domingo, 11 de setembro de 2011

"MINI-DIRETAS JÁ" CONTRA A CORRUPÇÃO

Manifestação contra a corrupção no espelho d'água do Congresso, durante o desfile de Desfile de 7 de Setembro, em Brasília

Protesto em Brasília reuniu 25 mil pessoas e outro já está sendo organizado para o dia 12 de outubro

O que começou timidamente nas redes sociais e refletiu-se em caras-pintadas no Sete de Setembro pode ganhar contornos de um forte movimento da sociedade brasileira contra a corrupção, uma espécie de "mini-Diretas Já". A opinião é do cientista político Cláudio Couto, da FGV, para quem se desenha uma mudança do clima político no país - demonstrando uma intolerância dos brasileiros com atos de corrupção em qualquer esfera de governo. Os milhares de jovens que protestaram pelo país afora na última quarta-feira já marcaram um novo encontro nas ruas no feriado de 12 de outubro. No Rio, a mobilização volta cedo, já em 20 de setembro.

"Pode ser cedo para dizer, mas essas mobilizações mostram um processo de mudança do clima político brasileiro. Nos últimos anos, a corrupção aumentou muito, embora os instrumentos de controle também tenham aumentado. Esse movimento pode crescer como uma versão das Diretas Já, mas em menor proporção", avalia o cientista político.

Para Couto, o que aproxima o movimento atual das Diretas Já é "seu caráter mais difuso, sem perfil partidário". Esse movimento anticorrupção nasceu longe dos tradicionais movimentos sociais e acabou fazendo frente a um protesto histórico brasileiro, o Grito dos Excluídos, realizado no país no mesmo Sete de Setembro.

"É um movimento mais difuso, sem lideranças definidas. Tem bandeiras difusas também, mas pode se fortalecer buscando uma bandeira comum", explica Couto.

O cientista político aponta o que considera uma "bandeira comum" possível: "A reforma do Código de Processo Penal. Todos querem punição para os corruptos e sabem que isso para nas inúmeras possibilidades que os criminosos encontram nos recursos judiciais."

Mobilização
"Nos últimos anos, a corrupção aumentou muito. Esse movimento pode crescer como uma versão das Diretas Já, mas em menor proporção", Cláudio Couto, cientista político

Minientrevista
"Ainda estamos longe de um movimento fantástico"
Caio Costa, jornalista
O jornalista e consultor em mídias digitais Caio Tulio Costa diz que as manifestações contra a corrupção demonstram a força das redes sociais. O desafio é fazer esse movimento crescer.

As manifestações contra a corrupção foram um grande teste para as redes sociais? O Brasil já passou por alguns testes em relação ao poder de mobilização da internet ou da nova mídia. O primeiro, de maneira espontânea, foi em 2006, quando os paulistanos atenderam a um toque de recolher que nunca existiu oficialmente por conta da onda de ataques na cidade. Então, que a internet tem esse poder de mobilização é inegável. Agora, a mobilização foi basicamente pelo Facebook e Twitter. Foi um grande teste, mas não significa que a gente esteja fazendo um movimento fantástico contra a corrupção. Estamos ainda longe disso.

O que falta?
O que vimos foi um movimento extrapartidário, extramídia, é um movimento espontâneo e sem coordenação. Temos que ver agora se ele vai conseguir crescer, seja na forma espontânea como na adesão de instituições. Se isso vai virar um grande movimento de massa e como ele será capitalizado politicamente não temos condições de avaliar hoje.

Um tema genérico como a corrupção dificulta a mobilização?
Sim. Quanto mais aberto o tema, mais dificulta. Ao mesmo tempo uma parte dos brasileiros saíram às ruas hoje com um tema geral

Fonte: A Gazeta

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