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sábado, 2 de novembro de 2013

UMA MENTIRA ATRÁS DA OUTRA



Chumbo trocado – Líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO) rebateu as acusações do ex-presidente Luiz Inácio da Silva de que adversários políticos criticaram de alguma forma o programa Bolsa Família. “A tensão pré-eleitoral toma conta do governo do PT. Hoje, nos 10 anos do Bolsa Família, uma mentira atrás da outra”, disse.
Caiado afirmou que foi Lula quem criticou os programas transferência de renda antes de chegar ao poder, em 2003. “Lula na época falava que transferir renda era assistencialismo, compra de votos. Lula diz uma coisa diferente hoje, mas o que ele realmente pensa sobre transferência de renda é fácil de comprovar”, disse, ao citar programas eleitorais de Lula que estão no YouTube. Em um desses programas, o ex-presidente dizia que “assistencialismo conduz a pensar com o estômago”.
Ronaldo Caiado disse ainda que Fernando Henrique Cardoso criou o piloto do programa Bolsa Escola, mas o falecido senador Antônio Carlos Magalhães, então no PFL, elaborou o fundo contra a pobreza, que permitiu a expansão dos programas sociais, que mais tarde foram unificados com o nome de Bolsa Família. Caiado citaartigo de Gilberto Dimenstein, publicado pela Folha de S. Paulo, em 4 de outubro de 2006.
De acordo com o líder do Democratas, o governo do Partido dos Trabalhadores perdeu todo o seu discurso. “O PT dizia combater a corrupção, mas o Mensalão provou o contrário. O governo do PT se disse contra as privatizações. É só ver algumas estradas e aeroportos para comprovar mais uma falácia. O governo do PT fazia terrorismo contra a privatização da Petrobras. Semana passada, o Campo de Libra quebrou mais um discurso O governo do PT dizia o mesmo sobre o Banco do Brasil, que hoje tem 30% de capital estrangeiro. Na época de FHC, não passava de 12,5%”, disse.
De acordo com Ronaldo Caiado, a perda de discurso “tira o sono dos petistas”. “O ano 2014 está aí e Dilma e Lula estão sem ter o que apresentar e propor. O Brasil acordou”, disse.
Fonte: Ucho.Info
Fp

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

LULA E A FARSA DO BOLSA FAMÍLIA, CAIU A MÁSCARA!!!

VEJAM O QUE O JORNALISTA R. AZEVEDO, DA VEJA, TAMBÉM DENUNCIA, ACRESCENTANDO OUTRAS INFORMAÇÕES IMPACTANTES. ABAIXO REPRODUZO A COLUNA ESCRITA EM BLOG EXPOSTO NO SITE DA VEJA EM 30/10/2013 às 19:54. VALE A PENA LER ATENTAMENTE.
REPRODUZAM ESTE MATERIAL PARA O MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE BRASILEIROS E AJUDEM A DESMASCARAR ESTE QUE É UM DOS MAIS MANIPULADORES E INESCRUPULOSOS POLÍTICOS DA HISTÓRIA DO BRASIL. 
Lula, o Bolsa Família, os detalhes de uma farsa e uma falha escandalosa da imprensa (ESCRITO PELO JORNALISTA REINALDO AZEVEDO)
Já expus a questão aqui algumas vezes. Mas que se volte ao ponto, ué, se isso se mostra necessário. O governo Dilma promoveu nesta quarta uma cerimônia de comemoração dos 10 anos do “Bolsa Família”. Em si, já se trata de uma fraude.
As práticas reunidas sob a rubrica “Bolsa Família” estavam em curso no governo FHC. O que o petismo fez foi reuni-las, o que, no caso, foi uma boa medida. Mas não criou nada. 
O convidado de honra do evento foi Lula. Falou, como de hábito, pelos cotovelos. Disse que são preconceituosos os que afirmam que os pobres recorrem ao Bolsa Família porque não querem trabalhar. Mas esperem aí: quem acha? Quase ninguém, que se saiba!
Afirmou o ex-presidente:
“O que essa crítica denota é uma visão extremamente preconceituosa no nosso país. Significa dizer que a pessoa é pobre por indolência, e não porque nunca teve uma chance real em nossa sociedade. É tentar transmitir para o pobre a responsabilidade pelo abismo social criado pelos que sempre estiveram no poder em nosso país”.
Que coisa! Já demonstrei aqui dezenas de vezes que o primeiro a dizer que os programas de bolsas deixavam os pobres vagabundos foi Lula. E o fez de maneira explícita, arreganhada. No vídeo abaixo, ele aparece em dois momentos: exaltando o Bolsa Família, já presidente da República, e no ano 2000, quando chamava os programas de assistência direta (como o Bolsa Família) de esmola. Vejam o vídeo.
Pobre vagabundo
Mas foi bem mais explícito. Nos primeiros meses como presidente, Lula era contra os programas de bolsa que herdou de FHC. Ele queria era assistencialismo na veia mesmo, distribuir comida, com o seu programa “Fome Zero”, uma ideia publicitária de Duda Mendonça, que ele transformou em diretriz de governo. Deu errado. O Fome Zero nunca chegou a existir.
Já demonstrei isso aqui. No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semiárido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não!
Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Notaram a verdade de suas palavras? A convicção profunda? Então…
No dia 27 de fevereiro de 2003, Lula já tinha mudado o nome do programa Bolsa Renda, que dava R$ 60 ao assistido, para “Cartão Alimentação”. Vocês devem se lembrar da confusão que o assunto gerou: o cartão serviria só para comprar alimentos?; seria permitido ou não comprar cachaça com ele?; o beneficiado teria de retirar tudo em espécie ou poderia pegar o dinheiro e fazer o que bem entendesse?
A questão se arrastou por meses. O tal programa Fome Zero, coitado!, não saía do papel. Capa de uma edição da revista Primeira Leitura da época: “O Fome Zero não existe”. A imprensa petista chiou pra chuchu.
No dia 20 de outubro, aquele mesmo Lula que acreditava que os programas de renda do governo FHC geravam vagabundos, que não queriam mais plantar macaxeira, fez o quê? Editou uma Medida Provisória e criou o Bolsa Família? E o que era o Bolsa Família? A reunião de todos os programas que ele atacara em um só. Assaltava o cofre dos programas alheios, afirmando ter descoberto a pólvora. O texto da MP não deixa a menor dúvida:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.
Compreenderam? Bastaram sete meses para que o programa que impedia o trabalhador de fazer a sua rocinha virasse a salvação da lavoura de Lula. E os assistidos passariam a receber dinheiro vivo. Contrapartidas: que as crianças frequentassem a escola, como já exigia o Bolsa Escola, e que fossem vacinadas, como já exigia o Bolsa Alimentação, que cobrava também que as gestantes fizessem o pré-natal! Esse programa era do Ministério da Saúde e foi implementado por Serra.
E qual passou a ser, então, o discurso de Lula?
Ora, ele passou a atacar aqueles que diziam que programas de renda acomodavam os plantadores de macaxeira, tornando-os vagabundos, como se aquele não fosse rigorosamente o seu próprio discurso, conforme se vê no vídeo.
A imprensa
Notem: o que vai acima não é uma invenção minha. Lula efetivamente achava que políticas assistenciais viciavam os pobres e corrompiam suas respectivas consciências. Lula efetivamente achava que os programas que resultaram no Bolsa Família desestimulavam a plantação de macaxeira… Se alguém achava que um assistido pelo benefício se tornava vagabundo, esse alguém era… Lula!
Não obstante, ele é convidado para o aniversário do programa, faz proselitismo da pior espécie e é poupado de seu próprio passado e de suas próprias palavras.
Por Reinaldo Azevedo


