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domingo, 6 de maio de 2012

AS MENTIRAS DO SENADOR

O "doutor", que o seu bom amigo "professor" ambicionava até vê-lo um dia de toga, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi levado a descer aos infernos de seu ofício, a uma distância intransponível das alturas que se imaginava capaz de escalar. "Doutor" era o tratamento que o senador goiano Demóstenes Torres recebia do batoteiro Carlinhos Cachoeira, a quem se dirigia como "professor" em algumas passagens dos 298 telefonemas trocados entre eles de fevereiro a agosto do ano passado e interceptados pela Polícia Federal.



Na quinta-feira, iniciando uma partida a uma sequência de procedimentos que em pouco mais de 60 dias devem culminar com a cassação de Demóstenes, o senador Humberto Costa, do PT pernambucano, relator no Conselho de Ética do pedido de ação disciplinar apresentado pelo PSOL, aprovou a abertura do processo por quebra do decoro contra o parlamentar que há um mês se desfiliou do DEM para não ser expulso do partido. O Senado cassou até hoje um único dos seus - o representante do Distrito Federal Luiz Estevão, punido em 2000 pelo desvio de R$ 169 milhões da obra da nova sede da Justiça do Trabalho em São Paulo.

Passados sete anos, a Casa preservou o mandato do alagoano Renan Calheiros, embora tivesse sido provado que uma empreiteira pagava por ele uma pensão alimentícia. Nem os dois nem quaisquer de seus pares que, antes do advento da Lei da Ficha Limpa, puderam conservar os direitos políticos renunciando ao mandato para não serem cassados, como o baiano Antonio Carlos Magalhães e o paraense Jader Barbalho, tinham, no entanto, um perfil que se parecesse, ainda que remotamente, com a imagem imaculada que o procurador e ex-secretário de Segurança de Goiás soube confeccionar para si nos seus dois mandatos de senador.

Por mais que os políticos tivessem habituado o público a esperar revelações desabonadoras a seu respeito, ao cair a máscara de Demóstenes a sensação de todos quantos aplaudiam as suas cobranças pela moralização do governo federal foi a de terem sido lesados.

No vértice do triângulo goiano formado por Cachoeira, membros da equipe do governador Marconi Perillo (se não ele próprio) e o diretor regional da construtora Delta, Cláudio Abreu (com a anuência, ou não, do dono Fernando Cavendish), Demóstenes rotineiramente traficava influência nos Três Poderes em favor do bicheiro e da empreiteira da qual foi acusado de ser "sócio oculto" pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Além de presentes úteis (uma cozinha, um rádio-celular antigrampo) ou desfrutáveis (um lote de cinco garrafas do vinho "Cheval Blanc" 1947, por cerca de US$ 2,8 mil a unidade), ele recebeu de Cachoeira, segundo o Ministério Público, R$ 3,1 milhões. No Conselho de Ética, o relator Humberto Costa guardou-se, porém, de citar as gravações da Polícia Federal que serviram de base para Gurgel pedir ao STF que investigasse o senador. Fez bem. A defesa de Demóstenes quer que a Corte declare nulas as escutas, porque elas teriam infringido o seu direito ao foro privilegiado - a iniciativa teria de partir do Tribunal. Se este acolher a ação, o processo no Senado poderia perder o fundamento.

Em vez disso, Costa invocou palavras e atos de Demóstenes para sustentar a tese de que, em discurso no dia 6 de março, ele mentiu ao se dizer contrário à legalização do jogo de azar no País e ao afirmar que mantinha apenas "relações sociais" com Cachoeira, desconhecendo as suas atividades de "contravenção". Em 2003, defendeu da tribuna a legalização da tavolagem. E pelo menos desde a CPI dos Bingos, em 2006, o ilícito ganha-pão de Cachoeira ficou caracterizado. As comprovadas inverdades de Demóstenes configuram atentado ao decoro; o mesmo vale para a obtenção de "vantagem indevida". Uma coisa e outra são passíveis de cassação de mandato e perda de direitos políticos por 15 anos.

Para que o plenário do Senado se sinta encorajado a endossar a provável decisão do Conselho de Ética nesse sentido, é de desejar também que antes do dia D entre na pauta da Casa e seja aprovado o projeto que acaba com o voto secreto em casos de cassação. A proposta dorme há dois anos.

