Eduardo Kattah de Belo Horizonte, Vera Rosa de Brasília – O Estado de S.Paulo
Dispostos a adiar ao máximo a definição do candidato da base aliada ao governo de Minas, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, e o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, disputaram ontem uma prévia no PT e endureceram o tom contra o PMDB. Patrus criticou a política da “moeda de troca” e Pimentel rejeitou “ultimatos”.
O novo enfrentamento irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contrariado, Lula mandou avisar os dois de que quer o impasse resolvido até o fim deste mês. Para ele, a “novela” em Minas já começa a atrapalhar a campanha da petista Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.
A prévia foi convocada pelo PT para a escolha do candidato ao Palácio da Liberdade. Para garantir o apoio do PMDB a Dilma, porém, Lula concordou em ceder à principal reivindicação do partido, que pede a cabeça da chapa para o senador Hélio Costa. Na composição desejada pelo Planalto, o PT fica com uma vaga ao Senado, além da vice.
“Na história do Brasil e do PT, Minas Gerais nunca foi tratada como moeda de troca”, desafiou Patrus, que largou na frente. Na primeira apuração parcial dos votos, contabilizadas as urnas de 97 dos 605 municípios, Patrus liderava a consulta com 51,60% (3.026 votos). Pimentel tinha 48,40% (2.835 votos).
O esforço do Planalto para o acordo em Minas tem fator adicional: trata-se do segundo colégio eleitoral do País, hoje administrado pelo PSDB. Detalhe: o candidato do PSDB, José Serra, está bem à frente de Dilma na região Sudeste.
Amigo de Dilma e um dos principais coordenadores de sua campanha, Pimentel disse não haver motivos para preocupação e garantiu que a petista terá “palanque único” no Estado.
Lula já deu sinal verde para o Diretório Nacional do PT intervir na seção mineira, caso o partido não se entenda com Costa. Quer solução rápida porque o PMDB promoverá um megaencontro no próximo dia 15 para anunciar o aval a Dilma e apresentar o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), como vice da chapa. O governo está de olho no tempo de TV do PMDB.
“O meu querido amigo Hélio Costa não tem condições de dar ultimato ao PT”, provocou Pimentel. “Ele sabe que não pode fazer isso e não o fará.”
O nome do vencedor da prévia sairá hoje, mas terá de passar pelo crivo do encontro estadual do PT, de 21 a 23 deste mês. A ideia, porém, é ganhar tempo e empurrar a definição do candidato até junho para cansar o PMDB e fazer o partido desistir do plano de eleger Costa à cadeira ocupada por Antonio Anastasia (PSDB).
Nenhum comentário:
Postar um comentário