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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

NA CONTRAMÃO



Na festa de comemoração dos 33 anos do PT e de dez anos do partido no poder central, Luiz Inácio da Silva, que se comportou como uma versão mambembe de Odorico Paraguaçu, cometeu a insensatez (para ser minimalista) de afirmar que foi sob o comando da legenda que o Brasil ressurgiu em termos sociais e a economia avançou. E Lula, como sempre, não perdeu a oportunidade para atacar os adversários, até porque reeleger Dilma Rousseff, que já é conhecida dos brasileiros por sua inoperância, será uma tarefa mais difícil do que quando a companheira era uma estreante nesse tipo de disputa.

“Eles estão inquietos, porque percebem que estão sem valores, sem discurso e sem propostas. Porque toda e qualquer coisa que eles pensaram em fazer, nós fizemos mais e melhor”, disse Lula com a desfaçatez que lhe é peculiar.
Qualquer cidadão minimamente esclarecido sabe que na última década o Brasil caminhou para trás. Foram dez anos de muita pirotecnia oficial, que serviu como cortina de fumaça para os seguidos escândalos de corrupção. Lula, que é um animal político, sabe que a situação do partido não é das melhores. O que o ex-presidente tenta fazer com a ajuda de alguns aliados de primeira hora é erguer um murro de arrimo para conter a avalanche que pode soterrar o partido.

Por certo os ufanistas que idolatram Lula contestarão essa tese, mas é preciso analisar a economia como um todo e acompanhar o que pensam os integrantes dos partidos aliados no palco e principalmente nos bastidores. Todos sabem que a memória do brasileiro é curta e as reticências de escândalos tendem a se diluir com o tempo, mas o caso do Mensalão servirá de moldura para um assunto que cada vez mais tira o sono dos brasileiros e até mesmo de políticos da base. A crise econômica que os palacianos insistem em fingir que não existe.

Quando políticos que sempre defenderam o governo, algumas vezes de forma até irracional, começam a assumir publicamente que a crise econômica é grave e preocupante, é porque a situação é muito pior do que imagina a extensa maioria da sociedade, que por questões culturais e de comodismo prefere manter-se à distância do cotidiano da política nacional. Eis o grande erro de uma nação, que deixa os governantes agirem livre e impunemente.

Nos bastidores da base aliada a situação é ainda pior. Políticos não apenas reconhecem a existência e a virulência da crise, mas admitem que, por razões eleitorais, podem mudar o discurso ou trocar de partido. E as eventuais mudanças de legenda devem acontecer nos próximos meses de acordo com o que determina a legislação eleitoral. Um dos partidos da base que ensaia carreira solo e fala abertamente sobre a crise é o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que continua de olho na cadeira de Dilma.

Se isolados os números da economia não mentem, quando colocados simultaneamente sobre a mesa nenhuma desculpa, por mais elaborada que seja, é capaz de explicar o inexplicável. Como tem noticiado o ucho.info há alguns meses, o governo de Dilma Rousseff está em uma encruzilhada e nos próximos dias terá de escolher o caminho a ser seguido. Os discursos sobre a inflação, desconexos no primeiro escalão do governo, mostram que os palacianos estão perdidos em relação ao tema.
Enquanto o ministro Guido Mantega, da Fazenda, discursa em determinada direção, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, direciona sua fala na direção oposta.

A grande questão que ficou explicita durante os últimos dois anos é que o centro da meta de inflação nunca foi levado a sério pelas autoridades econômicas do governo, que se acostumaram a conviver com o teto da meta, que é de 6,5%. Atualmente, a inflação está em 6,15%, o que confirma que o governo do PT tem uma política econômica muito semelhante ao cidadão que incorpora o limite do cheque especial aos seus ganhos mensais. E a partir do segundo mês a conta começa a não fechar. É o que tem acontecido com a inflação, que foi combatida pelos petistas de forma desordenada e pontual, sempre ancorada na falsa sensação de que o teto era a bóia de salvação.

