segunda-feira, 26 de março de 2012

MAL AGRADECIDA



 Senador pelo estado de Alagoas, Fernando Collor de Mello aconselhou a presidente Dilma Rousseff a retomar o diálogo com o Congresso Nacional, mas a petista parece não estar preocupada com esse tipo de assunto. Antes de embarcar para a Índia, onde participa de encontro dos Brics, Dilma declarou em entrevista à revista Veja que não há crise no governo. Meses antes de ser alvejado por um processo de impeachment, Collor usava o mesmo discurso.

Na entrevista concedida à publicação semanal, a presidente disse não gostar do “toma lá, dá cá”, balcão de negócios que garantiu à gestão de Lula da Silva índices de aprovação estratosféricos, pois matérias de interesses do governo eram acolhidas no Congresso de forma obediente pela base aliada, que por conta o descambo sempre atendeu às ordens palacianas.

Dilma tem o direito de não gosta da forma como se faz política atualmente no Brasil, mas foi exatamente esse “toma lá, dá cá” que garantiu a sua vitória nas urnas de 2010. Do contrário, a nada diplomática candidata do PT teria perdido a eleição para o tucano José Serra. Foram as alianças com os partidos da base aliada que permitiram sua chegada ao principal gabinete do Palácio do Planalto.

O desabafo de Dilma não convence, pois enquanto esteve à frente da Casa Civil, a convite de Lula, esse tipo de relação com o Congresso sempre existiu. Por conta disso, a presidente não tem como alegar repulsa a esse tipo de convívio político.

O “toma lá, dá cá” que desagrada Dilma substituiu o esquema de mesadas pagas por Lula aos parlamentares em troca de aprovação inconteste das matérias de interesse do governo. Com o advento do escândalo de corrupção que ficou conhecido como “Mensalão do PT” entrou em cena outro tipo de abdução da consciência dos políticos. A entrega de ministérios e cargos no segundo escalão da máquina federal, onde os apaniguados poderiam agir livremente, desde que arcassem com o ônus político das trapalhadas. E desde 2005 até os dias atuais tem prevalecido esse tipo de relação ultrajante, com o qual Dilma conviveu durante alguns anos e sem críticas.

Com certeza esse não é o melhor método de governança, mas mudar as regras no meio do jogo é perigoso. Algo parecido como extirpar um tumor encravado na aorta. Com certeza o paciente que não souber administrar o problema morrerá em decorrência de hemorragia grave.

Fonte:Ucho.Info

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