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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

BRASIL ADOTOU A PENA DE MORTE

Sem limites – A cidade do Rio de Janeiro ainda aguardava a abertura dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, quando Luiz Inácio da Silva disse que a capital fluminense, encerrado o evento esportivo, teria à disposição o mais eficiente e completo sistema de segurança pública do País. Quatro anos se passaram e as notícias diárias mostram que tudo não passou de uma colossal mentira.
A opinião pública não pode se deixar enganar com o espetáculo cinematográfico que marcou a recente ocupação das favelas da Rocinha, do Vidigal e Chácara do Céu, pois os barões do tráfico continuam impunes, os grandes operadores mudaram de endereço e o crime organizado continua agindo à luz do dia.
Prova maior desse trinômio macabro foi a morte de Carlos Eduardo Mendes de Jesus, filho do coreógrafo Carlinhos de Jesus, assassinado de forma covarde e torpe em um subúrbio do Rio de Janeiro. O crime, que chocou o País e ganhou as manchetes por conta da notoriedade do pai da vítima, mostra que a sensação de impunidade, que galgou níveis inimagináveis de 2003 para cá.
Como se fosse pouco, a inoperância do Estado, como um todo, diante da escalada do crime faz com que o Brasil seja a mais nova nação a conviver com a pena de morte, mesmo que de forma oficiosa, sempre tirando a vida de pessoas inocentes e pagadoras de impostos.
Certa feita, em tom de galhofa, o messiânico Luiz Inácio da Silva lançou o bordão “nunca antes na história deste país”. Querendo ou não, Lula estava certo. Só não sabia que ele próprio era o alvo da sua bazófia

Fonte: Ucho.Info

domingo, 6 de março de 2011

PÁGINA DAS MASMORRAS AINDA NÃO FOI VIRADA.

Essa semana, ao conceder habeas corpus a uma detenta que cumpria pena em regime fechado na Penitenciária Feminina de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, o relator do processo, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, precisou recorrer à obra literária O Processo, do consagrado escritor tcheco Franz Kafka, para evidenciar o disparate que estava sendo cometido contra a interna Adriene Martins Batista, que passou a ser preconceituosamente chamada, inclusive por alguns jornais, de “a beijoqueira”.


No clássico, Kafka narra a história do personagem Josef K., que se depara com situações surreais protagonizadas pela Justiça, uma instituição poderosa e quase sempre inacessível. No decorrer da estória, leitor e personagem tentam entender os motivos que “incriminam” K. no misterioso e absurdo “processo”.



A exemplo do personagem de Kafka, a interna da Penitenciária de Cachoeiro viveu situação semelhante perante um sistema prisional que continuam violando direitos e aplicando “leis próprias”, sem nenhum critério, que privam o interno do direito à ampla defesa.

Adriene, que foi que foi condenada a três anos e nove meses de prisão por envolvimento com o tráfico de drogas, deveria ter sido transferida do sistema fechado para o semi-aberto desde julho do ano passado, conforme estabelece a legislação. Entretanto, os temíveis PADs – Procedimentos Administrativos Disciplinares – impediram que a jovem de 23 anos fosse beneficiada com a progressão de pena.

A lei prevê que todo condenado tenha direito ao benefício, exceto os autores de crimes hediondos. O mérito deve ser analisado por um juiz, que poderá conceder ou não a progressão. Normalmente o juiz, entre outros aspectos, avalia o comportamento do interno para conceder a progressão. Por isso, uma a PAD, que tem o poder de “sujar” a ficha do interno, pode ser decisiva nessa hora.

Adriene colecionava 13 PADs. As mais emblemáticas, inclusive citadas no voto do desembargador, referem-se ao “desvio de comportamento” da interna, que segundo relatórios internos, “insistia” em beijar as colegas de cela “na marra”.

Em seu voto, Feu Rosa, que além de presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é também presidente da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, adverte que havia um farto histórico de pedidos para que Adriene fosse submetida a um tratamento psiquiátrico. Há registros também dos familiares da jovem, que atestam que Adriene estava sucumbida a uma terrível depressão.