Fonte: O Estado de São Paulo

sexta-feira, 4 de maio de 2012

METRALADORA GIRATÓRIA



Relator da ação que investiga o senador Demóstenes Torres (sem partido – GO) no Conselho de Ética, o petista Humberto Costa requereu nesta quinta-feira (3) a abertura de processo disciplinar que pode levar à cassação do parlamentar goiano, acusado de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O Conselho deve analisar na próxima terça-feira (8) o pedido formulado por Costa, mas é quase certo que o processo será aberto e que Demóstenes será cassado. Não fosse a concomitância da CPI do Cachoeira, a chance de cassação do mandato do senador seria menor. Com a Comissão Parlamentar de Inquérito dando os primeiros passos, a perda do mandato já é considerada inevitável.

No caso de ser cassado, Demóstenes Torres poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal, sob a alegação de que as provas contra ele são ilegais, pois dependiam de autorização da Suprema Corte, o que não aconteceu.

Flagrado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, Demóstenes certamente não cairá sozinho. O arsenal de gravações em poder da turma de Carlinhos Cachoeira é enorme e vem sendo vazada a conta-gotas. Na edição desta quinta, o jornal “Folha de S. Paulo” traz a transcrição de uma conversa entre Demóstenes e Cachoeira, cujo teor é preocupante, mas pode ser interpretado como um recado aos magistrados. Ao contraventor Demóstenes afirma que para nomear um ministro do STF o Palácio do Planalto teria feito duas exigências: a não aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 201º e a absolvição dos envolvidos no escândalo do Mensalão do PT

Fonte: Ucho.Info

terça-feira, 17 de abril de 2012

A FALÊNCIA MÚLTIPLA DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS

O Estado de S.Paulo

Os corruptos ajudam-nos a descobrir o País. Há sete anos, Roberto Jefferson nos abriu a cortina do mensalão. Agora, com a dupla personalidade de Demóstenes Torres, descortinamos rios e florestas e a imensa paisagem de Cachoeira. Jefferson teve uma importância ideológica.

Cachoeira é uma inovação sociológica. Cachoeira é uma aula magna de ciência política sobre o Sistema do País. Vamos aprender muito com essa crise. É um esplendoroso universo de fatos, de gestos, de caras, de palavras que eclodiram diante de nossos olhos nas últimas semanas. Meu Deus, que riqueza, que profusão de cores e ritmos em nossa consciência política! Que fartura de novidades da sordidez social, tão fecunda quanto a beleza de nossas matas, cachoeiras, várzeas e flores.

Roberto Jefferson denunciou os bolchevistas no poder, os corruptos que roubavam por "bons motivos", pelo "bem do povo", na base dos "fins que justificam os meios". E, assim, defenestrou a gangue de netinhos de Lenin que cercavam o Lula que, com sua imensa sorte, se livrou dos mandachuvas que o dominavam. Cachoeira é uma alegoria viva do patrimonialismo, a desgraça secular que devasta a história de nosso País. Sarney também seria 'didático', mas nada gruda nele, em seu terno de 'teflon'; no entanto, quem estudasse sua vida entenderia o retrato perfeito do atraso brasileiro dos últimos 50 anos.

Cachoeira é a verdade brasileira explícita, é o retrato do adultério permanente entre a coisa pública e privada, aperfeiçoado nos últimos dez anos, graças à maior invenção de Lula: a 'ingovernabilidade'.

Cachoeira é um acidente que rompeu a lisa aparência da 'normalidade' oficial do País. Sempre soubemos que os negócios entre governo e iniciativa privada vêm envenenados pelas eternas malandragens: invenção de despesas inúteis (como as lanchas do Ministério da Pesca), superfaturamento de compras, divisão de propinas, enfrentamento descarado de flagrantes, porque perder a dignidade vale a pena, se a grana for boa, cabeça erguida negando tudo, uns meses de humilhações ignoradas pelo cinismo e pela confiança de que a Justiça cega, surda e muda vai salvá-los. De resto, com a grana na 'cumbuca', as feridas cicatrizam logo.

O governo do PT desmoralizou o escândalo e Cachoeira é o monumento que Lula esculpiu. Lula inventou a ingovernabilidade em seu proveito pessoal. Não foi nem por estratégia política por um fim 'maior' - foi só para ele.

