quarta-feira, 7 de março de 2012

BRIGA DE COMADRES

Veneno caseiro – O mal estar entre o PT e o PMDB, que até horas atrás estava nas fronteiras do Congresso Nacional, atravessou a Esplanada dos Ministérios e estacionou no Palácio do Planalto.

Presidente em exercício, o vice Michel Temer cortou a fita de um mal estar que deve aumentar ainda mais com a volta ao Brasil da titular do cargo, a petista Dilma Vana Rousseff. Na tarde desta terça-feira (6), Temer não apenas endossou o manifesto dos insatisfeitos do PMDB com o projeto do PT de usar “ampla estrutura governamental” para ultrapassar os peemedebistas em número de prefeituras nas eleições municipais deste ano, mas deu razão aos insatisfeitos companheiros de partido que protestam.
Michel Temer cita como exemplo a acirrada disputa na cidade de São Paulo, mas garante que na capital dos paulistas o PMDB não cederá. “O Gabriel Chalita vai até o fim”. Chalita é o candidato peemedebista à prefeitura paulistana e tem mais chances de chegar ao segundo turno do que o petista Fernando Haddad.

“Temos que trabalhar para eleger o maior número de prefeitos”, declarou Temer, que disse ser um “defensor da liberdade das coligações” nas disputas municipais. O vice reconhece que o PT tem mais acesso a recursos e programas oficiais, o que alavanca candidaturas, mas defende o que chamou de “tratamento mais igualitário”.

“Se vocês estão pensando que viemos aqui para vocês passarem a mão na cabeça da gente, estão enganados. Viemos aqui para resolver. Estamos há um ano e meio ouvindo isto”, atalhou, durante encontro com Temer, o deputado Manoel Moreira (PMDB-RS), saudado com gritos de “muito bem!”.

Preocupado em evitar desgastes palacianos, Michel Temer foi diplomático. “Você disse exatamente o que eu havia dito, só que com sua voz forte, imponente”. Ato contínuo, o líder na Câmara, Henrique Alves (RN), sugeriu que Temer organizasse uma reunião dos dois líderes peemedebistas – ele e o senador Renan Calheiros (AL) – com as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para passar ao governo as insatisfações do partido.
Para mostrar a unidade do PMDB a partir da cúpula partidária, Temer convidou o líder na Câmara e o presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp (RO), para receberem, em uma reunião conjunta na vice, o manifesto que os insatisfeitos queriam levar à direção.

Fato é que o descontentamento do PMDB, que há dias foi classificado como “tensão pré-eleitoral”, em alusão à tensão pré-menstrual, pelo presidente da Câmara dos Deputados, o petista gaúcho Marco Maia, não deve acabar tão cedo e facilmente. A legenda sabe do seu poder de fogo e tem munição de sobra para reagir a qualquer movimento inesperado da cúpula do Partido dos Trabalhadores. Se quiser continuar sonhando com a prefeitura de São Paulo, por exemplo, o PT terá de contemplar os pleitos do PMDB.

Quem ganha com essa troca de farpas que apenas começou é o tucano José Serra, que continua aproveitando as brigas e incertezas do processo sucessório paulistano para recuperar o tempo perdido.

Fonte: Ucho.Info 

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