http://youtu.be/KdNXha8Tt04



domingo, 15 de setembro de 2013

BOLSA FAMILIA COMEMORA 10 ANOS SEM PORTA DE SAÍDA

Programa comemora o décimo aniversário com um quarto dos brasileiros recebendo o auxílio. A ajuda é necessária, mas seria melhor uma solução para tirá-los do círculo vicioso da esmola

Fernanda Allegretti
ADEUS AO TRABALHO - Lucinete Nobre mora em Junco do Maranhão, o município com a maior proporção de habitantes assistidos pelo Bolsa Família. Ela deixou de trabalhar na roça e sustenta a família com os 216 reais que recebe por mês: “Tomara que continue assim pelo resto da vida"
ADEUS AO TRABALHO - Lucinete Nobre mora em Junco do Maranhão, o município com a maior proporção de habitantes assistidos pelo Bolsa Família. Ela deixou de trabalhar na roça e sustenta a família com os 216 reais que recebe por mês: “Tomara que continue assim pelo resto da vida"   (Caio Guatelli)
Na cidade maranhense de Junco do Maranhão, a maioria dos 3 790 habitantes passa o dia vendo televisão, cuidando dos afazeres domésticos ou batendo papo na porta de casa. São raros os que têm horário para cumprir no trabalho. Isso porque, em Junco, 90,5% da população vive com o dinheiro do Bolsa Família. É o município brasileiro com a maior proporção de cidadãos assistidos pelo programa federal. Lançado no primeiro mandato do presidente Lula, o Bolsa Família completa uma década no mês que vem. O objetivo anunciado era reduzir a pobreza e a desigualdade social com a transferência direta de dinheiro às famílias miseráveis. Dez anos depois, a pobreza de fato regrediu. Em 2003, o Brasil tinha 12% da população vivendo com menos de 2,8 reais por dia. Em 2011, o índice caiu para 4,2%. O Bolsa Família contribuiu para essa melhora, mas, obviamente, não foi o único responsável pelo bom resultado.
Impulsionado pelo consumo mundial de commodities como aço e ferro, o PIB do país experimentou um crescimento anual médio de 4,3% entre 2004 e 2011. O estímulo econômico fez ascender para a chamada nova classe média 35 milhões de brasileiros. O poder de compra do salário mínimo e o total de crianças matriculadas nas escolas aumentaram. Embora a pobreza venha diminuindo, a quantidade de dependentes do Bolsa Família cresce a cada recadastramento. Em uma década, o número saltou de 3,6 milhões de famílias para 13,8 milhões. Ao todo, são hoje subsidiados 50 milhões de brasileiros, um quarto da população do país. Nesse período, apenas 1,7 milhão de famílias deixaram de receber o auxílio. Os números superlativos fazem do Bolsa Família o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo.
O Bolsa Família está presente em todos os 5 570 municípios brasileiros. Destes, 1 750 têm mais da metade da população vivendo parcial ou totalmente com o recurso federal. Ocorre que muitos beneficiários continuam sem perspectiva ou oportunidade de encontrar uma ocupação. É certo que, na vida em sociedade, a maioria produtiva deve auxiliar os incapazes, mas permitir que famílias inteiras sejam subsidiadas para sempre por um sistema que não estimula sua força de trabalho é favorecer a dependência.
Fonte: Revista Veja

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

EDUCAÇÃO, BOLSA FAMILIA E DESIGUALDADE

Nos últimos 15 anos, a sociedade brasileira tem conseguido conciliar, pela primeira vez em sua história recente, crescimento econômico com progresso social. Isso tem chamado a atenção de analistas no Brasil e no resto do mundo. Afinal, na época do chamado "milagre econômico", o país também cresceu muito, a pobreza caiu, mas a distribuição de renda piorou. Hoje em dia, o crescimento também traz redução da pobreza, mas agora a renda dos mais pobres cresce muito mais rapidamente do que a dos mais ricos. Qual o segredo?

Duas grandes mudanças aconteceram. Nos anos 60 não havia programas de transferência de renda e, naquela época, os avanços educacionais aconteciam primordialmente entre os mais ricos.
Entre 1961 e 1970 a taxa de crescimento média do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (em termos reais) foi de 3,2%. Porém, o índice de Gini (indicador mais tradicional de desigualdade) aumentou de 0,49 para 0,57. Entre 2001 e 2010, o PIB per capita aumentou 2,4%, mas o Gini declinou de 0,58 para 0,53. Vale notar que o índice de 0,53 ainda nos deixa muito distante dos países civilizados. França, Holanda, Finlândia, Suécia e Dinamarca têm índices em torno de 0,32. Entre 1960 e 1970, a renda dos 10% mais ricos no Brasil cresceu 66% e a renda dos 10% mais pobres apenas 28%. Entre 2001 e 2009, o processo inverte-se. A renda dos mais pobres cresceu 100%, enquanto a dos mais ricos, apenas 18%. Milagre?

