sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O CHEFE. 7º CAPÍTULO.





47 – 29/6/2005 Apesar da resistência da base aliada do governo Lula, o Senado instala a CPI dos Bingos. Na CPI dos Correios, os governistas trabalham contra a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Marcos Valério. Mas o esforço é em vão.

Vencidos, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado Maurício Rands (PTPE) tentam impedir o depoimento de Valério na CPI. Vencidos mais uma vez, insistem na definição de uma pauta restrita, que limite o questionamento ao caso dos Correios. Não querem perguntas que vão além, muito menos indagações acerca de saques em dinheiro vivo e das amizades de Valério dentro do governo Lula e do PT.
Marcos Valério presta depoimento à Polícia Federal. Ao lado dele, três advogados para orientá-lo. Agora, Valério nega que usou dinheiro vivo para comprar gado, como havia declarado a Veja. Na nova versão, o dinheiro serviu para pagar fornecedores de suas empresas, comprar ativos e distribuir lucros entre os sócios. Sem maiores detalhes. Depois da Polícia Federal, Valério presta esclarecimentos à comissão de sindicância da Câmara dos Deputados. Não informa quais os “ativos” nos quais teria aplicado o dinheiro sacado. Sobre a entrevista a Veja, teria sido só uma “brincadeira”.
Convidados pela segunda vez a depor na mesma comissão de sindicância, os petistas Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcelo Sereno não aparecem. Mais uma vez. vêm a público novos detalhes da agenda da ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina: em 3 de dezembro de 2003, dois dias antes de um encontro de Valério com o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, o empresário fez um saque de R$ 200 mil.
Alguns dias depois, em 11 de dezembro, um novo encontro com Silvio Pereira. Na véspera, mais retirada, de R$ 120 mil.
Outra anotação, de outubro de 2003: mandar flores a Silvio Pereira. É um presente pelo nascimento da filha do secretário-geral. “Parabéns pela vinda de Luana.
Que seja feliz”, diz o recado, ditado por Valério.
A Justiça de Londrina (PR) decreta a indisponibilidade dos bens do deputado José Janene (PP-PR) e de outras 19 pessoas e seis empresas. Todos são acusados de realizar licitações fraudulentas e simulações em cartas-convites, para lesar a Prefeitura e dilapidar o erário público. De acordo com o Ministério Público, empresários recebiam sem prestar serviços e, em troca, pagavam propina. Numa das ações, Janene é acusado de receber R$ 25 mil. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), confirma ter participado de um jantar em março de 2005 na casa de Roberto Jefferson (PTB-RJ), em Brasília. Estavam presentes José Genoino, presidente do PT, e os tesoureiros do PT e do PTB, Delúbio Soares e Emerson Palmieri. O encontro serviu para Jefferson pedir mais R$ 4 milhões ao presidente do PT. Com o dinheiro, acertaria a segunda parcela dos R$ 20 milhões prometidos pelo partido de Lula ao PTB, para gastos supostamente efetuados na campanha eleitoral de 2004.
Múcio também confirma uma reunião anterior, realizada em junho de 2004, na sede do PT, em Brasília, com a presença de Jefferson, Palmieri, Genoino, Delúbio e o secretário de comunicação do PT, Marcelo Sereno, para fazer o acordo dos R$ 20 milhões.
Até o jantar de março, Múcio desconhecia que o PT já havia repassado R$ 4 milhões para o PTB. Palavras dele:
– Foi quando ouvi falar nos R$ 4 milhões e quando o Roberto pediu outros R$ 4 milhões para regularizar a situação, porque ele tinha ficado numa situação extremamente desconfortável no partido, por causa do acordo não cumprido dos R$ 20 milhões. Ele disse: “Com R$ 4 milhões resolvo o problema”.
Insinuação de Múcio: Jefferson teria ficado com R$ 4 milhões.
– Tenho quase certeza absoluta de que não chegou ao partido.
Prestam depoimento no Conselho de Ética, ainda, José Genoino e a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO). Genoino admite conhecer Marcos Valério:
– Eu estive apenas algumas vezes com ele, na sede do PT, para cumprimentar, numa relação social, na medida em que ele tinha relação mais próxima com o companheiro Delúbio Soares.
Raquel relata que recebeu telefonema de Alon Feuerwerker, assessor do ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP), nos dias seguintes à entrevista na qual Roberto Jefferson (PTB-RJ) revelou a existência do mensalão.
– Ele disse que o objetivo era tratar de uma emenda minha de R$ 1 milhão.
As finanças do PT. A Folha de S.Paulo publica reportagem de Cláudia Trevisan, com revelações importantes. O partido do presidente Lula emprestou R$ 3,6 milhões do Banco Rural, em 2003. Detalhe: o PT não tinha sequer conta no Banco Rural antes de Lula vencer as eleições, em 2002. Em dezembro de 2004, o valor do empréstimo já atingira R$ 5,1 milhões. Outro detalhe: quando o PT conseguiu o financiamento dos R$ 3,6 milhões, estava com um patrimônio líquido negativo de R$ 4,2 milhões. A situação não recomendava que uma instituição financeira concedesse crédito.
Além do Banco Rural, o banco BMG. A Folha revela, ainda, que o segundo banco, também com sede em Belo Horizonte, emprestou outros R$ 2,4 milhões ao PT, em 2003. A dívida junto ao BMG foi atualizada e chegou aos R$ 2,7 milhões em 2004. O Banco do Brasil, por sua vez, o único credor do PT em 2002, aumentou os financiamentos ao partido. Em 2002, foram R$ 705 mil. Em 2003, R$ 1 milhão. Em 2004, R$ 3,5 milhões. Ao mesmo tempo, o patrimônio líquido do PT alcançava os R$ 24,7 milhões, negativos.
Mais um líder da base aliada do governo Lula vira manchete de jornal. É o deputado Pedro Henry (PP-MT), acusado de ser um dos beneficiários do mensalão. O jornal O Estado de S. Paulo relata um plano arquitetado por ele para comprar candidaturas adversárias, em 2004, com a finalidade de favorecer o irmão, Ricardo Henry (PP-MT), candidato a prefeito de Cáceres (MT). A estratégia de Henry: pagar pela desistência de candidatos de outros partidos. A denúncia foi feita por um ex-aliado, o ex-policial militar Altamiro Ramos da Cruz. Sua função era desarticular os adversários. Para isso, tinha autorização para subornar com quantias de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Valores acima desse patamar deveriam ser negociados com outro assessor, Hamilton Gurjão Brito. Ou diretamente com os irmãos Henry.
O repórter Ricardo Brandt conseguiu confirmar a acusação do ex-policial Altamiro. Uma professora desempregada, Wilma Araújo (PFL), moradora da periferia de Cáceres, confessou ter desistido da candidatura a vereadora por R$ 3 mil. Palavras dela:
– Eu sei que errei. Mas vai ser melhor assim, pois quem erra tem que pagar as conseqüências e estou disposta a pagar. Altamiro acabou frustrado pela demora do dinheiro:
– Quando chegou, fui atrás das pessoas com quem tinha conversado, mas ouvi muitos “não”. Só consegui negociar com dois candidatos e fechar com um. Além de Wilma, Altamiro conseguiu a desistência de Milene Garcia Sversuth, outra candidata a vereadora do PFL. Ela acabou nomeada para um cargo na Prefeitura, depois que Ricardo Henry ganhou a eleição.

