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sexta-feira, 19 de julho de 2013

EXTERMÍNIO JUVENIL

A mais recente edição do Mapa da Violência traz uma constatação perturbadora: o ES é o segundo Estado do país onde mais se mata jovens


Os jovens do Espírito Santo estão sendo exterminados. A constatação é do Mapa da Violência 2013 - "Homicídio e Juventude no Brasil", publicado esta semana. Os números do estudo apontam que o Estado é o segundo do país onde mais se mata jovens. Os índices são alarmantes: 115 homicídios/100 mil jovens, na faixa etária etária entre 15 e 24 anos. Como no ranking geral de homicídios, o Estado fica apenas atrás de Alagoas. 
 
Para se ter uma ideia da gravidade do índices, a taxa capixaba é maior que a de El Salvador - país que ostenta a liderança absoluta entre os mais violentos do mundo nessa faixa etária.
 
Mas não é preciso ir tão longe para dimensionar os índices do Estado. Em São Paulo, por exemplo, a taxa em 2011, ano do estudo, foi de 20/100 mil, ou seja, quase seis vezes menor do que a taxa capixaba. 
 
Os municípios da Grande Vitória concentram os maiores índices do Estado. Serra aparece no levantamento como o mais violento município do Estado e o décimo mais letal do país. São 244 assassinatos para cada grupo de 100 mil jovens. Comparada à média nacional (53/100 mil), a taxa de Serra é quase cinco vezes maior. Os outros municípios da região metropolitana registram taxas acima da média do Estado, que é de 115/100 mil
 
Quando o estudo analisa o assassinato de mulheres, nesta mesma faixa etária, os dados do Espírito Santo são ainda mais alarmantes. Com 21 homicídios/100 mil, o Estado lidera o ranking. Para se ter uma ideia da gravidade dos dados, o índice é quase o dobro do segundo colocado, Alagoas, que registrou 13/100 mil.
 
Mais impressionante ainda são as taxas entre o jovens negros - grupo mais vulnerável à violência. O Mapa da Violência aponta 144 assassinatos/100 mil na faixa etária entre 15 e 24 anos. No mesmo segmento etário, quando são analisados os dados dos brancos, esse índice cai para 37/100 mil.
 
O estudo traça também a evolução dos homicídios juvenis de 2001 a 2011. Os números da série histórica deixam evidente que as políticas públicas empregados no Estado foram nulas ou insuficiente para transformar essa realidade. Esse curva fica mais acentuada durante o governo de Paulo Hartung (2003 - 2010), que fez parcos investimentos na área social e efetivamente não se preocupou em atacar o problema. 
 
O ano recortado no atual estudo, 2011 - primeiro ano do governo Casagrande -, revela que o socialista, que se propôs a fazer um governo de continuidade ao de Hartung, paga a conta da omissão do seu antecessor. Isso explica porque o governo do PSB está tendo tanta dificuldade para reduzir as taxas gerais de homicídios, que se tronam mais evidente justamente entre os mais jovens, os principais autores e ao mesmo tempo vítimas da violência.
 
Para tirar o Estado dessa perturbadora situação, o governo teria que aumentar consideravelmente os investimentos em políticas públicas e empreender programas sociais que consigam dar respostas eficientes ao problema. 
 
Mas tudo isso leva tempo e custa dinheiro, muito dinheiro. Ainda mais considerando que ele teria que partir praticamente do zero. Recurso há, embora o governo prefira gastá-lo em outras áreas. Quanto ao tempo, a situação é mais complicada. Entrando do segundo semestre do seu penúltimo ano de mandato, Casagrande hoje já não teria tempo hábil para conceber e desenvolver programas que resgatem esses jovens, que estão sendo exterminados, de volta à sociedade.

Editorial do Século Diário

domingo, 7 de abril de 2013

REALIDADE PERTUBADORA



O Mapa da Violência 2013 – “Mortes Matadas por Armas de Fogo” – apresenta um dado perturbador. De acordo com o estudo, as drogas não são a principal causa das mortes por armas de fogo.
 
Essa conclusão apresentada no Mapa da Violência foi tema de matéria publicada esta semana em Século Diário. O texto assinado pela repórter Lívia Francez ganhou elogios do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que coordena o estudo.
 
Ao contrário do que revela a pesquisa, porém, o discurso das autoridades ligadas à área da segurança pública no Espírito Santo tem atribuído os altos índices de homicídios às drogas e organizações criminosas envolvidas com o narcotráfico.
 
Durante o governo Paulo Hartung (2003 – 2010), o então secretário de Segurança Rodney Miranda (hoje prefeito de Vila Velha), ao perceber que sua gestão à frente da pasta fora desastrosa, passou a jogar na conta das drogas todo o insucesso de seu trabalho, que teve resultados pífios.
 
Esse mesmo discurso vem sendo hoje repetido pelo secretário André Garcia, que também identifica a droga como a grande “culpada” pelos altos índices de criminalidade, que conferem ao Espírito Santo a segunda posição absoluta no ranking nacional de homicídios. 
 
Na versão das autoridades, a ligação droga e violência é praticamente automática. Boa parte da sociedade está convencida de que essa é a explicação mais plausível para o problema. No ano passado, o governo do Estado chegou a lançar uma campanha publicitária para consolidar essa tese. Os outdoors espalhados pelas ruas alertavam que 70% dos homicídios estavam relacionadas às drogas. Mensagem implícita da campanha: “Se a culpa é das drogas, o governo está inocentado. Vamos todos nos unir para enfrentar o ‘mal do ‘século’”.
 
O professor Julio Jacobo Waiselfisz, um dos mais respeitados especialistas sobre o tema, mostra que a droga é uma das causas, mas não a principal. Mesmo após 10 anos da implantação da Campanha do Desarmamento, o sociólogo aponta que mais de 15,2 milhões de brasileiros têm acesso a armas de fogo. Desse total, 6,8 milhões de armas são registradas e 8,5 milhões são clandestinas. Waiselfisz alerta que muitos conflitos acabam sendo resolvidos à bala, inclusive os domésticos. 
 
Outro fator, segundo o sociólogo, que explica os altos índices de homicídios por armas de fogo é a chamada “cultura da violência”. Quem conhece bem o Espírito Santo sabe que o Estado tem um histórico repleto de matadores famosos, que viraram figuras lendárias, quase folclóricas. 
 
Ainda hoje, esse passado de pistolagem motiva muita gente a resolver conflitos no “bico do revólver”. 
 
Para provar que a droga não é a principal vilã dos homicídios, um estudo encomendado pelo Ministério da Justiça analisou os boletins de ocorrência em três cidades brasileiras: Belém (PA), Maceió (AL) e Guarulhos (SP), no ano de 2010. Nos três municípios, uma parte substancial das mortes por arma de fogo está relacionada a vinganças pessoais, violência doméstica e motivos banais. Os casos de mortes por arma de fogo no resto do País, segundo o estudo, seguem essa mesma tendência.
 
Na avaliação do Mapa 2013, Waiselfisz aponta um terceiro fator como muito importante para o crescimento das mortes por armas de fogo: a impunidade. 
 
O estudo revela outra realidade preocupante: o CSI (Investigação Criminal) – nome do seriado norte-americano de enorme sucesso – brasileiro é só na TV. 
 