Entre 2001 e 2009, renda dos mais pobres cresceu 100%, enquanto a dos mais ricos, apenas 18%
A primeira explicação é que nos anos 60 a demanda por educação crescia a um ritmo superior à oferta, pois o aprofundamento da industrialização requeria trabalhadores qualificados que não existiam na época. Em 1970, 84% da população tinha no máximo o nível primário. Apenas 50 mil pessoas concluíram o ensino superior naquele ano, num país com 92 milhões de habitantes. Isso fez com que os salários da pequena parcela da população que tinha ensino médio ou superior aumentassem muito, o que provocou o aumento da desigualdade. Com as décadas perdidas de 80 e 90 veio o desemprego e a informalidade, e a desigualdade de renda gerou criminalidade.

Durante os anos 70, o PIB per capita cresceu em média 6%, aumentando o pique da década anterior, mas a desigualdade não se alterou muito. A década de 80 foi perdida em termos de PIB (crescimento médio de 0,85%) e de educação, enquanto a escalada inflacionária aumentava a desigualdade. Em termos educacionais, o número de concluintes no ensino superior estacionou em 220 mil pessoas durante toda a década. As matrículas no ensino médio (antigo segundo grau) aumentaram somente 25% em uma década. Período de trevas.

Mas, a partir de meados da década de 90, as coisas começaram a melhorar. Entre 1995 (com a estabilidade econômica) e 2009 a escolaridade média dos 20% mais pobres dobrou, passando de dois para quatro anos de estudo. Interessante notar que entre os 20% mais ricos, a escolaridade também aumentou dois anos em média (de oito para dez). Mas, a razão entre a escolaridade média dos dois grupos caiu de 4 para 2,5. A situação dos pobres era tão ruim, que mesmo um aumento que os levou para ensino primário completo em pleno século XXI pode ser considerado um grande progresso.

Quanto essa evolução educacional explica da queda da desigualdade? Os dados mostram que a educação foi responsável por 38% do crescimento da renda do trabalho entre os 20% mais pobres. O restante decorreu de aumentos do salário mínimo e geração de empregos formais. Além disso, a educação explica 42% da queda da desigualdade em termos de renda do trabalho e 26% em termos de renda familiar (incluindo as rendas de outras fontes) entre 2001 e 2009.

Com relação ao programa Bolsa Família, a história é parecida. Como os mais pobres tinham uma renda familiar per capita muito reduzida no início da década de 90 e não recebiam nenhuma transferência do governo, qualquer valor recebido teria um impacto muito grande sobre sua renda. Assim, a renda familiar per capita média dos 20% mais pobres era de apenas R$ 35 em 1992, passou para R$ 50 em 2001 e R$ 85 em 2009. A renda per capita não oriunda do trabalho (transferências governamentais) passou de apenas R$ 4 em 1992 para R$ 10 em 2001 e R$ 24 em 2009, ou seja, aumentou 500%!

Em suma, o avanço social registrado nos últimos anos ocorreu basicamente porque as pessoas das classes mais baixas eram totalmente desassistidas pelo Estado, tanto em termos educacionais como em termos de transferências de renda até o início dos anos 90. Assim, os avanços mínimos ocorridos nessas áreas tiveram impacto substancial na desigualdade. Porém, ainda teremos que percorrer um longo caminho para atingirmos um padrão em que as oportunidades sejam iguais para todos e independentes do berço.

Restam duas perguntas. Como a sociedade brasileira permitiu que 20% da sua população sobrevivesse com uma renda per capita média de apenas R$ 35 por mês até o início da década de 90? Por que nossa presidente parece obcecada com uma taxa de crescimento do PIB de 4%, quando, na verdade, a renda dos mais pobres, que elegem os políticos, está crescendo muito mais do que isso? Alguém arrisca uma resposta?

Naercio Menezes Filho

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O PROGRAMA BOLSA FAMILIA AUMENTA A FECUNDIDADE NO BRASIL?