Entre a realidade dos fatos e o discurso que escapa do Palácio do Planalto, o núcleo do governo e a cúpula petista terão de abrir mão da mentira e deixar a reeleição de Dilma Rousseff à beira do caminho pelo menos por enquanto. Defendida pelo presidente do BC, a alta das taxas de juro já é admitida por boa parte do governo, que no momento não tem outra ferramenta de combate à inflação.
Com essa medida, o problema migra para outro vértice da crise. O crescimento econômico, que preocupa o governo, deve continuar patinando com tal decisão. Com taxas de juro mais altas, o consumo diminui e a já castigada indústria nacional reduzirá a produção. Com isso, irá pelo ralo a aposta do Palácio do Planalto de reverter a crise com o consumo interno. Eis o enigma que mereceu destaque em inúmeras e seguidas reportagens anteriores deste site. Não há como agradar os dois lados da crise e o governo terá de decidir com celeridade, apostando no escuro

Fonte: Ucho.Info

sexta-feira, 13 de julho de 2012

UM VERDADEIRO TSUNAMI DA CALOTES NA PRAÇA

Abdo Filho
 A Gazeta


Juros mais baixos da história, governo escorando-se no consumo para afastar o Brasil da crise, forte apelo consumista, uma população com baixo nível de educação financeira e indicadores de inadimplência disparando. Esse é o atual cenário do crédito no país. No decorrer desta semana, foi divulgada uma série de índices no mínimo preocupantes. A inadimplência do consumidor aumentou 19,1% e o volume de cheques devolvidos nos primeiros seis meses do ano foi de 2,19% dos compensados, maior alta desde 2009.

Apenas em junho, o medidor de dívidas em atraso da Serasa Experian apontou alta de 15,4% ante o mesmo mês em 2011. Os números ainda mostram que a renda do consumidor está comprometida por dívidas que cobram juros altos – cheque especial e cartão de crédito – e de alto valor, como aquelas contraídas para pagar veículos e imóveis. Cada inadimplente carrega quatro dívidas não honradas, em média, e 60% deles têm contas a pagar acima de 100% da renda mensal.
foto: Arte A Gazeta
Arte A Gazeta
Aqui no Estado, números da Fecomércio também mostram que o problema avança. Em junho de 2011, 7% dos endividados se diziam sem condições de pagar seus débitos. No mês passado, esse mesmo número bateu em 12,5%.

Para o presidente da Federação do Comércio do Estado, José Lino Sepulcri, trata-se de números preocupantes. "As famílias não se mostraram preparadas para lidar com o crédito. O comércio sofre porque o dinheiro fatalmente deixa de circular".

Na avaliação da Serasa, o forte aumento da inadimplência deve-se ao crescente endividamento das famílias e ao descontrole ao assumir novas dívidas.

O mercado de veículos é o exemplo desse descontrole. Em maio, segundo levantamento do Banco Central, a inadimplência nos financiamentos (que considera atrasos superiores a 90 dias) chegou a 13,9%, aumento de 0,4 ponto percentual em relação a abril, que também tinha registrado recorde.

Para o BC, esse movimento é reflexo das operações feitas em 2010 e 2011, quando houve aumento expressivo desta modalidade.

Jorge Eloy, presidente da Associação dos Representantes de Banco do Estado (Arbes), segue a linha da falta de planejamento. "Os bancos renegociam, mas o correntista volta a se endividar com o cartão. É um buraco que só cresce".

Especialista em finanças, o economista Laudeir Frauches destaca as implicações da inadimplência alta na economia. "Trata-se de uma situação que só se sustenta com emprego em alta. Caso a crise se aprofunde e o desemprego aumente no Brasil, poderemos ter sérias complicações".