A realidade mostra que os índices de elucidação de crimes de homicídios são baixíssimos no Brasil. De acordo com o Relatório Nacional da Execução da Meta 2 da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), a estimativa é que a elucidação no Braasil varie entre 5 e 8%. O mesmo percentual é de 65% nos Estados Unidos, 90% no Reino Unido e de 80% na França. 
 
Se a média brasileira varia entre 5 e 8%, no Espírito Santo deve ser bem pior. Podemos afirmar seguramente que o Estado, no levantamento do Enasp, era o que detinha o maior número de inquéritos de homicídios inconclusos: mais de 12 mil. 
 
O “CSI capixaba”, em estado de greve devido às péssimas condições de trabalho, é um retrato do descaso do governo com as políticas de segurança. Apenas 2% dos crimes cometidos no Estado são solucionados. Isso ocorre porque faltam provas, ou melhor, faltam condições para que os peritos papiloscópicos apurem as evidências nas cenas dos crimes que possam se tornar provas para a Justiça. Sem materialidade, muitas vezes, o juiz não tem como condenar o suposto autor do crime. 
 
Somente no ano passado, dos 1.944 inquéritos devolvidos pelo Ministério Público Estadual (MPE) à Polícia Civil, apenas 41 voltaram concluídos, ou seja, apenas 2% dos casos foram apurados.
 
Para quem ainda não acredita que a droga não é a principal vilã dos homicídios, basta olhar para o vizinho Rio de Janeiro. Em 2000, o Rio, segundo o Mapa da Violência, era o segundo estado mais violento do País; o Espírito Santo era o terceiro. Dez anos depois, o Rio passou a ser o 17º e o Espírito Santo o segundo. 
 
O tráfico de drogas acabou no Rio? Claro que não. O narcotráfico, como qualquer negócio, está onde há mercado em potencial. E o Rio é um dos mais rentáveis. 
 
O exemplo do Rio, que poderia ser estendido a São Paulo, maior mercado de drogas do País  – que também diminuiu os índices de homicídios a quase um dígito -, comprova que a droga é uma das causas da violência, mas não a principal. Já passou da hora do poder público parar de se esconder atrás das drogas e criar coragem para enfrentar essa perturbadora realidade.
 
Fonte: século diário

sábado, 21 de julho de 2012

FAROESTE URBANO

Desvia! Olha para o lado! Para! Mãos para cima! Documentos! Cuidado com o portão! Passa tudo para cá!Olha a liquidação! O cara vai cair do andaime! Pápápá! Ratatá! Olha o buraco! Roubaram a tampa do bueiro! Boom! Eu disse para passar tudo-para-cá! Poin! Bibibibibibibi! Pare, olhe, compre! Oferta, somente hoje! Daqui a pouco teremos até duelos pelas ruas, porque gente sendo jogada na calçada por seguranças, para fora do saloon, isso já temos… Tente sair de casa e voltar, sem se aborrecer.


Nasci em plena área urbana, das mais movimentadas da Capital; pouco conheço da tranquila e bucólica vida fora disso e o que sei é meio fantasioso já que até explosão de caixas eletrônicos já chegou onde antes só havia o footing, o tédio e o coreto da praça. Também não dá para dizer que o problema – pelo menos esse – é nacional, já que o mundo todo está em pé de guerra, e a barbárie espalhada. Mas se não fizermos algo na linha do agir localmente, e logo, sei não.

As cidades parecem aqueles jogos de minas terrestres. Pisou em uma, Boom! Você não sabe se vai ou se fica. Se usa um vestidinho ou um colete à prova de bala. Se põe capacete ou chapéu. Se leva a bolsa ou um porrete. Se põe perfume ou joga spray de pimenta. E – cuidado! – se for usar o celular. Essa semana a polícia matou um à queima-roupa porque confundiu um celular (descarregado, não dava nem para fritar pipoca) com arma, e “porque ele estava com um negócio preto na mão”… Meninas, cuidado. Inclusive dentro do carro.

De forma geral, ninguém mais fala bom dia, obrigada, dá licença, olha na sua cara direito, responde de bom grado alguma pergunta. Se gentileza gera gentileza, imagine o que é capaz de nascer de um estado de espírito de confronto, inclusive de classes, que vem sendo proposto e incentivado nas nossas fuças. Está todo mundo devendo na praça, ou querendo comprar e não pode. Mas as ofertas chovem, e as necessidades também.

O trabalho anda escasso, periclitante, e quem tem, tem medo. A gente não quer ver bandido, mas se vê polícia sente pavor. Não sabemos mais o que é de verdade e que não é. Roubam-nos, de perto, de longe. Vai no restaurante, bar, padaria e pode ser arrastado. Até quando estamos em casa entram em nossos computadores e nos lesam. Bancos nos arrancam centavos, e somam bolinhas nos juros, e as companhias que nos servem os essenciais são essencialmente é muito descaradas. Quem mais se lembra dos meninos de rua que arrancavam cordões de ouro? Quem mais se lembra dos trombadinhas?

Como dizia, difícil é sair e voltar para casa no fim do dia sem ter tido pelo menos um aborrecimento, seja de carro, a pé, no metrô, trem ou avião. Ou no elevador, mesmo. Pisou no cocô. Ou no chiclete. Deu uma topada na pedra solta. O carro passou e jogou água do meio-fio. Torceu o pé no buraco. Foi atravessar e veio uma bicicleta na contramão ou aquele apressado do farol amarelo. Ficou esperando e o sinal de pedestre, aquele que você aperta o botãozinho várias vezes, não ficou verde. Ou ficou, por segundos. Corra, pessoa, corra! O guarda? Está lá anotando a placa de alguém, mas não daquele que quase te atropelou – ele prefere coisas menos, digamos, trabalhosas, tipo cinco minutos a mais da Zona Azul.

Fura fila. O portão da garagem abre ao contrário, na sua cabeça. Olha o cara varrendo o chão – e os seus pés – com água, com mangueira. O táxi passou. Vazio, mas não parou. Não, não mude de faixa senão os motoqueiros malucos podem promover um linchamento. Inferno esse bibibibi deles cortando as faixas. Já não bastassem os carros dos funkeiros que fazem questão que você os ouça, agora candidatos distribuem alto-falantes gritando seus nomes.

O cara está socando a mochila em você, aquele ser. Como tão bem lembrou Ruy Castro outro dia, todo mundo com mochila nas costas, e como elas fedem! Morrinha. Cheiro de chulé. Tenta passar pela direita, pela esquerda… Tem quem acredita que comprou a rua. Cuidado com o cachorro solto, que o dono pensa que não morde, e sempre pode ter uma primeira vez. O arremesso de bituca acesa não é mais só de cima. Mais comum ainda agora que todo mundo fuma nas portas ela atingir sua perna.

Segura sua onda. Calma. Quem te aporrinha pode ser da minoria, qualquer uma, que essa hora aparece para justificar, como se velhinhos, mulheres, crianças, pobres fossem imediatamente inocentes, anjos celestiais.

A vendedora trata com desdém quem entra na liquidação – a verdadeira queima, fogueira, que está havendo, para onde se olha, para ver se o dinheiro circula nas veias do país, que ora vai bem, ora se afoga na marolinha. E leva o dicionário! Sale, Off, winter off. Até 70%! Quando é que a gente vai entender que, se dá para dar desconto de 70%, a exploração era braba, e o melhor mesmo é esperar que eles nos atraiam com as plaquinhas.

