sábado, 4 de setembro de 2010

O CHEFE. CAPITULO 3.

2006 Ivo Patarra

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O Chefe, por Ivo Patarra








Ele não tem responsabilidade como liderança?


– Isso é uma pergunta que tem de ser dirigida a ele. Eu não vou responder por ele.
Menos de duas semanas depois, foi a vez de Lula conceder entrevista. Ele falou ao programa Roda Viva, da TV Cultura:
– Feliz o país que tem um político da magnitude do Zé Dirceu.
Em outro momento:
– Qual a acusação que existe contra o Zé Dirceu?
Outra entrevista perigosa para o presidente. O entrevistado agora foi Silvio Pereira, o ex-secretário-geral do PT. Silvinho falou à Folha de S.Paulo, em 2 de outubro de 2005:
– A minha responsabilidade não é diferente da de nenhum outro dos 21 membros da executiva nacional do PT. O nível de decisão que eu tinha não era diferente do de nenhum dos 21 membros da executiva nacional do PT.
Silvinho evitou citar nomes:
– Eu assumo a responsabilidade como membro da direção do PT, em que pese a direção do PT ter realmente a noção do que estava acontecendo. Ninguém é hipócrita de achar que não sabia que existia caixa 2. Qual membro da direção do PT não sabia disso?
O repórter perguntou se o então presidente do partido, José Genoino, sabia do esquema de caixa 2. Palavras de Silvinho:
– Eu pergunto: qual o membro da alta direção do PT que não poderia supor que pudesse existir?
Silvinho foi afastado do PT ao admitir que ganhou um jipe Land Rover de presente de uma fornecedora da Petrobrás.
Um fardo pesado para Lula, o caso Santo André. Em 23 de novembro de 2005, a empresária Rosângela Gabrilli depôs à CPI dos Bingos. Trouxe à luz meandros do esquema de corrupção engendrado na administração do ex-prefeito Celso Daniel.
A irmã dela, Mara Gabrilli, pediu ajuda diretamente a Lula. esteve no
apartamento do presidente em São Bernardo do Campo (SP), e conversou com ele por 20 minutos. Descreveu um quadro de extorsão contra prestadores de serviços à Prefeitura, como a empresa da família dela. Lula ficou de “averiguar e tomar providências”. Desabafo de Mara, confirmando o depoimento da irmã:
– Ninguém fez absolutamente nada. Nunca tive uma resposta.
Chamada a depor na mesma CPI dos Bingos, Mara revelou novas informações sobre o encontro com Lula. Na ocasião, contara ao presidente que Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava envolvido no esquema de corrupção. Também o acusavam de mandar matar Celso Daniel. Durante a reunião de Mara com o presidente, Lula virou-se para os três assessores que o acompanhavam no apartamento, para dizer:
– Nossa, eu achei que o Sérgio Gomes já estava muito longe.
Como sempre, Lula não sabia o que se passava. Conveniente. O incrível é que o tal Sombra não saía do noticiário dos jornais. Vivia prestando depoimentos a CPI, Ministério Público e Polícia Civil. Como poderia estar “muito longe”? O presidente seria tão desinformado?
Lula não tomou providências para resolver o problema em Santo André, conforme se comprometera. Ao invés disso, a família de Mara passou a sofrer pressões.
Ela explicou à CPI o que aconteceu após a conversa em São Bernardo do Campo.
Referiu-se ao ex-vereador Klinger Luiz de Oliveira (PT), um dos acusados de envolvimento no esquema de corrupção:
– Ocorreu justamente o contrário. Klinger soube, reclamou, e dias depois uma comissão de sindicância da Prefeitura se instalou na nossa empresa.
Além de Santo André, a crise política teve outra ramificação importante em Ribeirão Preto (SP), terra de Antonio Palocci. Irromperam sucessivos indícios de condutas inadequadas e corrupção na cidade, na época em que a administração municipal estava sob o comando do prefeito Palocci. Apesar da gravidade das denúncias que só se avolumavam, Lula fez reiteradas defesas do seu ministro da Fazenda.
Quanto mais clara a participação de Palocci na malversação dos contratos de limpeza pública de Ribeirão, mais manifestações de Lula a elogiar o ex-prefeito. Como justificar a defesa intransigente dos procedimentos de alguém cujo envolvimento nas falcatruas ficava cada dia mais evidente? O noticiário era farto: inquéritos, provas documentais e testemunhas. Principalmente os depoimentos do advogado Rogério Buratti. Ele manteve ligações estreitas com o PT, mas decidiu contar o que sabia para melhorar sua situação na

