domingo, 23 de maio de 2010

VAI DAR CASAMENTO? POLITICA DO ESP. SANTO.

Se a decisão fosse tomada hoje, o PR do senador Magno Malta e o PDT do prefeito Sérgio Vidigal reforçariam o bloco em torno do senador Renato Casagrande (PSB). O cenário político do Estado tem se mostrado um tanto volátil nas últimas semanas, é verdade. Tanto que o chamado “blocão” de Magno e Vidigal já esteve mais próximo do ninho tucano. Mas agora o namoro com os socialistas estaria ficado firme, sinalizando o casório em junho.



Há certas resistências dos dois lados, mas há também vários pontos de atração. E nos próximos dias, é possível que o grupão faça ainda algum “charme”, acertando os últimos detalhes antes de dar o “sim” a Casagrande.



Pelo lado dos socialistas, até pouco tempo no sufoco e isolados no jogo, há todo o interesse em fechar o acordo, evitando que os cinco partidos do grupo fiquem soltos, mas, principalmente, que se juntem ao deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). A acomodação seria um reforço e tanto para Casagrande e, na conta de aliados do senador, ajudaria a liquidar a disputa no primeiro turno.



A questão é que o governador Paulo Hartung (PMDB) e lideranças religiosas prefeririam não ver Casagrande, que agora lidera a chapa com a digital do Palácio Anchieta, circulando por aí ao lado do senador do PR e sua turma. Hartung e Magno nunca foram amigos, mas a artilharia verbal deste último contra o então candidato ao governo Ricardo Ferraço (PMDB) rebateu duramente nos gabinetes palacianos. Especialmente porque o PR adiou – para não dizer retirou – a declaração de apoio a Ferraço.



Além disso, a cúpula da Igreja Católica no Estado andaria incomodada com a conduta de Magno. Em pelo menos um evento recente, numa câmara municipal na região Noroeste, ele teria feito um discurso que soou desagradável para os católicos. Portanto, Casagrande e os socialistas provavelmente vão gastar tempo e energia para abrigar Magno na chapa, sem causar maiores polêmicas.



Um cenário possível, segundo avaliações, é o senador ficar formalmente na coligação, e fazer voo solo ou, no máximo, caminhar com lideranças do blocão, sem aparecer tanto no palanque para o governo. Inclusive porque pouca gente consegue vê-lo hoje ao lado de Ferraço, depois da ofensiva pela imprensa ao então candidato palaciano. Magno é mesmo conhecido pelo perfil independente, mas resta saber se ele e o blocão topariam.



Quanto ao PDT de Vidigal, já foi dito que o sonho dourado do partido seria a vaga de vice, hoje assegurada com o PT. Entre pedetistas ainda há quem acredite na rediscussão desse espaço. Ao que parece, porém, o partido já concordaria em examinar outra forma de participação no projeto. Mas o acordo deverá passar principalmente pela composição de uma chapa competitiva de deputados e pela eleição municipal de 2012.



O acordo pode envolver, por exemplo, que o PSB de Casagrande não interfira na disputa pela Prefeitura da Serra, daqui a dois anos, porque hoje um dos principais puxadores de voto na chapa de federais do partido é o ex-prefeito Audifax Barcelos, potencial adversário de Sérgio Vidigal.



Claro que os pactos terão de ter a aceitação de todo o bloco e envolverão outras questões. Mas a impressão no meio politico é a de que desta vez os entendimentos serão feitos com pé no chão e sob uma lógica bastante pragmática. E se PR e PDT chegaram a ser os esteios do projeto anterior, agora eles poderão somar forças ao chapão palaciano. Depois do terremoto político, restaram poucas alternativas.



Mudança adiada. Não será desta vez que os prefeitos do Estado verão alteradas as regras sobre o repasse de ICMS no Espírito Santo. O projeto que trata do assunto, enviado mais uma vez pela Associação dos Municípios (Amunes) à Assembleia Legislativa, corre o risco de não ser votado este ano. A avaliação é do deputado Rodrigo Chamoun (PSB), presidente da comissão criada para debater o tema. Segundo Chamoun, a agenda eleitoral e a possível mudança na distribuição dos royalties do petróleo – em discussão no Senado, com os projetos sobre o pré-sal –, impedem que a discussão avance.



Dificuldade recorrente. “Depois que propus a comissão, vieram os projetos do pré-sal e a Emenda Ibsen Pinheiro, que alteram os parâmetros para o repasse dos royalties. Não sabemos como essa discussão vai acabar, e isso nos força a adiar nossa decisão”, diz o deputado. Um projeto de teor semelhante foi proposto entre 2007 e 2008, mas também naufragou por causa da agenda eleitoral.

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