Não ser enganado, não ser morto, não matar. Não cair, não dar uns petelecos por aí.
Não saia sem fazer o sinal da cruz, sem orar por São Jorge guerreiro. Não viva sem pensar que temos de mudar, em busca da civilização, e que isso pode levar gerações.

Marli Gonçalves

domingo, 18 de dezembro de 2011

ONDE FALTAM ESCOLAS, SAÚDE CULTURA, SOBRA VIOLÊNCIA


ES - Vila Velha - Sem Área de lazer, moradores do Bairro Barramares usam a rua sem pavimentação como campo de futebol

Na falta de um campinho, as traves improvisadas na rua são a alternativa para passar o tempo no bairro; o jogo é interrompido quando alguém precisa passar


Anny Giacomin

A cada semana, uma pessoa é assassinada na Grande Terra Vermelha, região de Vila Velha que concentra mais de 40 mil moradores em 12 bairros e 2,8% dos homicídios registrados no Espírito Santo. Um estudo feito pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) ajuda a entender a razão de o tráfico conseguir atrair tantos jovens. E porque é tão difícil deixarem essa realidade para trás.

O trabalho - feito a pedido do governo para subsidiar a implantação do Programa Estado Presente, que visa a reduzir os índices de violência no local - mostra que o desafio é enorme. Falta literalmente de tudo nos bairros que fazem parte de uma das áreas mais assoladas pelo medo no Estado.

A população é predominantemente jovem - metade tem até 24,7 anos e 44% têm entre 25 e 59 anos - mas faltam vagas no ensino médio e centros que ofereçam lazer e cultura. O estudo classifica como "precárias" as estruturas básicas de saúde, educação e saneamento no bairro.

Em 75% das escolas, há lixo em locais próximos; em 30%, esgoto a céu aberto. Além disso, quase 60% das unidades de ensino contam com bares por perto.

Vontade não basta O diagnóstico, que também envolve a realidade de Nova Bethânia, em Viana, revela que a precariedade é tanta que exige muito mais do que somente a vontade do poder público e o reforço na área de segurança para mudá-la.

Nessas áreas, viver sem perspectivas é a regra. Por causa das poucas vagas no ensino médio - que conta com apenas uma escola - muitos adolescentes abandonam os estudos quando terminam o ensino fundamental. Assim,
foto: Carlos Alberto Silva
ES - Viana - Erley Gaudino Neves, de 42 anos,  junto da esposa Alessandra Rodrigues Nascimento, de 27 anos, e os filhos. Eles são moradores do bairro Vale do Sol
Saúde? Onde?
A dona de casa Alessandra Nascimento, 27, sofre quando precisa levar os filhos ao posto de saúde da região de Nova Bethânia. Além de ter que andar 30 minutos a pé, ainda corre o risco de chegar lá e não ter médico. "É uma loteria, e tem vez que perdemos a viagem", critica ela.
arranjar emprego fica difícil.

Juliana (nome fictício), 21 anos, como a maioria dos jovens de Terra Vermelha, nunca chegou ao ensino médio. Diz que abandonou a escola na 7ª série, depois de ficar grávida.

Desempregada, passa o dia cuidando da casa - que fica em uma rua sem calçamento e bem próximo a um esgoto a céu aberto - e dos dois filhos, de 1 e 3 anos de idade.

Sua maior preocupação, hoje, é não deixar as crianças saírem de casa, por causa da violência. "Não tenho como deixar meus filhos brincarem nessa lama misturada com esgoto. Criar um filho aqui é sinônimo de ficar preso dentro de casa, enquanto os bandidos estão soltos", constata.

O medo é companheiro constante, e as alternativas são escassas. "É difícil. Não temos nada para fazer, um curso, uma praça. Por mais que tentem melhorar, aqui nunca terminam o que começam. Se um traficante acha que você está olhando torto para ele, vem e te mata", desabafa a jovem.

Juliana não está só. Assim como ela, a prima Roberta, de 20 anos, e boa parte dos 20 mil jovens que moram na Grande Terra Vermelha não frequentam a escola.

Além da falta de estrutura nas unidades de ensino, é comum na região a violência invadir a escola, com tráfico, roubos frequentes a professores, batidas policiais e tiroteios na rua.

Falta saúde

Problemas nas escolas de Nova Bethânia também existem. Mas muito maiores são os das unidades de saúde da região. Em todas as cinco, as paredes e telhados apresentaram mau estado de conservação. Em 80% há problemas na pintura, assentos, portas e janelas, banheiros, instalações hidráulicas e elétricas. Todas elas estão localizadas em locais próximos do tráfico de drogas.

A dona de casa Alessandra Rodrigues do Nascimento, 27, vive em Vale do Sol e sofre todas as vezes que precisa levar os filhos ao médico. São 30 minutos de caminhada até o posto mais próximo. "Eu e meu marido estamos desempregados. Se pudéssemos, nos mudávamos para um lugar melhor. Já passamos dificuldade, mas não temos muito o que fazer. Aqui pelo menos a casa é nossa".

A pior situação é a da unidade de saúde de Nova Bethânia. A estrutura foi condenada pela defesa civil municipal, mas continua funcionando. O banheiro dos funcionários está interditado por problemas no esgoto. Não há cozinha, refeitório, nem água para o consumo.

foto: Carlos Alberto Silva
ES - Vila Velha - Rua sem pavimentação e com esgoto aberto no Bairro Ulisses Guimarães
Em meio ao esgoto
A maioria das ruas de Terra Vermelha, além de não ser calçada, não tem rede de esgoto e funciona como um verdadeiro depósito de lixo, já que, segundo os moradores, não há coleta. "Isso aqui é um verdadeiro esgoto a céu aberto. Dá nojo", destaca Lívia, 20

SonhosOs filhos de Alessandra sonham com um campo de futebol e um lugar para brincar. Para ela, esse espaço de lazer é fundamental para manter as crianças ocupadas. "A gente tem medo de que eles se envolvam com coisa errada. Conversamos bastante, mas só Deus para livrá-los disso", diz a mulher.

Sem lugar, as crianças se divertem jogando bola na rua. A mesma coisa acontece em Barramares, Vila Velha, onde traves móveis improvisadas ajudam a matar o tédio nas tardes em que a bola rola. Mas o jogo tem que ser interrompido quando alguém passa pela rua.

Mudanças

Mudar cenários como os de Terra Vermelha e Nova Bethânia exige investimentos. E o secretário de Ações Estratégicas, André Garcia, reconhece que esse não é um processo rápido.

"Precisamos de um trabalho multidisciplinar, e proteção policial para sustentar isso. Estamos olhando para o problema. Trabalhamos com a perspectiva de que tudo esteja bem melhor em 2014, mas queremos que esse trabalho seja permanente", explica o secretário.

O diagnóstico do IJSN vai nortear o planejamento das ações a serem implantadas pelo Estado Presente. Para isso, o governo conta com a parceria das prefeituras e da iniciativa privada.

Já estão sendo entregues 400 casas populares em Jabaeté, Vila Velha, assim como foram desenvolvidos projetos e cursos de corte e costura nas regiões. Ruas estão para ser pavimentadas e serão construídos mais escolas e postos de saúde.

Anny Giacomin - A Gazeta
EnchentesMorador de Campo Verde, Viana, há 26 anos, o aposentado Ciro Garcia Vieira, 67, diz que adora o local. O problema, segundo ele, é quando chove. "Enche tudo de água aqui. As ruas não são calçadas, aí já viu, né?". Também falta rede de esgoto. "Cai tudo dentro do rio", lamenta ele.