48 – 30/6/2005 Roberto Jefferson no ataque. A Folha de S.Paulo publica novas acusações do presidente do PTB. Agora, um esquema de desvio de dinheiro engendrado na estatal Furnas Centrais Elétricas. A maracutaia envolveria o diretor de Engenharia da empresa, Dimas Toledo. Ele teria se reunido com Jefferson, na casa do deputado, em 13 de abril de 2005. Jefferson diz à repórter Renata Lo Prete que “sobram” R$ 3 milhões por mês em Furnas. A operação teria sido relatada por Toledo. O dinheiro é dividido assim: R$ 1 milhão para o PT nacional, nas mãos do tesoureiro Delúbio Soares. R$ 1 milhão para o PT de Minas Gerais, levado ao partido pelo diretor de Administração de Furnas,
Rodrigo Botelho Campos. O resto, dividido meio a meio: R$ 500 mil para a diretoria de Furnas, R$ 500 mil para alguns deputados que deixaram o PSDB rumo ao PTB. Jefferson nomeiou três deputados desse grupo: Osmânio Pereira (MG), Salvador Zimbaldi (SP) e Luiz Piauhylino (PE), sendo que o último já se transferiu para o PDT. Coube ao grupo nomear o diretor de Finanças de Furnas, José Roberto Cesaroni Cury.
A história, confusa, vai até Lula. Jefferson explica: o PTB havia escolhido Francisco Pirandel para ser o diretor de Engenharia no lugar de Toledo. No loteamento do governo Lula, coube ao partido nomear o cargo ocupado por Toledo. Informado da “sobra” dos R$ 3 milhões por um Toledo que lutava para se manter no posto, Jefferson contou tudo ao ministro José Dirceu (PT-SP):
– Tudo o que o Dimas me explicou eu relatei depois ao Zé Dirceu. Ele confirmou que era isso mesmo. Percebi claramente que o Zé Dirceu estava jogandocontra a nomeação do Pirandel.
A proposta de Dirceu, sempre segundo Jefferson:
– “Roberto, vamos resolver esse negócio por cima. Deixa o Dimas lá. A gente faz um acerto direto entre o PT e o PTB”. Jefferson aceitou. Em 26 de abril, no Palácio do Planalto, o último encontro de Jefferson com o presidente. Lula foi logo cobrando, não estava satisfeito com a situação em Furnas:
– “Roberto, por que está demorando tanto?”
Jefferson responde que estava sofrendo pressões, mas sem dar detalhes. E diz aceitar uma “solução de compromisso”. Lula não quer:
– Nada disso. O Dimas vai sair.
Pouco mais de duas semanas depois, Veja publica a gravação em que Jefferson aparece como o chefe da corrupção nos Correios. Veio a crise do mensalão e a ministra Dilma Rousseff, então das Minas e Energia, manda suspender qualquer operação. Toledo fica.
Ante a matéria da Folha, com as denúncias de Jefferson, o Palácio do Planalto exonera todos os diretores de Furnas mencionados por Jefferson. Para diminuir o desgaste, uma nota da estatal pontua que os afastados “solicitaram licenças de seus cargos, até que as apurações necessárias estejam concluídas”. Caem Toledo, com 35 anos de Furnas, José Roberto Cesaroni Cury e Rodrigo Botelho Campos, ex-vicepresidente da CUT, indicado do PT.
Em mais uma sessão tumultuada, Jefferson presta depoimento à CPI dos Correios. Admite que pediu dinheiro ao então diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório:
– Eu pedi a ele que, se possível, na relação com qualquer empresário privado, ele pudesse no final ajudar o caixa oficial do partido.
Jefferson também chama a si a responsabilidade sobre os R$ 4 milhões que, segundo ele, foram repassados ao PTB pelo PT. Recusa-se a dar nomes de supostos beneficiários do dinheiro.
– Não admito que o partido pegou, morre comigo a informação. Não vou prejudicar inocentes, recebo na pessoa física, por omissão do presidente do PT e erro meu.
O foco do depoimento, o pagamento de mensalões:
– Na raiz do mensalão está o troca-troca de partido. Até luvas de R$ 1 milhão e financiamento de R$ 30 mil de taxa de manutenção nós já temos.
– O senhor Marcos Valério, versão moderna e macaqueada do senhor PC Farias, sacava R$ 1 milhão por dia nas contas do Banco Rural. Ou sacava em Minas Gerais ou no prédio do banco no Brasília Shopping, no nono andar, onde muitos assessores dos que recebem mensalão, que estão registrados na portaria, subiam até o escritório do banco para receber R$ 30 mil, R$ 40 mil, às vezes R$ 20 mil ou até R$ 60 mil.
– Tem que procurar no Banco do Brasil também, porque recordo que, dos recursos que recebi do PT, 60% eram notas etiquetadas do Banco do Brasil. Jefferson chuta o pau da barraca:
– Não há, povo do Brasil, cidadãos do Brasil, eleição de deputado federal que custe menos de R$ 1 milhão ou de R$ 1,5 milhão. Mas a média, aqui na CPI e na Câmara, na prestação de contas, é de R$ 100 mil. Não há eleição de senador que custe menos que R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões, mas a prestação de contas, na média, é R$ 250 mil. Esse processo começa na mentira e deságua no PC Farias, nos outros tesoureiros e, agora, no senhor Delúbio e no senhor Valério.
– É de deixar a gente perplexa. Ou alguém tem dúvida que a campanha mais rica de 2002 foi a campanha do PT? A mais milionária, a mais poderosa de todo o Brasil, do Oiapoque ao Chuí? E as declarações da Justiça Eleitoral não traduzem a realidade. Nem a minha, porque é igual à dos senhores.
– Participei no passado de uma CPI, a CPI do PC, como advogado. Tentei fazer naquela CPI o que vi ontem aqui por parte de alguns políticos: impedir que as investigações avançassem. Procurei evitar que os fantasmas do PC Farias pudessem viver à luz do dia. E, nessa inversão de papéis, vi que muitos que ontem exorcizavam tais fantasmas agora estão caçando eles. Só que não são mais os fantasmas de PC. São os fantasmas do Delúbio e do Marcos Valério. PC Farias é pinto perto do que se vê de corrupção no PT.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) acusa Jefferson de ter servido “ao mais corrupto governo da história do Brasil, o de Fernando Collor”. Diz Jefferson:
– Servi também ao de vossa excelência!
E vai em frente:
– Não tente empurrar nada para o PTB. No Rio Grande do Sul, o governo do PT viveu o escândalo do apoio dos bicheiros e tentou jogar tudo para debaixo do tapete. Bicheiros e Waldomiro Diniz são coisas do PT.
– O PT, que fez da ética e da moralidade a sua bandeira, rasgou agora a bandeira. A mim isso não traz felicidade. Chafurdou, se sujou como os outros no passado, nos quais atirou pedra. E para que isso não se repita temos de enfrentar a raiz do financiamento eleitoral. Esses fantasmas que ficam rondando o poder, Delúbio, PC Farias, Valério, é sempre a mesma prática.
– Não vim aqui mendigar em favor do meu mandato. Já passei dele. Não vim perorar pelo deputado, absolutamente. Enfrento uma luta aqui como cidadão, como homem, como chefe de família. Saio do Congresso da maneira que entrei, pela porta da frente. Ninguém vai me colocar de joelhos e com o rabo entre as pernas. Ninguém vai me acanalhar. Não faço papel do herói, porque não sou melhor que os senhores, sou igual. Não faço papel de vilão porque não sou, porque os senhores e senhoras não são
melhores do que eu.
Já no final do depoimento, mais uma denúncia: Marcos Valério, em reunião intermediada pelo tesoureiro Delúbio Soares, ofereceu um negócio que renderia R$ 100 milhões ao PT e ao PTB. Uma operação no coração do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil). Jefferson tinha de convencer o presidente do IRB, Luiz Appolônio Neto, a fazer uma transferência de US$ 600 milhões de aplicações do IRB. Appolônio Neto fazia parte do círculo de influência de Jefferson. A comissão do negócio, os tais R$ 100 milhões:
– O Marcos Valério pediu que eu influenciasse na operação de transferência de US$ 600 milhões de uma conta que o IRB tem no exterior, não sei se na Inglaterra ou na Suíça, para o Banco Espírito Santo, em Portugal.
A proposta de Valério foi feita em abril de 2005, na sede do PTB, em Brasília. O Banco Espírito Santo teria interesses no Brasil. Jefferson conta que, em seguida, telefonou para José Genoino, o presidente do PT. Contou-lhe o que ouviu. Disse:
– “Zé, esse cara é doido, ele acha que chove dinheiro, que dinheiro dá em árvore.”
Resposta de Genoino:
– Fica tranqüilo, que ele resolve. A transação acabou não se realizando.
O gerente responsável pelo Banco Rural em Brasília, Lucas Silva Roque, confirma declarações de Jefferson. Valério movimentou mesmo dinheiro na agência do Brasília Shopping:
– As pessoas que negociavam com ele freqüentavam a agência, mas tudo que ocorreu aqui foi na maior normalidade e em conformidade com as regras do Banco Central.
Nos registros da portaria, os nomes de Valério, de seu sócio e advogado Rogério Tolentino, de João Cláudio de Carvalho Genu, chefe de gabinete do deputado José Janene (PP-PR), e de Eujaci Moreira Santos, assessor do deputado João Leão (PL-BA). O presidente do Sindicato dos Reflorestadores do Pará, Mário Rubens de Sousa Rodrigues, acusa Maria Joana de Rocha Pessoa, assessora da senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA). Ela teria arrecadado até R$ 2 milhões por meio de caixa 2. O dinheiro irrigou a campanha da senadora à Prefeitura de Belém.
A denúncia: o gerente executivo do Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Belém, Marcílio de Abreu Monteiro, ex-marido da senadora, cobrou propina de madeireiros, em troca de uma permissão para retirar madeira da floresta amazônica. A proposta não foi cumprida. Ana Júlia estaria ameaçada de morte.
O TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União) contestam a liberação de R$ 760 mil da Petrobrás, Correios e Caixa Econômica Federal, para a festa de 20 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT). O evento ocorreu em 2003. A notícia, do jornal O Estado de S. Paulo. O relatório da CGU lista “impropriedades” nos contratos firmados pela Petrobrás. A estatal bancou R$ 580 mil da festa. Para os auditores, houve “ausência de análise prévia de custo-benefício da contratação”. O patrocínio foge do objeto social da Petrobrás.


