Um país inteiro em estado de choque, jovens cheios de vida e sonhos massacrados sem piedade, famílias inteiras marcadas para sempre. Inimaginável o sofrimento dos pais à procura desesperada dos filhos, Autoridades consternadas, Governador e Prefeito presentes, Presidenta chorando, luto oficial por 5 dias, tudo conforme manda o protocolo, mas nada trará de volta ou aplacará o sofrimento dos que tiveram arrancados de si brutalmente parte de suas vidas.
Psicólogos, sociólogos, parapsicólogos, religiosos, todos tentando achar explicações inúteis agora, psicopata, radical religioso, bullyng, teorias é o que não faltam. Concordo que nada poderia ser feito a partir do momento que aquele tresloucado adentrou na escola, com tudo planejado, premeditado e disposto a matar covardemente crianças que sequer conhecia, mas será que nada poderia ter sido feito para impedir que esse louco realizasse seu plano? Há controvérsias, do que vi e ouvi até agora, é unânime a opinião de que não, nada poderia ter evitado a tragédia.
Não penso exatamente assim, existe uma ferramenta no sistema de saúde que se funcionasse como deve, poderia ter identificado o risco de que esse individuo representava para esta ou qualquer outra escola ou cinema, ou qualquer ambiente propício à sua intenção de matar o maior número de pessoas possível.
O Estratégia de Saúde da Família, popularmente conhecido como PSF, preconiza na sua diretriz básica que uma equipe composta por médico, enfermeira, técnico de enfermagem e outros profissionais atuem em um determinado território. Entidades religiosas, hospitais, postos de saúde, igrejas, instituições bancárias, enfim tudo que é importante dentro desse território deve ser identificado num mapa à disposição da equipe, com ruas, casas e evidentemente seus moradores. Tudo o que acontece nesse espaço deve ser de conhecimento da equipe, principalmente os eventuais fatores de risco à saúde daquela população.
O objetivo principal do PSF não é tratar as doenças existentes no seu território e sim evitar que as pessoas adoeçam, para isso, são necessários visitas domiciliares, um levantamento social, enfim tudo que diz respeito àquela família, quantos são, religião, renda familiar, profissão, tipo do domicilio, esgotos, água tratada, doenças existentes nos membros da família e identificar possíveis fatores que possam fazer com que adoeçam. Vou repetir, tudo, absolutamente tudo que acontece no território de atuação é de responsabilidade da equipe.
O que acontece é que o programa não está funcionando como deve na imensa maioria dos municípios por motivos por mim já identificados em outros artigos, baixos salários, carga horária em desacordo com as normas, omissão dos Estados, incapacidade do Ministério da Saúde em entender o que está acontecendo e sobrecarga das Prefeituras, aqui onde moro, o Governo repassa R$ 6000,00 por equipe. Como pagar médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, motorista, combustível e outros gastos com tal valor, a contra-partida municipal acaba sendo muito alta inviabilizando o perfeito funcionamento do único programa voltado para o individuo como um todo.
Pelo que se noticiou até agora, esse moço morou por 20 anos num só lugar, mudou-se há 8 meses se não me falha a memória, e aí vai o meu questionamento, como passou despercebido pelas equipes? Como não identificaram o risco a que esse individuo estava submetido? Depoimentos a toda hora nas TVs demonstram um comportamento anormal, inclusive já tinha se submetido a tratamento psiquiátrico, como a equipe não acompanhou, não procuraram saber a causa do abandono do tratamento? Aspecto físico com barba enorme não chamou atenção? Coisa de primeiro mundo? Utopia? Não , o programa de saúde da família bem executado é capaz de intervir e possivelmente evitar que tragédias como essa se repitam.
Portanto, na contra-mão de tudo que se disse até agora, acho sim que o sistema não funcionou corretamente, falhou a equipe do PSF que não cumpriu sua principal meta, não impediu que esse jovem se matasse, levando consigo vidas preciosas de crianças inocentes e marcou para sempre outras centenas de jovens e suas famílias com a lembrança dessa fatalidade. É o que penso.