Insegurança
Moradora de Ulisses Guimarães, Juliana, de 21 anos, não deixa que os dois filhos saiam de casa para brincar. "Tem tiroteio a todo momento, nunca se sabe. Melhor prevenir", diz a jovem, que abandonou a escola na 7ª série e hoje, desempregada, admite: "Não temos muitas perspectivas".

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

BRASIL ADOTOU A PENA DE MORTE

Sem limites – A cidade do Rio de Janeiro ainda aguardava a abertura dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, quando Luiz Inácio da Silva disse que a capital fluminense, encerrado o evento esportivo, teria à disposição o mais eficiente e completo sistema de segurança pública do País. Quatro anos se passaram e as notícias diárias mostram que tudo não passou de uma colossal mentira.
A opinião pública não pode se deixar enganar com o espetáculo cinematográfico que marcou a recente ocupação das favelas da Rocinha, do Vidigal e Chácara do Céu, pois os barões do tráfico continuam impunes, os grandes operadores mudaram de endereço e o crime organizado continua agindo à luz do dia.
Prova maior desse trinômio macabro foi a morte de Carlos Eduardo Mendes de Jesus, filho do coreógrafo Carlinhos de Jesus, assassinado de forma covarde e torpe em um subúrbio do Rio de Janeiro. O crime, que chocou o País e ganhou as manchetes por conta da notoriedade do pai da vítima, mostra que a sensação de impunidade, que galgou níveis inimagináveis de 2003 para cá.
Como se fosse pouco, a inoperância do Estado, como um todo, diante da escalada do crime faz com que o Brasil seja a mais nova nação a conviver com a pena de morte, mesmo que de forma oficiosa, sempre tirando a vida de pessoas inocentes e pagadoras de impostos.
Certa feita, em tom de galhofa, o messiânico Luiz Inácio da Silva lançou o bordão “nunca antes na história deste país”. Querendo ou não, Lula estava certo. Só não sabia que ele próprio era o alvo da sua bazófia

Fonte: Ucho.Info

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A DESGRAÇADA VITIMA.

Ontem, em São Paulo, e poderia ser em qualquer lugar deste imenso País, mais um assalto. De um lado dois, três, quatro... facínoras. Do outro, vários policiais. Na fuga, intenso tiroteio. Bala vai, bala vem, uma foi na cabeça de um inocente transeunte.

Eventual e fugazmente, o pobre diabo poderá ter um nome, porém será conhecido como a vítima. E como num palco, por desempenhar um papel de ínfima importância, desaparecerá por detrás das cortinas.

A polícia amiúde não se importa com o número de inocentes passantes, ela atira para acertar os bandidos. Como seus agentes não treinam, e são impunes, atiram por atirar, a esmo; deve ser para ouvir o estampido, pouco se importando a quem atingirão.

Na maioria das vezes, a quantia furtada é ridícula, e seria melhor seguir os assaltantes, até saírem de perto dos inocentes, e então, se possível, com segurança para a população, tentar prendê – los, até com a ameaça de disparos.

Mas aqui é a lei do cão. Se alguém morrer ou for ferido, seja pelos disparos dos criminosos ou dos policiais, ela será sempre a infeliz vítima.

Os ladrões ou assassinos, se presos, o destino seria a cadeia. Nem sempre, pois a facilidade de fuga é constante, sem contar as artimanhas jurídicas que podem arrastar o processo por anos e anos. E os criminosos, nem sejam julgados.

As prisões são fétidas, precárias, conforme clamam as inúmeras instancias de direitos humanos acoitadas no desgoverno, reverberando contra os maus tratos nas cadeias e nos presídios, fazendo um barulhento alarde para mostrar serviço. Mas, as despesas de manutenção das instalações existem, o quanto é desviado, ninguém sabe, mas deve ser uma baba.

Os boníssimos membros desta confraria do tudo pelo social são capazes de irem até as últimas consequências no seu desatino, e promovem os criminosos como os seus diletos órfãos, pois dá IBOPE, mas não movem uma palha para atender às vitimas, que, inexplicavelmente, em geral tem esposas, filhos, filhas, netos, pai, mãe, e assim por diante.

Ao invés de encherem a nossa paciência falando nos descalabros praticados contra os direitos humanos e, basicamente, eles se referem aos indivíduos presos, bastaria fazer pressão junto aos ministérios responsáveis para melhorar as condições de vida dos seus protegidos.

E todos se preocupam com os pobres presos, tanto que se pai, por cada filho receberá uma boa pensão durante a sua estada na prisão e, não importa se eles, como tantos outros apenados, quando em rebelião queimem celas, camas e colchões e depredem ao máximo.

Os presos terão comida e lazer. Lazer em demasia dizem os entendidos, pois na falta do que fazer se aperfeiçoam na bandidagem. Se comem mal é problema da gestão dos presídios e das penitenciarias, pois o gasto apresentado para a manutenção de cada é uma fabula.

Vez por outra, lá estão os grupelhos do desgoverno ou destas ONG preocupadas com a sobrevivência dos bandidos para a execução de suas inspeções periódicas.

Sim, com o destino e o estado dos presos, não faltam os apreensivos e os interessados. Sempre existe espaço na mídia para alertar que os pobres diabos estão padecendo.

E as vítimas? Bom, quem mandou serem vítimas?

Pois é, se nem as vítimas da subversão, imoladas em sacrifício no altar do terrorismo, que campeou no Brasil, de 1963 até 1980, receberam qualquer apoio; o que você espera de um desgoverno que chegou para inverter a moral e os bons costumes, para distribuir injustiças e premiar criminosos?

Esta é mais uma blasfêmia, bradam os governistas. Não importa, basta verificar o quanto de apoio moral e financeiro os subversivos e os terroristas já receberam.

E quanto às vítimas? É como dizem os espertos, “quem mandou estarem no lugar errado, na hora errada?”

 Valmir Fonseca Azevedo Pereira

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

BRASIL MATA MAIS QUE MÉXICO EM GUERRA


A taxa de homicídios no Brasil é de 22,7 por 100 mil habitantes, a quinta maior da América Latina, relata a ONU. No México, que vive guerra com o narcotráfico, é 18,1 por 100 mil.

Brasil tem taxa de 22,7 assassinatos por 100 mil habitantes, a 5ª da América Latina; SP é bom exemplo, de acordo com estudo da ONU

O México vive uma guerra entre o governo e os cartéis da droga que deixou 34 mil mortos desde 2006. Mas é no Brasil onde proporcionalmente se mata mais. O País é o quinto colocado na América Latina - terceiro na América do Sul - quando se analisa a taxa de assassinatos por cem mil habitantes (a nossa é de 22,7 e a do México, de 18,1). Os dados fazem parte do Estudo Global de Homicídios 2011, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

O estudo da Unodc faz um balanço dos assassinatos no mundo. Ele reúne dados de 207 países fornecidos pela Justiça criminal ou pelos sistemas de saúde. "A curva da violência no México é ascendente, enquanto a do Brasil é descendente", afirmou o pesquisador Guaracy Mingardi. Segundo ele, a violência no Brasil é disseminada, espalhada, e os homicídios têm causas intrapessoais, enquanto que no México a violência é mais midiática e concentrada nos cartéis.

