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sábado, 12 de outubro de 2013

SEMELHANÇAS, A FALTA DE FIDELIDADE DOS POLÍTICOS SOBRA NUM CACHORRO

Infelizmente, na falta de ética e dignidade política, o melhor e mais inspirador exemplo da semana veio de um cachorro


Qual a semelhança entre uma Rede furada, um delegado de trânsito, dezenas de políticos e uma cadela? A resposta resume-se numa palavra: fidelidade (ou a falta dela).

Quando lançou-se no mar político, a Rede de Marina Silva uniu as mais distintas mentes. Figurando como novidade, logo tornou-se a grande alternativa política. Porém, ao mesmo tempo, serviu de refúgio para as infinitas picuinhas da esquerda.

Os membros que outrora habitaram o PT, um dia fundaram o PSOL. De lá, outra briga gerou o PSTU. Mesmo com objetivos comuns, a esquerda tem o costume de se rachar em micropartidos sem expressão. Assim, os filhos desgarrados da consciência de classe rumaram para a Rede. Em questão de tempo, os eternos conflitos pela “certeza de estar certo” começaram a furar a Rede e deixar passar a possibilidade de oficialização do partido. No fim, a Rede só pescou traíra.

Quase morrendo na praia, Marina provou que até as boas intenções precisam entrar no jogo para sobreviver. Distante de ideologia, a ex-senadora aliou-se a Eduardo Campos, repousando sua intenção de presidir o país. A decisão deixou sem rumo seus seguidores, como Gustavo de Biase, ex-PSOL, militante do Rede, mas que se filiou ao PSB. Por aqui, De Biase já foi o principal opositor justamente do governo PSB de Casagrande. Seu destino leva a especulações no mínimo satíricas, como a possibilidade de sua propaganda dizer: “Eu sou Gustavo De Biase. Vamos conversar?”.

Tal como Marina e marineiros, o delegado Fabiano Contarato tem em mãos a mesma missão: manter-se fiel a si mesmo. O desafio é grande, pois Contarato aliou-se justamente a Magno Malta, o moço das camisas pretas com frases de efeito.

Como delegado de Trânsito, Contarato sempre fez uso de seu discurso justiceiro, fazendo valer a lei e lançando fortes críticas à política nacional, condenando quem fazia uso do poder para promoção pessoal. Por ironia do destino, Malta é conhecido por sua grife sensacionalista que lhe serve de trampolim político.

O senador já desfilou com os looks de “Todos contra a Pedofilia”, “Maconha Não”, “O Petróleo é Nosso” e “Redução da Maioridade Penal Já”. Alguém ainda tem dúvidas que sua próxima campanha será sobre a violência no trânsito?

O delegado ainda terá como colega Edson Ribeiro, o “cheirador de Bíblia” e ex-candidato a Prefeitura de Vitória. Caberá a Contarato provar que é o nome que o Senado necessita. De todo modo, seu primeiro ato configurou uma infração digna de ser enquadrada no Código de Trânsito.

Os últimos dias também foram de reajustes nas ideologias inexistentes e de novos pactos obscuros pelo poder. De olho em 2014, mais de 50 deputados federais já trocaram de partido, enchendo as novas legendas, como o PROS e o Solidariedade (SDD).

Junto da infidelidade partidária há, ainda, a medíocre estratégia de atrair votos com celebridades. Em 2014, o PSDB lançará o ex-jogador Giba como deputado, enquanto o PSB aposta no astronauta Marcos Pontes. Já o PSC deposita fichas no cirurgião plástico Dr. Rey, e o PTB pretende puxar votos com o pagodeiro Belo. Todos grandes conhecedores da política.

Enquanto a fidelidade pessoal e com o país falta na política, uma cadela tornou-se o melhor exemplo da semana. Ao ver seu parceiro morador de rua ser preso por furtar um carrinho de mão, a vira-lata Neném seguiu a viatura policial e passou dois dias de prontidão na delegacia.

Sua fidelidade rendeu-lhe um acidente em plena Avenida Vitória e um fêmur quebrado. Mesmo assim, ao reencontrar seu dono, ela esqueceu a lesão e se jogou em seus braços. Se dependesse apenas dela, continuaria vivendo na rua, ao lado de quem se tornou seu parceiro, mesmo sem condições adequadas.

Na história de Neném não há oportunismo, decepções ou infidelidade. Não há Rede Furada, decepções prévias nem interesses obscuros. Por isso a vira-lata percorreu o país nos noticiários.