O valor recebido pelas famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família (PBF) cresce à medida que aumenta o número de crianças e adolescentes da família. Pelos valores praticados em 2011, temos que uma família em extrema pobreza recebe o benefício básico de R$ 70,00. Para cada criança ou adolescente de até quinze anos, a família recebe um adicional de R$ 32,00, conhecido como “benefício variável”.
Cada família pode receber até três benefícios variáveis. Ou seja, uma família que tenha três ou mais membros com até quinze anos receberá 70 + 3*32 = R$ 166,00. Há, ainda, o benefício variável vinculado ao adolescente: as famílias que têm um adolescente entre 16 e 17 anos recebem mais R$ 38. São pagos, no máximo, dois benefícios dessa espécie por família, o que elevaria o valor máximo da bolsa a R$ 166,00 + 2*38 = R$ 242
Surge, então, a pergunta: será que o benefício variável pago para cada criança adicional estimula as famílias beneficiárias do PBF a ter mais filhos? Para responder a essa questão precisamos avaliar como tem evoluído a taxa de fecundidade no Brasil, bem como consultar diversos estudos que buscaram medir o impacto do PBF sobre essa taxa.
A fecundidade feminina no Brasil vem caindo continuamente desde os anos sessenta. A Taxa de Fecundidade Total (TFT) era de 6,3 filhos por mulher em 1960, caiu para 5,8 filhos em 1970, 4,4 filhos em 1980, 2,9 filhos em 1991, 2,4 filhos em 2000 e cerca de 1,9 filho em 2010, segundo os censos demográficos do IBGE.
A taxa de fecundidade caiu em todas as Unidades da Federação. Os Estados da região Norte tinham fecundidade acima de 8 filhos por mulher em 1970, caindo para cerca de 3 filhos em 2000. Os Estados da região Nordeste tinham fecundidade de 7,5 filhos por mulher em 1970, passando para 2,7 filhos em 2000. As demais regiões tinham fecundidade mais baixa em 1970 e chegaram a uma taxa próxima ao nível de reposição populacional (2,1 filhos por mulher) na virada do milênio.
Durante a primeira década do século XXI a fecundidade continuou caindo em todo o País e chegou abaixo do nível de reposição na maioria dos Estados brasileiros, sendo que o Rio de Janeiro apresentou a menor TFT, de 1,6 filho por mulher em 2009. Segundo Faria (1989), as políticas públicas de saúde, previdência, crédito e telecomunicações tiveram papel importante na queda da fecundidade no Brasil. As mudanças estruturais e institucionais do país possibilitaram a reversão do fluxo intergeracional de riqueza, aumentando o custo e reduzindo os benefícios dos filhos (Alves, 1994).
As taxas de fecundidade são mais baixas para os segmentos da população urbana, de maior renda, de maior escolaridade, ou seja, de maior inclusão social no Brasil. O tamanho das famílias é menor nos segmentos populacionais que possuem informações e acesso aos serviços de saúde (públicos ou privados) e, em particular, aos serviços de saúde reprodutiva. Para as mulheres de maior renda e maior nível educacional a taxa de fecundidade está em torno de 1 (um) filho por mulher, o que quer dizer que cada casal deste segmento social está gerando apenas a metade das pessoas necessárias para se repor.
Já as parcelas da população com menores níveis de renda e escolaridade possuem taxas de fecundidade mais elevadas. Mas estas taxas também estão caindo. O segmento social composto pelos 20% mais pobres da população tinha fecundidade de 5 filhos por mulher em 1992 e passou para 3,4 filhos por mulher em 2009. Este é o segmento que faz parte do público alvo do Programa Bolsa Família. Portanto, a fecundidade da população mais pobre do Brasil é mais elevada do que a média nacional, mas não é uma “fecundidade africana” (como retrata certos setores da mídia brasileira) e sim uma fecundidade relativamente baixa e em declínio.
Desta forma, os dados indicam que as taxas de fecundidade da população mais pobre do Brasil caíram na última década. Este fato, já é um indício de que o Programa Bolsa Família (PBF), em vigor desde 2004, não parece ter efeitos pró-natalistas, como é o temor de alguns. Os números e as contas vão ficar mais claras quando o IBGE publicar os dados definitivos do censo demográfico 2010. Porém, já existem estudos indicando que o PBF não tem o efeito prático de aumentar a fecundidade no Brasil.
Stecklov et al. (2006), analisando outros programas, que não o PBF, argumentam que há um estímulo pró-natalista nas políticas de transferência de renda, quando a quantidade de recursos transferidos aos beneficiários depende do tamanho da família. Os programas analisados por esses autores foram: Progresa no México, Rede de Proteção Social (RPS) na Nicarágua e Programa de Assistência Familiar (PRAF) em Honduras. Os autores afirmam que o desenho – intencional ou não-antecipado – dos dois primeiros não apresenta estímulo pró-natalistas, enquanto o terceiro geraria estímulo natalistas que dificultam o combate à pobreza.
No documento fundador do Progresa está marcado explicitamente o objetivo de se evitar “fomentar famílias muy extensas”. Já o PRAF, de Honduras, possibilita o aumento de benefícios e a entrada no programa com o aumento do número de filhos.
O Programa Bolsa Família (PBF) tem um desenho parecido com o PRAF de Honduras. Os benefícios do PBF crescem até 5 filhos, sendo 3 crianças de 0-15 anos e até 2 adolescentes de 15 a 17 anos. Assim, teoricamente, o programa de transferência de renda do Brasil teria um desenho pró-natalista.
Contudo, estudos acadêmicos mostram que, na prática, o Programa Bolsa Família não tem provocado o aumento do número de filhos das famílias beneficiadas.
Romero Rocha (2009) investiga os incentivos à fecundidade dos programas condicionais de transferência de renda, nos quais a quantidade de recursos transferidos depende do tamanho da família. Usando uma metodología econométrica ele mostra que o PBF não tem provocado o aumento da fecundidade da população pobre no Brasil.
Patrícia Simões e Ricardo Soares (2011) não encontram efeitos pró-natalistas no PBF. Bruna Signorini e Bernardo Queiroz (2011) utilizam dados das PNADs 2004 e 2006 para observar o efeito médio do programa nos beneficiários do PBF, utilizando a metodologia do escore de propensão para identificar os grupos de tratamento e controle. Os resultados encontrados pelos autores indicam que não há impacto significativo do recebimento do BF na decisão de ter filhos.
Alves e Cavenaghi (2011), com base na pesquisa “Impactos do Bolsa Família na Reconfiguração dos Arranjos Familiares, nas Assimetrias de Gênero e na Individuação das Mulheres”, realizada na cidade do Recife em 2007/2008, mostram que não existe diferença significativa no comportamento reprodutivo entre as mulheres que vivem em famílias cadastradas no CadÚnico beneficiadas e não beneficiadas pelo PBF.