49 – 1/7/2005 O prefeito de Itaboraí (RJ), Cosme José Salles (PT), institucionalizou o próprio mensalão. Está na Folha de S.Paulo. Lei municipal de dezembro de 2004 estipula: o salário do prefeito deve ser equivalente a 0,5% da receita obtida pela cidade. Dá para imaginar o resultado. Em Itaboraí, município pobre, 70% da população não têm esgoto, 90% das ruas são de terra e a renda per capita é de R$ 202,29. Já o salário do prefeito petista... Em janeiro de 2005, R$ 28.978,00. Em fevereiro, R$ 27.562,00. Março, R$ 24.228,00. Abril, R$ 33.060,00. E, em maio, R$ 33.153,00.
A Folha tenta entrevistar o prefeito. Não consegue. Faz uma semana que Salles, de acordo com sua assessoria, está “incomunicável”. Está longe, pescando com amigos no Pantanal. Publicada a matéria, o prefeito apressa-se em explicar. Mandou ofício à Câmara Municipal, pedindo salário fixo. De R$ 15.000,00.

50 – 2/7/2005 A revista Veja traz detalhes de uma “sociedade secreta” entre Marcos Valério e o PT. A reportagem de Alexandre Oltramari conta a história do empréstimo de R$ 2,4 milhões do BMG ao PT. A operação foi avalizada por José Genoino, Delúbio Soares e Valério. O empréstimo, de fevereiro de 2003, não foi pago pelo PT. O partido acabou socorrido por Valério. O empresário pagou uma das parcelas
da dívida, no valor de R$ 350 mil.
De posse dos documentos que comprovam a transação, Veja pergunta ao presidente do PT. Valério assinou aval para o partido? Com a palavra, Genoino:
– Não sei de nada disso, não. Eu tenho de me informar. Acabei de descer do avião... Acho que não tem isso. Vou me informar. Me liga em uma hora.
Uma hora depois, na sede do PT em São Paulo:
– Olha, não tem isso, não. O que temos com o Marcos Valério são dívidas de campanha de políticos que ele fez para a gente como publicitário.
– Ele nunca foi avalista do PT em alguma operação bancária?
– Nunca. Ele nunca foi avalista do PT. Não tem isso, não.
Para Veja, uma “transação comprometedora”. Afinal, as agências de publicidade de Valério dispõem de contratos com o governo federal avaliados em R$ 144,4 milhões.
Da reportagem:
“Isso mostra a existência de um ciclo conhecidíssimo, mas que raramente se consegue trazer à luz com tanta nitidez como agora: o dinheiro sai dos cofres públicos, faz uma escala na conta da agência de publicidade e acaba aterrissando no caixa do PT.”
Para entender melhor:
“No início do ano passado, a empresa de participações de Valério, a Graffiti, que controla a agência de publicidade DNA, contraiu um empréstimo de mais de R$ 15 milhões e deu como garantia a receita de um contrato publicitário que, pouco antes, fora firmado entre a SMPB e os Correios.”
O repórter quis ouvir Valério. Ele havia negado em entrevista anterior que dera aval ao PT. Quem fala, porém, é o advogado e sócio, Rogério Tolentino:
– Por orientação dos advogados, ele não vai fazer nenhuma afirmação que possa conflitar com a defesa. Por isso, ele não pode confirmar, desmentir nem dar nenhum esclarecimento.
Veja também procurou a direção do BMG, para saber por que o banco não executou as garantias do empréstimo. Afinal, a operação não fora quitada pelo PT. A explicação, em nota:
“A direção do BMG não pode comentar as informações levantadas pela revista em respeito à lei do sigilo bancário.”
As investigações avançam. Marcos Valério está no olho do furacão. Existem coincidências entre saques de dinheiro no Banco Rural e o troca-troca partidário. O dinheiro saia do Banco Rural, os deputados saiam da oposição. Ingressavam na base aliada do governo Lula, em quatro partidos: PTB, PL, PP e o próprio PT.
Dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda) indicam retiradas de R$ 6,4 milhões, entre agosto e outubro de 2003. Foi