Hoje, embora triste, é necessário destacar que, infelizmente, na falta de ética e dignidade política, o melhor e mais inspirador exemplo da semana veio de um cachorro.

Gabriel Tebaldi, 20 anos, é estudante de História da Ufes

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

MORTOS SUSPEITOS DE FUNDAR PARTIDOS

José Nêumanne* - O Estado de S.Paulo
Nada há a contestar na decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de negar registro ao Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, de vez que não lhe foi apresentado o número mínimo de assinaturas de apoio de eleitores aptos a votar exigido pela legislação eleitoral. Nada justificaria que o tribunal passasse por cima da lei, pois sua função é exatamente garanti-la.
Os políticos - e a ex-senadora acriana é um deles, queira ou não queira, tenha ou não tenha outra imagem perante a população - deveriam saber que a democracia é o império da lei e a norma legal precisa ser cumprida também por eles, que a debatem, votam e aprovam. Marina teve 20 milhões de votos na última disputa presidencial, em 2010. Desde as manifestações de junho, seu nome aparece como a mais viável opção contra a provável reeleição da presidente Dilma Rousseff, que encabeçará uma chapa de muitas legendas, a começar pelas duas maiores, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). E daí? Isso não a torna isenta de cumprir obrigações legais trabalhosas e complicadas: as assinaturas e os Estados onde elas podem ser obtidas e um prazo.
Faltou o mínimo de competência e sobrou bastante negligência à ex-senadora na coleta das 492 mil assinaturas em nove Estados e, por isso, ela chegou ao prazo fatal, sábado passado, sem tê-las em mão. Não adianta reclamar nem pôr a culpa nos outros. Desde que se desentendeu e saiu do Partido Verde (PV), pelo qual se candidatou à Presidência em 2010, ela teve tempo de sobra para conseguir mais do que o necessário. É certo que sem máquina burocrática federal ou estadual, sem estrutura profissional de apoio para conduzir o processo e sem boa vontade dos políticos com os quais concorre, ela teria dificuldades. A estas se somaram, de acordo com seu depoimento (que não pode ser considerado insuspeito), a má vontade e a lerdeza burocrática dos cartórios nos quais teria de registrar as assinaturas exigidas pela lei.
Os governistas tentaram interpor um obstáculo casuístico à sua pretensão na forma de um projeto de lei criado apenas para dificultar a criação de novas legendas partidárias. A oposição, normalmente desatenta e pouco propícia a enxergar qualquer coisa além dos muros de seus quintais, conseguiu, com o apoio do baixo clero silencioso e, ao contrário dela, atento aos próprios interesses, evitar a aprovação por urgência urgentíssima da providência que, em outras condições de temperatura e pressão, seria bem-vinda para evitar o caos partidário que enfraquece a democracia no Brasil. Mas nem isso lhe serviu de alerta para redobrar os esforços para obter o registro no TSE.
Em vez de fazer uma autocrítica sincera da própria negligência, Marina preferiu atacar os cartórios. Ora essa, cartórios são cartórios e não foram criados para simplificar o complexo, mas para complicar o simples. Não é à toa que cartorial é um termo que carrega um significado nefasto, que designa maçada, delonga, adiamento. Se, como denunciou, cartórios do ABC dos metalúrgicos do PT agiram de má-fé com ela, por que não os denunciou na Justiça nem mobilizou os militantes da Rede para atazanar a vida deles? Ora, ora, como dizia minha avó, desculpa de cego é feira ruim e saco furado.
Apesar disso tudo, convém advertir que são controversas, sim, as decisões do TSE a respeito das duas novas legendas partidárias que aumentaram de 30 para 32 o número dos partidos políticos em atuação no Brasil. Ao aceitar como boas assinaturas de apoio contestadas pelo Ministério Público, algumas entre elas suspeitas de serem de mortos, a Justiça Eleitoral lavou as mãos como o cônsul romano Pôncio Pilatos. Por que decidir a questão para não perder o prazo de 5 de outubro para a criação do Partido Republicano da Obra Social (PROS) e do Solidariedade? Por que não dirimir tais suspeitas?
A presidente do TSE, Cármen Lúcia, ao anunciar a negação de registro ao Rede, lamentou. Por quê? Nada a lamentar. A política é um jogo que se joga com regras preestabelecidas e a própria perdedora deixou claro que logo terá um partido para chamar de seu. Em vez de lamentar o inexorável, o tribunal podia explicar por que aceitou assinaturas suspeitas. Que hecatombe sofreria o País se o PROS e o Solidariedade não fossem autorizados a negociar seu apoio nas eleições de 2014? O benefício da dúvida a favor do acusado de fraudar assinaturas põe em dúvida o julgamento do tribunal.
O TSE orgulha-se muito da implantação da urna eletrônica, como se esta fosse a decretação automática do fim da fraude eleitoral no Brasil. O gato escaldado Leonel Brizola tinha dúvidas sobre isso desde que os bicheiros da Baixada Fluminense e os militares do regime tentaram tomar-lhe à força a primeira eleição direta para o governo do Estado do Rio, após ter voltado do exílio. Seria paranoia dele? Ao aceitar assinaturas suspeitas para criar dois partidos que para nada servem, a não ser para distribuir dinheiro público e tempo em televisão e rádio às vésperas de eleições pelos bolsos de seus fundadores, a Justiça Eleitoral restaura duas fontes de fraude do tempo dos coronéis: a eleição de bico de pena da República Velha e os eleitores-fantasmas que assombraram a democracia brasileira até o fim do século passado.
Sebastião Néri, em sua hilariante coletânea de casos folclóricos, narra a história do coronel Chico Braga, do Vale do Piancó, no sertão da Paraíba, onde a proximidade do Ceará e o controle dos atestados de óbito no cartório permitiam inflar o eleitorado. Balançando-se numa rede no alpendre de sua casa, o coronel ouviu o apelo para que fosse votar antes do fechamento das urnas. "Co'os diachos, menina, já votei cinco vezes hoje e ainda querem que eu vote?", disse à moça que o embalava. Ele morreu, mortos não votam, mas será que podem ajudar a fundar partidos?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