No mercado imobiliário, pelo menos no Estado, a situação parece estar sob controle. De acordo com a Caixa, responsável por cerca de 85% dos financiamentos, nenhum imóvel foi retomado este ano. Com relação à inadimplência (até 60 dias de atraso), o índice fechou em 2,3% no ano passado. Neste ano, leve alta: 2,48%

Feira vai ensinar a sair do vermelho

A feira financeira Expo Money passa por Vitória nos próximos dias 18 e 19. Neste ano, o foco do evento é ensinar as famílias a saírem do vermelho e fazer o dinheiro de uma futura poupança render mais. "Passar de endividado para pequeno investidor requer conhecimentos sobre como equilibrar as finanças e identificar oportunidades", assinala Luis Abdal, diretor da Expo Money.

terça-feira, 1 de maio de 2012

DISCURSO POPULISTA



Na noite de segunda-feira (30), em pronunciamento por conta do Dia do Trabalho, a presidente Dilma Vana Rousseff voltou a criticar as altas taxas de juro cobradas pelos bancos privados. Em rede nacional, Dilma disparou novamente contra o mercado financeiro, alegando que o exemplo a ser seguido é o do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que nas últimas semanas reduziram as taxas de juro em duas ocasiões. “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo”, disse Dilma.

Nessa queda de braços, que tem como objetivo incentivar o consumo irresponsável por meio da concessão de crédito fácil, é importante salientar alguns pontos. O custo do dinheiro está diretamente relacionado a uma regra de mercado, a da oferta e da procura. Fora isso, há a variante do risco, que as instituições financeiras levam em conta no momento da fixação das taxas de juro. Dilma falou, em um trecho do seu pronunciamento, que “a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade os seus compromissos”, mas não é essa a realidade. A inadimplência, que cresceu após a onda de consumismo iniciada a partir de 2008, está em níveis elevados, o que interfere nas taxas de juro e na disposição do mercado de conceder empréstimos.

É fato que as instituições financeiras têm lucrado como nunca no Brasil, mas esse movimento é resultado da complacência do então presidente Luiz Inácio da Silva com o setor, que despejou verdadeira fortuna nas duas últimas campanhas eleitorais do ex-metalúrgico. Não será com discurso voltado para a plateia que Dilma conseguirá convencer os bancos a reduzirem as taxas de juro. Há no mercado operações contratadas anteriormente e ainda em vigência, cujas bases contratuais devem ser cumpridas à risca. Fora isso, as regras para a captação de dinheiro no exterior foram endurecidas pelo governo federal, como forma de evitar a enxurrada de dólares no País, o que prejudica as exportações brasileiras.

Dilma não tem um avarinha de condão e nem o Brasil é uma ditadura para que fatos aconteçam da noite para o dia, por meio de uma canetada resultante do humor do chefe da nação. Mudanças no mercado financeiro, como taxas de juro, por exemplo, demandam tempo para que sejam colocadas em prática e surtam os efeitos desejados. O BB e a Caixa só decidiram pela redução das taxas porque em caso de prejuízo o mesmo será socializado.

A equipe econômica do governo é uma das piores das últimas décadas e continua insistindo em não fazer a lição de casa. De nada adianta sonhar com a queda das taxas de juro, se em uma ponta há um tomador sedento de recursos que é o próprio governo. No caso de as taxas de juro serem reduzidas, o consumo interno crescerá de forma automática. Como o Brasil enfrenta um reconhecido processo de desindustrialização, a saída será incentivar a importação para evitar a alta da inflação, pois a tendência é que a demanda seja maior do que a oferta. Acontece que se render aos importados é impulsionar a desindustrialização. Fora isso, o Banco Central já reviu para cima a inflação para 2012.

Fato é que nessa ciranda de discursos alguém está querendo ser enganado.

Fonte: Ucho.Info

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

R$ 100 BI SÓ DE JUROS

Consumidor paga R$ 1 mil por ano em despesas financeiras

Rotativo do cartão de crédito, conta com atraso ou parcelamento de compras. Essas atitudes, que hoje fazem parte da rotina de muitos brasileiros, escondem uma armadilha: o juro. E a nova classe média é a que mais sente os efeitos e paga R$ 100 bilhões de juros todos os anos. Isso significa que cada pessoa desembolsa mais de R$ 1 mil com despesas financeiras anualmente.