Embora haja uma tendência de as famílias beneficiadas terem uma fecundidade ligeiramente maior, assim como uma proporção um pouco maior de mulheres com 3 ou mais filhos (22,7% contra 16,4% das não-beneficiárias), o fato é que o maior número de crianças tende a reduzir a renda per capita, aumentando a probabilidade das famílias se tornarem elegíveis aos benefícios do Programa. Dessa forma, a causalidade entre número de filhos e beneficiados pelo PBF seria inversa. A mulher não tem mais filhos porque passou a receber o PBF, mas sim o contrário: por ter mais filhos, e, com isso, reduzir a renda per-capita familiar, a mulher se credencia a participar do PBF.
Fazendo um breve resumo da pesquisa, observa-se que apenas 8,4% (beneficiárias do Cadúnico) e 25,1% (não beneficiárias) das adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos, cadastradas no Cadúnico, não tinham filhos, enquanto a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS -2006) indicou um número de 84% de mulheres sem filhos nesta faixa etária no Brasil. No Recife, 50% (beneficiárias) e 33,3% (não beneficiárias) das adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos, em famílias do CadÚnico, já tinham tido um ou dois filhos, respectivamente, contra apenas 14% (beneficiárias) e 0,2% (não beneficiárias) do conjunto de mulheres do país que responderam à PNDS-2006. Isto mostra que o padrão de fecundidade é muito jovem e que a maternidade faz parte da vida cotidiana da maioria absoluta das adolescentes e jovens pobres do Recife.
A fecundidade mais elevada entre a população pobre, menos escolarizada, com menor nível de consumo e piores condições habitacionais é uma realidade constatada em todas as pesquisas sobre o comportamento reprodutivo no Brasil.
A literatura mostra que, em grande parte, esta maior fecundidade se deve à falta de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, mas também acontece devido à falta de perspectivas profissionais e educacionais, assim como de um projeto de vida que possibilite o progresso cultural e material destas mulheres.
Os dados da pesquisa também mostram que é alta a percentagem de mulheres que engravidaram sem ter planejado segundo a participação ou não no PBF. De certa forma, isto ratifica a hipótese de que estas mulheres estão no programa porque tiveram filhos e não o contrário, isto é, tiveram filhos porque estão no Programa.
O survey mostrou ainda que mais da metade das famílias obtém os métodos contraceptivos por meio do Programa de Saúde da Família (PSF). As outras fontes de obtenção para as famílias beneficiadas do PBF são os centros de saúde (ou ambulatório) e as farmácias particulares, com 17% e 26%, enquanto as famílias não beneficiadas do PBF conseguem 27% e 20% respectivamente nestes dois locais. O fato de as famílias beneficiadas recorrerem um pouco mais às farmácias particulares pode indicar que o efeito renda do PBF pode estar sendo usado inclusive para a compra de métodos contraceptivos via mercado. Assim, as falhas da política pública de saúde reprodutiva poderiam estar sendo compensadas, em parte, pela política de transferência condicionada de renda.
Como apontado na literatura demográfica, as mulheres com menor nível de renda e educação no Brasil começam a ter filhos mais cedo (rejuvenescimento da fecundidade) e fazem um “controle por terminação” também mais cedo após se atingir um determinado tamanho da prole. Como possuem dificuldades para obter métodos de regulação da fecundidade de forma eficiente e constante, acabam recorrendo às esterilizações. Das quase 90 mil mulheres em idade reprodutiva e que recebiam o benefício do PBF na cidade do Recife, 44% estavam esterilizadas no momento da pesquisa, assim como mais da metade das 14 mil mulheres que estavam registradas no CadÚnico, mas se encontravam em famílias que não recebiam benefícios.
Quando perguntado quem optou por utilizar a esterilização, mais de dois terços das mulheres disseram que foram elas mesmas sem a orientação de ninguém (47%) ou elas mesmas com orientação do médico (25%). Em torno de 10% das mulheres disseram que optaram pela esterilização em comum acordo com o cônjuge e apenas algo em torno de 1% das mulheres afirmaram que optaram pelo método em função do cônjuge ou companheiro. Não houve diferenças significativas entre as famílias beneficiadas e não beneficiadas pelo PBF neste quesito.
A pesquisa mostra de maneira clara que esta parcela pobre da população do Recife registrada no CadÚnico, assim como o conjunto da população brasileira, também tem passado pelo processo de transição da fecundidade. A transição da fecundidade não é um fenômeno exclusivo da população rica. A geração mais velha, formada pelas mães das mulheres entrevistadas, teve um número de filhos bem superior à geração atual, pois quase 80% tiveram 4 ou mais filhos e foi praticamente zero o percentual de sem filhos.
Já para a geração atual, formada por todas mulheres que responderam à pesquisa, somente 17,9% tiveram 4 ou mais filhos, 21,8% tiveram 3 filhos e o percentual maior (37,1%) ficou para as mulheres que tiveram 2 filhos. O percentual com um filho ficou em 21,6% e as sem filhos com 1,5%.
Contudo, quando se pergunta sobre o número de filhos desejados (se pudesse escolher o número de filhos, quantos seriam?) as mulheres apontaram um número bem menor do que os obtidos pela geração passadas. Nota-se que o percentual de mulheres que manifestaram o desejo de ter 3 ou mais filhos é bem menor do que o número de filhos que elas ou suas mães tiveram. Em contraponto, no que se refere à fecundidade desejada, cresce a preferência de ter 2 ou menos de 2 filhos, inclusive com 6,4% das mulheres manifestando não desejar filhos (fecundidade zero).
O que se pode constatar é que mesmo a população de baixa renda tem apresentado redução no número médio de filhos à medida que o país vai se urbanizando e a população vai tendo acesso às políticas públicas de educação e saúde. Tanto as mulheres que recebem quanto as que não recebem os benefícios do PBF desejam ter menos filhos e possuem alto índice de gravidez não planejada. Ainda falta muito para o Sistema Único de Saúde (SUS) universalizar, na prática, os serviços de saúde sexual e reprodutiva.
Em geral, as mulheres beneficiadas vão para o PBF porque têm filhos e, não necessariamente o contrário, têm filhos para entrar no PBF. A presença de cônjuge no domicílio não melhora a renda necessariamente, mas apenas quando este trabalha. O desenho do Programa Bolsa Família pode até ser considerado potencialmente pró-natalista (como sugere Stecklov et al. 2006), porém, o valor da parte variável do benefício é muito baixo (R$ 32,00 mensais para crianças até 15 anos, e R$ 38,00 mensais para adolescentes com 16 ou 17 anos) e dificilmente teria um impacto capaz de alterar a tendência média das taxas de fecundidade que, de modo geral, estão em declínio em todo o Brasil.
As pesquisas mostram que os diferenciais de fecundidade da população tendem a se reduzir e a convergir para níveis baixos quando se universaliza o acesso às políticas públicas e cresce a inclusão social