..2006 Ivo Patarra um período de grande migração partidária. As bancadas dos quatro partidos governistas
ganharam 16 deputados. O crescimento da base aliada prosseguiu. No final, no PL a bancada subiu de 26 para 52 parlamentares. No PTB, de 26 para 47. No PP, de 49 para 55.
O fenômeno também ocorreu nos Estados. Mato Grosso é um bom exemplo. O deputado Pedro Henry (PP-MT), um dos líderes da base do governo Lula, conquistou quatro deputados estaduais, 12 prefeitos e 100 vereadores para o PP.


51 – 3/7/2005 Filho do presidente Lula é funcionário fantasma do PT. Os repórteres Lílian Christofoletti e José Alberto Bombig, da Folha de S.Paulo, descobrem que Sandro Luís Lula da Silva, contratado por R$ 1.522,00 pelo diretório do PT em São Paulo, prestava “serviços à distância”. Sandro Luís foi empregado do partido durante mais de três anos. Nos últimos dois anos e meio, desde que o pai virou presidente da República, segundo a assessoria do PT, passou a prestar serviços em sua casa, em São Bernardo do Campo (SP). A reportagem entrevistou oito funcionários do diretório. Eles afirmaram que nunca viram
Sandro Luís na sede do partido.
A Folha ouviu às mais diversas explicações. Numa primeira versão, o PT informou que o filho do presidente nunca trabalhara lá. Depois, alegou que o rapaz deixara de ser funcionário em meados de 2002. E, por fim, o PT afirmou que ele foi desligado dos quadros do partido “há uma ou duas semanas”. Mais transparência,
impossível...
O jornal entrevista o presidente do diretório, Paulo Frateschi:
– Ele não ia todos os dias. Às vezes, aparecia um dia por semana, um dia por mês. Ele não precisa ir ao diretório para trabalhar. Trabalha na casa dele, até porque precisa apenas de um computador para realizar o serviço.
O programa Fantástico, da TV Globo, conta a história de uma mala de dinheiro entregue ao deputado José Borba (PMDB-PR), líder do partido na Câmara. Borba freqüentou a agência do Banco Rural, no Brasília Shopping Brasília, em dezembro de 2003. Lá se deram saques em dinheiro vivo do mensalão. Relato de Fernanda Karina, a ex-secretária de Marcos Valério, entrevistada pelo Fantástico: Valério se encontrou com Borba três ou quatro vezes, em Brasília. E levou uma mala de dinheiro para o deputado. Diz Fernanda Karina:
– Uma vez, eu me lembro que o senhor Marcos saiu com uma mala e foi para Brasília no avião do Banco Rural. E eu sabia que nessa mala tinha dinheiro. Ele pediu para eu ligar para o José Borba e depois para Delúbio ou Silvio Pereira, para dizer que estava indo para Brasília encontrar José Borba.
Borba nega conhecer Valério:
– Nunca houve contato, nenhum encontro.

52 – 4/7/2005 Cai Silvio Pereira, o secretário-geral do PT. Silvinho, como é conhecido, disfarça o afastamento do partido com um pedido de licença. Na verdade, foi obrigado a se desligar do PT. Acusado de organizar a distribuição de cargos no governo Lula, Silvinho nunca ocupou um cargo público na administração federal. Mesmo assim, costumava despachar com freqüência dentro do Palácio do Planalto. Era ligado ao deputado José Dirceu (PT-SP) e ao Campo Majoritário, a facção petista do presidente Lula.
Silvinho teve papel importante no processo que culminou com a expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS) dos quadros do PT. Todos foram acusados de indisciplina partidária. Por outro lado, Silvinho defendeu a permanência no PT do governador Flamarion Portela (RR), apesar das acusações de desvio de verba que pesavam contra ele. O governador
acabou cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ultimamente, em meio à crise, Silvinho vinha repetindo que ficara isolado dentro do PT, embora garantisse que suas ações tenham sido decorrentes de orientações da própria cúpula do partido.
Mais lenha na fogueira. A imprensa põe as mãos em relatório de prestação de contas do PT, datado de 2004. O documento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em dois anos, o partido do presidente Lula reconheceu que fez empréstimos de R$ 28 milhões junto ao Banco do Brasil, Banco Rural e BMG. O BMG entrou com R$ 2,4 milhões, cujos detalhes foram revelados por Veja. O Banco Rural, com outros R$ 5,1 milhões. E o restante, R$ 20,6 milhões, veio do Banco do Brasil, sendo a maior parte em contratos de leasing, para comprar dez mil computadores e impressoras para os diretórios do partido.
A oposição estranha a relação entre o partido do presidente da República e o Banco do Brasil, que se recusa a divulgar garantias, avalistas, taxas de juros ou quaisquer dados sobre os contratos assinados com o PT. O Banco do Brasil também se nega a informar se as parcelas do empréstimo vêm sendo pagas pelo partido. Alega sigilo bancário. Balanço do próprio PT, porém, acerca do patrimônio líquido da sigla no
final de 2004, fala em R$ 24 milhões negativos.
Outra revelação: apesar das dificuldades para saldar a operação de crédito de R$

