento médico de urgência.


Acontece que a maior parte dos municípios contemplados não tem este serviço implantado, e nem mesmo tem verba prevista em seus orçamentos. Custa caro montar toda esta estrutura. As ambulâncias são a parte visível do negócio, mas é necessário aparelhá-las com equipamentos de UTI, de pessoal de apoio bem treinado, de médicos especializados principalmente. E isto tem que funcionar 24 horas por dia, pois emergência não tem hora.


Ou seja, ou a maioria das ambulâncias vai ter outro destino, ou vão virar sucata logo.


Como costuma fazer, o presidente Lula faz seus “discursos” de improviso, que sempre buscam contentar a platéia presente, e exagera nas frases feitas e cheias de pompa sobre os mais variados temas. Diga-se de passagem, normalmente o presidente não sabe nada sobre o que está falando, e suas gafes já são sobejamente conhecidas e divulgadas mundo afora. Nesta cerimônia em Tatuí, o presidente Lula foi extremamente infeliz com algumas de suas colocações.


Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Lula teve “outro rompante de incontinência verbal”. Mais uma vez, culpou os médicos para os problemas de saúde que o Brasil enfrenta há décadas. Disse que a classe médica não se interessa em atender o interior, “pois é muito fácil ser médico na Avenida Paulista”, segundo suas palavras.


Depois, mandou um recado ao Conselho Federal de Medicina, por este ser contra a revalidação automática dos diplomas dos médicos formados em Cuba. E ainda criticou aqueles que são contra a volta de um imposto para melhorar a saúde.


E por fim, ainda criticou o médico que no passado cuidou dele próprio, ao sofrer o acidente de “trabalho” que lhe amputou o dedo. Ou seja, versou sobre tudo o que finge saber.


Como em todos os “discursos”, Lula fala o que lhe dá na telha, e nem se preocupa mais em ter coerência. Deve acreditar que somos todos burros, pois quanto mais fala, mais sua popularidade “aumenta”, segundo as informações “oficiais”. Mas para os que ainda tem paciência de ouví-lo, basta acompanhá-lo por algumas semanas. A opinião ora é uma, ora é outra. Depende da platéia. Como estamos numa democracia, livre “como nunca se viu na história deste país”, também tenho o direito de opinar.


O que o senhor presidente não disse (ou não sabe) é que é impossível à imensa maioria dos médicos montar um consultório na Avenida Paulista, um dos locais mais caros do país, principalmente se trabalhar no serviço público, onde recebe um salário de fome, não tem um plano de carreira decente e não encontra condições dignas de trabalho. Aparelhos defasados, funcionários insuficientes para o apoio (enfermagem, técnicos diversos), filas para marcação de exames, falhas em tratamento de doenças básicas. Se em São Paulo, que é a locomotiva da nação, é assim, o que dizer do restante do país? Há dezenas de crianças morrendo em pseudo-UTIs em hospitais públicos por aí. A sigla deveria ser Última Tentativa Inútil e não unidade de terapia intensiva. Intensivas são só as mortes nestes nosocômios.


Não disse o presidente (ou não sabe) que médico nenhum consegue trabalhar no interior sozinho. A não ser que seja para distribuir “vale-saúde”, a exemplo dos inúmeros outros que ele criou. Pois tratar e cuidar de alguém sem apoio, sem retaguarda e sem condições, só na cabeça dele.



Quanto aos médicos de Cuba, formados em uma realidade totalmente diferente da nossa, eles podem sim trabalhar no Brasil. Como qualquer outro, formado em qualquer lugar do mundo, que se submeta às avaliações necessárias e sejam aprovados. Desde que saibam Medicina. E o Conselho Federal de Medicina, autarquia federal, é o órgão definido por lei para avaliá-los. O que o senhor presidente quis dizer (mas não teve coragem) é que quer fazer um agrado ao moribundo amigo Fidel, valorizando escolas falidas e que pregam uma falsa “medicina social”.



Faltou falar sobre o assunto referente ao médico que o atendeu quando sofreu seu acidente de “trabalho”. Talvez seu dedo pudesse ser salvo, senhor presidente, se existisse na ocasião um atendimento decente em posto de saúde, unidades de emergência bem aparelhadas, um profissional médico bem preparado, com boa formação. Isso se o “SUS” da época funcionasse. Isso se um médico que atende “SUS” ganhasse um honorário, e não uns trocos.

Pois a CPMF, que geraria verba destinada ao “SUS” do seu governo, virou dinheiro nas meias, cuecas e malas pretas na sua gestão. E até hoje o “SUS” não funciona de forma decente!

E o senhor ainda quer recriar mais um imposto, para continuar alimentando as falcatruas? Senhor presidente, com o perdão da palavra, estou com o “saco cheio” do senhor e de seus “discursos”.


Se o senhor sofresse um novo acidente de “trabalho” e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.


E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre.


Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,

presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira
 
 
 
MEU COMENTÁRIO:
 
 
No artigo "De quem é a culpa,Presidente?  http://bit.ly/aqnh0T publicado no blog em 30/03/10, tratamos desse assunto da opinião absurda e miope do LULA sobre a saúde. Concordo e compreendo a revolta do colega, sua mensagem ao Presidente transmite realmente a realidade da saúde pública do País. Só faço uma ressalva sobre o "cortar a lingua", não faria com ninguém, nem com o Lula.

6 comentários:

  1. Como sempre o Presidente Lula quando discursa dispara para todos os lados. Também acho um exagero esta estória de "cortar a língua", mas no contexto esta metáfora (claro), serviu muito bem para demonstrar a indignação com o Presidente e sua "língua solta".

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  2. Desabafos de outro médico

    INSS: Mais uma instituíção que deveria servir aos trabalhadores brasileiros, mas...
    http://antiforodesaopaulo.blogspot.com/2010/05/inss-mais-uma-instituicao-que-deveria.html

    O desabafo de um médico brasileiro
    http://antiforodesaopaulo.blogspot.com/2010/03/o-desabafo-de-um-medico-brasileiro.html

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  3. O doutor foi muito feliz nas suas colocações. E obviamente usou uma figura de linguagem para se expressar. Mas bem que merecia!

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  4. PARABENS, ESPERO QUE A APM, MANDE UMA MALA DIRETA DIRETO PARA OS JORNAIS DE MAIOR CIRCULACAO, CARTA MUITO BEM ESCRITA E TENHO A CERTEZA QUE REFLETE O PENSAMENTO DE TODOS OS MEDICOS DESTE PAIS.

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  5. Falou por todos os verdadeiros brasileiros.

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  6. Senhor Presidente, não onde eu escrevo por isso resolvi escrever neste postal mesmo, quero lhe fazer uma pergunta. O senhor relamente se preocupa com a educação no País? olha eu sou professora de inglês leciono a dois anos pelo projeto escola VIVa ou escola aberta como preferir, e quero lhe perguntar se o Sr sobreviveria com R$ 120,00 reais por mês? Nossa dedicação aos alunos e nosso profissionalismo não interessa para o Sr. Vou lhe pedir um grande favor acabe com este projeto, ou então chame pessoas sem competência para ajuda-lo neste projeto em termos social.

    Regina Márcia

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