sábado, 5 de maio de 2012

COLLOR NA CONTRAMÃO

Celebrou-se ontem o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Por coincidência, em Brasília, a data transcorreu sob os ecos da intervenção do senador Fernando Collor na CPI do Cachoeira, quando sustentou a importância de manter-se sigilo nas atividades do grupo que investigará o mais recente escândalo político nacional. Faz tempo o ex-presidente declarou guerra aos meios de comunicação, chamando jornalistas de rabiscadores e agora ameaçando o presidente e o relator da CPI com punição, caso vazados detalhes dos trabalhos iniciados agora.

Com todo o respeito, mas as atividades de qualquer CPI são abertas à mídia. Não há segredo para os depoimentos, que a televisão transmitirá ao vivo. Quaisquer iniciativas de seus responsáveis serão públicas. Acresce estar na Internet todo o relatório da Polícia Federal sobre a lambança envolvendo o bicheiro Cachoeira e sua quadrilha. Na Justiça, certos processos podem tramitar em sigilo, mas na CPI, não.

Estaria Fernando Collor querendo reviver os tempos da ditadura militar, quando decretos secretos eram produzidos? Ou, mesmo, imitar o senador José Sarney, que durante algum tempo assinou resoluções secretas na presidência do Senado, envolvendo nomeações de parentes e amigos?

A Constituição estabelece a plena liberdade imprensa. Nenhum jornalista pode ser punido por divulgar informações, exceto as caracterizadas como sigilosas, ligadas à segurança nacional. Se uma CPI é constituída para investigar e elucidar malfeitos, como supor a censura em seus trabalhos?

Carlos Chagas

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