São 95 milhões de pessoas no país com renda familiar mensal entre R$ 1 mil e R$ 4 mil. Juntos, esses brasileiros somam 52% da população brasileira e movimentam R$ 1,1 trilhão no mercado interno.

Para se ter uma ideia da imensidão do valor pago em juros, R$ 100 bilhões correspondem a quase metade de toda a
foto: Carlos Alberto Silva
ES - Vitória - A empresária Tatiane Soares não costuma usar cartão de crédito no pagamento de suas compras
"Prefiro comprar à vista para fugir dos juros. Compras no cartão, só se for para pagar a fatura toda".

Tatiane Soares, dona de restaurante
despesa do governo federal nos últimos doze meses com pagamento de juro da dívida pública, de R$ 230 bilhões.

O pior é que esse índice é velado. A percepção que se tem, declarada ao IBGE, é que está pagando "só" R$ 3 bilhões. Isso significa que a classe média acha que paga R$ 30 por ano em juros. Mas paga R$ 1 mil.

O estudo sobre a despesa foi apresentado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) esta semana, durante o 3º Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira.

Mas por que o espelho mostra uma imagem tão distorcida das finanças? O ministro da SAE, Moreira Franco, explica que falta de transparência na apresentação das informações "Quando a classe média compra um produto, o juro está embutido naquele preço, mas ela não sabe que o juro está ali", argumenta.

Moreira Franco avalia que os dados sobre pagamento de juros mostram que é preciso "esforço" pela transparência das informações.

"Para se ter ideia, essa nova classe media é responsável por colocar no mercado coisa em torno de R$ 1,1 trilhão. É algo maior do que o PIB de Portugal. Esse segmento é uma base que precisa ser preservada. Isso significa que temos que começar esforço no sentido de dar mais transparência ao consumidor, na propaganda. Para que ela (classe C) saiba o que é o preço e o que é juro pago", disse.

Juros escondidosPara o economista, Laudeir Frauches, um grave problema é a percepção de que existe compra a prazo sem juros. "Vemos muito, no Brasil, a expressão ?sem juros?. Isso é dito como se fosse possível alguém emprestar dinheiro sem cobrar por ele. Afinal, quando há uma compra, alguém está disponibilizando para o consumidor um valor por algum período".

Outro ponto que pode deixar o brasileiro com orçamento no vermelho é falta de planejamento. "Juro é o preço da impaciência. Antes de fazer uma compra, responda a três perguntas: você precisa do objeto? Tem dinheiro para a compra? Precisa comprar agora? Se a resposta para as três perguntas for sim, feche negócio"
Conheça seus direitos
Abuso
É possível verificar se o cidadão foi vítima de juros abusivos. No entanto, isso não é tão simples, já que não há uma tabela com os valores que podem ser cobrados no Brasil.

Justiça
Há consumidores que entram com ações judiciais por não conseguirem pagar a dívida. A Justiça entende, em muitos casos, que apesar de as taxas serem pactuadas no contrato, são abusivas. Mas isso é analisado caso a caso.

Oferta de crédito
A Justiça avalia, em ações como essa, como é feita a oferta de crédito, ou seja, se ficou claro na oferta quanto o consumidor vai pagar e quais são as taxas. Uma resolução do Banco Central determina que toda instituição que oferece financiamento deve detalhar como será a apresentação dos juros.

Como reclamar
A primeira porta pode ser o Procon. Para isso, é interessante ter em mãos todos os extratos de pagamento e o contrato. Além disso é válido levar a oferta de crédito, ou seja, a forma como você chegou a essa instituição. Nos Procons há setores de cálculo, que vão detalhar os juros e saber se são os que estão no contrato.

Fonte: Lorena Tamanini, advogada especialista em defesa do consumidor.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

GASTOS DO GOVERNO SÃO PREOCUPANTES.