O desembargador adverte que não consta nenhum encaminhamento de Adriene ao médico. “Uma vez mais, e apesar da farta documentação acostada aos autos, não tive notícias de ter sido a paciente submetida aos devidos exames e eventuais tratamentos. Aliás, a notícia que tive foi a de que a paciente não foi encaminhada”, destaca o desembargador.

Em seguida, Feu Rosa ressalta que as faltas disciplinares “cometidas” pela interna não são detalhadas. “De plano, extrai-se que não foi remetido o termo de transcrição da falta disciplinar imputada no livro próprio, situação que impede o exercício do direito de defesa da reeducanda”, contesta a defensora.

Esta queixa, segundo o desembargador, foi apresentada pela Defensoria Pública em maior de 2010, mas “deu em nada”, aparentemente.

Segundo o desembargador, as demais queixas por cerceamento de defesa, firmadas pela Defensoria Pública, se repetiram outras sete vezes. Até que a defesa, saturada com o descaso da direção do presídio, desabafa: “(...) a defesa deixa de juntar cópia integral da Guia de Execução por ser humanamente impossível, já que a autoridade coatora não devolve os autos para o Cartório (...)”.

De acordo com Feu Rosa, a interna foi privada do seu benefício em função de “procedimentos decididos ao arrepio de tantas preliminares por cerceamento de defesa. O fato é que nosso sistema judiciário e penitenciário, na prática, penalizou a paciente com sete longos meses adicionais de regime fechado, em estabelecimento prisional situado no interior do Estado, distante de suas família e residência, por conta de tantos procedimentos disciplinares”.

Depois, Feu Rosa transcreve as “faltas” imputadas à interna com o objetivo de evidenciar que a maioria das PADs tem aparente motivo banal. Abaixo, destacamos alguns dos registros:

“Ao retornar do procedimento de banho a interna Viviane Nunes de Andrade deu um beijo pela portinhola na interna Adriene Martins Batista”

“Durante recolhimento das internas no banho de sol, a interna Viviane beijou na boca de Adriene, depois do convívio do jantar novamente”.

“A interna [Adriene] começou a gritar dentro da cela que queria falar com a senhora Leida [Leida Maria Ayres, diretora da unidade] sobre o filho dela, porque se não fosse atendida hoje ela bateria chapão”.

“A interna Adriene Martins Batista ... ao retornar para sua cela passa na cela 113B e pega a jarra de água e a enche, mesmo sendo advertida pelas agentes ... para que não o fizesse”.

“Durante o convívio da galeria B as internas Aline Tuzzi e Adriene Martins se beijaram”.

“As internas Adriene [aqui paciente], Marcilene e Viviane foram para o chuveiro e tomaram banho fazendo bagunça, gritando, dando gargalhadas e ao retornarem para a cela continuaram gritando se comunicando com as outras internas e Adriene parou na cela B112, levantou as pernas e disse que lavou bem a ‘changuinha’, tumultuando a galeria”.

“Consta ... que as internas brigaram dentro da cela, onde a interna Adriene mordeu a interna Luciana”.

Diante de cada uma dessas acusações, a Adriene apresentou a sua versão dos fatos. “Não nos cabe, aqui, analisarmos a verdade de cada um destes eventos, afinal, tudo ficou no clássico ‘palavra de um contra a palavra de outro’”, ponderou o desembargador.

Feu Rosa critica, porém, a profusão de procedimentos disciplinares imputados à interna em um curto espaço de tempo, além do evidente cerceamento de defesa em praticamente todos eles. Pesa ainda a desídia no fornecer de cuidados médicos à interna.

“Nossos sistemas judiciário e penitenciário tem sido, no mínimo, na melhor das hipóteses, de um rigor jamais visto”. O desembargador adverte, no entanto, que o rigor só é aplicado de um dos lados. Peço licença para concluir que, quanto à aqui paciente, ‘tudo dá em alguma coisa’”, provoca.

Em seguida, para ressaltar as distorções dos sistemas judiciário e penitenciário, Feu Rosa conta que tem recebido denúncias e fotografias dos mais horrendos crimes praticados sob as vistas destes mesmos sistemas.

