Há coisas que dão uma certa preguiça. Pesquisas do Vox Populi e do Sensus, por exemplo, estão entre elas. E não, como poderiam pensar os petralhas, porque elas trazem dados que me desagradariam ou coisa assim. Ocorre que seus números, tomada a série de levantamentos, compõem uma narrativa tão óbvia — na verdade, tão banal!
Ainda que os dados fossem coletados e tabulados com honestidade, o campo do Vox Populi foi feito enquanto iam ao ar inserções do PT na TV e no rádio — entre 8 e 13. No dia 3 de abril, o instituto dizia que Serra tinha 38% das intenções de voto, e Dilma, 33%. Duas semanas depois, no dia 17, o Datafolha encontrou os mesmos 38% para o tucano, mas Dilma aparecia com 28%, cinco a menos. Agora, o Vox Populi dá Serra com 35% e Dilma com 38% — ainda empatados tecnicamente, já que a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Nesta segunda, deve sair o resultado da pesquisa CNT-Sensus, com campo fechado no dia 14, incluindo o impacto daquele horário político ilegal do PT. Vamos ver: se, sem o programa, o Vox Populi apontou Dilma com 3 pontos de vantagem, o Sensus pode se sentir à vontade para alargar essa vantagem. Ou não foi esse instituto que já tinha apontado o empate entre o tucano e a petista (32,7% a 32,4%) três dias antes de o resultado do Datafolha vir a público?
Candidatos, partidos e marqueteiros não tomam os números da pesquisa, a esta altura do campeonato, como decretação de um destino. Falta muito tempo para a eleição. O que interessa é o noticiário que geram, a boataria, a máquina que mobilizam. Os petistas esperam essa suposta “virada” desde fevereiro. Terá acontecido no meio de maio? Vamos ver. A pesquisa anterior do Datafolha completa um mês amanhã. É bem possível que a próxima venha a público no fim da semana que vem. O Ibope do dia 21 de abril apontava Serra 7 pontos na frente (36% a 29%). Enquanto escrevo, nem um nem outro registraram pesquisas no TSE.
Com a fala de Lula do dia 1º de maio, as inserções do PT e o programa no horário político, pode até ser que a diferença no Datafolha e no Ibope tenha mesmo diminuído. Não é impossível que Dilma tenha passado… Nego-me a ficar fazendo adivinhações. Tudo é possível. A questão definitivamente não é essa.
A questão, no que concerne às pesquisas, é CREDIBILIDADE. Casar o levantamento de dados com a agenda de um partido poria, quando menos, sob suspeição as intenções de institutos não pusesse mesmo é o resultado apurado. “Se o Datafolha e o Ibope apontarem a mesma coisa, quero ver o que você vai dizer…” Ora, vou dizer que um eventual acerto não indica que o procedimento tenha sido correto.
Vocês conhecem aquela fábula do pastorzinho que vivia dando alarme falso: “Olha o lobo, olha o lobo…” Não foi o lobo que comeu todas as ovelhas do rapaz, mas a sua falta de credibilidade. Assim, certos ou errados os números de agora, não tenho como saber, espero dados críveis para que possa fazer a devida análise.
Via Reinaldo Azevedo.
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