Justiça. Por que, então, a solidariedade a Palocci? Aparentemente, só há uma explicação. Palocci sabia demais. Impossível Lula simplesmente demiti-lo e mandá-lo de Brasília de volta a Ribeirão. Palocci era uma pedra no sapato do presidente. Ao admitir a hipótese de impeachment de Lula, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, falou da proximidade do presidente com Luiz Gushiken, outro integrante do “núcleo duro” do Planalto. Busato tratou do caso Visanet, ou seja, do dinheiro da publicidade do Banco do Brasil que, de acordo com as investigações da CPI dos Correios, acabou desviado para o PT:
– A revelação de repasses de verba de publicidade da Visanet, ligada ao Banco do Brasil, a agências de Marcos Valério, e de distribuição a parlamentares sempre em épocas apropriadas ao governo, atingiu mortalmente o coração de Gushiken. E, ao atingir Gushiken, atinge Lula, na medida que o presidente não tomou nenhuma atitude para afastá-lo do governo. É prova inconteste de que Lula sabia exatamente de todo o esquema e estava de acordo com a sua existência.
Busato não tem dúvidas:
– A participação de Lula é absolutamente baseada pela proximidade de quem sempre foi confidente e grande amigo de Gushiken. O ex-ministro realmente comandava toda a área de comunicação do governo federal, onde havia um desvio de dinheiro público para atividades partidárias e delituosas no sentido de corromper o Congresso Nacional.
Em 17 de janeiro de 2006, mais evidências de que o presidente sabia muito bem o que se passava à sua volta. Gente muito próxima de Lula estava exposta a denúncias de corrupção, com amplo conhecimento de Lula. Em depoimento à CPI dos Bingos, voltou à cena o economista Paulo de Tarso Venceslau. Ele pôs o dedo na ferida.
Declarou que enviou uma carta diretamente a Lula, em 1995, para relatar as peripécias do amigo e compadre do presidente, o advogado Roberto Teixeira. Na década de 80,
Teixeira emprestou um imóvel para Lula morar, em São Bernardo do Campo. Teixeira representava uma empresa que vivia batendo nas portas de prefeituras do PT para obter contratos sem licitação, com base “em notas falsas e rasuradas”. Apesar de informado, Lula nada fez. Como se vê, a coisa vinha de longe.
Insatisfeito na época, Venceslau procurou o senador Aloizio Mercadante (PTSP), sempre muito próximo de Lula. Reação de Mercadante ao ler a carta endereçada a Lula, segundo a descrição não desmentida de Venceslau:
– Ele ficou chocadíssimo e disse: “Isso é nitroglicerina pura”. Mas não fez nada. Afirmava que tentava sem conseguir. O silêncio continuou.
Pergunta-se: como “tentava e não conseguia”? Mercadante tinha acesso privilegiado a Lula. Em 1994, por exemplo, foi candidato a vice-presidente quando Lula tentou chegar ao Palácio do Planalto pela segunda vez. Se Mercadante tentou e não conseguiu afastar Teixeira do PT, a resistência foi do próprio Lula. Não há outra hipótese. Venceslau também contou tudo a frei Betto, outro amigo histórico de Lula.
Frei Betto dirigiu-se assim a Venceslau:
– Se o Lula souber que alguém está conversando com você, ele jura que aquela pessoa vai ser decapitada do partido. Lula protegia o esquema suspeito de corrupção, engendrado por seu compadre.
Ressalte-se que isso ocorreu em 1995. Desde 1993 Venceslau vinha denunciando Teixeira. Na época, Venceslau era secretário de Finanças de São José dos Campos (SP), cidade cuja prefeita era Ângela Guadagnin (PT-SP). Ângela foi ouvida depois do depoimento de Venceslau. Ela admitiu outra acusação, a de que Paulo Okamotto, homem de confiança do presidente Lula, percorria prefeituras do PT na década de 90. Okamotto ia atrás de listas de fornecedores das administrações. De posse dos nomes das empresas, ia a campo pedir dinheiro a quem mantinha contratos com os governos do PT. Ângela é outra estrela do PT que teve papel importante nos desdobramentos do escândalo do mensalão. Ela admitiu:
– O que fica desse episódio é que se conhecia o esquema de arrecadação paralela há muito tempo, desde 1993. A coisa é anterior. Em 1989, a primeira eleição para presidente disputada por Lula. Ele mesmo, pessoalmente, pediu à então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, um esquema que alterasse a ordem cronológica dos pagamentos a empresas contratadas para fornecer bens e serviços à administração municipal. Naquele final da década de 80, vivíamos tempos de nflação galopante. Receber antes do prazo estipulado, portanto, permitiria fazer aplicações financeiras que renderiam bom dinheiro. Quem fosse contemplado com o benefício retribuiria à altura, com transferências generosas de dinheiro para o caixa 2 do PT. Luiza Erundina resistiu. Em 1998, Lula foi candidato a presidente pela terceira vez. Em 9 de fevereiro de
2006 depôs ao Ministério Público um ex-secretário de Habitação de Mauá (SP), de nome Altivo Ovando Júnior. Em 1998, aquela cidade da Grande São Paulo estava sob comando do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT). De acordo com o depoimento de Altivo Ovando Júnior ao Ministério Público, Lula pressionou por dinheiro para financiar a sua campanha eleitoral:
“O declarante se recorda de que, no pleito de 1998, o presidente Lula compareceu no gabinete do prefeito de Mauá, oportunidade em que, utilizando termos chulos, cobrou de Oswaldo Dias maior arrecadação de propina em favor do PT.” Durante o depoimento, foi reproduzida frase atribuída a Lula: “Ele dizia: ‘Pô, Oswaldão, tem que arrecadar mais, faz que nem o Celso Daniel em Santo André. Você quer que a gente ganhe a eleição como?’” Naquele ano, Lula voltou a perder, pela terceira vez consecutiva. Mas, em 2002, disputou e foi eleito presidente. Passou a despachar no gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto. Após mais de três anos, fica difícil acreditar que não soubesse o que acontecia na sala bem ao lado de seu gabinete, ocupada durante parte daquele período de turbulência pelo superministro Antonio Palocci. E ali se urdiu a conspiração contra o caseiro Francenildo Costa. O rapaz havia desmascarado Palocci. Contestou as mentiras do ministro. Palocci procurava um meio de negar o impossível, o fato de ter sido um freqüentador da “casa dos prazeres”. A mansão fora alugada em Brasília pela “república de Ribeirão Preto”, como ficou conhecido o grupo de colaboradores do então ministro, e costumava ser reduto para festas com garotas de programa. Lula participou ativamente da tentativa de blindar Palocci. O presidente teria tramado o recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender o depoimento de Francenildo à CPI dos Bingos. As investigações sobre o caso mostraram que Lula fora avisado pessoalmente da ordem de Palocci para que violassem o sigilo bancário do caseiro. Jorge Mattoso, o presidente da Caixa Econômica Federal, avisou-o em 24 de março de 2006. A rigor, Lula já recebera informações a respeito em 20 de março, quando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, relatou ao presidente o envolvimento de Palocci na quebra do sigilo. Palocci foi afastado em 27 de março, uma semana depois. Naquele momento, não havia mais jeito de desvinculá-lo do crime. Durante todo o escândalo, Lula deu uma de quem não sabia de nada. Ao mesmo tempo, participava de toda a operação abafa.
No auge da crise, em 23 de março, houve uma reunião na casa de Palocci. A revista Veja relatou que um sindicalista nomeado por Lula na vice-presidência da Caixa Econômica Federal fora escolhido para subornar algum funcionário da Caixa, com R$ 1 milhão. A idéia era encontrar alguém para assumir a violação do sigilo. O tal sindicalista, Carlos Augusto Borges, é homem de confiança de Lula. Será possível que o presidente não soubesse da missão de Borges? Ou, ao contrário, teria sido exatamente o presidente quem o designara para pilotar a operação de suborno? Tudo indica que Lula considerava sua obrigação fazer tudo o que estivesse ao alcance para salvar Palocci, que tantos serviços prestara desde a campanha eleitoral de 2002. Sabe-se que, depois da reunião na casa de Palocci, o ministro da Fazenda e Bastos foram se encontrar com Lula no Palácio do Planalto.
Em 16 de abril de 2006, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, concedeu entrevista à Folha de S.Paulo. Ele reproduziu as palavras de José Dirceu ao procurá-lo na véspera da votação do processo que cassou o seu cargo de deputado. Dirceu queria o apoio de Garotinho para não perder o mandato. Disse assim:
– Saiba que tudo o que fiz, tudo, fiz porque o Lula mandou. Você acha que ia mandar bloquear o dinheiro do Rio e o Palocci iria obedecer? Todo político tem alguém que faz o lado mau. Estou pagando agora por ter feito o lado mau. Publicada a entrevista, o comentário do ex-deputado Dirceu, devidamente cassado, sobre a declaração de Garotinho:
– Não vou bater boca com ele. Informações que vieram a público e não foram desmentidas, durante a segunda quinzena de abril de 2006. As notícias dão conta de que Dirceu, depois de cassado, continuou a se reunir com Lula e integrantes do governo federal. Foi incumbido de missões estratégicas, como a de se encontrar com o ex-presidente Itamar Franco, com quem Lula tentava uma aproximação política.
Se Lula manteve relacionamento nos porões da política com Dirceu, era falácia o discurso do presidente de que fora apunhalado pelas costas, no escândalo do mensalão. Afastar Dirceu de seu governo teria sido só um jeito de manter as aparências. Dirceu pagou caro. Foi cassado justamente por ter sido apontado como o responsável pelo esquema de corrupção. Apenas o operava. Vê-se agora que Lula não interrompeu a parceria com Dirceu. Não foi traído, portanto.
Este livro é um empenho pela memória. Tantos os caminhos da corrupção, dos personagens corruptores e corrompidos, que ao longo dos 403 dias de crise, esquecemos, nos cansamos, ficamos anestesiados, descrentes. Temos de lembrar. Lembrar para não repetir.
Lula não queria a verdade. Não a quer. O chefe de tudo foi, desde o início, como se verá no dia-a-dia dos acontecimentos, o próprio presidente Lula.

