segunda-feira, 22 de março de 2010

AS MULHERES E SUAS CONQUISTAS.

Por milhares de anos a mulher conformou-se com um papel de coadjuvante na família e na sociedade, com raras exceções e em algumas culturas, como a cigana por exemplo, além disso , responsável pelo sustento familiar enquanto os homens se preocupam simplesmente com os negócios. A família tradicional sempre teve na mulher o seu sustentáculo maior, cuidando da saúde e educação dos filhos e zelando pelo bem estar do marido , então o lar era sua fortaleza e seu refugio, a rainha enclausurada em seu castelo enquanto o rei todo poderoso se aventurava mundo afora e não rara vezes formando famílias paralelas quando suas posses assim o permitia. Até os anos 50 do século passado, as filhas eram criadas para o casamento, desnecessário sendo o estudo e o trabalho, já que seguindo a mãe seu destino já era conhecido. Neste quadro eventualmente apareciam as que não se conformavam e afrontavam a sociedade com profissões como enfermeiras, artistas, cantoras, quase sempre mal vistas, mas que aos poucos foram conquistando espaços importantes que possibilitaram os avanços conhecidos hoje.

Tudo começaria a mudar na década de 60 com o aparecimento da pílula anticoncepcional e o movimento hippie, assim o festival de woodstock com seus slogans, faça amor, não faça a guerra, paz e amor, iniciaram uma liberação sexual sem precedentes na história feminina. Esta liberdade entretanto afrontava a sociedade machista e conservadora de até então,que as discriminava, entretanto a semente plantada já crescia irreversivelmente. As mulheres foram á luta , estudando, se aperfeiçoando, avançando palmo a palmo sobre o mercado de trabalho com muita coragem e determinação, inclusive realizando trabalhos pesados até então de exclusividade dos homens.

O sucesso das mulheres é explicado porque são mais estudiosas, mais dedicadas, mais detalhistas e muito mais sensibilidade para lidar com cargos de chefia e de gerenciamento onde relações humanas necessitam esses atributos. Naturalmente a beleza também é fator determinante em determinadas funções , mas não necessariamente um fator determinante. Não sou daqueles que concorda que ainda ocorra discriminação quanto à remuneração, pelo menos na área médica todos os profissionais têm o mesmo salário para a carga horária correspondente, nunca vi ou ouvi dizer que uma médica ou enfermeira tivesse remuneração diferenciada.

É isso aí, sucesso absoluto em qualquer área de atuação, hoje a menina não cresce mais tendo o casamento como meta de vida, pensa em estudar, se formar, obter uma profissão, adquirir estabilidade e independência financeira e então formar uma família que pode ou não ser através do casamento, e as que podem, ter filhos cada vez mais tarde.

Nem tudo são flores , o afastamento do lar tem tirado dos filhos o direito de ter o amor materno e o ensinamento dos valores familiares, criados em creches, escolas ou por terceiros, estão cada vez mais desapegados aos pais e com freqüência se envolvendo com drogas e com a criminalidade ou freqüentando consultórios de psicólogos e psiquiatras.

O sucesso também pode levar ao individualismo e a competição pode ser uma armadilha, com situações criadas e ocasiões que podem levar à tentação da traição ou o envolvimento emocional com outros parceiros, embora isso não seja exclusividade das mulheres, já que os homens também se sentem facilitados e tendem ao adultério. Essa é uma constatação que não pode ser negada, evidentemente que não é generalizado, mas uma tendência.

Encerrando, quero deixar uma reflexão; Com todas as conquistas, com a emancipação e a independência financeira, com a liberdade conquistada, com o orgulho da vitória sobre o preconceito, tudo isso, comparando com o tipo de vida de suas avós e bisavós, a mulher de hoje é mais feliz?

6 comentários:

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  2. Belo artigo. Conquistamos a nossa independência intelectual e profissional, mas penso que o movimento feminista exagerou ou não foi assimilado corretamente, posto que a mulher de hoje, para dar conta de todas as suas atribuições deve ser uma supermulher: excelente mãe, gerente operacional das tarefas do lar – as quais precisa completar ao chegar cansada depois de um dia cansativo de trabalho -, participar e cuidar do progresso estudantil de seus filhos, da saúde dos mesmos, profissional competente, pois a guerra no trabalho não é fácil (se um filho tem problemas e a mulher precisa se ausentar, é vista como relapsa), um amor de doçura e feminilidade (especialmente para o companheiro). Não ser chata em nenhum momento, não reclamar, nem propor discutir a relação. Raros são os homens que dividem as tarefas.
    Um alto preço. Não defendo o retrocesso total, a volta aos padrões daquela mulher que vivia em inércia mental e subjugada e seus anseios, mas o que vejo atualmente são mulheres que na faixa do 35/45 anos já estão envelhecidas, cansadas e travam uma luta desigual em face das exigências contemporâneas dos padrões de beleza. E lá no fundo do ser sensível, vão se formando pequenos montinhos de dinamite pura, que um dia explodirão ou não. Dependem de tantos fatores! Defendo um olhar mais humanizado para a mulher, mas não nego que a "classe" é desunida. A mulher virou o carrasco da mulher!Hoje, as chamadas "periguetes", que sempre existiram, têm sua atenção ampliada e de forma aberta, escancarada a tumultuar as relações alheias. São apoiadas e incentivadas por uma parte da mídia e até mesmo de profissionais da área psicanalítica que incentivam o casamento livre de obrigações, as relações abertas. A solução, ninguém sabe, mas sem dúvida começa pelo maior amadurecimento do homem, pela sua compreensão de que começar um casamento ou uma relação a dois, requer vontade e determinação. Nós mães, devemos criar homens que fujam do estilo Peter Pan, que empreendam um esforço conjunto com sua companheira. Filhos não são feitos sem a conjunção de dois! E a palavra companheirismo, qualidade difícil de encontrar nessa época de individualismo exacerbado, significa muito, mas muito mais mesmo, do que apenas estar junto!
    Dolores Fernández

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  3. Quero aqui utilizar uma metáfora para comparar a mulher de hoje com a mulher de outrora, quando o único destino dela era o casamento e filhos. Para explicar esta "evolução" feminista ao longo de décadas, quero lembrar aos leitores do "MITO DA CAVERNA" de Platão (428/27 a.C). "Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
    Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
    Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
    Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza". As mulheres de hoje em comparação com a "Alegoria da caverna" de Platão eram as prisioneiras da caverna que conseguiram quebrar os grilhões, com dificuldade e enfrentando obstáculos descobriram um novo mundo, após a década de 60. Há uma passagem da estória do "Mito da caverna" que relata que com a saída dos confinados para o mundo exterior, o sol e claridade, até então desconhecidos por eles, irritavam suas vistas causando grande dor, pois não estavam adaptados com tamanha claridade. Assim é a mulher moderna, após a emancipação e a independência financeira, com a liberdade conquistada, estão sentindo os efeitos da mudança, e como os nossos personagens da caverna, um novo mundo surgiu com novas possibilidades, libertando as mulheres da condição de oprimidas e surgindo um horizonte de possibilidades. Assim como os personagens da caverna, creio que as mulheres de hoje não queiram voltar para a "caverna" da qual saíram, e por isso nos permite concluir que elas são mais felizes hoje do que foram outrora, presas aos grilhões do preconceito e da opressão da sociedade.

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  4. Acho dificil tecer uma comparação e poder afirmar se as mulheres de hj são mais felizes q as de tempos atrás. Uma vez conversando com uma amiga marroquina ela me disse " não sei como vcs conseguem ser felizes com a vida q levam ".Comcordo com ela, o conceito de "vida feliz" pode váriar muito com a época, o local, a cultura...Aliás costumo perguntar : a mulher atual tem tempo de ser feliz ?
    Nós mulheres tivemos muitos ganhos é claro mas também perdas significativas . Vovó só precisava ser boa mãe e boa esposa. Hj em dia precisamos ser boa mãe, bem sucedida, participativa, sarada, sexy , competitiva e por ai vai...Creio que se o fim da opressão tivesse significado uma verdadeira igualdade seria bom. Mas essa igualdade está cada dia mais distante. Agora as mulheres além de ainda conviverem com a opressão , preconceito, violência precisam conviver com as inumeras exigêngias da sociedade moderna.
    Os homens precisavam ser provedores hj em dia nem isso precisam mais ser, as mulheres precisavam ser boas mães e esposas e hj em dia além disso precisam ser mais mil coisas...quem mais ganhou com a emancipação feminina? os homens...E eu nem vou falar da liberação sexual . Vovó não precisava ser saradona, sexy,loira, experiente e tal ...

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  5. Regina Sampaio,
    Pois é isso aí minha amiga, cada época e cada cultura com suas peculiaridades . O grande desafio da mulher de hoje é preservar as conquistas e ser feliz. Quanto ao homem ser provedor, bem, cada caso é um caso. O problema é que a sociedade consumista exige cada vez mais recursos e aí a necessidade da colaboração de vces. Quanto a continuar sexy, isso é imprescindível.

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  6. Dr. Alex Mendes,
    Muito oportuna a sua metáfora, também acredito que as mulheres de hoje são mais felizes, apesar de toda a carga. Trabalho,estudo,competição,casa,marido,filhos e ainda tem que estar sempre bonita e sexy, não?
    A liberdade alcançada não tem preço. O problema é conciliar tudo isso e ainda sobrar tempo pra ser feliz.

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