Achávamos a corrupção uma exceção, um pecado, mas hoje vemos que o PT transformou a corrupção em uma forma de governo, em um instrumento de trabalho. A corrupção pública e a privada é muito mais grave e lesiva que o tráfico de drogas.

Lula teve a esperteza de usar nossa anomalia secular em projeto de governo. Essa foi a realização mais profunda do governo Lula: o escancaramento didático do patrimonialismo burguês e o desenho de um novo e 'peronista' patrimonialismo de Estado.

Quando o paladino da moralidade Demóstenes ficou nu, foi uma mão na roda para dezenas de ladrões que moram no Congresso: "Se ele também rouba, vamos usá-lo como um Omo, um sabão em pó para nos lavar, vamos nos esconder atrás dele, vamos expor nosso escândalo por seu comportamento e, assim, seremos esquecidos!"

Os maiores assaltantes se horrorizaram, com boquinha de nojo e olhos em alvo: "Meu Deus... como ele pôde fazer isso?..."

Usam-no como um oportuno bode expiatório, mas ele é mais um 'boi de piranha' tardio, que vai na frente para a boiada se lavar atrás.

Demóstenes foi uma isca. O PT inventou a isca e foi o primeiro a mordê-la. "Otimo!" - berrou o famoso estalinista Rui Falcão - "Agora vamos revelar a farsa do mensalão!" - no mesmo tom em que o assassino iraniano disse que não houve holocausto. "Não houve o mensalão; foi a mídia que inventou, porque está comprada pela oposição!" Os neototalitários não desistem da repressão à imprensa democrática...

E foi o Lula que estimulou a CPI, mesmo prejudicando o governo de Dilma, que ele usa como faxineira também das performances midiáticas que cometeu em seu governo. Dilma está aborrecida. Ela não concorda que as investigações possam servir para que o Partido se vingue dos meios de comunicação e não quer paralisar o Congresso. Mas Lula não liga. "Ela que se vire..." - ele pensa em seu egoísmo, secretamente, até querendo que ela se dane, para ele voltar em 14. Agora, todo mundo está com medo, além da presidente. O PT está receoso - talvez vagamente arrependido. Pode voltar tudo: aloprados, caixas 2 falsas, a volta de Jefferson, Celso Daniel, tantas coisinhas miúdas... A CPI é um poço sem fundo. O PMDB, liderado pelo comandante do atraso Sarney, também está com medo. A velha raposa foi contra, pois sabe que merda não tem bússola e pode espirrar neles. Vejam o pânico de presidir o Conselho de Ética, conselho que tem membros com graves problema na Justiça. Se bem que é maravilhoso o povo saber que Renan, Juca, Humberto Alves, Gim Argello, Collor serão os 'catões', os puros defensores da decência... Não é sublime tudo isso? Nunca antes, em nossa história, alianças tão espúrias tiveram o condão de nos ensinar tanto sobre o Brasil. A cada dia nos tornamos mais sábios, mais cultos sobre essa grande chácara de oligarquias. E eu estou otimista. Acho que tudo que ocorre vai nos ensinar muito. Há qualquer coisa de novo nessa imundície. O mundo atual demanda um pouco mais de decência política. Cachoeira, Jefferson, Durval Barbosa nos ensinam muito. Estamos progredindo, pois aparece mais a secular engrenagem latrinária que funciona abaixo dos esgotos da pátria. A verdade está nos intestinos da política.

Mas, o País é tão frágil, tão dependente de acasos, que vivemos com o suspense do julgamento do mensalão pelo STF.

Se o ministro Ricardo Lewandowski não terminar sua lenta leitura do processo, nada acontecerá e a Justiça estará desmoralizada para sempre.

Arnaldo Jabor

sábado, 7 de abril de 2012

CACHOEIRA ORIENTOU DEMÓSTENES A TROCAR DEM PELO PMDB

Em conversas telefônicas gravadas com autorização judicial, o empresário Carlinhos Cachoeira orientou o senador Demóstenes Torres (sem partido) a trocar o DEM pelo PMDB, para aderir à base de apoio ao governo e se aproximar da presidente Dilma Rousseff. O empresário queria ampliar os seus negócios.

