Blindado pelo governo na cerimônia de posse, que não pôde ser acompanhada pela imprensa, o novo ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB), confessou na sexta-feira, 16, estar "assustadíssimo" com a tarefa e, para evitar novos problemas, pediu ajuda da presidente Dilma Rousseff na indicação do secretário executivo do ministério. Na tentativa de criar uma "rede de proteção", Gastão quer naquela cadeira - que ganhou fama de "elétrica" - um técnico da Fazenda ou do Planejamento.
A preocupação do novo ministro não é à toa. No mês passado, a Operação Voucher da Polícia Federal desmantelou um esquema de corrupção no Ministério do Turismo que resultou na prisão de 38 pessoas, entre elas o então secretário executivo, Frederico Costa. Sucessor de Pedro Novais - o ministro que caiu na quarta-feira, alvejado por denúncias envolvendo uso de dinheiro público para fins particulares -, Gastão assumiu agora a retórica do "choque de gestão".
Afilhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e no comando de um setor que virou reduto da fisiologia, ele admite, em conversas reservadas, que pode enfrentar problemas com o seu próprio partido, o PMDB, contrariando interesses. Ao menos no discurso, porém, promete mudanças. "Sarney nunca me impôs nada e eu vou agir conforme a minha cabeça", afirmou.
Gastão já telefonou para o chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, e solicitou um técnico para preencher a assessoria especial de Controle Interno do Turismo. Assumindo uma espécie de "terreno minado", ele disse a Hage que quer a CGU no Ministério para olhar os convênios com lupa. "É uma opção inteligente para evitar irregularidades", observou o presidente da Embratur, Flávio Dino.
Pente fino. Por recomendação da própria CGU, todos os convênios de capacitação de mão de obra firmados pelo Ministério do Turismo estão suspensos por um período de 60 dias, desde o mês passado. Essa decisão foi tomada depois que a Operação Voucher descobriu o desvio de R$ 3 milhões em emendas parlamentares ao Orçamento.
Com receio de novas irregularidades, Gastão diz estar disposto a revisar todos os convênios e até a cancelar os que lhe parecerem fora de esquadro, mesmo que enfrente ações na Justiça.
Fonte: O Estadão.com
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