Psicólogos, sociólogos, parapsicólogos, religiosos, todos tentando achar explicações inúteis agora, psicopata, radical religioso, bullyng, teorias é o que não faltam. Concordo que nada poderia ser feito a partir do momento que aquele tresloucado adentrou na escola, com tudo planejado, premeditado e disposto a matar covardemente crianças que sequer conhecia, mas será que nada poderia ter sido feito para impedir que esse louco realizasse seu plano? Há controvérsias, do que vi e ouvi até agora, é unânime a opinião de que não, nada poderia ter evitado a tragédia.
Não penso exatamente assim, existe uma ferramenta no sistema de saúde que se funcionasse como deve, poderia ter identificado o risco de que esse individuo representava para esta ou qualquer outra escola ou cinema, ou qualquer ambiente propício à sua intenção de matar o maior número de pessoas possível.
O Estratégia de Saúde da Família, popularmente conhecido como PSF, preconiza na sua diretriz básica que uma equipe composta por médico, enfermeira, técnico de enfermagem e outros profissionais atuem em um determinado território. Entidades religiosas, hospitais, postos de saúde, igrejas, instituições bancárias, enfim tudo que é importante dentro desse território deve ser identificado num mapa à disposição da equipe, com ruas, casas e evidentemente seus moradores. Tudo o que acontece nesse espaço deve ser de conhecimento da equipe, principalmente os eventuais fatores de risco à saúde daquela população.
O objetivo principal do PSF não é tratar as doenças existentes no seu território e sim evitar que as pessoas adoeçam, para isso, são necessários visitas domiciliares, um levantamento social, enfim tudo que diz respeito àquela família, quantos são, religião, renda familiar, profissão, tipo do domicilio, esgotos, água tratada, doenças existentes nos membros da família e identificar possíveis fatores que possam fazer com que adoeçam. Vou repetir, tudo, absolutamente tudo que acontece no território de atuação é de responsabilidade da equipe.
O que acontece é que o programa não está funcionando como deve na imensa maioria dos municípios por motivos por mim já identificados em outros artigos, baixos salários, carga horária em desacordo com as normas, omissão dos Estados, incapacidade do Ministério da Saúde em entender o que está acontecendo e sobrecarga das Prefeituras, aqui onde moro, o Governo repassa R$ 6000,00 por equipe. Como pagar médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, motorista, combustível e outros gastos com tal valor, a contra-partida municipal acaba sendo muito alta inviabilizando o perfeito funcionamento do único programa voltado para o individuo como um todo.
Pelo que se noticiou até agora, esse moço morou por 20 anos num só lugar, mudou-se há 8 meses se não me falha a memória, e aí vai o meu questionamento, como passou despercebido pelas equipes? Como não identificaram o risco a que esse individuo estava submetido? Depoimentos a toda hora nas TVs demonstram um comportamento anormal, inclusive já tinha se submetido a tratamento psiquiátrico, como a equipe não acompanhou, não procuraram saber a causa do abandono do tratamento? Aspecto físico com barba enorme não chamou atenção? Coisa de primeiro mundo? Utopia? Não , o programa de saúde da família bem executado é capaz de intervir e possivelmente evitar que tragédias como essa se repitam.
Portanto, na contra-mão de tudo que se disse até agora, acho sim que o sistema não funcionou corretamente, falhou a equipe do PSF que não cumpriu sua principal meta, não impediu que esse jovem se matasse, levando consigo vidas preciosas de crianças inocentes e marcou para sempre outras centenas de jovens e suas famílias com a lembrança dessa fatalidade. É o que penso.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHouve falha no sistema de saúde pública sim, e grande. Um doente mental, homicida e suicida, sem nenhuma assistência psiquiátrica, livre para matar e se matar. Mas onde estavam as pessoas que o cercavam, família, vizinhos, que não perceberam isso e não tentaram ajudá-lo?