Os diálogos foram divulgados pela revista "Época". "E fica bom demais se você for pro PMDB... Ela quer falar com você? A Dilma quer falar com você, não?", pergunta Cachoeira. Demóstenes responde: "Por debaixo, mas se eu decidir ela fala. Ela quer sentar comigo se eu for mesmo. Não é pra enrolar".
Cachoeira se empolga: "Ah, então vai, uai, fala que vai, ela te chama lá". Demóstenes demonstra estar disposto a acatar a recomendação. Era final de abril de 2011 e o senador democrata estava em negociação com caciques do PMDB, como os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), para mudar de legenda.

O objetivo da troca de lado era posicionar melhor Demóstenes para ajudar o esquema de Cachoeira. Até então, o senador atacava sem piedade os governistas acusados de corrução. Com o apoio do PMDB, o aliado poderia até chegar ao cargo de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), sonhava Cachoeira.

A revista afirmou que a mudança de partido já tinha o aval do Palácio do Planalto naquele momento. Mas o plano deu errado. O senador estaria convencido de que a cúpula do DEM pediria à Justiça a cassação de seu mandato por infidelidade partidária.

A assessoria do Palácio do Planalto informou que a presidente Dilma Rousseff não falou com Demóstenes desde que assumiu a Presidência. Cachoeira está preso no presídio federal de Mossoró (RN) desde que foi deflagrada a operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro.

Fonte: folha.com

terça-feira, 3 de abril de 2012

O PT NÃO TEM MORAL PARA PEDIR CASSAÇÃO DO DEMÓSTENES



Face lenhosa – Que o Partido dos Trabalhadores é um oceano de incoerência todos sabem, mas o presidente da legenda, Rui Falcão, abusa da desfaçatez ao defender a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres, de Goiás, acusado de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Apenas para refrescar a memória dos leitores, nenhum petista tem moral suficiente para condenar Demóstenes, pois o mesmo Carlinhos Cachoeira protagonizou, em companhia de Valdomiro Diniz e com a anuência de José Dirceu, o primeiro escândalo de corrupção da era Lula da Silva.

Se Rui Falcão é contra a corrupção, como tenta demonstrar, que explique a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, covarde e brutalmente assassinado porque sabia demais sobre o esquema de cobrança de propinas na cidade do ABC paulista, cujo dinheiro deveria financiar parte da campanha de Lula, mas acabou desviado para outros fins, inclusive a aquisição de caras mansões em Valinhos, cidade do interior paulista que é endereço de endinheirados e poderosos.

Esse repentino bom-mocismo de Rui Falcão serve para amenizar o escândalo envolvendo o PT, o Ministério da Pesca e a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Na gestão do “companheiro” Altemir Gregolim, a pasta da Pesca adquiriu 28 lanchas da Intech Boating, que foi obrigada a doas R$ 150 mil ao PT e Santa Catarina, que financiou 81% da fracassada campanha de Ideli ao governo estadual.

Coincidência ou não, Ideli assumiu o Ministério da Pesca a convite da presidente Dilma Rousseff e como prêmio de consolação, mas alega que nada tem a ver com o imbróglio. Perguntada nesta terça-feira (3) se a compra das tais lanchas não foi um equívoco, como afirmou seu antecessor, Luiz Sérgio (PT-RJ), Ideli disparou: “Meu amor, eu não posso dizer se foi um equívoco ou não. Quando cheguei ao ministério, tomei todas as providências no sentido de agilizar que as lanchas fossem utilizadas, entregues, fossem repassadas. Não posso me responsabilizar”.

A incompetência de Ideli Salvatti é tamanha, que como ministra da Pesca ela não conseguiu descobrir que o Ministério não tem competência para operar as embarcações. Fora isso, é no mínimo um absurdo torrar R$ 31 milhões do suado dinheiro do contribuinte para comprar lanchas de uma empresa que não atendia às exigências de licitação escandalosa e equivocada. Em qualquer país minimamente civilizado e com escassas doses de responsabilidade, os dirigentes do PT de Santa Catarina já estariam na cadeia.

Deixando a trapalhada do PT catarinense e voltando ao presidente nacional da legenda, o agora indignado Rui Falcão, que ele esclareça aos brasileiros alguns escândalos inesquecíveis, como o pagamento feito ao marqueteiro Duda Mendonça em conta bancária no exterior e o dinheiro apreendido pela Polícia Federal com os aloprados do Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos contra candidatos tucanos, em 2006.