Masmorras

Na metade do seu voto, que concederia o habeas corpus a Adriene, o desembargador passa a relacionar alguns casos emblemáticos de presos que foram vítimas de “crimes bárbaros” e “torturas cruéis” no sistema prisional capixaba. O magistrado cita o nome dos presos que foram brutalmente assassinados ou deixaram as prisões sequelados. Inclusive ele ilustra cada um dos casos com fotos (impublicáveis).

Após rememorar os escabrosos episódios, o desembargador interpela o Estado. Embora não cite nomes, o recado vai diretamente para o secretário de Justiça Ângelo Roncalli, que permanece com as chaves das “masmorras” na mão desde 2006. Foi sob sua gestão, endossada pelo ex-governador Paulo Hartung e agora pelo governador Renato Casagrande, que as violações extrapolaram as fronteiras do País e foram parar na Organização das Nações Unidas (ONU).

Questiona Feu Rosa: “Começo pela morte de Adriano Reis da Conceição, acima fotografado, morto na CASCUVI. Em que deu a morte dele? Teria sido suicídio?; Há também o caso do esquartejamento de Carlos Henrique Chagas, cujos restos mortais podem ser visto acima dentro de um caixote. Deu em quê?; E o que dizer do esquartejamento de Waldemir Chagas Telle? Os pedaços do seu corpo podem ser vistos acima, dentro de uma bombona. Aliás, este esquartejamento eu já registrara em voto outro, objeto de ampla repercussão na época. Pois é: e deu em quê? Quem foi punido? A Sociedade ainda não teve a devida resposta”, cobra o desembargador.

Na medida em que descreve os casos, a indignação do desembargador vai aumentando. Ao todo, Pedro Valls Feu Rosa recorda as trágicas histórias de 10 presos. Alguns dos casos relatados por Feu Rosa viraram reportagens de Século Diário. Como o episódio envolvendo Alexandre Estevão Ramos, que foi baleado por policiais militares no morro da Piedade, no Centro de Vitória, em março do ano passado. O jovem de 19 anos teve as duas pernas amputadas por conta de uma bactéria adquirida quando ficou sob os cuidados do Estado, no Presídio de Segurança Máxima I (PSMA-I), em Viana. Hoje vive em precária situação com a família e um bairro pobre da periferia da Serra. O Estado não deu até hoje nenhum apoio à família.

O desembargador condena a omissão do Estado ao relembrar das vítimas que foram sequeladas dentro do sistema prisional. “E o preso que perdeu uma perna enquanto sob os cuidados do Estado? Será que ele foi indenizado? Será que alguém acabou punido? Perder uma perna é pouco? Que tal, então, as duas? Será que também esta vítima do Estado foi indenizada? Alguém foi punido? Deu em que, esta barbárie?”, pergunta, inconformado, ao referir-se ao jovem Alexandre.

Para o desembargador, a página dessa recente história de violações de direitos ainda não foi dobrada. “Pior fica o quadro quando constatamos que este desfile de horrores continua, firme e forte, impávido como sempre, diria mesmo que inabalável”, protesta.

Para mostrar que as violações não acabaram com o fim da Era Hartung, Feu Rosa lembra que no início de fevereiro deste ano mais um preso foi encontrado morto com requinte de crueldade na Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv). Marco Antônio de Moura, de 33 anos, estava preso desde agosto de 2010. O detento, que chegou a ser escalpelado, cumpria pena pelo crime de estelionato.

“Por favor, diante do estado do cadáver não se fale de alguma prosaica ‘briga entre presos’! Afinal, estamos a tratar de estabelecimentos prisionais controlados pelo Estado e fiscalizados pelo Ministério Público e Poder Judiciário. E o caso de outro preso, salvo engano de nome Valmir de Matos, em cujo ânus foi introduzido um cabo de vassoura? Isto aconteceu há poucos dias, e aqui perto. Em que está dando isso?”, pergunta, em tom irado, o magistrado.