De fato, os dados do Unodc apontam um rápido crescimento dos assassinatos desde 1995 na América Central e no Caribe enquanto que, no mesmo período, os casos diminuíram na Europa e na Ásia. Em todo o mundo foram registrados 468 mil assassinatos em 2010. De acordo com o estudo do Unodc, 36% dos homicídios aconteceram na África e 31% dos casos foram registrados nas Américas. Os continentes com menor participação no total de casos foram a Europa (5%) e a Oceania (1%).

A disseminação das armas de fogo é um fator importante para os assassinatos nas Américas, onde 74% desses crimes são praticados com esse tipo de arma - no mundo, esse total fica em 42%. Outros fatores que são apontados pelo estudo como importantes para a variação do total de casos de homicídios são a crise econômica mundial, o tráfico de drogas, o crime organizado e a existência de "grande número de população juvenil especialmente nos países em desenvolvimento". "Enquanto 6,9 por grupo de cem mil pessoas são assassinadas em nível mundial, a taxa de homens jovens vítimas é três vezes maior (21,1 por cem mil)."

Na América do Sul, o Brasil ficou atrás apenas da Venezuela (49 homicídios por cem mil habitantes) e Colômbia (33,4 casos por cem mil). O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que é preciso ter ações integradas entre os governos para o combate à violência para melhorar a situação do País - que em números absolutos é ainda o líder em casos de assassinatos no mundo, com 43,9 mil casos. Cardozo destacou a necessidade de se combater a impunidade e a necessidade de se criar unidades policiais específicas nos Estados para combater homicídios. Além disso, ele defendeu investimentos na perícia criminal.

São Paulo. No Estado de São Paulo, os assassinatos são investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), cujo plano de combate aos assassinatos, com ênfase na prisão de homicidas contumazes, contribuiu, segundo especialistas, para a redução de 70% dos assassinatos registrada entre 1999 e 2010 na capital.

Nas páginas 79 e 80, o estudo cita o caso paulista como exemplo de que políticas públicas de prevenção e de repressão podem diminuir dramaticamente esse tipo de delito. De 52,58 casos por cem mil habitantes registrados em 1999, a cidade de São Paulo passou a ter 10,6 casos em 2010 - os números continuam caindo neste ano.

"Alguns Estados, como São Paulo, Minas e Rio, adotaram políticas que, associadas a outros fatores, tiveram um impacto importante nos homicídios", afirmou Mingardi. Ele cita a redução da população jovem, as campanhas de desarmamento, as mudanças na segurança pública (aumento do policiamento e prisão de grandes homicidas) e os investimentos feitos por cidades em segurança como fatores importantes para a redução da violência no Estado de São Paulo.

O estudo do Unodc cita "a adoção de novos métodos de policiamento" como fator importante para a redução dos crimes. A Secretaria da Segurança Pública comemorou. A notícia virou o principal destaque em seu site na tarde de ontem.

Fonte:  COM AGÊNCIA BRASIL - O Estado de São Paulo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

VIOLÊNCIA DESEMBESTADA.

A maioria esmagadora das pessoas acredita na diferença entre o certo e o errado. Essa separação de conceitos nos coloca no patamar de civilização, enquanto conhecedores das leis, dos costumes, do comportamento. Ficamos desta forma então, dentro de um sistema que é absolutamente meritório, de conclusão de tarefas e a justa recompensa por elas.  De forma até inconsciente ficamos presos aos hábitos que nos permitem o bom convívio social, independentemente de sexo, cor, condição social e gênero.
Isso até aparecer a banda dos “politicamente corretos” que estabelecem novos conceitos, aceitáveis apenas dentro de sua medíocre forma de ver o mundo. Um criminoso não é responsável pelo que faz. A culpa é da sociedade. A partir daí, se estabelecem os absurdos sociais, jurídicos e midiáticos que assistimos todos os dias. Nada mais salutar para uma sociedade do que proteger os “perseguidos sociais” e todos dizem amém para essa diarreia mental e verbal.
Frouxidão legal, amparo total aos detentos e desamparo total às suas vítimas. Nunca vi ente governamental ou não-governamental criar grupos de apoio às vítimas e seus familiares, salvo raríssimos casos de mulheres vítimas de violência, mesmo por que, isso dá IBOPE.
A soma de todos esses fatores já tem dado demonstrações de seu desacerto. Bandidos confessando crimes violentos, de morte inclusive, se manifestando de forma jocosa e dizendo que a culpa é da vítima. E sequer ficam presos! Transeuntes, nas grandes cidades, “levando bala” de assaltantes e morrendo de forma mais abjeta.
Existe um capítulo especial nesta história, que virou bandeira de uma meia dúzia de vagabundos e tornou inviável a reeducação do menor delinquente: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O que deveria ser um ordenamento de proteção de crianças contra a violência generalizada, acabou se transformando em um escudo protetor para qualquer ato criminoso de menores de forma generalizada.

Com isso, qualquer menor pode tranquilamente roubar, traficar, violentar e tirar a vida de outra pessoa e continuar sua miserável existência sem ser importunado por ninguém.
Somos todos reféns da imbecilidade daqueles que ajudamos a chegar ao poder. Essa nossa cumplicidade fica clara quando 37 milhões de brasileiros se abstém de votar em segundo turno para o cargo mais importante de nosso País: Presidente da República. Somos cúmplices e totalmente alienados. Depois, não adianta reclamar pois, como o previsto, os demagogos, hipócritas, corruptos, ladrões, trapaceiros e toda sorte da escória de nosso País se elegeu pela nossa omissão. Cúmplices por omissão! Cúmplices por que muitas vezes aplaudimos um modelo de governo e de ideologia por puro fanatismo, coisa que, desde nossa juventude já deveria ter sido expurgado de nossa forma de ver o mundo.
Desmonte familiar, sucateamento escolar, desmazelo estrutural! Estamos assistindo a isso tudo e ainda aplaudimos!
“Assim morre a democracia! Sob estrondosos aplausos da população ignorante!”

Washington Rodrigues Teixeira.

sábado, 12 de março de 2011

QUANTA VIOLÊNCIA! POR QUE?

Notícias chocantes sobre atos violentos se multiplicaram nas últimas semanas: é filho que degola os pais, jovem que chega ao bar, ferindo e matando porque alguém mexeu com a namorada, mulher que mata a filhinha do amante, motorista que lança o carro sobre ciclistas em passeata pela rua; são adolescentes que matam a coleguinha rival no primeiro amor... E os casos poderiam continuar, é só seguir o noticiário de cada dia.


Não se trata da violência da guerra, de grupos de extermínio ou do crime organizado: é violência comum, da vida privada, por motivos fúteis. E nem é por que há muita arma de fogo na mão do povo: um veículo, uma faca de cozinha e até um cadarço podem virar armas letais, quando a vontade é assassina!

A ação das autoridades de segurança e os rigores da lei não assustam nem impedem os crimes. Muita tensão nas relações sociais e motivos banais levam a perder a cabeça, a fazer justiça com as próprias mãos e a cometer as maiores violências contra o próximo. E corremos todos o risco de nos habituarmos com notícias e imagens brutais, com a mesma indiferença sonolenta com que assistimos a cenas de um filme. A realidade se funde com a ficção e mal caímos na conta de que, nesses casos, a morte e a dor são reais. Como explicar tanta violência no convívio social?

Deixemos aos estudiosos do comportamento humano a análise do fenômeno. Desejo refletir sobre algo que me parece estar na base desses fenômenos.