ResponderExcluirConcordo com você e digo mais, nas escolas temos identificado alunos com necessidade de ajuda psicológica, mas continuamos sempre na mesma. Nada acontece... Não seria o momento de adentrar à escola uma equipe especializada para ajudar esses alunos? O professor detecta, mas não há quem trabalhe no desenvolvimento desse aluno. A escola é a primeira a tomar conhecimento, depois da família, mas a omissão impera. E a situação progride resultando em problemas que atingem toda uma sociedade. Casos que poderiam ser evitados no início. O que fazer?
ResponderExcluirEsse é o meu grito de alerta.
@soniasalim
O mundo tá tão maluco, tão sem generosidade, amor ao próximo que não adianta procurarmos culpados.... Louco é louco e pronto!!!! Só se deixarmos trancafiados num quarto... Mas não acho que o imbecil que fez isto fosse um louco... Louco planeja? Meu pai dizia que uma pessoa poderia ser considerada louca se ela "rasgasse dinheiro e comesse merda"... Mas as escolas estão sem segurança alguma... As públicas principalmente. Conseguem entrar com armas e drogas... Mas no caso específico, ele mataria até seguranças, penso eu....
ResponderExcluirA única coisa que podemos tirar disso tudo é prestar atenção nos nossos filhos e o poder público deixar de mentiras e roubalheiras e fazer o que deve ser feito.... ótimo artigo!
Sobreira não sei em outras partes do Brasil, mas aqui no Rio,o PSF só começou a funcionar há 12/13 anos. E mesmo assim tenho minhas dúvidas se iria prevenir ataque como estes. Em países mais adiantados e com um ótimo sistema de saúde e educação, ações como estas ocorreram.
ResponderExcluirMarcia, o problema é que o PSF atualmente não cumpre as 8 horas diárias que o programa requer para implantar todas as ações de sua responsabilidade. Como fazer visitas, se o médico mal tem tempo de atender a demanda? Na sua essência a prioridade do PSF não é tratar e sim evitar que as pessoas adoeçam, para isso identificação dos fatores de risco é essencial, mas falta tempo, já que a maioria dos médicos só visitam acamados. É um belo programa que está fadado ao desaparecimento pela irresponsabilidade nos três níveis do poder executivo. Nesse caso específico, o Welington morou 20 anos no mesmo endereço, fez tratamento psiquiatrico e não foi acompanhado pela equipe, já que abandonou o tratamento e ninguém detectou que êle tinha risco de surtar e colocar outras pessoas em risco, o que infelizmente acabou acontecendo.
ResponderExcluirEu concordo plenamente com você sobre a importância do PSF, só lembrei que ela começou no Rio há apenas 12 anos. Acho que o alerta é importante para tentar evitar outras tragédias, mas esta seria impossível.
ResponderExcluirConcordo plenamente Marco, quem errou aí, sobretudo, foi o Estado. O Estado não oferece assistência e tratamento para estes casos crônicos, que a medicina e/ou a psicologia sabem que a maior probabilidade é que mais dia menos dia cometam uma loucura. Sabemos que em países onde a saúde pública funciona estes casos são raros quando existem. Questão não é a arma, a questão é a prevenção.@markrmaer
ResponderExcluirPara mim a família desse doente mental ñ se preocupou com ele como deveria,tanto é que nem o corpo foi retirar do IML temendo retalhações.Sabiam que a mãe era esquizofrênica,que ele era "estranho" solitário,ñ tinha amigos ,namorada,ficava horas diante do computador,etc,dizendo isso pensam em se isentar de serem julgados pela opinião pública,e leis divinas.desculpe-me familiares vcs falharam,o laço familiar ñ existiu desde quando esse sujeito era aluno da escola onde sofria bulling,se vcs sabiam disso tdo porque ñ agiram? ñ foram atras do q ele fazia? acho q com seus filhos vcs ñ agem assim.esse caso demonstra bem a deteriorização da família qdo nela existe alguma "diferença"
ResponderExcluirOi Marco,
ResponderExcluirTexto excelente! Parabéns mais uma vez por suas reflexões e conhecimento do SUS.