Em seguida, ainda embalado pela indignação frente a tantos descasos, dispara: “Nos últimos tempos vi, também, o caso do detento que entrou na prisão andando e saiu paraplégico. Em outro voto, proferido já há alguns meses, comentei este episódio. Até onde sei, ainda hoje ele vive na miséria. Em que deu o caso dele? O que foi feito por ele?”.

Pedro Vall Feu Rosa, ao final do seu voto, estupefato com os próprios relatos, desabafa: “Cansei. Perdoem-me, mas cansei. Cansei de ver crimes os mais bárbaros, torturas as mais cruéis, frequentemente “darem em nada” por conta de sensibilidades políticas ou corporativas. Isso está errado. Isso não pode ser. Isso agride aquela maioria silenciosa das pessoas de bem”.

Após o desabafo, Feu Rosa retoma o caso de Adriene para comentar: “Sinceramente, eu não sei se Adriene beijou Viviane na boca ou na bochecha. Desconheço se ela encheu ou não uma jarra de água para outra presa. Não tenho como saber com certeza se ela tomou banho fazendo algazarra, ou não. E não faço a menor ideia dos motivos que causaram uma briga entre ela e Marcilene. O que sei - com plena certeza - é que ‘a página dela não vira’, e que ela está há sete meses sendo punida duplamente por conta de idênticas acusações, ao arrepio de princípios constitucionais os mais básicos”.

Na última sexta-feira (4), conforme publicado no blog de Elimar Cortês, Adriene já está em liberdade condicional. “Estou aliviada e agradecida à Justiça do Espírito Santo, que reconheceu que eu já deveria estar em liberdade”, disse Adriene ao blog. Ainda com marcas pelo corpo, que, segundo ela teriam sido feitas por outras duas presidiárias, Adriene garantiu que agora quer levar uma vida tranquila, ao lado dos filhos e do marido.


Reportagem publicada originalmente pelo SéculoDiario.com - http://bit.ly/hPjrF0


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

OPERAÇÃO GUILHOTINA.

Realizada pela Polícia Federal com apoio da Secretaria da Segurança Pública e do Ministério Público, depois de mais de um ano de investigações, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, filmagens e coleta de documentos, a Operação Guilhotina prendeu na manhã da última sexta-feira 45 integrantes das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro envolvidos em corrupção, participação em milícias, desvio de armas e venda de proteção a bicheiros, narcotraficantes e contrabandistas. Eles também são acusados de terem saqueado bens de bandidos e moradores durante a ocupação do Complexo do Alemão, em novembro.


A descoberta de mais um foco de corrupção nos órgãos policiais fluminenses mostra que não será fácil restabelecer o princípio da autoridade e o império da lei nas áreas que antes eram dominadas pelo narcotráfico. Para os especialistas em segurança pública, o êxito da política de instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) dependia de uma prévia e ampla faxina nas Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, para evitar que a banda podre contaminasse e desmoralizasse aquela política antes mesmo de sua consolidação.

As escutas telefônicas e as filmagens da Polícia Federal revelaram que os policiais civis e militares presos pela Operação Guilhotina recebiam propina dos traficantes das Favelas do Vidigal e São Carlos, em troca de informações sobre as novas operações e sobre a instalação de UPPs em seus redutos. O esquema protegia o bandido Nem, chefe do tráfico nas Favelas da Rocinha e do Vidigal e um dos bandidos mais procurados do Estado. Cada quadrilha pagava R$ 50 mil por mês a cada policial.

Entre os presos está o delegado Carlos Antonio Oliveira, que até o ano passado foi o principal assistente do chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski. E este, por sua vez, é homem de confiança do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que classificou como "traidores" os policiais civis e militares detidos pela Polícia Federal e afirmou que a operação de limpeza dos órgãos policiais fluminenses é "dolorosa, mas necessária".

Além de ser suspeito de vender informações sobre operações policiais para o narcotráfico, Oliveira - que teve a prisão preventiva decretada - é acusado de extorsão contra empresários, peculato e formação de quadrilha. A Polícia Federal o acusa, também, de revender para o crime organizado armas, munição e drogas apreendidas em operações policiais realizadas nos Morros da Mineira e São Carlos. Beltrame manteve Turnowski no cargo, mas não se opôs à sua convocação para prestar esclarecimentos.