O melhor que Rui Falcão pode fazer é deixar de lado a hipocrisia, esquecer o escândalo envolvendo Demóstenes Torres, e reconhecer que Lula e o PT patrocinaram o período mais corrupto da história política nacional, a ponto de transformar Paulo César Farias, o PC, em assistente do aprendiz de feiticeiro.

Fonte: Ucho.Info

domingo, 1 de abril de 2012

AS LIGAÇÕES SUSPEITAS DE DEMÓSTENES

Demóstenes Torres
Demóstenes tinha ligações com Cachoeira desde 2004, antes do Caso Waldomiro
Brasília
Embora tenha sido ex-procurador-geral de Justiça de Goiás em duas ocasiões e ex-secretário de Segurança do Estado entre 1999 e 2002, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) transita com desenvoltura entre pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao mundo dos jogos ilegais, do qual Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é apenas a face mais conhecida.

Além da agora notória amizade com o contraventor, Demóstenes também recebeu dinheiro na campanha de um advogado preso duas vezes pela Polícia Federal sob acusação de integrar uma quadrilha para permitir o funcionamento de bingos e a exploração de caça-níqueis.

O senador também teria influído na nomeação do atual presidente do Detran local, genro do ex-prefeito da Cidade de Goiás, assassinado quando deixava uma casa de jogos irregulares em Goiânia.

Quase um ano antes de vir a público o primeiro escândalo do governo Lula, envolvendo o então assessor parlamentar da Casa Civil, Waldomiro Diniz, Carlinhos Cachoeira e a empresa de loterias Gtech, Demóstenes já atuava em favor do amigo que está preso, utilizando sua condição de senador. Quando o escândalo estourou e a oposição se revezava na tribuna do Senado para atacar o PT, o governo Lula e o próprio bicheiro, Demóstenes calou-se sobre Cachoeira e, nas quatro intervenções que fez sobre o assunto, não citou uma só vez o nome do amigo, que era desclassificado por outros líderes oposicionistas.

Em 13 de fevereiro de 2004, a revista "Época" trouxe a transcrição dos diálogos entre Cachoeira e Waldomiro Diniz, gravados em 2002 pelo próprio bicheiro. A publicação revelava que o então assessor da Casa Civil pedia propina a Cachoeira para tentar facilitar a contratação da Gtech pela Caixa Econômica Federal (CEF).

Novas acusações complicam senador

Novas gravações divulgadas neste fim de semana complicam ainda mais a situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Segundo a revista "Época", escutas telefônicas, obtidas com autorização da Justiça, mostram a intensa troca de favores entre o senador e o bicheiro Carlinhos Cachoeira até mesmo em licitações da Copa do Mundo.

Em uma dessas conversas, em 11 de abril de 2011, Demóstenes pediu ajuda a Cachoeira para que um amigo, dono de uma agência de publicidade, vencesse uma licitação em Mato Grosso. A disputa era para a prestação de serviços de marketing relacionados à Copa.

Escutas obtidas pela "Veja" mostram novamente o senador prestando favores a Cachoeira. Ao receber um pedido para resolver um problema de um colega no Ibama, Demóstenes se oferece para falar com a ministra do Meio Ambiente. As investigações fazem parte do inquérito da Operação Monte Carlo, remetido ao Supremo Tribunal Federal.