Devemos lembrar que existe os Centros De Atenção Psicossocial - Caps, dentro do próprio SUS para onde o PSF deveria ter encaminhado esse rapaz, ou no minimo tê-lo cadastrado como possivel risco a ele e a população.
Por vezes reflito se alguns jovens com Pitbulls violentos, os quais vejo em minhas tentativas de caminhada no lago perto de casa, são tão ou mais perigosos que esse rapaz? São rapazes musculosos com fisico atletico, normalmente filhos de familia de posses, porém, estão protegidos pelas familias e não estão abandonados a propria sorte como esse rapaz doente que precisava de ajuda e não a encontrou através do Estado e da população que prefere classificá-lo, antes de estudar o problema real que o Brasil enfrenta com a violência.
Nossos jovens são violentos, arrogantes, "senhores do saber", sentem-se superiores porque se agrupam e aparentemene são iguais aos seus pares. E são armas brancas, com seus pitbulls armas brancas tb, que podem comer uma criança.
Esse rapaz assassino era sozinho, doente, pobre e abandonado pela sociedade, e completando o que vc já disse, não acho correto diferenciarmos ese rapaz assassino dos Pittboys porque os riscos são os mesmos para a sociedade e para eles mesmos.
Fica uma pergunta no ar, adianta proibirmos a população de usar armas de fogo, se existem milhares de outros tipos de armas, principalmente as psicologicas que são tão crueis e muito utilizadas nesse país carente em tudo? Por essa lógica então deveriamos proibir cursos de luta de qualquer espécie, facas, tesouras e uma infinidade de instrumentos que podem matar? Acredito que o pior assassino nessa historia tão cruel foi o Estado pela sua omissão de socorro a quem precisava de ajuda!
Parabéns mais uma vez excelente reflexão.
Telma
Oi Marco,
ResponderExcluirTexto excelente! Parabéns mais uma vez por suas reflexões e conhecimento do SUS.
Devemos lembrar que existem os Centros De Atenção Psicossocial - Caps, dentro do próprio SUS para onde o PSF deveria ter encaminhado esse rapaz, ou no mínimo tê-lo cadastrado como possível risco a ele e a população. Mas eles não funcionam corretamente tb!
Por vezes reflito se alguns jovens com Pitbulls violentos, os quais vejo em minhas tentativas de caminhada no lago perto de casa, são tão ou mais perigosos que esse rapaz? São rapazes musculosos com físico atlético, normalmente filhos de família com posses. Mas esses estão protegidos pelas famílias e não estão abandonados a própria sorte como esse rapaz doente que precisava de ajuda e não a encontrou através do Estado e da população que prefere classificá-lo, antes de estudar o problema real que o Brasil enfrenta com a violência.
Nossos jovens são violentos, arrogantes, "senhores do saber" porque acreditam cursar uma boa universidade, que sabemos serem as piores do mundo, sentem-se superiores também porque se agrupam, vivem em bandos e aparentemene são iguais aos seus pares. E esses são armas brancas, com seus pitbulls armas brancas tb que podem comer uma criança viva. Onde está a diferença entre esses jovens e o rapaz? Um já matou, os outros estão prestes a matar por qualquer motivo banal.
Esse rapaz assassino era sozinho, doente, pobre e abandonado pela sociedade, e completando o que vc já disse, não acho correto diferenciarmos esse rapaz assassino dos Pittboys porque os riscos são os mesmos para a sociedade e para eles mesmos.
Fica uma pergunta no ar, adianta proibirmos a população de usar armas de fogo, se existem milhares de outros tipos de armas, principalmente as psicológicas que são tão ou mais cruéis e muito utilizadas nesse país carente em tudo?
Porque precisamos de uma Lei (Maria da penha) para proteger as mulheres? Justamente porque não é necessária uma arma de fogo para agredir ou matar alguém.
Por essa lógica então deveriamos proibir cursos de luta de qualquer espécie, facas, tesouras e uma infinidade de instrumentos que podem matar? Acredito que o pior assassino nessa historia tão cruel foi o Estado pela sua omissão de socorro a quem precisava de ajuda!
Parabéns mais uma vez excelente reflexão.
Telma