terça-feira, 6 de março de 2012

ENGOLE O CHORO, DILMA

A troca de guarda no Ministério da Pesca comoveu a República. Os momentos históricos são assim mesmo: abalam os corações mais duros.
A presidente Dilma Rousseff é uma gerente implacável, conforme Lula contou ao Brasil. Uma dama de ferro da administração pública. Dizem que barbados e engravatados tremem na base ao despachar com ela.

Ficou famosa a história de que, numa reunião palaciana, a presidente mandou o ministro da Fazenda “engolir o choro”.

Não é difícil imaginar Mantega se derretendo diante da Tatcher brasileira. Os olhinhos perdidos do ministro devem ter piscado mais do que nunca, especialmente se a voz grave da chefe estivesse naqueles dias de tratar os circundantes como “meu filho” e “minha filha”. Sai de baixo.

E será que algum fato da vida seria capaz de emocionar uma comandante assim tão firme, quase rude de tão pragmática?

Sim. Nenhum ser humano está imune a um evento trágico, desses que testam os limites da existência – como a demissão do companheiro Luiz Sérgio.

Assim como o suicídio de Getúlio Vargas, as baixas em Monte Castelo, a renúncia de Jânio Quadros e a morte de Tancredo Neves, a queda de Luiz Sérgio traz uma carga de comoção quase inassimilável.

Duelando com o golpe do destino que deu ao bispo Crivella o emprego de seu companheiro, Dilma chorou.

E tudo indica que o país esteja atravessando um momento histórico especialmente denso, porque um mês antes a dama de ferro também tinha chorado. O outro tsunami emocional viera da despedida do companheiro Fernando Haddad do MEC.

Na ocasião, o detonador da comoção foi a aparição de Lula com a cabeça raspada. Tão ou mais tocante do que o culto evangélico comandado por Crivella na troca de guarda com Luiz Sérgio.

Se você também se emocionou com esse momento histórico, aleluia, irmão.

Mas se você acha que Dilma Rousseff tem que decidir entre a personagem da dama de ferro e a da mulher sensível, e que essas lágrimas todas são para endurecer sem perder a ternura e a eleição de São Paulo, só lhe resta o brado inevitável:

Engole o choro, Dilma! Tenha compostura no cargo e poupe-nos da sua novela mexicana, se não for pedir demais.

Guilherme Fiúza

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