José Eustáquio

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

BRASIL E A BOLSA-PARAGUAI

Quanto mais índios, mais votos...

Índios de países vizinhos, como Paraguai, Colômbia e Peru, burlam a legislação, obtêm nacionalidade brasileira e recebem benefícios como Bolsa Família e auxílio-maternidade

Dos filhos de outros solos também és mãe gentil

Benjamin Constant (AM), Tabatinga (AM) e São Miguel do Iguaçu (PR) — Índios paraguaios, colombianos e peruanos não preenchem um requisito básico para receber o principal programa social do governo, o Bolsa Família: ser brasileiro. .

Mas, diante da frágil estrutura da Fundação Nacional do Índio (Funai), burlam a legislação e se nacionalizam rapidamente, ficando aptos a ganhar o benefício mensalO Correio Braziliense/Estado de Minas percorreram aldeias nas fronteiras das regiões Sul e Norte do Brasil e detalham como funciona a fraude. A nacionalização — que, além do recebimento do Bolsa Família, almeja a aposentadoria especial para trabalhador rural e o auxílio-maternidade — é possível graças ao Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), uma Certidão de Nascimento especial para os índios.

No documento, reconhecido por um funcionário da Funai e assinado por duas testemunhas — quase sempre indígenas da aldeia em que o estrangeiro chega —, fica registrado que o migrante nasceu em território brasileiro.

Com o Rani em mãos, o índio estrangeiro vai ao cartório de registro civil e consegue a Certidão de Nascimento tradicional. A partir daí, todos os documentos se tornam possíveis: Carteira de Identidade, CPF e título de eleitor. A maneira convencional de nacionalização exige que o índio more no país por pelo menos cinco anos e uma série de documentos que provem o vínculo com o Brasil.

Na aldeia Bom Caminho, em Benjamin Constant, no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru e a Colômbia, 20 famílias de índios peruanos e colombianos integram a comunidade com pouco mais de 800 índios Ticunas. O cacique Américo Ferreira detalha como os índios passam a receber os benefícios: "Tiramos o documento (Rani) dos pais primeiro e, depois, os dos filhos".

A família do casal peruano Ortega Pereira Torres e Jurandina Parente Adan está entre os beneficiados. Jurandina diz que os R$ 166 do Bolsa Família são fundamentais para a sobrevivência. O casal tem seis filhos e, sem o dinheiro dado pelo governo brasileiro, não poderia comprar itens de sobrevivência. O rápido processo de nacionalização foi conseguido graças ao Rani forjado.

No sul do Brasil, na aldeia Ocoy (PR), a realidade não é diferente. O cacique Daniel Maraka Lopes diz que quase a metade do habitantes é do Paraguai. Mas a origem não impede que os estrangeiros recebam o benefício. "Quem não tem o documento brasileiro está fazendo de tudo para conseguir", conta. É o caso de Eugênio Ocampo e Silvina Benitez. Com seis filhos, eles recebem mensalmente R$ 230 do Bolsa Família. Desde que saíram do Paraguai, vivem em uma casa simples na fronteira com o país natal. Ambos falam muito pouco o português, se comunicam em guarani.

Daniel Camargos - Correio Brazilense

domingo, 2 de outubro de 2011

LIVRES DA MISÉRIA, PRESOS AO GOVERNO PELO BOLSA-FAMILIA


Famílias não conseguem deixar o programa e se sustentar
Apenas nove quilômetros separam o sobrado de Eliete Barreto dos Anjos Pereira, 42, em São Pedro I, Vitória, da apertada casa onde vive Fernanda Custódio Silva, 33, no Romão, também na Capital. Em comum, as duas mães de família dividem um pouco de drama e muito do sonho de dias melhores. Enquanto eles não chegam, permanecem dependendo, assim como fazem há oito anos, da ajuda financeira do governo para sobreviver, cuidar da casa e dos três filhos que têm.

Os números do Bolsa-Família no Estado escancaram a dificuldade de sair do programa: desde 2003, quando foi criado, 124.436 famílias pararam de receber a bolsa, sendo menos da metade - 50.912 - por terem melhorado de renda. Para se ter uma ideia do que o número representa, em apenas um ano, de 2010 para 2011, 58.145 famílias fizeram o movimento inverso: passaram a contar com a ajuda do governo para viver.

foto: Fábio Vicentini
Fernanda Custódio Silva, 33 anos e seus filhos Matheus, 13, Richard, 06 e Thayane, 03, entrevistados sobre o Bolsa Família - Editoria: Cidades AG - Foto: Fábio Vicentini
"Sem o programa, eu e meu marido não teríamos tempo para estudar. Não haveria outra escolha para a minha vida além de ser uma empregada doméstica", Fernanda Custódio Silva, 33
Tanto Eliete quanto Fernanda fazem parte desse universo de famílias que saíram da miséria, mas ainda não conseguem andar com as próprias pernas. Fernanda foi incluída no cadastro quando ele mal era conhecido, em seu primeiro ano de funcionamento. Para isso, ela nem precisou sair de casa, já que foi achada por um agente comunitário da Prefeitura de Vitória.

À época, aos 25 anos e desempregada, a moça morava com o marido nos fundos do barraco de sua mãe, no Morro do Jaburu, também em Vitória. Matheus - então com cinco anos - o filho mais velho, estava fora da escola. E a família esperava o nascimento de Richard, hoje com 7.

Oito anos depois, a família mudou-se para uma casa humilde, com quarto, sala e cozinha, no Romão. Ao invés de um emprego, Fernanda ganhou mais uma filha, a pequena Thayane, de 3 anos.

Toda a renda é a soma da quantia próxima a um salário mínimo que o marido, o pedreiro Alexandre Quadro, recebe, com o benefício de R$ 32 por filho - excluindo Thayane, ainda sem idade para estudar. A cada mês, o casal desafia a matemática para pagar o aluguel de R$ 200.

A vida é melhor: a sala minúscula da casa tem computador, TV e DVD, que fazem brilhar os olhos das crianças. Os pequenos estão na escola e a família não passa fome; mas a perspectiva de deixar o programa é remota.

"Assim que eu conseguir um salário compatível, saio", promete Fernanda, que nesses oito anos concluiu o ensino médio e começou um curso técnico em administração. Seu marido, que só tinha o ensino fundamental, hoje está no segundo módulo de técnico em mecânica.