2,4 milhões feita em 2003, o BMG destinou mais da metade das suas doações para campanhas eleitorais, em 2004, ao PT. Os dados são do TSE. Dos 26 candidatos que receberam R$ 795 mil do BMG naquele ano, 20 pertencem ao PT. Ficaram com R$ 505 mil da bolada. Mais Marcos Valério. A Folha de S.Paulo apura que as agências DNA Propaganda e SMPB Comunicação, de Valério, registraram depósitos bancários de R$ 500 milhões em 2004:
“Especialistas do meio publicitário ouvidos pela reportagem calculam, com base em estimativas de gastos das duas agências com a compra de espaço para veiculação de comerciais, que os ingressos de recursos nas contas da DNA e da SMPB são três vezes superiores ao que poderia ser justificado com a atividade de publicidade e propaganda em 2004.” Em quatro anos, o governador do Acre, Jorge Viana (PT), aumentou os gastos de publicidade de R$ 4 milhões para R$ 27,4 milhões. Foram feitos 13 termos aditivos, que significaram aumento de 585% nas despesas com propaganda.
O contrato do Acre com a Asa Comunicação, cuja sede fica em Belo Horizonte, foi firmado pelo publicitário Paulo Vasconcelos do Rosário Neto, que dirigiu a DNA de
Valério. Entre os diretores da agência, o ex-candidato a deputado Américo Antunes (PT-MG).
No editorial “O amigo publicitário”, a Folha afirma que “a promiscuidade entre a vida financeira das empresas de Marcos Valério e a do PT tornou-se flagrante”:
“O episódio não é apenas constrangedor. Trata-se de uma acintosa violação aos mais elementares princípios republicanos. O fato de um publicitário responsável por contas de órgãos governamentais pagar dívida do partido do presidente da República já é, em si, um escândalo.”
A Agência Reuters divulga tabela com o cruzamento de dados apurados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda). Há uma coincidência entre votações importantes no Congresso Nacional, com a aprovação de projetos de interesse do governo Lula, e saques de dinheiro das contas das empresas de Marcos Valério.
Foram R$ 21 milhões em retiradas, durante dois anos. Média de um mensalão de R$ 30 mil por dia. Nas datas de votação de projetos importantes para o governo, os saques diários subiam para R$ 106 mil.
O levantamento: a votação em segundo turno da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, em 24 de setembro de 2003, coincidiu com retiradas de R$ 1,2 milhão, nos dias 23, 25 e 26 daquele mês. Em dezembro de 2003, a Reforma Tributária foi aprovada pelo Senado. Houve um novo pico de saques, que chegou a R$ 2,8 milhões, em janeiro de 2004.
Em março de 2004, o governo precisou de apoio para neutralizar as investigações sobre o caso Waldomiro Diniz. Também queria aprovar uma Medida Provisória contra as casas de bingo, para sinalizar que não compartilhava das irregularidades. As retiradas no período: R$ 1 milhão. Em seguida, um total de R$ 700 mil, nos dias em que o Congresso debatia e aprovava o novo salário mínimo.
Mais uma coincidência: a aprovação da Medida Provisória que deu status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ocorreu em 1º de dezembro de 2004. Graças a ela, Meireles ficou com foro privilegiado para se defender de denúncias de crime eleitoral, evasão de divisas, sonegação e lavagem de dinheiro. Dois dias antes, saques de R$ 480 mil no Banco Rural. Luiz Gushiken, o ministro responsável pela Secom, a Secretaria de Comunicação da presidência da República, é a bola da vez. A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, rompe um contrato, firmado sem licitação, com um consórcio de empresas que inclui a Globalprev. A sede da Globalprev fica na casa de Elizabeth Leonel Ferreira, mulher de Gushiken, em Indaiatuba (SP). Elizabeth recebe aluguel pelo uso do imóvel da empresa que, até o final de 2002, tinha o nome de Gushiken Associados, funcionava no mesmo local e era dirigida pelo ministro.
Gushiken deixou a sociedade para assumir o cargo de primeiro escalão no governo Lula. Os sócios da Globalprev, porém, são os mesmos que trabalhavam na época da Gushiken Associados. Inclusive Wanderley José de Freitas, um ex-assessor do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo.
A Globalprev, assim como a Gushiken Associados, é especializada na preparação de planos de aposentadoria. Com a suposta influência exercida por Gushiken junto aos fundos de pensão, a empresa teria crescido mais do que qualquer outra empresa do ramo de previdência complementar. Com Gushiken ministro, a Globalprev assinou seis contratos em 2003, com os seguintes fundos de pensão: além do Petros, Previ (Banco do Brasil), Portus (Sistema Portuário), Cifrão (Casa da Moeda), Capaf (Banco da Amazônia) e Postalis (Correios).
Os números: em 2002, antes do governo Lula, a Gushiken Associados faturou

R$ 645 mil. Em 2003, com Gushiken ministro, a Globalprev teve faturamento de R$ 1 milhão. Em 2004, R$ 1,9 milhão. E, nos primeiros cinco meses de 2005, R$ 968 mil.