As contas do governo federal mostram que nem sempre o discurso tem casamento perfeito com a prática. A aplicação dos recursos públicos está longe do desejável.
O governo prometeu reduzir despesas improdutivas (com a burocracia) de forma a ter dinheiro no orçamento para investir mais em obras e em serviços. Boas intenções, sem dúvida, mas, a realidade tem sido outra. Nos cinco primeiros meses de 2011 (dado disponível mais recente), os dispêndios da União com salários atingiram R$ 73,2 bilhões ? crescimento de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse percentual também chama a atenção porque é três vezes maior do que a inflação de 3,7% acumulada de janeiro a maio, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Nos mesmos cinco meses, os investimentos do governo em obras e serviços cresceram muito acanhadamente. Conforme números oficiais, R$ 16,9 bilhões foram repartidos para uso em duas áreas: infraestrutura (aeroportos, portos e rodovias) e serviços (nos setores de saúde e de educação, entre outros). Significa acréscimo de apenas 1% em relação a R$ 16,7 bilhões destinados para as mesmas finalidades em igual período de 2010.

As duas contas - a da folha de pagamento dos servidores e a dos investimentos - deixam claro que os recordes mensais na arrecadação de impostos federais não se convertem na devida proporção em benefícios para a sociedade. Primeiramente bancam o crescimento do custeio da máquina burocrática, cada vez maior.

Ainda assim, a União divulga propaganda sobre sua gestão financeira. O superávit primário (economia que o governo faz para pagar juros de sua dívida) virou peça de marketing. É que no acumulado do ano, até maio, esse saldo atingiu R$ 64,8 bilhões, o que representa o cumprimento de 55% da meta de superávit para todo o período de 2011, que é de R$ 117,9 bilhões. A mensagem que o Palácio do Planalto quer passar com esses números é que o ajuste fiscal está sendo bem sucedido.

Mas o outro lado da moeda não aparece na propaganda governamental. O recorde no superávit primário não é suficiente para saldar a despesa total de juros da dívida pública. No acumulado do ano até maio, o pagamento de juros somou R$ 100,7 bilhões. É o pior resultado para o período.

A diminuição desse ônus permitiria à União aplicar volumosa quantia para restaurar e construir novos equipamentos de infraestrutura e para atender melhor à população em demandas essenciais como educação, saúde, habitação transporte, segurança, etc.

O quadro dos gastos federais aponta duas necessidades: redução da emissão de papéis e dos juros, visando a amenizar a dívida pública, e vontade política para cortar despesas de custeio

Fonte: A Gazeta

sexta-feira, 22 de abril de 2011

EFEITO DUVIDOSO.

Ninguém duvida de que os juros são a principal ferramenta do Banco Central, quando ele resolve desaquecer a economia. É um clássico remédio anti-inflacionário. Mas até que ponto funciona? Essa é a discussão que renasce, provocada pelo novo aumento da Selic que chega a 12% ao ano. É maior taxa desde março de 2009, quando cravava em 12,75%. Ou seja, estamos pegando parelha com o passado. O argumento é evitar um cenário muito mais triste, também do passado: o de inflação alta.


Com a Selic a 12%, os juros reais atingem 6,2% ao ano. Nem é necessário repetir que são os maiores do planeta. Quase três vezes maiores do que a taxa de 2,2% praticada na Turquia, a segunda do ranking. Em terceiro lugar está a Austrália, com 2%. E daí? Essa é uma liderança no mínimo incômoda para o Brasil. O preço é a atrofia do crescimento econômico. As expectativas sobre o PIB em 2011 vão definhando, e a inflação, alvo dos juros, continua firme. O INPC, termômetro usado pelo governo para definir a meta inflacionária de cada ano, subiu 6,3% nos últimos 12 meses. Enquanto isso, a Confederação Nacional da Indústria reduziu de 4,5% para 3,5% a previsão de crescimento do PIB em 2011. E elevou de 5% para 6% a expectativa para a inflação neste ano. Ainda segundo a CNI, o PIB industrial deve aumentar 2,8% em 2011. A previsão divulgada em dezembro último era de 4%.