A corrosão moral e funcional de seus escalões superiores é um dos problemas mais graves que a Polícia Civil do Rio de Janeiro vem enfrentando há muito tempo. Em 2006, por exemplo, outra operação da Polícia Federal apurou que idênticos problemas de corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de armas, venda de proteção, extorsão e vazamento de informações para criminosos também ocorreram durante a gestão do delegado Álvaro Lins, que chefiou o órgão durante os governos de Anthony e Rosinha Garotinho. Eleito deputado estadual em 2006, Lins teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar em 2008 - ano em que também foi preso em flagrante pela Polícia Federal, sob a acusação de continuar recebendo propina do crime organizado. Em 2009, foi demitido "a bem do serviço público" do cargo de delegado e ficou recolhido numa penitenciária de segurança máxima até obter liberdade provisória no Superior Tribunal de Justiça.

Ao ser informado da Operação Guilhotina, que atingiu a imagem da Polícia Civil do Rio de Janeiro justamente quando ela vinha sendo recuperada pela ofensiva contra o narcotráfico nos morros e favelas cariocas, o secretário Beltrame afirmou que uma polícia eficiente e respeitada tem de ser, antes de tudo, uma polícia honesta. Sua reação foi realista e desprovida de corporativismo. Sem o afastamento de sua banda podre os órgãos policiais fluminenses teriam dificuldade para dar continuidade a uma política de segurança pública que, finalmente, parece estar dando certo.

Fonte: O Estadão - http://bit.ly/hExHrt

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CAPITÃO NASCIMENTO - MERVAL PEREIRA

Ontem foi dia de a realidade imitar a arte. Foi dia de torcer pelo Capitão Nascimento de Tropa de Elite, que todos nós vimos em ação, ao vivo e a cores, nas reportagens das emissoras de televisão. Que o personagem de Wagner Moura tenha se tornado o novo herói nacional é um sinal dos tempos, não necessariamente um bom sinal.


Ontem entraram em ação centenas de capitães Nascimento encarnados em cada um dos soldados do BOPE, que o personagem do filme de José Padilha se orgulha de ter transformado em “uma máquina de guerra”.

E quando essa máquina de guerra conseguiu colocar em disparada várias dezenas de bandidos em fuga pela mata, em direção ao Morro do Alemão, houve comemoração do cidadão comum que assistia à TV Globo como se acompanhasse um filme de aventura em que os mocinhos eram os policiais.

Ou como se aquelas imagens em tempo real fizessem parte de um game em que o telespectador poderia interferir manejando os comandos.

Mas foi também dia de a população como um todo tomar consciência da gravidade da situação, que muitas vezes só é sentida na carne pelas comunidades mais carentes.

A ação de terrorismo distribuída por toda a cidade, que já vinha sendo revelada com os arrastões na Zona Sul nos últimos dias, evidenciou que essas facções criminosas continuam ativas e bem armadas, com capacidade de levar o pânico a qualquer ponto.

O ponto positivo foi ver a reação policial, que deu a sensação de ter sido bem coordenada e comandada com extrema cautela para não colocar em risco a população. E mesmo assim eficiente.

É claro que a realidade lá fora mostrava uma cidade apavorada, quase deserta, com as pessoas escondidas dentro de casa.

Nas localidades envolvidas diretamente na guerra, era possível ver vez por outra lençóis brancos sendo acenados em pedidos desesperados de paz, enquanto as ações de guerrilha continuavam na Vila Cruzeiro, que acabou sendo dominada pelas forças públicas.

Essa verdadeira operação de guerra que se desenvolveu durante todo o dia na região da Penha mostrou uma grande ofensiva policial feita por 150 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e 30 fuzileiros navais com rostos pintados, colocando várias dezenas de bandidos em fuga, permitindo que a polícia ocupasse o alto da Vila Cruzeiro, aonde não conseguiam chegar há anos.