53 – 5/7/2005 Cai Delúbio Soares, o tesoureiro do PT acusado por falcatruas. O afastamento é disfarçado de pedido de licença. Delúbio desliga-se do PT, mas trata de proteger o presidente do partido, José Genoino. Isenta-o de qualquer responsabilidade nas decisões da área financeira do partido. E manda a surrada cantilena: acusa “conservadores” e “setores da direita” pelo escândalo. Insiste: tudo não passa de manobra, cuja orquestração tem o objetivo de aprovar o impeachment de Lula. Integrante do Campo Majoritário do PT, Delúbio é considerado por correligionários e gente do próprio governo um “homem-bomba”. Sabe demais. Sempre teve ligações fortes com Lula. A amizade com o presidente vem dos tempos de sindicalismo. Foi dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT). Em 2000, entrou para a executiva do PT. Lula era o presidente de honra do PT. No auge do escândalo, não escondeu que Lula foi o autor do pedido para que continuasse tesoureiro do PT. Delúbio queria ocupar um cargo no governo federal. Como tesoureiro, fazia contatos com empresários e pedia dinheiro para o caixa do PT. Próximo de Lula, participou de reuniões no Palácio do Planalto. Sem ocupar cargo no governo, foi convidado para eventos oficiais. Esteve na comitiva que acompanhou Lula em viagem à África. O líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), volta atrás e agora admite conhecer Marcos Valério. Borba, aliado do governo Lula, divulga nota à imprensa para refutar qualquer comportamento ilegal. O resultado é desastroso. Termina acusando Valério de negociar cargos no governo. A repercussão do caso faz ele perder o cargo de líder do PMDB. A nota de Borba: “Nunca recebi do senhor Marcos Valério qualquer numerário ou recursos financeiros, limitando-se o relacionamento ao fato de que o mesmo fazia parte do grupo do PT, que exercia efetiva influência político-administrativa junto ao governo federal.”
“O meu relacionamento com líderes do PT, integrantes de sua executiva nacional e o senhor Marcos Valério sempre foram delimitados pela tratativa da ocupação de cargos públicos, em razão de pleitos de integrantes de nossa bancada, sendo leviana e politiqueira qualquer especulação de favorecimento financeiro a deputados do PMDB.”
“O que discuti com dirigentes do PT e o senhor Marcos Valério é o que lideranças partidárias discutem hoje e sempre discutiram em todos os governos, a nomeação de seus partidários para cargos na administração.”
O escândalo do mensalão. Jacinto Lamas, tesoureiro do PL nos dois primeiros anos do governo Lula, esteve 15 vezes na agência do Banco Rural no Brasília Shopping.
As visitas foram registradas no sistema de segurança do edifício. E nove das vezes coincidiram com saques que totalizaram R$ 2,3 milhões.
Lamas freqüentava o Banco Rural nos horários em que as agências bancárias estão fechadas, no começo da manhã ou no período noturno. O sistema de segurança também registrou o nome de Alexandre Chaves Rodrigues, motorista do então presidente do PTB, José Carlos Martinez. Ele esteve na agência em 14 de janeiro de 2004, mesmo dia de uma retirada de R$ 250 mil em dinheiro. O Congresso instala a CPI do Mensalão. Mais uma derrota do governo. Durante os últimos dez dias, a bancada governista, orientada pelo Palácio do Planalto, tentou atirar em outra direção e impedir a nova comissão de investigação. Em seu lugar, propunha apurar a compra de votos, com a alegação de que era preciso investigar a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ocorrida em 1998. Agora, com três CPIs em funcionamento, muda a tática do governo. A base aliada parte para confundir investigações, tumultuar o processo, dispersar trabalhos e cansar a opinião pública, desmoralizando as comissões. Em depoimento à CPI dos Correios, Edgard Lange, agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), afirma que recebeu ordens para investigar irregularidades nos Correios. Foi no início de abril de 2005, mas as atividades foram suspensas 40 dias depois, logo após a descoberta de indícios de corrupção na Diretoria de Tecnologia. O cargo era ocupado por Eduardo Medeiros, cuja indicação foi atribuída a Silvio Pereira. Fazia parte da cota de cargos do PT nos Correios. O Brasil, espantado, assiste a mais uma dança de números milionários. São números do governo Lula. Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda), em poder da CPI dos Correios, indica que a agência DNA Propaganda recebeu, durante a administração federal petista, R$ 419,2 milhões em depósitos, numa conta do Banco do Brasil em Belo Horizonte. A metade do dinheiro, R$ 219 milhões, depositada irregularmente, sem a identificação de origem dos recursos. O expediente contraria a lei de combate à lavagem de dinheiro, que obriga o banco a obter declaração dos clientes sobre a origem de depósitos com valores superiores a R$ 100 mil. A informação precisa ser registrada no Banco Central. O relatório do Coaf também identificou, no último ano, uma movimentação de R$ 5,5 milhões, em dinheiro vivo. A quantia passou por uma conta da SMPB Comunicação, numa agência do Banco Bradesco em Belo Horizonte. Marcos Valério obtém habeascorpus
para depor na CPI dos Correios, sem correr o risco de ser preso.

54 – 6/7/2005 Marcos Valério depõe na CPI dos Correios. Nega conhecer o mensalão. Nega envolvimento em quaisquer irregularidades. Não satisfaz. Alega que pagou “fornecedores” com saques em dinheiro vivo de R$ 20,9 milhões. Tampouco convence quando diz que “a amizade por Delúbio” foi o motivo que o levou a ser avalista do empréstimo bancário de R$ 2,4 milhões para o PT. Os parlamentares fazem graça da versão. Temendo a execução da dívida, Valério resolvera pagar uma das parcelas do empréstimo, no valor de R$ 350 mil. Valério admite ter se reunido com o presidente do Banco Rural e o então ministro José Dirceu (PT-SP), no Palácio do Planalto. Rechaça a hipótese de ter sido beneficiado em licitação que escolhia a agência de publicidade para atender os Correios. E quando lhe perguntam se fez doações para campanhas eleitorais, responde: – Se fiz alguma doação, foi dentro da lei... Doação, que me lembre, não. Como pessoa física, não fiz nenhuma doação.
Os empréstimos de R$ 20,6 milhões do Banco do Brasil para o PT derrubam dois altos dirigentes do banco. Caem o vice-presidente de Finanças, Luis Eduardo Franco de Abreu, ligado ao PT, e o vice-presidente de Varejo, Edson Monteiro O governo procura aliviar, alegando que não houve irregularidades. A verdade, porém, é que o banco oficial ficou em maus lençóis. Aprovou operações de crédito vultosas ao partido do presidente da República.
De novo o Coaf. Vem à tona que um procurador da Fazenda Nacional, Glênio Guedes, recebeu R$ 902 mil de Marcos Valério. Foram duas transferências, no final de 2003: uma de R$ 782 mil, outra de R$ 120 mil. À CPI, Valério disse ter conhecido o procurador num clube. Faz cinco dias, porém, que o caso já repercute nos bastidores. Guedes foi afastado do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Motivo: deu parecer a favor do arquivamento de um processo contra o Banco Rural. O jornalista Gilberto Alípio Mansur admite ter recebido R$ 300 mil da SMPB, por serviços prestados à agência de Valério. Suspeita-se que ele intermediou um encontro de Valério com a direção da Editora Três, que publica a revista Isto É, supostamente para que não fosse publicada uma entrevista com Fernanda Karina. Divulgado o ranking do Ibope/Monitor. Além da DNA Propaganda, traz outra agência com crescimento surpreendente. É a Duda Mendonça, pertence ao marqueteiro de Lula. É dona de contas importantes no governo. O faturamento subiu de R$ 32,6 milhões para R$ 78,5 milhões. O tesoureiro do PPS paulistano, Ruy Vicentini, volta ao ataque. Ele entrega ao Ministério Público os nomes de doleiros e de empresas de câmbio que, segundo ele, fizeram lavagem de dinheiro e operações com o objetivo de entregar dinheiro do PT a vereadores de São Paulo, a fim de garantir maioria parlamentar à ex-prefeita Marta Suplicy (PT) na Câmara Municipal.
Vicentini acusa o deputado José Mentor (PT-SP), na época vereador e líder do governo municipal. Ele seria o encarregado de aliciar vereadores para o esquema. Denuncia também o vereador Arselino Tatto (PT), que tinha o papel de “prover os vereadores de fundos”:
– Criou-se um ordenado extra para os vereadores, denominado mensalão. Não tinha um valor fixo. As quantias eram acertadas com os vereadores, conforme os projetos.
Vicentini afirma ter ouvido relatos do ex-chefe da Assessoria Parlamentar da Secretaria de Governo, Mario César Aga, sobre o esquema de compra de votos. Diz o tesoureiro:
– Mario Aga falava que o esquema na Câmara Municipal era de grana e que não tinha mais jeito de outra negociação. Se a Prefeitura quisesse parar alguma investigação sobre a administração era na base do dinheiro, e que cada votação tinha um valor. Vicentini cita os ex-secretários municipais Rui Falcão, Carlos Zarattini e Valdemir Garreta, todos do PT:
– O secretário de Governo da dona Marta, Rui Falcão, organizou, a partir de seu gabinete, o caixa único. O Zarattini e o Garreta arrecadavam o dinheiro dos empresários de ônibus e do lixo e o que sobrava era enviado para o gabinete do José Dirceu. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), acusado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão, admite que se reuniu com Delúbio Soares e Silvio Pereira para fazer “negociações políticas”.
Rodrigues lista as nomeações que fez no governo Lula: dois diretores da Companhia Docas do Rio, um diretor do Serviço de Patrimônio da União, o diretor-administrativo do Portus, o fundo de pensão do sistema portuário, e um diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
Em entrevista à Rádio Jovem Pan de São Paulo, Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirma que mais de 100 parlamentares recebiam o mensalão:
– Chegou para mim que tinha até deputado que batia a mão no bolso para dizer:
“Esse dinheiro que eu estou gastando aqui é do Delúbio”.