Dia n°1 –14/5/2005 A revista Veja chega às bancas de jornal. Traz a reportagem “O homem-chave do PTB”. Transcreve trechos de uma fita de 114 minutos de duração, filmada e gravada por dois homens. O interlocutor deles, Maurício Marinho, chefe do departamento de contratação e administração de materiais da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), não sabe que uma câmara oculta registrava todas as suas palavras.
O repórter Policarpo Júnior, em Veja, descreve a cena em que Marinho pega de um suposto empresário a propina – um maço de R$ 3.000,00 – e, sem conferi-lo, coloca-o no bolso esquerdo do paletó. É uma “aula de corrupção”, afirma o repórter, que em outro trecho se refere aos “políticos desonestos que querem cargos apenas para fazer negócios escusos – cobrar comissões, beneficiar amigos, embolsar propinas, fazer
caixa 2, enriquecer ilicitamente. Quem tem intimidade com o poder de Brasília sabe que esses casos não são a exceção – e em alguns bolsões de corrupção são até mesmo a regra”.
O flagrante vai para o noticiário dos telejornais. As imagens chocam. Mostram Marinho, inspirado, que desanda a conversar. Conta detalhes dos bastidores políticos do governo do presidente Lula. O funcionário acha que está trocando idéias com dois empresários interessados em vender equipamentos de informática à estatal federal. Marinho vai logo dizendo: é preciso fazer “um acerto” para se tornar fornecedor dos Correios. De várias formas:
– Dólares, euros, tem esquema de entrega em hotéis. Se for em reais, tem genteque faz ordem de pagamento, abre conta. Marinho tranqüiliza os interlocutores quanto ao perigo:
– A gente procura agora ter muito cuidado com telefone, falar o mínimo possível. E mais o seguinte:
– Uns têm escritório, a gente vai direto no escritório. Para evitar conversa, para evitar problema.
Acena: “os acertos” variam de 3% a 10% do total. Depende do negócio. E podem ser feitos no final do dia, ali mesmo, nos Correios:
– Vamos conversar mais ou menos às 18, depois das 18, que acabou o expediente e o pessoal vai embora. Fica só a secretária, depois vai embora também e acabou. Agora, o mais grave: o alto funcionário explica estar ali em defesa dos interesses do PTB. O partido, da base aliada do governo Lula, tem o deputado Roberto Jefferson (RJ) como presidente. Trechos da gravação:
– Nós somos três e trabalhamos fechado. Os três são designados pelo PTB, pelo Roberto Jefferson.
Mais um trecho:
– É uma composição com o governo. Nomeamos o diretor, um assessor e um departamento-chave. Eu sou o departamento-chave. Tudo que nós fechamos o partido fica sabendo.
A explicação:
– O novo diretor é da nossa agremiação. Quem vai cobrir a diretoria de tecnologia é o Fernando Bezerra, líder do PTB no Senado, com o apoio do Roberto Jefferson.
Sobre Jefferson:
– Ele me dá cobertura, fala comigo, não manda recado. E mais, sobre Jefferson:
– Eu não faço nada sem consultar. Tem vez que ele vem do Rio de Janeiro só para acertar um negócio. Ele é doidão. Na fita, Marinho revela que os achaques do PTB também ocorrem em outras empresas públicas. Cita a Petrobrás, a Eletronorte, a Infraero. Mas os negócios vão além:
– Nós temos outras 18 empresas de porte nacional. É sábado, mas Lula convoca os ministros das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB-CE), da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Na mesma noite, o ministro das Comunicações, a quem os Correios estão subordinados,
divulga uma nota oficial: afasta Marinho e o superior hierárquico dele, Antonio Osório Batista, diretor de administração. Batista é um ex-deputado do PTB da Bahia, integrante da direção executiva do PTB. Fora nomeado por indicação de Jefferson.
Reação do presidente do PT, José Genoino (SP):
– Essas coisas só não acontecem com o PT.