E tudo mostrado ao vivo pelos helicópteros das televisões, que deixaram os telespectadores espantados com o poder de fogo dos bandidos, e a quantidade de pessoas envolvidas nessa guerra.

Foi um reality show em tempo real que, ao mesmo tempo em que colocou em cada um de nós um sentimento de horror com a constatação da dimensão do problema que a cidade enfrenta, deu-nos também a certeza de que é preciso apoiar a ação do governo, que não há mais volta nesse combate contra o tráfico de drogas.

O fato de que pela primeira vez no combate aos traficantes foram usados Urutus da Marinha de Guerra. É “histórico”, como definiu o secretário de segurança José Mariano Beltrame, ao mesmo tempo em que todos ficamos espantados com a insinuação do secretário de que o Exército não parece disposto a colaborar.

A participação dos Urutus da Marinha e de Fuzileiros Navais na operação foi mais um elemento emocional positivo para a ação da polícia.

A cada barreira que um Urutu ultrapassava parecia uma vitória da sociedade sobre a bandidagem.

Mesmo que a Secretaria de Segurança não planejasse a ocupação da Vila Cruzeiro, ela se tornou inevitável depois que a TV Globo mostrou aquelas imagens, na quarta-feira, de bandidos chegando aos magotes de tudo quanto é lado, para se esconderem na favela que se transformou no bunker da direção da maior facção criminosa do Rio, que comanda as ações terroristas dos últimos dias.

A sensação dos especialistas é de que os policiais montaram uma operação dentro da lógica antiga de responder com uma ação direta no núcleo da bandidagem, para mostrar força, mas para entrar e sair da favela.

E a reação política da sociedade está mostrando que o avanço da polícia foi sentido de maneira tão positiva pela população que vale mais pelo lado intangível do sentimento de vitória do que propriamente pela ação em si.

As forças públicas não poderão sair tão cedo da Vila Cruzeiro, mesmo que não venha a ser instalada lá pelo momento uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), como chegou a ser anunciado.

Essas unidades pacificadoras estão se revelando um ativo político import a n t í s s i m o , c o m a m p l a aceitação pela população, mesmo que falte a essa política uma imprescindível ação de planejamento par a c o m b a t e r a s c o n s equências da retirada dos bandidos dos territórios que dominavam.

Está se produzindo um fenômeno político que é a reação da sociedade de unidade em torno da ação do governo.

Se as forças públicas saírem da Vila Cruzeiro, ficará a sensação de que foram derrotados.

A reação dos bandidos de tocar o terror na cidade foi extremamente negativa para eles, por que conseguiram provocar uma grande unidade na sociedade, e não entenderam que em certas circunstâncias o Estado não pode recuar.

O sinal de que estão descontrolados foi o ataque até a uma ambulância, com doente dentro, que conseguiu sair antes que o veículo pegasse fogo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

VERGONHA NACIONAL;

SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA, certamente este é o tripé que qualquer governante comprometido com o bem estar de seu povo deve priorizar. Ninguém pode negar que nas duas últimas décadas o Brasil melhorou em diversos aspectos e citamos aqui como exemplo, a estabilidade da moeda com o fim da inflação galopante que tantos males trouxe ao trabalhador em especial, o avanço tecnológico, especialmente nas comunicações, a valorização do salário mínimo, melhorando a renda de parte significativa da população, a auto suficiência na produção de petróleo, entre outras. O Governo FHC teve o mérito de implantar as bases da recuperação econômica, dos projetos sociais e o Governo Lula, o mérito de segui-las e melhora-las em alguns aspectos, principalmente na área social. Entretanto o triplé principal continua a ser motivo de vergonha pois sem saúde, sem educação de qualidade e sem segurança estamos condenados a não sair desse subdesenvolvimento preconceituoso com o qual somos vistos pela Comunidade Internacional. Analisemos cada vértice desse tripé.               