Falta avançar
Para a presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Ana Paula Vescovi, é inegável que o Bolsa-Família - que no Estado, hoje, atende a 740.390 pessoas, ou 21% da população - contribui para retirar famílias da pobreza, e por isso deve ter seu mérito reconhecido. O programa é considerado o principal responsável por uma redução de 54% do número de pessoas pobres que vivem no Espírito Santo, entre 2003 e 2009.

Mas ela concorda que ainda é preciso avançar. Ana Paula lembra que o Bolsa-Família é fundamentado em três princípios: a transferência de renda para aliviar a pobreza, a implantação de condicionalidades referentes à saúde e educação e a emancipação das família por meio de programas de capacitação.

"O programa está desenhado de forma que os dois primeiros itens sejam bem marcantes, algo que o faz ser elogiado por academias do todo o mundo. Mas no terceiro ponto ainda há espaço para se avançar muito no Brasil", salienta.

foto: Fábio Vicentini
Eliete Barreto dos Anjos, 42 anos e seus filhos Ana Carolina, 14 anos, Lorena, 09 anos e Wander, 11 anos, entrevistados sobre o Bolsa Família - Editoria: Cidades AG - Foto: Fábio Vicentini
"Com o programa me senti capaz e meus filhos terão um futuro melhor. Só não saí ainda por causa do curso de secretária executiva", Eliete Barreto, 42
Riscos

Entre os motivos para muitos permanecerem dependentes do programa, segundo Ana Paula, podem estar o risco que ele oferece de desestimular o trabalho, a dificuldade de se identificar quem é, de fato, pobre e a pouca eficácia dos programas de capacitação para o mercado de trabalho.

O economista e professor da Ufes Arlindo Vilaschi aponta outro problema: a dificuldade dessas famílias saírem do programa pode estar relacionada com a falta de planejamento familiar para lidar com o dinheiro repassado.

Para o sociólogo Erly dos Anjos, Fernanda é um exemplo de como o Bolsa Família ainda é um projeto que não alcançou a perfeição. "Essa política faria mais sentido se atendesse apenas pessoas em extremo estado de miséria. Ao se abrir o leque de beneficiários, ela se torna míope, sem garantias de benefícios concretos para o futuro".

Sem emprego
Embora tenha feito dois cursos - um de inclusão produtiva através do qual se especializou em artesanato com tecido e outro de secretária escolar - Eliete Barreto, mãe de Ana Caroline, de 14 anos, Wander, de 11 e Lorena, 9, ainda não tem um emprego fixo.

Em 2003, com três filhos pequenos e marido desempregado, ela viu no Bolsa-Família um fôlego que lhe daria tempo para retirar a corda do pescoço. Hoje, a moça diz que só larga o benefício quando tiver a segurança de saber que pode deixar a comida pronta, e as crianças poderão esquentar sozinhas.

Com o trabalho de artesã, Eliete diz completar o benefício de R$ 32 por filho com cerca de R$ 300 por mês. Seu marido, o ajudante de estofador Waldir Rosa Pereira, 44, ganha algo perto de um salário mínimo. A filha mais velha, Ana Caroline, já soma cinco freguesas na rua, resultado de um curso de manicure que também fez com a ajuda da bolsa.

Bolsa- Família no Brasil
Bolsa-Família no Estado

Planejamento


Rodrigo Coelho, secretário de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos, garante que a porta de saída para essas pessoas existe, através de cursos de capacitação que são oferecidos em parceria com os municípios.

"A partir de janeiro, o Incluir - programa de combate à pobreza do governo do Estado - fará um acompanhamento mais específico com cada uma dessas famílias, estabelecendo prioridades", promete.

No Espírito Santo - 17º na lista dos estados que mais gastam com o programa - a média investida por mês é de R$ 20 milhões. Dividindo entre as famílias, esse montante não ultrapassa os R$ 112,21.

Para alguns, um valor que não faz diferença. Mas, para as Fernandas e Elietes que existem aos montes, representa o sonho, mesmo que distante, de um futuro melhor. Só falta garantir que ele vire realidade.

Público
54% de redução - Foi a queda no número de pobres no Estado entre 2003 e 2009. Hoje, 21% da população recebe o Bolsa-Família


Benefício é ampliado no país
A partir de novembro, gestantes e mulheres em fase de amamentação terão direito a um benefício extra de R$ 32 mensais do Bolsa-Família. Além disso, desde a semana passada começou a acontecer o pagamento de benefícios para filhos de até 15 anos. Antes, eles eram pagos para no máximo três filhos. Agora, esse número passou para cinco.

O governo divulgou também a criação do chamado "retorno garantido": beneficiários que se desligarem voluntariamente do programa - por ter renda acima do permitido - poderão solicitar reingresso imediato no prazo de 36 meses, caso voltem à condição de pobreza.

Até então, quem deixava o Bolsa Família só poderia retornar após novo cadastramento. As três iniciativas elevarão o custo anual do Bolsa-Família em pelo menos R$ 797 milhões.

Fonte: A Gazeta

sexta-feira, 11 de março de 2011

FÁBRICA DE VOTOS, MISÉRIA ENDÊMICA.

Prof.ª Aileda de Mattos Oliveira*


Governo sem planejamento, sem objetivos nacionais a defender, é governo sem credibilidade. Ações que não se relacionam, tornando incongruente a política que as põe em prática, são consequências de posições superficiais, por falta de um criterioso estudo dos problemas brasileiros, denotando que visam, unicamente, à popularidade do presidente do momento. Isso vem de longe. Isso faz parte da política cabocla colonial, de fachada, sem compromissos.

Herdeira da herança econômica deixada pelo então rico presidente e esbanjador cabo eleitoral, a nova ocupante do cargo tenta encobrir com pseudotranqüilidade os destroços causados ao erário pelo seu padrinho, nos oitos anos em que era guardião da chave do cofre. Vejamos as contradições da privilegiada, mas atabalhoada afilhada.