2 – 15/5/2005 Os telefones de Brasília não param de tocar. Auxiliares do presidente Lula, nervosos, conversam com líderes da base aliada. De outro lado, o PTB cobra apoio a Roberto Jefferson. Quer solidariedade do governo. A mesma que recebeu o ministro José Dirceu (PT-SP), em fevereiro de 2004. Na época, uma outra fita de vídeo captou imagens e a conversa do assessor e braço direito de Dirceu, Waldomiro Diniz. Ele pedia propina a Carlinhos Cachoeira, um empresário do jogo. Em troca, oferecia facilidades em negócios com o governo do Rio de Janeiro.
Detalhe: em 2004, Jefferson já recebera um aval de Lula. Ocorreu num encontro, em outubro, para tratar de uma denúncia grave. Nas eleições daquele ano, o PT teria comprado, por R$ 10 milhões, o apoio eleitoral do PTB. Frase atribuída a Lula na ocasião:
– Você atravessou o oceano sozinho. Eu te daria um cheque em branco e dormiria tranqüilo.

3 – 16/5/2005 O ministro José Dirceu (PT-SP) concede entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura. Afirma: o governo Lula “não rouba, não deixa roubar e combate a corrupção”. Rebate insinuações de fisiologismo:
– A indicação de pessoas de outros partidos não é prática fisiológica.
Dirceu se manifesta contra uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar corrupção nos Correios:
– O governo já tomou todas as providências que deveria tomar.
Na mesma linha, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), uma liderança importante do PT, trata de minar a criação da CPI. Para ele, o teor da fita com as cenas e as declarações de Marinho é “uma história mal contada, uma coisa esquisita, até ridícula”.
O jornal Folha de S.Paulo denuncia doações ocultas para a campanha política do PT, durante as eleições municipais de 2004. Conforme reportagem do jornal, o caixa da direção nacional do PT recebeu R$ 12,9 milhões vindos de várias empresas, principalmente empreiteiras e coletoras de lixo. O dinheiro foi repassado para candidatos do partido a prefeito, em várias cidades. A doação é oculta porque as empresas e os candidatos não se expõem. A verdadeira origem dos valores não é informada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Não consta da prestação de contas da campanha. Para o jornal, uma “situação ideal se a doadora for uma prestadora de serviços contratada por um administrador que está concorrendo à reeleição”.
A Folha cita como exemplo, entre outros, o caso da candidata a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). Ela concorria à reeleição e declarou ter recebido apenas R$ 100 mil da empresa Qualix Ambiental, de coleta de lixo. Os documentos entregues pelo próprio PT nacional, porém, mencionavam a doação de R$ 600 mil. A Qualix era contratada do governo da ex-prefeita Marta Suplicy. Prestava serviços de varrição e coleta de lixo em São Paulo. Entregou o dinheiro ao PT nacional, que o repassou ao diretório municipal do PT. A origem da doação foi atribuída ao partido. Na verdade, veio da empresa que mantinha contrato com a Prefeitura.

