sexta-feira, 7 de outubro de 2011

COMO PODE, MEU DEUS?


No Complexo Agroindustrial Pindobas, propriedade do deputado federal Camilo Cola, 20 homens e uma mulher trabalhavam em regime análogo a de escravos.

Foi o que constatou uma fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), na manhã desta quinta-feira (6). A fazenda fica entre os municípios de Brejetuba e Muniz Freire, no sul do Estado, e os trabalhadores atuavam no corte e tombamento de pinus.

Eles foram aliciados em Minas Gerais, onde tiveram as carteiras de trabalho retidas, em situação flagrantemente irregular. Na fazenda, eles se alojavam em espaços precários, numa situação extremamente degradante.

Matéria publicada nesta edição é rica em detalhes sobre a situação. Convém consultá-la para que se saiba do que é capaz um homem que, além de poderoso economicamente, é detentor de mandato eletivo em nível federal e almeja exercer o cargo máximo do Executivo no município em que possui sua base eleitoral e o filé mignon de seu complexo empresarial, o Grupo Itapemirim.

Por que um homem nessas condições faz isso? O que o move –, além, é claro, da ambição? Não cabe neste espaço especular sobre o que, de fato, está por trás desse comportamento do parlamentar e megaempresário.

Esta é uma tarefa para especialistas no estudo de personalidades controversas como a deste neo-escravocrata. O que se deve buscar nesse caso é o histórico da prática?

Há quanto tempo, exatamente, Camilo Cola vem utilizando mão de obra em regime de escravidão nos seus negócios? Quando isso começou?

Que tipo de contratação foi esta, feito para além de nossas fronteiras territoriais? Por que Minas Gerais foi escolhida para fornecer os trabalhadores explorados?

Ainda que teoricamente, seria de todo conveniente também que se apurasse quanto ele prometera pagar àqueles trabalhadores. Principalmente para se saber o tipo de avaliação que ele faz de uma mão de obra (sem especialização) que se encontra em qualquer lugar.

São perguntas simples, mas esclarecedoras. Certamente o mega empresário responderá a algum tipo de procedimento judicial. Não se sabe exatamente quando isso vai acontecer. Nem mesmo se pode prever uma data aproximada, já que o mandato lhe dá foro privilegiado para responder por malfeitos.

Mas é importante que se saiba, objetivamente – abstraindo-se problemas de personalidade –, o que pode levar um homem como Camilo Cola a práticas tão frontalmente contrárias à dignidade humana.

Como isso pode acontecer, meu Deus, em pleno Século XXI e no alvorecer do terceiro milênio?

Fonte: Século Diário

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