Fonte: A Gazeta

sábado, 31 de março de 2012

DEIXEMOS DE LADO A HIPOCRISIA

Política é negócio e todo mundo sabe disso. É assim no Brasil e em qualquer parte do planeta. Aqui, por conta da sensação de impunidade e da vigência daquela famosa frase “você sabe com quem está falando?”, o vale-tudo perdeu os limites, assim como os políticos.
Como se fosse vítima de um movimento cíclico e viciado, o País volta a viver dias de alvoroço, no rastro do escândalo que alvejou o senador Demóstenes Torres, acusado de envolvimento com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, empresário da jogatina que na companhia de Valdomiro Diniz protagonizou o primeiro imbróglio da era Lula.
Até então dono de uma das mais ácidas e contundentes vozes contra o Palácio do Planalto, Demóstenes viu a sua reputação ruir como castelo de areia, à medida que emergiam as provas colhidas durante as investigações que deram sustentação à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Cachoeira foi preso, mas Demóstenes continua livre, pois o mandato de senador lhe dá o foro privilegiado. Do contrário, fosse um cidadão comum, já teria contemplado o nascer do sol de forma geometricamente distinta. Na verdade, presos deveriam ser todos aqueles que transgridem no exercício de um mandato ou em cargo público de qualquer natureza.
A indignação popular, que ora toma conta do País, deveria ser diuturna, ininterrupta, pois a política, gostem ou não os políticos, funciona assim. A decepção dos brasileiros que não acompanham o cotidiano da política cresce porque a sisudez que recobre o Senado e os senadores chega a impressionar quem não conhece os bastidores do poder. Se confirmadas as suspeitas decorrentes de algumas gravações telefônicas, Demóstenes é café pequeno perto do que acontece nas entranhas do poder.
Chegar ao Senado da República não é tarefa fácil e muito menos barata. Para tal é preciso ser popular e ter financiadores dispostos a abrir os respectivos cofres. E ninguém despeja o suado dinheiro em uma campanha eleitoral por mero diletantismo. Quem aposta em um político com certeza cobrará a contrapartida mais adiante. É assim que funciona o jogo eleitoral. A diferença está em como dar a contrapartida. Alguns fazem com cuidado e elegância, outros se lambuzam na própria incompetência ou na falsa sensação que o poder empresta aos incautos.
O calvário de Demóstenes Torres servirá como escudo para os que agem de forma idêntica ou muito pior. Paladinos da moralidade surgiram no vácuo das primeiras denúncias. Quem tem telhado de vidro tratou de proteger Demóstenes ou, então, adotou silêncio obsequioso. Alguns saíram de cena. Com Demóstenes sob investigação, o balcão de negócios que emoldura a política nacional ficará inoperante por algumas semanas, até que os holofotes da mídia mudem o foco para outro escândalo.
O abusado presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, defende a tese de que Demóstenes deve ser investigado e, se for o caso, processado pelo Conselho de Ética do Senado, pois quebrou o decoro parlamentar. É no mínimo sandice alguém que preside a legenda que inventou o mensalão falar em decoro. No rastro do Mensalão do PT descobriu-se escândalos adicionais. O primeiro e maior deles foi o pagamento dos honorários do marqueteiro Duda Mendonça, pelos serviços prestados à campanha de Lula em 2002, em conta bancária no exterior. Isso era motivo suficiente para o messiânico Luiz Inácio da Silva ser despejado do Palácio do Planalto, o que não aconteceu porque a oposição mesclou soberba com incompetência.
Durante a CPI dos Correios, em 2005, o irrevogável Aloizio Mercadante resolveu posar de bom moço e enfrentar Duda Mendonça, que sem medo rebateu dizendo que o então senador petista gastara em sua campanha muito mais do que o valor declarado à Justiça Eleitoral. Mercadante declarou à época gastos de pouco mais de R$ 1 milhão, mas diante das declarações do marqueteiro baiano mudou o discurso e se apequenou para não ser abatido em pleno voo. O financiador da campanha do petista ao Senado é conhecido, mas soube cobrar a contrapartida sem volúpia, pois dinheiro não lhe falta. No contraponto, somente um inocente – inclusive da Justiça Eleitoral – pode acreditar que um candidato pelo mais importante estado brasileiro consegue a proeza de chegar ao Senado a bordo de 10,5 milhões de votos gastando tão pouco. Qualquer profissional de marketing político minimamente experiente sabe que se trata de uma monumental mentira. Diante de câmeras e microfones negam, mas em “off” falam o que ora transcrevo.
Não é preciso ir muito longe para provar que a hipocrisia deve ser deixada de lado. Um candidato à Câmara dos Deputados (de fora desse raciocínio aritmético ficam as celebridades) que concorre por um partido mediano gasta, em média, R$ 50 por voto. Ou seja, um deputado eleito com 150 mil votos, por exemplo, terá desembolsado pelo menos R$ 7,5 milhões nos quase quatro meses de campanha. Como compensação, o eleito receberá em quatro anos de mandato pouco mais de R$ 1 milhão em salário, já descontado o quinhão do Imposto de Renda. Pois bem, se a conta não fecha é porque alguém financiou a campanha. E em qualquer parte do mundo investimento está diretamente relacionado ao lucro.
Sugiro ao leitor um avanço nos cálculos para que espantemos de uma vez essa tal hipocrisia. Uma campanha presidencial no Brasil, com chances concretas de sucesso, não sai por menos de US$ 300 milhões. Exatamente isso: trezentos milhões de dólares. Com muito menos, muito menos mesmo, qualquer cidadão é recebido pelo presidente Barack Obama no Salão Oval da Casa Branca, com direito ao sonhado “Green Card” para a família inteira.
Voltando ao assunto, a questão envolvendo Demóstenes Torres se agiganta porque seu partido é de oposição e também porque na outra ponta do imbróglio está um contraventor. Fosse Demóstenes um apoiador do Palácio do Planalto e o beneficiário de suas transgressões um monge tibetano, o assunto já teria submergido. Política, reforço, é negócio. E como tal não reúne à mesa um bando de tolos. Por isso, deixe de lado a hipocrisia e passe a encarar os escândalos com naturalidade e aos protagonistas dispense o veneno que cada um merece.
Demóstenes, se culpado for, deve ser julgado com as forças da lei, mas não deve seguir para o patíbulo sozinho. Que alguns dos muitos lhe façam companhia. Denunciemos, pois.

