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Um dos textos que mais circulam hoje na Internet diz que, na época da ditadura militar, podia-se fazer de tudo – namorar no carro até meia-noite em total segurança, usar o INPS como único seguro de saúde, cortar árvores infestadas sem precisar de licença ambiental, andar tranquilamente nas ruas a qualquer hora – exceto falar mal do presidente. Só falta dizer, no texto, um “que bons tempos!”
Só que este colunista viveu aquela época. Foi quando O Vermelho e o Negro, livro clássico de Stendhal, publicado pela primeira vez em 1830, foi apreendido por acharem que o vermelho do título tinha a ver com comunismo.
INPS como único seguro de saúde? Claro: e este colunista, ávido por desperdiçar dinheiro, contratou um seguro-saúde privado. Morria-se esperando tratamento. E acredite (veja os jornais da época): era muito pior do que é hoje.
Segurança? Talvez para quem não morasse no Brasil. Os assaltos cresceram. O Esquadrão da Morte, formado por maus policiais, matava por encomenda – um concorrente de negócios, por exemplo, era assassinado por eles, o corpo jogado em algum lugar e, com auxílio de jornalistas amestrados – já os havia, só que do outro lado – informava-se que “o presunto” de “um meliante” tinha sido encontrado. E isso tudo não envolvia falar mal do presidente, não: esta era a vida normal (e explica por que tanta gente se mobilizou na luta pelas diretas-já, que encerrariam a ditadura). Falar mal do presidente era punido com tortura e morte.
Há gente que defende esse regime. E o pior é que há quem acredite neles.
Pra que mentir?
Tereza Collor não mandou carta a Renan Calheiros, a revista Forbes não publicou capa nenhuma dizendo que Lula era um dos homens mais ricos do mundo, não há qualquer indício de que o deputado petista gaúcho Paulo Pimenta seja dono oculto da boate que pegou fogo em Santa Maria, as estatais não foram privatizadas a preço de banana, as acusações contra Renan Calheiros se referem a fatos recentes, de 2007 (posteriores à época em que foi ministro de Fernando Henrique).
Governo e Oposição estão cheios de defeitos. Por que inventar outros?
A vergonha e a mentira
Lembre do vereador Kirrarinha, DEM, que agrediu uma repórter e foi filmado (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wo1aP8O1lSc#)
Pois bem: o covarde (cujo nome verdadeiro é Lourivaldo Morais) acaba de ser nomeado secretário municipal de Esportes de sua cidade, Pontes e Lacerda, nomeado pelo prefeito Donizete da Len, do PPS. Parece inacreditável (e é): um agressor de jornalistas, um agressor de mulheres, prestigiado por seu partido, o DEM mato-grossense, e por um prefeito aliado. Esta é a vergonha.
A mentira ocorreu antes: alguém espalhou que José Rainha (um dos líderes do MST) seria o agressor. Não foi José Rainha: o covarde foi Kirrarinha.
E a mentira é ainda mais grave porque, seja Rainha o que for, Kirrarinha é muito pior.
De papo pro ar
Neste momento, estão em pauta no Congresso alguns temas da maior importância: o Orçamento deste ano (que não foi votado no ano passado e deixa o Governo em suspenso), mais de três mil vetos presidenciais não apreciados, trancando a apreciação de vetos atuais, Fundo de Previdência dos Servidores Públicos, fator previdenciário, situação dos portos, que podem entrar em greve.
Mas é Carnaval. No Congresso, começou dia 6, quando apareceram cinco dos 513 deputados e oito dos 81 senadores. Suas Excelências encerram dia 19 o período de sassarico. Descansar é preciso: as férias de fim de ano duraram apenas 39 dias.
De 1º a 5 de fevereiro os congressistas tiveram de trabalhar, e isso cansa.
El atrevido
José Dirceu, condenado à prisão pelo Supremo no caso do Mensalão, está promovendo atos públicos pelo país em defesa de sua inocência e contrários à decisão judicial . Está no seu direito. Uma coisa, entretanto, não pode ser tolerada: o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sanchez, participou de um dos ato. É uma intervenção totalmente sem sentido na política interna brasileira. É inaceitável que um embaixador participe de manifestações contra a decisão de um dos Poderes da República.
O intrometido ainda diz que continuará participando da afronta ao Brasil e às leis. Pior: Brasília está paralisada. Nem protestou, nem enquadrou el metidón.
Se o embaixador americano participar de uma manifestação desse tipo, a presidente Dilma Rousseff ficará calada?
A descoberta de Cabral
O governador fluminense Sérgio Cabral, ao contrário do que se imaginava, não chegou ao fundo do poço com as ridículas fotos da Turma do Guardanapo, em Paris, em que ele e amigos dançavam com guardanapos na cabeça e suas esposas mostravam a sola dos sapatos, para provar que eram os caros Louboutin. Cabral foi mais fundo: disse que os 27 presos que fugiram no dia 3, com toda a facilidade, do Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio, “terão os benefícios cancelados”.
Que benefícios, cara-pálida? Nem benefícios nem punições: eles estão nas ruas, prontos para cometer novos crimes. Cabral explica: perderão os benefícios da progressão de pena “quando forem recapturados”. Se forem.
