terça-feira, 28 de setembro de 2010

O RECADO DAS URNAS.

População da Venezuela está reagindo ao governo de Hugo Chávez, destaca Emanuel Fernandes


Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Emanuel Fernandes (SP) afirmou nesta terça-feira (28) que o resultado das eleições legislativas na Venezuela mostra uma reação popular ao governo de Hugo Chávez e sinaliza que o "coronel" terá dificuldades para se reeleger em 2012. Para o tucano, é claro o recado deixado pelas urnas a nações vizinhas simpatizantes do chavismo: há mudanças no horizonte e o populismo de esquerda será cada vez menos tolerado.

No último domingo (26), Chávez perdeu a maioria absoluta no Congresso. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) não conseguiu eleger os dois terços de deputados necessários para aprovar as polêmicas leis orgânicas sem precisar da oposição. Atualmente, a ampla maioria que o governo detém no Legislativo permite ao presidente o endosso a todas as medidas desejadas por ele.

O grupo político de Chávez conseguiu eleger 98 deputados dos 165 parlamentares da Assembleia Nacional, mas não obteve a maioria esperada (110). A oposição, por sua vez, conquistou 65 cadeiras, mais de um terço do total. Já o partido Pátria Para Todos (PPT), ex-aliado do chavismo que se recusou a se incorporar ao PSUV, conseguiu eleger dois.

Esses integrantes do PPT devem ser assediados pelos dois lados, já que a oposição necessita de 67 deputados para impedir que Chávez possa governar por decreto. Em todo caso, será a primeira vez em cinco anos que os partidos de oposição voltam ao cenário político venezuelano. Desde 2005, tinham optado por não disputar as eleições em protesto contra as fraudes do governo.

Na avaliação de Emanuel, o novo cenário será bom para a democracia e para a população da América do Sul. “O populismo tem a característica de sacrificar o amanhã pelo hoje para conseguir votos e, com isso, mascara a realidade”, afirmou o presidente da Comissão de Relações Exteriores.

O deputado acredita ainda que o resultado abre uma nova fase na política do país vizinho. “A Venezuela vai reencontrar o caminho com a democracia clássica, sem populismo. O resultado mostra claramente que nas eleições presidenciais de 2012 a população vai dar um não a Chávez”, previu o tucano.

De acordo com o deputado, o resultado também serve de exemplo para o Brasil. Aqui, o PT, o Itamaraty e o presidente Lula sempre manifestaram simpatia com o governo de Chávez, que sofreu o maior abalo em 12 anos.

"Socialismo do século XXI" trouxe retrocesso ao país vizinho

→ Os resultados das eleições mostram que a popularidade do "coronel" está em declínio, um fenômeno proporcional ao aumento dos problemas de ordem social e econômica. A criminalidade saiu do controle, a produção de petróleo caiu 30%, a inflação disparou, a economia está em recessão, falta comida nos supermercados e a população empobreceu.

→ O "socialismo do século XXI" chavista inclui medidas como a expropriação de empresas, as invasões de terra pelo Exército, o uso da máquina pública para fins pessoais, a repressão à imprensa, a criação de milícias paramilitares para aterrorizar vozes discordantes e o apoio aos narcoguerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

→ A oposição não tinha representação no Congresso desde as eleições de 2005. Na ocasião, a abstenção nas urnas chegou a 70%, um forte contraste com as eleições de domingo, que teve a participação de 67% dos mais de 17 milhões de venezuelanos inscritos.

Fonte: Letícia Bogéa

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