segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O NÓ POLITICO DE EDUARDO CAMPOS EM DILMA E LULA

Radanezi Amorim

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), vai dando um nó político em Lula e no PT nacional. No momento em que o maior líder petista articula a reeleição da presidente Dilma, Campos rouba todas as atenções na imprensa nacional. E surge como o aliado rebelde que ousa peitar os planos do ex-presidente.

Já vimos um filme parecido por aqui. Guardadas as devidas proporções, em 2010 o então senador Renato Casagrande e o mesmo PSB de Campos furaram a “fila” para o Palácio Anchieta, estabelecida pelo governador Paulo Hartung (PMDB). O final da história é bem conhecido.

Não quer dizer que Campos necessariamente será candidato a presidente e enfrentará Dilma e Lula nas urnas. Até a campanha de 2014, muita água ainda vai passar por baixo e por cima da ponte, como diz um líder petista do Estado.

Há quem acredite, por exemplo, que na verdade o governador e o PSB tentam tomar a vaga de vice de Dilma na corrida pela reeleição. Hoje o espaço está reservado para o PMDB. Outros veem os movimentos como uma forma de o PSB emplacar mais espaços no governo federal.

Mas, a despeito dessas especulações, vale a pena prestar um pouco mais de atenção no que Campos vem dizendo e fazendo. Numa reunião recente do partido em Brasília, o pernambucano anunciou: entregará os cargos no governo federal, no final do ano, se for mesmo candidato a presidente.

Mais do que isso: avaliou que o PSB marcou um novo discurso contra o PMDB, o PT e o PSDB.

“A presença do PMDB no imaginário popular, da dupla Renan e Sarney, e agora o Henrique (Alves), é o do envelhecimento da forma de fazer política. O projeto de poder do PSDB se resumiu a uma primeira-secretaria na Mesa. E o discurso do PT, da transferência de renda já incorporada, também já está vencido”, disse Campos, após a eleição da Mesa Diretora da Câmara, há uma semana.

Aliás, deputados socialistas chegaram a ironizar o comportamento “escorregadio” do PSDB e do senador Aécio Neves na eleição dos presidentes do Senado e da Câmara.

Assim, Campos constrói com habilidade o discurso de que a possível candidatura dele representa o novo e ética de fato na política, se contrapondo às práticas atrasadas de setores do PMDB e ao batido antagonismo entre PT e PSDB. Aonde tudo isso vai dar, não se sabe. Mas o governador segue ganhando musculatura eleitoral e causando dores de cabeça à cúpula do PT.

Cautela

Ao contrário de outros líderes nacionais do PSB, o governador Renato Casagrande adota um discurso mais cuidadoso ao tratar da possível candidatura a presidente de Eduardo Campos. “De forma objetiva, ele está fortalecendo o nome dele na política do país. Mas não tem nenhuma decisão tomada”, disse Casagrande à coluna.

Reeleição

O governador acrescentou que a presidente Dilma Rousseff tem plenas condições de ser reeleita em 2014. “Ele (Campos) sabe disso”, afirmou Casagrande, pontuando que o presidente do PSB trabalha também para fortalecer o partido.

Impacto

O fato é que se Eduardo Campos partir mesmo para o tudo ou nada contra a presidente Dilma, poderá complicar a relação do governador Renato Casagrande (PSB) com o governo federal. E justo num momento em que o Estado tem temas de peso em jogo em Brasília, como os royalties do petróleo e mudanças na alíquota do ICMS.

Planos

O PSB vai fazendo os planos para crescer como mais uma força no país. Em 2014, a sigla terá pelo menos 12 candidatos a governador. Além do Espírito Santo, com Casagrande, os socialistas terão nomes no páreo em Estados como Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins. A legenda vai fazer acordos com aliados onde as candidaturas não se mostrarem viáveis.


Fonte: A Gazeta

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