Carlos Brickmann
Um dos textos que mais circulam hoje na Internet diz que, na época da ditadura militar, podia-se fazer de tudo – namorar no carro até meia-noite em total segurança, usar o INPS como único seguro de saúde, cortar árvores infestadas sem precisar de licença ambiental, andar tranquilamente nas ruas a qualquer hora – exceto falar mal do presidente. Só falta dizer, no texto, um “que bons tempos!”
Só que este colunista viveu aquela época. Foi quando O Vermelho e o Negro, livro clássico de Stendhal, publicado pela primeira vez em 1830, foi apreendido por acharem que o vermelho do título tinha a ver com comunismo.
INPS como único seguro de saúde? Claro: e este colunista, ávido por desperdiçar dinheiro, contratou um seguro-saúde privado. Morria-se esperando tratamento. E acredite (veja os jornais da época): era muito pior do que é hoje.
Segurança? Talvez para quem não morasse no Brasil. Os assaltos cresceram. O Esquadrão da Morte, formado por maus policiais, matava por encomenda – um concorrente de negócios, por exemplo, era assassinado por eles, o corpo jogado em algum lugar e, com auxílio de jornalistas amestrados – já os havia, só que do outro lado – informava-se que “o presunto” de “um meliante” tinha sido encontrado. E isso tudo não envolvia falar mal do presidente, não: esta era a vida normal (e explica por que tanta gente se mobilizou na luta pelas diretas-já, que encerrariam a ditadura). Falar mal do presidente era punido com tortura e morte.
Há gente que defende esse regime. E o pior é que há quem acredite neles.
Pra que mentir?
Tereza Collor não mandou carta a Renan Calheiros, a revista Forbes não publicou capa nenhuma dizendo que Lula era um dos homens mais ricos do mundo, não há qualquer indício de que o deputado petista gaúcho Paulo Pimenta seja dono oculto da boate que pegou fogo em Santa Maria, as estatais não foram privatizadas a preço de banana, as acusações contra Renan Calheiros se referem a fatos recentes, de 2007 (posteriores à época em que foi ministro de Fernando Henrique).
Governo e Oposição estão cheios de defeitos. Por que inventar outros?
A vergonha e a mentira
Lembre do vereador Kirrarinha, DEM, que agrediu uma repórter e foi filmado (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wo1aP8O1lSc#)
Pois bem: o covarde (cujo nome verdadeiro é Lourivaldo Morais) acaba de ser nomeado secretário municipal de Esportes de sua cidade, Pontes e Lacerda, nomeado pelo prefeito Donizete da Len, do PPS. Parece inacreditável (e é): um agressor de jornalistas, um agressor de mulheres, prestigiado por seu partido, o DEM mato-grossense, e por um prefeito aliado. Esta é a vergonha.
A mentira ocorreu antes: alguém espalhou que José Rainha (um dos líderes do MST) seria o agressor. Não foi José Rainha: o covarde foi Kirrarinha.
E a mentira é ainda mais grave porque, seja Rainha o que for, Kirrarinha é muito pior.
De papo pro ar
Neste momento, estão em pauta no Congresso alguns temas da maior importância: o Orçamento deste ano (que não foi votado no ano passado e deixa o Governo em suspenso), mais de três mil vetos presidenciais não apreciados, trancando a apreciação de vetos atuais, Fundo de Previdência dos Servidores Públicos, fator previdenciário, situação dos portos, que podem entrar em greve.
Mas é Carnaval. No Congresso, começou dia 6, quando apareceram cinco dos 513 deputados e oito dos 81 senadores. Suas Excelências encerram dia 19 o período de sassarico. Descansar é preciso: as férias de fim de ano duraram apenas 39 dias.
De 1º a 5 de fevereiro os congressistas tiveram de trabalhar, e isso cansa.
El atrevido
José Dirceu, condenado à prisão pelo Supremo no caso do Mensalão, está promovendo atos públicos pelo país em defesa de sua inocência e contrários à decisão judicial . Está no seu direito. Uma coisa, entretanto, não pode ser tolerada: o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sanchez, participou de um dos ato. É uma intervenção totalmente sem sentido na política interna brasileira. É inaceitável que um embaixador participe de manifestações contra a decisão de um dos Poderes da República.
O intrometido ainda diz que continuará participando da afronta ao Brasil e às leis. Pior: Brasília está paralisada. Nem protestou, nem enquadrou el metidón.
Se o embaixador americano participar de uma manifestação desse tipo, a presidente Dilma Rousseff ficará calada?
A descoberta de Cabral
O governador fluminense Sérgio Cabral, ao contrário do que se imaginava, não chegou ao fundo do poço com as ridículas fotos da Turma do Guardanapo, em Paris, em que ele e amigos dançavam com guardanapos na cabeça e suas esposas mostravam a sola dos sapatos, para provar que eram os caros Louboutin. Cabral foi mais fundo: disse que os 27 presos que fugiram no dia 3, com toda a facilidade, do Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio, “terão os benefícios cancelados”.
Que benefícios, cara-pálida? Nem benefícios nem punições: eles estão nas ruas, prontos para cometer novos crimes. Cabral explica: perderão os benefícios da progressão de pena “quando forem recapturados”. Se forem.
Carlos Brickmann
O presente sempre piorará o passado na História, quando não se tem memória.
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