sexta-feira, 2 de março de 2012

SAÚDE PÚBLICA: VITÓRIA EM PRIMEIRO LUGAR. SERÁ?


 Frederico Goulart
fgoulart@redegazeta.com.br

O serviço de saúde pública oferecido em Vitória foi considerado o melhor entre as cidades brasileiras com boa infraestrutura e condições de atendimento à população nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

Esse foi um dos dados apontados pelo Índice de Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (IDSUS), lançado ontem pelo Ministério da Saúde para avaliar o acesso e a qualidade dos serviços de saúde no país.

A capital capixaba aparece com 7,08 pontos, seguida de Curitiba (6,96) e Ribeirão Preto (6,69). Entre os Estados, o Espírito Santo ficou em 5º lugar, com 5,79. A meta do ministério era 7.

Os municípios foram divididos em seis grupos, de acordo com perfis socioeconômico e de estrutura de saúde. Nos grupos 1 – onde Vitória está – e 2, estão as cidades mais ricas, com estruturas mais complexas. Nos grupos 3 e 4, estão as cidades com pouca estrutura, de média e alta complexidade; e, nos grupos 5 e 6, as cidades menores.

Pesquisa

O índice é o resultado do cruzamento de 24 indicadores que avaliam se a população está conseguindo ser atendida em uma unidade pública de saúde e qual a qualidade do serviço. A demora para o atendimento e a satisfação do usuário, porém, não foram critérios avaliados.

A pesquisa foi feita entre 2008 e 2010 nos diferentes níveis de atenção (básica, especializada ambulatorial e hospitalar e de urgência e emergência). A Região Sul teve pontuação de 6,12, seguida do Sudeste (5,56), Nordeste (5,28), Centro-Oeste (5,26) e Norte (4,67).

O IDSUS será calculado a cada três anos. Mas o ministério pretende fornecer uma avaliação anual a prefeituras e Estados para estimular o cumprimento de metas.


Prefeitura admite que há demora no atendimento

Apesar da boa colocação da cidade de Vitória no Índice de Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (IDSUS), o prefeito João Coser aponta que a demora para a realização dos atendimentos ainda é o principal desafio que falta ser superado. "Nossa capacidade de atender ainda é inferior à demanda", diz.

Coser aponta que o número positivo está relacionado, além da melhoria da estrutura da rede de saúde da cidade, ao fato de 79,4% da cidade já ser atendida pelo Programa de Saúde da Família.

Em 2011, a prefeitura investiu R$ 210 milhões (15% do orçamento) na área da saúde, o que representa
R$ 665 por pessoa ao ano. Ao todo, a rede conta hoje com 478 médicos, 135 dentistas e 3.551 profissionais.


foto: Edson Chagas
ES - Vitória - Pamela Brandenburg, acompanhada de sua filha Alice, entrevistada sobre o atendimento no PA da Praia do Suá - Editoria: Cidade - Foto: Edson Chagas
Horas de espera
Pamela Brandenburg dos Santos, 16 anos, esperou ontem por duas horas no Hospital Infantil de Vitória e depois mais outras duas no Pronto-Atendimento da Praia do Suá só para saber o que a filha, Alice, tinha. "É impossível que esta seja a melhor saúde do país", disse a jovem.

Abaixo da média
Somente 6,4% das cidades conseguiram resultados acima de 7 pontos, média estipulada pelo Ministério da Saúde. 20,7% tiveram notas abaixo de 5

Serra entre os piores do Grupo 2
A Serra aparece entre as dez cidades com pior pontuação em um grupo com municípios que possuem menos infraestrutura e condições de atendimento. A cidade obteve 4,97 pontos, no Grupo 2. O município não quis comentar o assunto, pois não teve acesso à pesquisa.

foto: Edson Chagas
ES - Vitória - Pamela Brandenburg, acompanhada de sua filha Alice, entrevistada sobre o atendimento no PA da Praia do Suá - Editoria: Cidade - Foto: Edson Chagas
Ele se sentiu humilhado
Das 9 até as 17 horas de ontem, Luiz Cláudio Oliveira Souza, 42 anos, esperou. Depois de oito horas, descobriu que tinha úlcera e ainda saiu do Pronto-Atendimento da Praia do Suá sem receita médica. Precisa voltar hoje para saber o que fazer. "Nunca me senti tão humilhado", desabafou.
Confira a relação completa do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) por Estado e nos grupos 1 e 2:

TABELA 1 – ÍNDICES DOS ESTADOS

Unidades Federativas
IDSUS
Santa Catarina
6,29
Paraná
6,23
Rio Grande do Sul
5,90
Minas Gerais
5,87
Espírito Santo
5,79
Tocantins
5,78
São Paulo
5,77
Mato Grosso do Sul
5,64
Roraima
5,62
Acre
5,44
Alagoas
5,43
Rio Grande do Norte
5,42
Bahia
5,39
Sergipe
5,36
Piauí
5,34
Pernambuco
5,29
Goiás
5,26
Maranhão
5,20
Ceará
5,14
Distrito Federal
5,09
Mato Grosso
5,08
Amapá
5,05
Amazonas
5,03
Paraíba
5,00
Rio de Janeiro
4,58
Rondônia
4,49
Pará
4,17
Brasil
5,47

TABELA 2 – ÍNDICES DAS CAPITAIS POR GRUPO HOMOGÊNEO

Capitais
IDSUS 2012
Grupo Homogêneo
Vitória
7,08
1
Curitiba
6,96
1
Florianópolis
6,67
1
Porto Alegre
6,51
1
Goiânia
6,48
1
Belo Horizonte
6,40
1
São Paulo
6,21
1
Campo Grande
6,00
1
São Luís
5,94
1
Recife
5,91
1
Natal
5,90
1
Salvador
5,87
1
Teresina
5,62
1
Manaus
5,58
1
Cuiabá
5,55
1
João Pessoa
5,33
1
Fortaleza
5,18
1
Brasília
5,09
1
Maceió
5,04
1
Belém
4,57
1
Rio de Janeiro
4,33
1

CAPITAIS DO GRUPO HOMEGÊNEO 2

Palmas
6,31
2
Boa Vista
5,76
2
Rio Branco
5,56
2
Aracajú
5,55
2
Porto Velho
5,51
2
Macapá
5,10
2

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