Então, sobram preocupação, insatisfação e críticas à política monetária em curso. Reclama-se de pouco esforço fiscal para ajudar a política monetária no combate à inflação. O corte de R$ 50,1 bilhões ao longo do ano, em despesas previstas no Orçamento, é muito pouco para remediar a gastança de 2010. A esse respeito o Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) emitiu uma nota com alto teor de acidez. O texto assinala que "o novo aumento da taxa básica de juros expõe a carência de uma política fiscal que contribua para conter a inflação e a persistente apreciação cambial. Em um cenário que combina elevada liquidez internacional com expressivos diferenciais de juros e crescimento econômico, a redução dos gastos públicos é o único remédio para esses males. No entanto, o comportamento das contas públicas é desanimador. A opção de arrefecer os aumentos dos preços exclusivamente através da política monetária, além de limitar a geração de empregos, comprometer o crescimento econômico e privilegiar as importações, dificilmente será exitosa."

Como um comentário puxa outro, vale registrar a análise da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Para essa entidade, o aumento da taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual (de 11,75% para 12%), terá pouco impacto nos juros das operações de crédito.

De acordo com as simulações feitas pela Anefac, a taxa média das operações para os consumidores, hoje em 6,78% ao mês, deve aumentar apenas 0,02 ponto percentual, chegando a 6,80%. Já entre as taxas para as pessoas físicas, os juros do cartão de crédito devem subir de 10,69% ao mês para 10,71%. De fato, não é um avanço que assusta o consumidor determinado a comprar. Mas não se deve duvidar de novas medidas, talvez no campo dos impostos, visando a retrair as compras a prazo.

Fonte: A Gazeta - Angelo Passos

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

JUROS SÃO MANTIDOS NA VIRADA DO ANO.

A era Lula termina com a taxa básica de juros a 10,75% ao ano - a mais elevada do mundo, em termos reais. A Selic foi mantida nesse patamar na reunião realizada ontem pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, a última presidida por Henrique Meirelles.


O período Lula deixa uma lição muito clara para o governo de sua dileta sucessora: os juros elevados não são suficientes para garantir ao país ter a inflação tão baixa quanto desejado. É preciso fazer mais. A política fiscal (em relação aos gastos do poder público) deve se casar com o manuseio dos juros e, de modo mais amplo, com a política monetária. Assim, serão melhores os efeitos do combate à inflação.

Apesar da Selic a 10,75% e de aumentos nos depósitos compulsórios recolhidos pelos bancos à autoridade monetária, o período Lula termina com a inflação oficial, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), próxima a 6%. A estimativa do mercado financeiro é de que atingirá 5,78% ao longo de 2010, conforme o relatório Focus - pesquisa semanal realizada pelo Banco Central. Está longe do centro da meta, que é 4,5%, apesar de se situar no intervalo de tolerância.

O presidente da República que agora se despede chegou a permitir que a Selic atingisse 26,5% no primeiro trimestre de 2003 para controlar a inflação. Na verdade, desde que assumiu o governo, Lula demonstrou consciência de que a estabilidade econômica era o principal legado recebido do antecessor. Não mediu esforços - inclusive políticos, enfrentando críticas sobre o conservadorismo da política monetária -, para manter essa condição. Acertou. A economia estável foi o alicerce do sucesso de sua gestão.

Deve ser lembrado também que a pilotagem precisa da política monetária, em combinação com renúncias de impostos, permitiu ao país arrefecer os efeitos da crise econômica mundial de 2008/2009. Ou seja, o Brasil saiu-se muito bem em cenário de dificuldades, mas ainda não conseguiu sair da armadilha dos juros elevados. Inclusive, a remuneração generosa aos investimentos financeiros está contribuindo para apreciação do real.

Espera-se que no governo Dilma Rousseff o país inaugure novo paradigma em termos de despesas governamentais harmonizadas com os instrumentos de política monetária.

Governo Lula termina com inflação anual próxima a 6%, apesar dos esforços do Banco Central para cumprir a meta de 4,5%. O compulsório deve encarecer o crédito em 2011

Mercado financeiro espera novo aperto na política monetária logo no início do governo Dilma. Também há expectativa de ajuste fiscal atingindo vários ministérios

Editorial de A Gazeta.