55 – 7/7/2005 E surge mais um empréstimo guardado em segredo pelo PT. O site da revista Época na internet divulga uma operação de crédito no Banco Rural, em maio de 2003, no valor de R$ 3 milhões. O PT é o beneficiário, e o avalista do empréstimo, mais uma vez, o empresário Marcos Valério. Ele assina a transação com o presidente do PT, José Genoino, e com o tesoureiro Delúbio Soares.
A reportagem de Época é assinada pelos repórteres Ricardo Mendonça e Eliane Brum: “As novas revelações caíram como um petardo sobre a imagem pública do PT.
E, da porta para dentro, o partido implodiu. Quando surgiu o primeiro empréstimo garantido por Valério, no BMG, Genoino negou sua existência depois de consultar o tesoureiro Delúbio Soares. Desmentido publicamente e desgastado, Genoino entrou em depressão e se confessou magoado com Delúbio, que não o teria informado corretamente. Na quinta-feira, quando foi procurado por Época para falar do novo empréstimo, a respeito do qual novamente não tinha o que explicar, o presidente do PT deixou a mágoa de lado e passou a xingar Delúbio pelos cantos do partido, em São Paulo”.
Fernanda Karina, a ex-secretária de Marcos Valério, presta depoimento à CPI dos Correios. Reafirma denúncias e trata do relacionamento de Valério com o deputado José Mentor (PT-SP). O petista foi o relator da CPI do Banestado, uma comissão encarregada de investigar remessas ilegais de dinheiro para o exterior:
– Uma vez, quando Mentor telefonou com uma notícia sobre a CPI do Banestado, o senhor Marcos Valério mandou que eu pegasse as 25 pastas suspensas em que ele guardava notas fiscais e de investimentos e picotasse tudo. Foram feitos quatro sacos de papel picado. O Marcos Valério só saiu da minha frente quando eu tinha picado tudo.
Sobre a logística dos saques de dinheiro vivo no Banco Rural, em operação determinadas por Valério e tocadas por Simone Vasconcelos, pessoa de estrita confiança do empresário:
– A Simone ligava, avisando que os boys iam passar no banco e a agência abria mais cedo. Eram dois ou três boys que se dirigiam ao banco para dar garantia, em caso de assalto. Acontecia pelo menos uma vez por semana. O dinheiro era acomodado em valises tipo 007, que ficavam no departamento de finanças da agência. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), quer a confirmação de
que o dinheiro ia mesmo para parlamentares no Congresso Nacional. Fernanda descreve o procedimento de Valério:
– Ele falava algumas vezes com o Delúbio e depois ligava para outras pessoas, falando: “Olá, deputado. Amanhã vou estar em Brasília”. Um dia que eu o ouvi falando isso teve um saque, e ele viajou no dia seguinte.
Movimentação bancária de Valério intriga a CPI e dá pistas sobre os caminhos da corrupção. Trata-se de um crédito de R$ 2,4 milhões, seguido de um débito no mesmo valor. A operação foi mapeada pela Receita Federal. Ocorreu no BMG, em nome da Graffiti Participações, empresa de Valério, em 14 de julho de 2004. O curioso é o valor do crédito, praticamente o mesmo da dívida de R$ 2,4 milhões, contraída em fevereiro de 2003 pelo PT, com o aval de Valério, no mesmo BMG. Outra coincidência: naquele mesmo 14 de julho de 2004, Valério pagou R$ 350 mil da dívida do PT junto ao BMG. E mais: o imposto de renda da Graffiti não faz menção à origem do dinheiro, nem dá qualquer justificativa para o depósito de R$ 2,4 milhões na conta da empresa.
Manifestações e protestos contra a corrupção pipocam pelo país. A Câmara dos Deputados rompe parceria com a SMPB. A agência de Valério havia sido contratada por R$ 9 milhões em 2003, quando o presidente da Câmara ainda era o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Durante a vigência do contrato, o petista assinou dois aditivos, autorizando mais R$ 4,7 milhões para publicidade.
Antes de anunciar o fim dos serviços da SMPB, o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), já havia autorizado mais R$ 8,2 milhões para a agência de Valério. Um dos serviços da SMPB sob suspeita, ainda na gestão de Cunha: duas pesquisas de opinião, no valor de R$ 757 mil. A pretexto de aferir a imagem da população sobre o legislativo, foram encaixadas perguntas de cunho político, induzindo
avaliação do governo Lula.
A Prefeitura de Osasco (SP), berço político de Cunha e onde o prefeito, Emídio de Souza (PT), é aliado do ex-presidente da Câmara, anuncia o cancelamento de licitação para contratar agência de publicidade. Do certame, no valor de R$ 3 milhões, participavam 17 empresas. Vinha sendo liderado pela SMPB. Valério já prestara serviços em Osasco durante a campanha eleitoral, por meio da Estratégia Marketing, contratada para assessorar Emídio de Souza.
Mais uma vez, o ministro Luiz Gushiken. O publicitário Alarico Neves Assumpção prestava serviços na agência DNA de Valério. Aí, assumiu importante cargo na Secom, a Secretaria de Comunicação da presidência da Repúbica, comandada por Gushiken. Depois, acabou transferido para a SMPB, a outra agência de publicidade do mesmo Valério.
Assumpção ocupou o posto de diretor de mídia da Secom. Foi responsável pela supervisão de contas publicitárias do governo federal, em ministérios e estatais. Antes de ir para a SMPB, atuou no comitê do governo Lula que negociava preços de anúncios e respondia por gastos públicos com propaganda oficial.
A força de Gushiken vem da influência nos fundos de pensão de empresas estatais. O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini (PT-SP), é aliado histórico de Gushiken. Foi ele quem indicou o nome de Adacir Reis para chefiar a poderosa SPC (Secretaria de Previdência Complementar). Ela regula os 366 fundos de pensão do país, responsáveis por 960 planos de previdência complementar. Os fundos atendem de 2,3 milhões de pessoas. Negócio de R$ 280 bilhões.
Outro aliado de Gushiken, José Valdir Gomes, foi nomeado para a diretoria de Assuntos Atuariais da SPC, para exercer o controle estratégico dos fundos de pensão. Sérgio Rosa é o presidente da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, o maior do país. Tem patrimônio de R$ 70 bilhões. Como Gushiken, Rosa começou a vida sindical no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Veio de lá também outra indicação de Gushiken: Wagner Pinheiro, o presidente da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, o segundo maior do país. Patrimônio de R$ 24,9 bilhões.
Agora, o loteamento de cargos no fundo de pensão dos funcionários de Furnas, cujo patrimônio é de R$ 4,8 bilhões. A reportagem de Irany Tereza, de O Estado de S. Paulo, aponta um rateio entre os partidos políticos da base aliada do governo Lula: “A presidência do fundo foi entregue a Marcos Antonio Carvalho Gomes, funcionário de Furnas, ex-sindicalista e petista do grupo do deputado Jorge Bittar (PTRJ), e os demais diretores são indicados pelo PTB, PMDB e PP, num convívio administrativo extremamente conflituoso.”
Os investimentos do fundo de pensão estavam concentrados em bancos de segunda linha, como o BMG e o Banco Rural. As aplicações no Banco Santos, quebrado em 2004, provocaram perdas de R$ 153,6 milhões. Os “investimentos” no Banco Santos levaram ao afastamento do gerente de Investimentos do fundo, Benedito Siciliano, da cota do PTB. Ele foi dispensado, apesar dos protestos do diretor de Administração e Finanças, José Dias, nomeado pelo PMDB.
De acordo com O Estado, “aplicações desse tipo, de alto risco, costumam gerar do banco compromissos de elevada rentabilidade. A suspeita é de que parte desse rendimento seria desviada para financiar partidos políticos”.