Os únicos projetos bem-definidos pelos radicais de esquerda, perceptíveis até mesmo pelos crédulos na “democracia” petista, é o de perpetuar-se no poder, infectar a educação brasileira com a pornografia dos conceitos comunossocialistas e criar um rosário de encrencas com os tais direitos humanos dos quais se acham paladinos. É uma gente que só pensa em direitos devidos, mas não no cumprimento dos deveres com a nação.

A senhora presidente pretende reajustar a bolsa família em abril, depois de ter cortado os cinquenta bilhões do orçamento, atingindo, em cheio, o reaparelhamento das Forças Armadas, instituições às quais cabe a defesa do país, defesa que pretende ser, segundo disse, uma das prioridades de seu governo. Além disso, retalia as Forças, mas escolhe para o seu descanso carnavalesco, uma Unidade Militar em Natal, levando na bagagem a família. É em momentos como esse, que vai buscar na tranqüilidade e na disciplina da caserna, que tanto hostiliza, o sossego e a segurança para fugir dos bajuladores de ocasião. Confusa esta mulher, não?

Defensora das práticas abortivas, aumentará o valor do benefício, de acordo com o número de filhos produzidos por aqueles que não desejam buscar trabalho remunerado, com horário estipulado, em troca de mais alguns reais por cabeça. Neste ponto, a sua teoria obtusa, contrariando a anterior sobre o aborto, é bastante pragmática.

Como é de seu desejo e de seus assessores diretos e indiretos (afastados por desvio de conduta), que o Partido Único permaneça no poder até 2030, as crianças nascidas nos seus quatro anos de governo e nos futuros, terão, aproximadamente, dezenove anos, portanto, em idade de votar. Quantos novos eleitores, então, terá o PT fabricados pela indústria da “bolsa miséria”? Se a idade não chegar a tanto, um Congresso corrompido criará leis permitindo o voto ao adolescente de quatorze ou quinze anos. Esse é o obstáculo mais fácil de se afastar com uma carreta de dinheiro ou troca de favores.

A “bolsa miséria”, que apelidaram de “bolsa família”, entra em conflito com o desejo da senhora presidente de erradicar a pobreza no país. Ao estimular a preguiça, o abandono do emprego fixo, o desinteresse pela assinatura da carteira de trabalho, a fim de não perder os benefícios, como está acontecendo, essa gente passa a viver à custa do contribuinte que sustenta o Estado, formando uma nova classe social de prósperos indigentes, reprodutores a serviço de um partido político.

Com a educação ao rés do chão, sem estudos, sem escolas técnicas, sem interesse em adquirir conhecimentos, essas pessoas usadas, manipuladas pelos políticos, quando lhes faltar o fácil maná, não aceitarão a realidade de enfrentar um subemprego e não estará fora de possibilidade a ocorrência de uma convulsão de grandes proporções. Será que os militantes esquerdistas ainda pensam em usar o povo escamoteado para servir a outros propósitos, ainda encobertos pela neblina da dissimulação?

Dessa maneira, a fábrica de votos (ou de filhos) fará a miséria tornar-se endêmica, o que entrará em choque com o lema oficial da vez, de que “País desenvolvido, é país sem miséria”. Será que o tiro da novel governante não sairá pela culatra? Quanto a isto, historicamente, seria a primeira vez.

(Membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora). http://bit.ly/eKh95z








domingo, 27 de fevereiro de 2011

DILMA TRATANDO DE MANTER O CURRAL ELEITORAL - VEM AÍ O AUMENTO DO BOLSA FAMÍLIA.

Dois meses após tomar posse, a presidente Dilma Rousseff tentará amenizar o impacto o anúncio do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento entregando um pacote de bondades, em março. A estratégia traçada mostrará Dilma mais próxima da população de baixa renda justamente no mês da mulher.


Em visita a Irecê (BA), na terça-feira, ela divulgará a medida mais esperada: o reajuste do Bolsa-Família, vitrine social do governo Lula. O último aumento foi dado em setembro de 2009. De lá para cá, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE, ficou em 9,53%. Encravada no sertão baiano, Irecê integra o Polígono das Secas no Nordeste e é administrada pelo PT. Lá, 7 mil famílias são beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do governo. Hoje, o Bolsa-Família paga benefícios que vão de R$ 68 a R$ 200 e atende 12,9 milhões de famílias.

Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma decidiu aparecer mais no mês dedicado a "elas". Acostumada a reuniões de gabinete, ela aproveitará o mês da mulher para promover atividades e lançar programas.

O Dia da Mulher é comemorado em 8 de março, mas, como neste ano cairá na terça-feira de carnaval, Dilma vai estender as comemorações. Uma campanha publicitária a ser exibida na TV e no rádio, a partir de terça, destacará, nas entrelinhas, a chegada de uma mulher ao Palácio do Planalto. "No Brasil de hoje, ela pode ser o que quiser", diz o slogan.

Em Irecê, após acompanhar trabalhadoras rurais no "Expresso Cidadã" - ônibus que faz mutirão pelo país para atender mulheres em busca de documentos -, Dilma também assinará convênios. Vai registrar, por exemplo, um contrato do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) feito sob medida para mulheres e visitar uma feira de produtos agrícolas organizada por beneficiárias de programas.

O pacote de bondades não para por aí. Dilma pediu pressa ao Ministério da Saúde na preparação da Rede Cegonha, que prevê assistência médico-hospitalar a gestantes. Haverá o lançamento da campanha de combate ao câncer de mama e do colo de útero e a instalação do Fórum Direitos de Cidadania.

Bolsa-Família: 12,9 milhões de famílias

Hoje, o Bolsa-Família paga benefícios que vão de R$ 68 a R$ 200 e atende 12,9 milhões de famílias.

Dilma organiza exposição de artes no Planalto

O mês da mulher terá, ainda, seu lado contemplativo no Palácio do Planalto, em Brasília. Dilma reúne em seu laptop uma coleção de telas dos maiores museus do mundo e idealizou uma exposição de artistas plásticas brasileiras do século XX. A mostra será aberta ao público no dia 23 de março

Fonte: A Gazeta - http://glo.bo/fPTjCf