Os fatos denotam uma radical desconsideração pela dignidade da pessoa humana, pelos seus mais elementares direitos e pelos valores éticos que devem orientar as decisões na vida. O violento, ferindo ou matando uma pessoa, também legitima a violência, de modo implícito, também contra si próprio, pois ela pode voltar-se contra o autor dessa ação. E, se isso não lhe importa, significa que ele não tem consideração pela sua dignidade pessoal nem amor pela própria vida. Ou tem a presunção de levar sempre a melhor, e aí estaríamos diante do estágio mais primitivo do desenvolvimento humano, em plena lei da selva.

A violência é dos brutos e denota uma lamentável inconsciência diante da dignidade da pessoa, dos seus direitos fundamentais. É ausência de sensibilidade, ou desprezo pelos valores básicos da conduta.

Alguém logo apontará para a urgência de um rigor maior da lei e para a ação mais eficaz das autoridades que a representam e aplicam.

Todos esperam, certamente, que os responsáveis cumpram o seu dever e as leis sejam mais conhecidas e respeitadas, porém não é por falta de leis que os crimes acontecem. E, se a grande garantia para a inibição do crime fosse a autoridade que representa a lei, estaríamos muito mal e não haveria policiais em número suficiente para vigiar todos os potenciais criminosos. A ausência da autoridade encarregada da aplicação lei não legitima o crime.

O alastrar-se da violência está sinalizando para uma desorientação cultural, em que há pouca adesão a referenciais éticos compartilhados, ou mesmo a falta deles. Valores altamente apreciáveis, como a vida humana, a dignidade da pessoa, o bem comum, a justiça, a liberdade e a honestidade caem por terra quando outros "valores" lhes são sobrepostos, como a vantagem individual a qualquer custo, a satisfação das paixões cegas, como o ódio, a avareza, a luxúria, a vaidade egocêntrica...

Princípios éticos tão elementares quanto essenciais, como "não faças aos outros o que não queres que te façam", ou os da inviolabilidade da vida humana, do respeito pela pessoa, do senso da justiça e da responsabilidade compartilhada perdem cada vez mais seu espaço para algo que se poderia qualificar como "pragmatismo individualista sem princípios".

Se cada um elabora os referenciais para seu agir de acordo com os impulsos das paixões, as conveniências ou ganhos do momento, perdemos os referenciais comuns da conduta no convívio social.

Chegamos a isso por muitos fatores, mas alguns me parecem importantes. A conduta reta, ou o seu contrário, depende da educação; virtude e vício têm mestres e currículos próprios. Valores e princípios são ensinados e apreendidos; e a inteligência humana é capaz de reconhecê-los, de distinguir entre o que é bom e o que é mau. Por sua vez, a consciência pessoal e a vontade, quando bem esclarecidas e motivadas, inclinam-se para o bem e rejeitam o mal.

A lei exterior, por si, é constritiva, porque vem acompanhada pela ameaça, não muito eficaz, do castigo e da pena. Eficácia maior da lei é garantida pela adesão interna e livre ao valor protegido por ela. É a lei moral inscrita no coração, da qual fala o filósofo Immanuel Kant. E já falava a Bíblia (cf Sl 37,31; Jr 31,33).

Creio que aqui há muito para se fazer. Sabemos que, atualmente, os tradicionais agentes de educação, como a família, a escola e as organizações religiosas, estão conseguindo fazer isso de maneira muito limitada e seu papel na educação é até dificultado, quando se dedicam a fazê-lo.

Por outro lado, há uma progressiva desconstrução dos referenciais éticos da conduta pessoal e coletiva. E contribuem para a erosão dos valores e para a desorientação da ética no convívio social a exaltação dos "heróis bandidos" e do "valentão mau caráter"; a espetacularização da violência; o mau exemplo que vem do alto; a impunidade, que leva a crer que o crime compensa; e também a exploração econômica da corrupção dos costumes e a capitulação do poder constituído diante do crime organizado, que ganha muito dinheiro com o comércio letal da droga.

O alastrar-se da violência gratuita é uma consequência natural.

Dom Odilo P. Scherer - O Estado de S.Paulo - http://bit.ly/fsKqUH




sábado, 27 de novembro de 2010

MINHA CIDADE ESTÁ SITIADA!

Minha cidade está sitiada!


(Texto da jornalista carioca Mirtes Guimarães)

Bom, vou começar este texto confessando uma coisa: neste momento não estou nem aí para a tal imparcialidade jornalística, ok? Aqui não é jornal e eu não escrevo como jornalista. Isto posto, vou direto ao ponto: Estou de saco cheio com o politicamente correto, com o patrulhamento contra a polícia e com os “especialistas” que experts ou não em alguma coisa populam nos blogs, na imprensa e no twitter.

Tem gente que sequer subiu uma favela na vida, gente que nunca esteve no Rio, gente que só acompanha tudo do conforto dos seus lares, tecendo regras e criticas. Se não fosse uma mulher fina, educada e tranqüila, eu mandaria todos para a.... Grota Funda, mesmo sabendo que eles não teriam a mínima idéia de onde é isto.

Chega de nariz de cera e vamos ao que interessa. Neste momento helicópteros sobrevoam meu prédio, a dezenas de quilômetros da Penha, mas próximo à Santa Tereza e Catumbi. Na quinta-feira à noite, o comércio da rua principal do meu bairro foi fechado. Em minutos, Core (Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil) e PM chegaram. Mas, mesmo assim, o comércio preferiu não re-abrir. Moro aqui há 26 anos, e nunca isto ocorreu.

Desde o início da semana a rotina do carioca foi ligar para amigos e parentes a fim de saber se todos estavam bem. Ninguém sai de casa antes de ter certeza de que o trajeto que será feito está seguro. Taxistas também só circulam se comunicando um com o outro. E no meio de tudo isto, ainda vejo coleguinhas e policiais amigos trabalhando 24hs e se desdobrando para cumprirem suas funções. Coleguinhas que tiveram treinamento de guerra não só no Exército Brasileiro, como também com especialistas de Israel!!!!!!!

E aí vem os “experts” e as ongs criticarem imprensa e a Polícia e pedirem paz!

Falam que temem derramamento de sangue. Ok, mas onde eles estavam durante toda esta semana infernal? Não vi uma ong nas madrugadas andando pelas ruas do Rio pedindo ou “negociando” com os bandidos que incendiavam veículos e atiravam contra cidadãos. A minha cidade está sitiada! E a paz só virá com enfrentamento!

Neste momento, a Globo News mostra mais um tiroteio no Alemão. Nervosa, a Leilane Neubarth pede que a repórter Fernanda Grael se proteja, lembrando que ela é mãe de gêmeos!!!! Esta fala dela, que os “experts” considerariam não profissional, demonstra a tensão que vivemos aqui.


Por isto tudo danem-se os experts, as ongs e o “pessual dus direitos humanos”. O Rio sitiado só quer uma coisa: que o Bope e todo o efetivo policial “pegue um, pegue geral”! Só assim poderemos sonhar com uma paz duradoura

A SEMANA EM QUE O RIO VIROU IRAQUE.

por Mirtes Guimarães


Imagine uma cidade em que crianças sabem diferenciar o som de uma escopeta, de uma AR-15, de uma pistola, de uma AK-47.

Imagine uma cidade onde uma criança sabe que aquelas luzinhas no céu não são estrelas nem fogos e sim balas traçantes

Imagine uma cidade em que os moradores identificam pelas cores não o time para que torcem e sim as organizações criminosas.