4 – 17/5/2005 Os principais jornais do país destacam a atividade da oposição que defende a instalação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção nos Correios.
Para o jornal O Estado de S. Paulo, em editorial, “o governo tem escassas condições morais para enfrentar às últimas conseqüências o novo escândalo na área federal”. O jornal sustenta que “dos 6 mil cargos de confiança cujos titulares o próprio governo admite já ter substituído – de um total disponível superior a 20 mil –, os jeffersonianos foram contemplados com cerca de 2 mil”.
Lula defende o deputado Roberto Jefferson em almoço com líderes da base aliada no Palácio do Planalto. Diz ser contra a CPI:
– Precisamos ter solidariedade com os parceiros, não se pode condenar ninguém por antecipação.
E insiste, para que todos ouçam, ao chamar para perto de si o líder do PTB, deputado José Múcio (PE):
– Zé Múcio, diga ao Roberto Jefferson que sou solidário com ele. Parceria é parceria. Tem de ter solidariedade. O Roberto Jefferson é inocente até prova em contrário. Quem tiver culpa no cartório que pague. Essa é a hora em que o Roberto Jefferson vai saber quem é amigo dele e quem não é.
Num discurso de 41 minutos no plenário da Câmara dos Deputados, Jefferson nega envolvimento em esquema de corrupção nos Correios. Diz que o PTB é tão ético quanto o PT. E ele, Jefferson, tão ético quanto o presidente do PT, José Genoino (SP). Rebate a acusação de que o PTB é fisiológico. Lista os cargos que tem no governo federal:

2 comentários:

  1. Mesmo que o Lula não soubesse de todos os escândalos que abalaram o seu Governo, já estaria incorrendo em culpa, devido a culpa "IN ELIGENDO" e culpa "in vigilando", ou seja, escolheu mal as pessoas que os cercavam e como tal, não as vigiou corretamente, dando no que deu!

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