Fonte: Ucho.Info

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

JOSÉ SARNEY E A MANOBRA TORPE

A aprovação de um requerimento permitindo que o governo avançasse na discussão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a chamada DRU (Desvinculação de Receitas da União) até dezembro de 2015, na sessão dessa terça-feira, acabou gerando discussão no plenário do Senado. Por 36 votos a 19, o plenário aprovou requerimento que inverteu a pauta e colocou a DRU como primeiro item, apenas para constar o prazo do terceiro dia de discussão da PEC, permitindo que ela seja votada na próxima quinta-feira. Irritado com a manobra do governo, o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), acusou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de ter descumprido o regimento e o acordo dos líderes de colocar a regulamentação da Emenda 29 na frente da DRU.

Com o dedo levantado e gesticulando, Demóstenes disse que a inversão não poderia ter sido aprovada.
- A presidente (Dilma Rousseff) disse: vamos tratorar. Mas uma coisa que baliza nossa atuação (aqui) é a palavra! O entendimento feito está sendo rasgado - disse Demóstenes.
Em seguida, Sarney argumentou que a discussão da regulamentação da Emenda 29 ainda não fora iniciada e que, portanto, a inversão de pauta era possível e lembrou acordo da semana passada, quando os líderes concordaram em dar 24 horas para saber a posição do governo sobre a proposta.

Mais irritado, Demóstenes disse que não permitia que palavras usadas por ele na reunião que firmou o acordo fossem utilizadas para justificar a aprovação do requerimento.
- É burlar, de maneira torpe, o entendimento (de colocar a regulamentação da Emenda 29 em votação) - disse Demóstenes.
- Estou cumprindo o regimento - rebateu Sarney, mandando que a palavra "torpe" fosse retirada das notas taquigráficas.

Sarney cobra pedido de desculpas

Sarney estava na Mesa e Demóstenes embaixo, no plenário. Visivelmente descontrolado, Sarney desceu da Mesa acompanhado do senador Fernando Collor (PTB-AP) e partiu em direção de Demóstenes.
-Você me deve desculpas! Você me respeite! - esbravejou Sarney para Demóstenes, de dedo em riste e sendo contido por Collor para que não avançasse mais.
Demóstenes ouviu calado.
- Eu ia falar o quê para um homem de 80 anos? Ele sabe que está errado. Mas para voltar a ficar bem com o governo resolveu ajudar no tratoraço da Emenda 29 que ele mesmo colocou em votação semana passada, deixando a base em uma saia justa - disse Demóstenes.

Mais tarde Demóstenes, em consideração à idade avançada de Sarney, foi ao microfone pedir desculpas por ter usado a expressão " torpe".
- Peço desculpas ao presidente Sarney e que retirem dos anais a expressão "torpe" e mantenham os termos constitucionais. Não foi minha intenção lhe fazer uma ofensa - disse o líder democrata.

O requerimento que permitiu ao governo avançar na tramitação da DRU foi aprovado e a discussão, só para constar, levou menos de um minuto.
Numa posição afinada com o governo, ao contrário da semana passada, Sarney tentou aprovar o requerimento por acordo, mas o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), pediu votação nominal.
Na semana passada, Sarney surpreendeu o governo ao ceder à oposição e incluir a regulamentação da Emenda 29 na pauta de votação.

Fonte: O Globo

Fonte: O Globo
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