Pois é, esta cidade existe e tem o belo nome de São Sebastião do Rio de Janeiro. Acredito que em cidade alguma do planeta, a não ser as que passaram por guerras e guerrilhas, haja crianças com tanto conhecimento balístico como aqui. Como também acredito que somente em países em guerra é que jornalistas fazem treinamento de como se comportar em uma batalha, com direito a colete e carro blindado.

É claro que tudo isto não acontece da noite por dia. Óbvio que os últimos governantes têm sua parcela de culpa. Como também a tem a sociedade, que pouco se mobiliza, e a infinidade de ongs e de grupos de direitos humanos que insistem em reduzir tudo a uma questão econômica.

Agora esta semana iraquiana pela qual o Rio passou demonstra que a hora é de se definir o que se quer para o futuro. Ou se assume que há uma guerra e a enfrenta com todas as conseqüências, ou o Rio desandará de vez. O carioca já demonstrou por cartas aos jornais, depoimentos, manifestações nas redes sociais, que como Corisco não quer se entregar não. Ele exalta e clama pelo Bope, por todo o aparelhamento policial, pelo Exército, Marinha e Aeronáutica. Só falta o governo demonstrar que também é um Corisco!

 Mirtes Guimarães é jornalista ,cidadã , moradora e amante do Rio.

sábado, 23 de outubro de 2010

A ORDEM É BATER

Ontem vimos uma divulgação da página do Blog da Dilma que qualifica os paulistas de bestas comparativamente aos nordestinos.

Um dia antes testemunhamos a grotesca e criminosa agressão sofrida no Rio pelo candidato José Serra, agressão por militantes vestidos de vermelho.

Hoje assistimos no programa do candidato Serra um vídeo mostrando o Dirceu dando as instruções, como líder do PT, para seus militantes darem pancada nos adversários.

Já assistimos todos os desvios de conduta possíveis dos lacaios do Retirante Pinóquio: mensalão, o império da gang dos quarenta e um, dinheiro na cueca, invasão e destruição de propriedade privada, Parlamento virando balcão de negócios espúrios, gravíssimos escândalos que estão sendo denunciados envolvendo a Casa Civil – a casa da candidata do presidente –, invasão da conta do Francelino por um ex-ministro até hoje impune, invasão de sigilo fiscal e pessoal de personalidades do PSDB com a Polícia Federal querendo dourar a pílula fedorenta do Golpe de Estado que está em curso, e mais de cem escândalos denunciados durante todo o desgoverno petista.

Também foi publicada na internet a denúncia de um economista provando a maracutáia com as ações da Petrobrás que estão possibilitando que seu controle acionário fique majoritário nas mãos do Estado. É a formalização do Departamento Sindicalista do Empreguismo na Petrobrás.

Alguém foi punido? – Não.

Alguém foi para a cadeia? – Não.

A degeneração moral do poder público atingiu profundamente o Poder Judiciário que finge que não vê, faz cara de paisagem apodrecida, engaveta processos e muitas outras maracutáias sob as ordens do príncipe do submundo comuno sindical.

Os Tribunais Eleitorais assistem, com uma insensível postura que cheira a complô contra a democracia e a liberdade, o presidente colocar literalmente a máquina pública servindo à candidatura de sua marionete Dilma e formando sua responsabilidade da montagem de um inesperado escândalo de uma presidência da República terceirizada. Lênin não faria melhor...

E a sociedade? E o PMDB? E aqueles que juraram solenemente defender o país e sua Constituição, vão ficar em berço esplêndido escondidos nos seus gabinetes e casernas assistindo o país se desintegrar moralmente e o poder público ser comandado por um covil de bandidos? E aqueles que se vestem de togados, mas a cada dia que passa todos presenciam sem a devida reação o absurdo apodrecimento moral das relações públicas e privadas?

E os empresários? - Vão aceitar pacificamente serem qualificados como bestas?

Será esse o poder público que merecemos ter, uma estrutura gigantesca corrupta, incompetente, assistencialista e prevaricadora que consome mais de cinco meses de trabalho da sociedade para sustentá-la?

O Brasil fede. Os petralhas estão transformando as relações públicas e privadas em latrinas.

Que Deus nos ajude a eleger o candidato Serra para que nosso país possa ser resgatado do pântano comuno sindical que o mais sórdido político de nossa história está nos atolando.

Geraldo Almendra

ÀS RAIAS DA IRRESPONSABILIDADE.

Tiberio Canuto e Antonio Sergio Martins – Pitacos-Políticos


O presidente Lula ultrapassou todas as fronteiras do bom senso. Chegou às raias da irresponsabilidade.

Não é possível que o chefe da Nação esqueça a importância do seu cargo e faça uma acusação tão irresponsável de chamar de “farsa” a agressão da qual foi vítima José Serra. Bem ao seu estilo populista, comparou o candidato ao goleiro chileno Rojas, que fingiu ter recebido um foguete na cabeça, no Maracanã, num jogo entre as seleções de futebol de seu país e do Brasil.

Diante da aberração que disse, Lula está na obrigação de denunciar Serra nas instâncias competentes, em decorrência de que teria estimulado a violência, criado uma fraude e de ser o responsável pela agressão à jornalista da TV Globo que recebeu uma pedrada. Mais do que isto: deve ir à Justiça Eleitoral para que impugne a candidatura de Serra, acusando-a de querer fraudar o processo eleitoral e introduzir o vírus da intolerância. No STF, o fórum dos candidatos à presidência, Lula deve denunciar o tucano por incitação à violência pública.

Se não fizer isto e se não provar o que afirmou, é Lula que estará na berlinda. O bumerangue cobrará seu preço.

Compete à oposição acionar rapidamente todos os meios legais para que o presidente arque com as consequências de sua irresponsabilidade. Não é possível que em um momento tão delicado da vida nacional, o presidente da República ignore o peso do seu cargo, sua liturgia e se ache no direito de afirmar o que bem entender, por se achar acima da lei.

Concretamente, o presidente da República assumiu o papel de insuflador de violência ao, mais uma vez, blindar seus companheiros do PT e encontrar uma desculpa esfarrapada para o ato insano praticado por uma horda fascista, comprovadamente formada por petistas, no Rio de Janeiro.

Nunca é demais repetir: violência gera violência. Esperamos que o outro lado – a militância oposicionista e seus partidos – mantenham o sangue frio e tenham nervos de aço. É hora de não se aceitar nenhuma provocação. Tudo o que o lulopetismo quer é que os tucanos deem o troco e respondam na mesma moeda. Seria o portal do paraíso para que Dilma venha a posar de vítima, para tentar virar o jogo.

A pregação do ódio e a irresponsabilidade do presidente desserve a democracia e nos faz desconfiar de que ele não tem tanta certeza da vitória da sua candidata, por mais que certos institutos de pesquisas turbinem os seus números.

Qual é a de Lula? Estimular um clima de confronto e de divisão entre brasileiros para, na hipótese de uma derrota, dizer que o resultado eleitoral não foi legítimo? Ou quer intimidar a oposição para que seus ativistas tranquem-se em suas casas e deixem as ruas livres para o proselitismo petista?

O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro não foi apenas uma agressão pessoal ao candidato José Serra. Foi uma agressão à Constituição e ao conjunto da legislação eleitoral. É assegurada a livre manifestação e o livre trânsito de todas as correntes nas disputas eleitorais, para que haja igualdade na disputa eleitoral, no caso, para Serra e Dilma, neste segundo turno.