NOVO JOGO PARA 2014

Radanezi Amorim
              
Charge DilmaO deputado Roberto Freire (MD) e o senador Aécio Neves (PSDB) acertaram no alvo ao jogarem luz sobre a preocupação do governo Dilma com o novo partido e a disputa de 2014.

O Mobilização Democrática aumenta o potencial da oposição no jogo. E embora hoje a presidente seja a favorita e esteja com a popularidade nas alturas, o novo cenário periga criar mais dificuldades para a reeleição dela. Especialmente se a inflação e outros indicadores econômicos continuarem piorando.

Como A GAZETA mostrou ontem, Freire disse que “o governo está muito aperreado”, enquanto Aécio destacou que Dilma está “assustada” com a possibilidade de a eleição não ser ganha por “WO”, ou seja, por ausência de adversários.

Ambos se referiam ao jogo pesado do governo para aprovar a toque de caixa no Congresso a lei que dificulta o surgimento de novos partidos.
A manobra atinge a Rede, partido que Marina Silva tenta criar. Hoje ela é a maior ameaça a Dilma, porque pesquisas já mostraram que a ex-senadora é quem mais tira votos da petista.

Mas a oposição estava preocupada com as chances de o MD também ser atingido pelo projeto. Por isso, houve um trabalho rápido e feito a muitas mãos para a fusão entre PPS e PMN, criando o MD.
Mas agora se sabe que a nova sigla não será atingida. Com isso, pode ajudar a viabilizar a candidatura de Eduardo Campos (PSB) a presidente. O próprio Freire, presidente do MD, declarou preferência pela aliança com o socialista. Mas outra alternativa é o MD filiar José Serra e ter um candidato com presença eleitoral no Sudeste.

Na prática, tudo isso significa um grid de largada mais complicado para Dilma. Porque a participação de Marina, Campos e Aécio no páreo aumenta a divisão dos votos e representa o fim do Fla x Flu partidário entre PT e PSDB.

Em paralelo, há também os sinais ruins na economia. Apesar de o emprego seguir em alta, com o mercado de trabalho aquecido, há vários sinais preocupantes.
O maior deles, do ponto de vista da população, é a inflação, que diminui o poder de compra e a atividade econômica no país. Mas estamos vendo também a deterioração das contas públicas e a crônica falta de competitividade da indústria.

Além disso, o governo Dilma também demonstrou ter errado na condução da Petrobras e no planejamento do setor de energia. Para alguns especialistas, esses gargalos correm o risco de se acumularem em 2014.

Ou seja, surgem sinais na política e na economia de que o ambiente de 2014 pode não ser de vento a favor como em 2010, quando Lula fez a sucessora. Por isso o governo tenta limpar o trilho para Dilma, operando no Congresso para diminuir o número de alternativas na eleição.

Fonte: Praça oito - A Gazeta