A SAÚDE que tem no SUS um modêlo avançado, cumpre no papél o Preceito Constitucional de que é um direito de todos e obrigação do Estado, na prática esbarra em problemas crônicos de custeio ocasionando a precariedade dos serviços prestados à comunidade. Hospitais públicos com equipamentos sucateados, falta de leitos, UTIs insuficiêntes, corredores usados como enfermarias, pacientes espalhados até pelo chão em situação de humilhação extrema. Profissionais em números insuficiêntes para atender a demanda. Hospitais filantrópicos, convêniados ao SUS usando todo tipo de malabarismo para sobreviver com o ridículo preço dos procedimentos pagos pelo sistema, valorizando o paciente particular e de planos de saúde em detrimento dos mais pobres chegando muitas vezes em um mesmo hospital ter atendimentos de urgências e emergências em espaços distintos, criando uma vergonhosa divisão dos usuários. Médicos que se négam ou protelam ao máximo os procedimentos necessários em virtude da baixa remuneração da tabela do SUS, fazendo com que cirurgias e procedimentos de maior complexidade demore meses e até mais de um ano para serem realizadas com sofrimento de quem necessita. Neste contexto salva-se alguns hospitais ligados às Universidades e a Atenção Primária que ainda consegue alguma qualidade, alavancada pelo PSF (Programa de Saúde da Família) e porque, na responsabilidade dos Municípios sofre pressão e fiscalização mais eficiênte da população. As prefeituras no entanto estão tendo sérias dificuldades em manter esse programa por falta de reajuste da contra-partida Federal e os médicos já não se interessam tanto em participar devido ao salário nada atrativo se considerarmos a carga horária de 8hs diárias.






 A EDUCAÇÃO apesar de ter recursos, esbarra na falta de visão da maioría dos gestores, preocupados com o imediatismo, que proporciona naturalmente mais rendimentos politicos. Profissionais com baixa capacitação, salários indignos, escolas precárias, muitas vezes improvisadas, sem segurança para alunos e professores, grade curricular que não atende às demandas do mercado de trabalho. Artificios diversos para desvio dos recursos da educação, como construção de quadras poliesportivas grandiosas, compra de veículos em quantidade e qualidade desnecessárias, pagamento a funcionários de outras secretarías, colocados à disposição da educação, como pedreiros, pintores, motoristas, festas diversas, enfim criatividade é que não falta quando se trata de burlar a lei. Classes com quantidades enormes de alunos, falta de escolas em tempo integral, merenda, transporte escolar de péssima qualidade e abonos de fim de ano para o magistério mascaram os péssimos salários , completam o quadro trágico de Educação no país.







 Na SEGURANÇA PÚBLICA a situação é ainda mais caótica, senão vejamos, nosso sistema carcerário, é dos mais indignos do mundo. Cadeias e penitenciárias fétidas, superlotadas, verdadeiras universidades do crime e da insalubridade, proporcionando a propagação de todo tipo de doenças infecto-contagiosas. Falta programas de ressocialização, trabalho digno com renda para manutenção da família, fazendo com que o preso fique a mercê de favores dos chefões do crime, que depois cobram essas dívidas obrigando que o mesmo ao ser solto pratique assaltos ou assassinatos para pagamento, sob ameaça à vida do mesmo e de familiares, causando um ciclo vicioso. Policiais despreparados, mal remunerados, obrigados muitas vezes a morar em bairros periféricos ou favelas, convivendo com os criminosos e colocando em risco a sua vida e a de familiares. Obrigados a enfrentar criminosos com armamentos sofisticados, muito superiores aos usados por eles, são constantemente atingidos por problemas psicológicos e psiquiátricos que sem o tratamento adequado, os tornam um barril de pólvora pronto a explodir a qualquer momento, ocasionando ações intenpestivas com mortes muitas vezes de inocentes. Os policiais honestos, e são muitos, viram alvo fácil dos bandidos, enquanto os corruptos, que também são muitos, são poupados pois fazem parte da engrenagem. Falta de entendimento entre a Policia Militar e a Civil é parte do problema que envolve a segurança pública e não é, ao que parece, de interesse de solução por parte dos governantes. Portanto, o tripé SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA está corroído pela corrupção, pela omissão dos gestores em todos os níveis e por uma incrível falta de vontade politica de proporcionar a todos nós que sofremos com uma carga tributária exorbitante, o que temos direito por determinação Constitucional.