A atitude de Lula opera para suprimir o direito constitucional da oposição. Com seu radicalismo está contribuindo, mesmo que não tenha plena consciência disso, para derramamento de sangue entre brasileiros. Desejamos, do fundo do coração, que estas linhas estejam pecando pelo exagero, fruto da indignação da hora.

Torcemos que a coisa não chegue a tanto e que a democracia brasileira seja suficientemente forte para que a etapa final da disputa presidencial aconteça em paz e em observância aos ditames do Estado de Direito Democrático.

O Brasil é maior do que Lula. Ele passa. A pátria fica. Lula queira ou não, os brasileiros decidirão, no segredo das urnas, a sucessão presidencial. O recado das urnas em 3 de outubro foi claro. A maioria dos brasileiros, que votaram em Serra e Marina, quer saber a que vieram as duas candidaturas. A normalidade do processo eleitoral, inclusive a livre circulação dos candidatos, é condição necessária para o cumprimento da vontade da maioria.

A paz vencerá, apesar de termos um presidente que, se não chegou às raias da loucura, afundou os pés no território da irresponsabilidade.

UMA QUESTÃO DE CARÁTER.

- O Estado de S.Paulo


Na reta final do segundo turno da eleição presidencial a baixaria se generaliza. É impossível determinar até que ponto o lamentável rebaixamento do nível do que deveria ser um debate político esclarecedor deve-se à ação direta dos comandos das campanhas.

Certamente, boa parte dessa guerra suja pode ser debitada à iniciativa irresponsável de militantes extremamente agressivos, de ambos os lados, que, principalmente pela internet, lançam mão das mais torpes mentiras para atacar os adversários. Mas há também o horário gratuito na mídia eletrônica, que nos últimos dias vem sendo usado cada vez mais para veicular ataques e acusações. E assim, tudo considerado, não há como eximir de culpa os responsáveis pela condução das campanhas. É tudo muito lamentável e a constatação a que se acaba chegando, com benevolência, é a de que este é, infelizmente, o tributo que se paga à imaturidade política e à fragilidade dos valores democráticos da sociedade brasileira - problemas que muitos julgavam já superados. Somos, portanto, todos responsáveis.

A responsabilidade, porém, deve ser atribuída com peso proporcional à importância de cada um dos atores da cena política. E é aí que assoma o triste papel que vem desempenhando - na verdade, desde sempre - o presidente da República. Lula, que é, reconhecidamente, quem dá o tom da campanha da candidata do PT, não hesita em partir para a agressão sempre que se vê contrariado. E não mede palavras quando parte para o ataque. Nada mais natural, portanto, que seu exemplo de agressividade seja seguido pelos militantes petistas. Até com agressão física, como a que ocorreu em Campo Grande, no Rio de Janeiro, contra o candidato tucano José Serra.

Depois do susto do primeiro turno, o homem que se considera o inventor do Brasil resolveu partir para o tudo ou nada contra aqueles que elegeu como seus principais inimigos: a oposição e a imprensa. Na verdade, ele gosta de achar que uma e outra são a mesma coisa, mas isso faz parte da tática de confundir para dominar.

Na entrega dos prêmios "As empresas mais admiradas do Brasil", ao qual compareceu a convite da revista semanal promotora do evento, Lula pontificou: "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande." Pouco lisonjeiro para a "classe política", certamente. Mas qual será o significado real dessa exortação? Mais uma ameaça à imprensa que não lhe rende loas? De fato, Lula tem uma visão muito peculiar de qual deva ser o papel dos veículos de comunicação. Foto e exaltação a Dilma Rousseff na capa do jornal da CUT pode. Crítica ao PT na capa da revista Veja é "acinte à democracia e uma hipocrisia". A indignação do presidente parece resultar de que boa parte dos jornais, revistas, rádios e televisões se nega a atender ao pouco que ele pede: "A única coisa que quero que digam é a verdade. Sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Mas, quando cada um tem a sua própria verdade, Lula quer que fiquemos sempre com a dele.

Por exemplo, em comício realizado dias atrás em Goiânia, ao lado de sua escolhida para governar o Brasil, Lula ensinou: "Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão. Ninguém aguenta mentira. Não tem nada pior do que um político mau caráter, alguém que não colocou um trilho na ferrovia dizer que ele fez a ferrovia", disse, referindo-se ao candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo.

Claro que não se dá conta de que, partindo para a xingação pura e simples, está liberando os seus "balilas" do Rio de Janeiro para a agressão física. Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo?

Como cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de tomar partido no processo de sua sucessão - até inventando, como fez, a candidata. Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

DESESPERO NA HORA H.

Para líder tucano, agressão a candidato do PSDB reflete velha prática de petistas e aliados


O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), afirmou nesta quinta-feira (21) que a agressão sofrida pelo candidato do PSDB à Presidência, José Serra, é fruto do desespero do PT e de sindicalistas ligados ao partido. O tumulto ocorrido ontem no Rio de Janeiro durante caminhada de Serra foi mais um dentro de uma série de ataques ao PSDB e aos partidos de oposição sob a liderança simbólica do presidente da República.

“Foi um ato de desespero, mas plenamente de acordo com a prática política do PT e de seus braços sindicais infiltrados em organizações sociais. Trata-se de terrorismo e violência que reflete o desespero do PT, pois a eleição caminha para um rumo diferente do que eles esperavam”, afirmou João Almeida, para quem a agressão foi planejada.

O deputado lembrou fatos ocorridos durante o governo Lula nos quais simpatizantes do PT atacaram o patrimônio público e privado. “Já não me surpreende esse tipo de prática porque é algo típico deles - os petistas, sindicalistas e 'organizações sociais' que eles protegem. Não são eles os mesmos que invadiram a Câmara dos Deputados e depredaram tudo em 2006? Não são eles que invadem as repartições publicas e as fazendas? Agora, na campanha, apenas fizeram o mesmo”, comparou.

Em palanques, Lula incitou a militância

O tucano também afirmou que durante seu mandato, principalmente ao longo da disputa presidencial, o presidente Lula desconsiderou as instituições públicas, transgrediu leis e incitou a militância. Presença constante em palanques de Norte a Sul enquanto seu governo ficou paralisado, o petista fez reiterados ataques à oposição na tentativa de eleger seus aliados. Na falação constante, o maior líder petista transmitia a ideia de que os adversários políticos são inimigos - e não adversários - e que certas derrotas nas urnas são difíceis de serem aceitas.

Há cerca de um mês, durante comício da candidata do PT à Presidência em Joinville (SC), o presidente defendeu, em tom furioso, que o DEM fosse "extirpado" da política brasileira. A declaração foi vista por vários segmentos da sociedade como uma afronta à democracia, tal como a perseguição praticada pelo presidente à imprensa. No início desta semana, durante comício na periferia de Goiânia, Lula chegou a afirmar que o candidato tucano ao Governo de Goiás, Marconi Perillo, não tem caráter. Além disso, disse que muitas afirmações de integrantes do PSDB não passam de "xaveco" no ouvido do povo.

No último dia 14, no Piauí, chegou a dizer que a derrota de candidatos da oposição ao Senado era uma vingança divina. “Agora está apenas se consumando essa violência verbal com a agressão ao Serra, uma coisa nunca vista em eleições no Brasil. Trata-se de algo encomendado e que nada teve de casual”, reiterou Almeida.

Fonte: http://bit.ly/ddYbel