56 – 8/7/2005 Os jornais estampam nas primeiras páginas as fotografias de uma bolada de dinheiro. Trata-se do conteúdo de uma maleta com R$ 200 mil e de outros US$ 100 mil, carregados dentro da cueca do assessor de um deputado do PT. Não qualquer deputado. José Adalberto Vieira da Silva, preso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, trabalha para o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), o líder petista na Assembléia Legislativa do Ceará. Guimarães é integrante do diretório nacional do PT e irmão do presidente do partido, José Genoino. Antes de se calar e se recusar a prestar esclarecimentos à Polícia Federal, Vieira da Silva age com rapidez e apaga a memória do telefone celular. Diz ser agricultor. O
dinheiro em seu poder, resultado da venda de verduras. Desmascarado, confessa ser assessor do irmão de Genoino. Usa o paletó para cobrir o rosto e tentar se esconder dos fotógrafos.
Guimarães, por sua vez, é um dos 14 parlamentares cujo nome aparece na agenda de Marcos Valério. Em entrevista, ele diz não saber por que está na agenda. Também ignora o que o assessor fazia em São Paulo. Deputado do Ceará, Guimarães estava em São Paulo, no mesmo dia. Explicação dele:
– Foi tudo uma grande armação para atingir a mim e ao Genoino. Vou desvendar esse mistério.
O jornal O Globo, do Rio, publica que a Telemar, uma das maiores operadoras de telefonia do país, comprou ações da Gamecorp, a empresa de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente Lula. A Telemar, concessionária de serviço público, é constituída com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil e fundos de pensão de empresas estatais. Investiu R$ 5 milhões na Gamecorp. Agora, tem ações da empresa de Lulinha e o direito de usar programas de jogos para telefones celulares.
Fábio Luiz Lula da Silva fez a Gamecorp em sociedade com Kalil e Fernando Bittar, filhos de Jacó Bittar. É um velho amigo de Lula, conselheiro da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás. No início, a Gamecorp tinha um capital social de R$ 100 mil. Com o novo negócio, a expectativa de faturamento já alcança R$ 7 milhões em 2005. A transação foi intermediada pela BDO Trevisan. Trata-se de uma empresa de consultoria, controlada por Antoninho Marmo Trevisan. Ele é outro amigo de Lula, nomeado para o Conselho de Ética Pública da Presidência da República.
Mais uma nas páginas de O Globo. A história de Wendel Resende de Oliveira, ex-motorista da deputada Neyde Aparecida (PT-GO). Ele conta que, em 27 de setembro de 2004, por determinação da deputada, transportou uma mala com US$ 200 mil do diretório nacional do PT, em São Paulo, até Goiás.
Oliveira viajou para São Paulo de avião. Para não despertar suspeitas, recebeu orientação para seguir com a mala de ônibus até Goiânia. Lá, entregou a carga a um filho da deputada. O dinheiro teria ido para Gilmar Alves, o irmão de Neyde Aparecida, candidato a prefeito de Quirinópolis (GO). Ele acabou eleito. Outra parte teve como destinatário Carlos Soares, irmão de Delúbio Soares, derrotado na eleição para vereador
em Goiânia. Silvio Pereira, o ex-secretário-geral do PT, depõe na Polícia Federal. Define-se como “dirigente profissionalizado da executiva nacional do PT”. Salário, R$ 9.000,00 mensais. O delegado Luís Flávio Zampronha de Oliveira considera incompatíveis salário e patrimônio declarado: um apartamento em São Paulo, no valor de R$ 180 mil, uma casa de praia em Ilhabela (SP), avaliada em R$ 400 mil, e um jipe marca Land Rover, no valor de R$ 80 mil, que, segundo o depoente, foi financiado.
O Ministério Público abre inquérito para apurar denúncia de irregularidade na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), durante a gestão do prefeito Antonio Palocci (PT-SP), o poderoso ministro da Fazenda de Lula. Augusto Pereira Filho, diretor da Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), empresa controlada pela administração municipal, admitiu ter recebido um “complemento salarial” de R$
2.250,00, em dinheiro vivo, sem registro em folha. O valor era repassado por uma empresa contratada pela Prefeitura, a Construtora Vale do Paranapanema. O pagamento teria sido negociado pelo ex-superintendente da Coderp, Juscelino Dourado, atual chefe de gabinete do ministro Palocci.
Ao dar posse a três novos ministros do PMDB em seu governo, Lula põe um fim a boatos sobre a saída do ministro Luiz Gushiken: – Eu quero dizer aqui, para todo o mundo ouvir, que o companheiro Gushiken
continuará dirigindo a Secom. O companheiro Gushiken cuida não apenas bem da Secretaria de Comunicação, mas do mundo de assuntos estratégicos, que é uma coisa extremamente importante. Eu acho que nós não podemos, a qualquer insinuação contra qualquer companheiro, a priori, achar que as pessoas são culpadas. O deputado José Dirceu (PT-SP), por sua vez, defende a permanência de José Genoino no comando do PT. Em reunião do Campo Majoritário, a corrente hegemônica do PT, o ex-ministro fala em “conspiração das elites”:
– Querem o impeachment do presidente Lula. É disso que se trata.

Um comentário:

  1. Esse é o panorama de um país sem oposição, onde a desordem é e a falta de patriotismo de um povo é medida pela hipocrisia de seus governantes.
    É lamentável que, em pleno século XXI, ainda existam cenários tão degradantes, onde a corrupção é considerada, pasmem, um atributo de que tudo pode. Pobre Brasil.

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