quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

DILMA NÃO FEZ MAIS QUE SUA OBRIGAÇÃO

O momento não era propício a discursos inflamados, e o comportamento objetivo da presidente não deu margem a divagações políticas, mas pode-se dizer que, com sua passagem relâmpago por Vitória, ontem de manhã, Dilma Rousseff (PT) se esquivou de uma das principais armas que os adversários guardavam contra ela para 2014: a acusação de que abandonara o Espírito Santo durante o mandato.
Amarildo 

Foi a primeira vez que Dilma pisou aqui desde eleita. É verdade que a petista ficou pouco no Estado. Procede, também, que do alto, no helicóptero, não foi capaz de ter a real dimensão do que ocorre com a população. Mas num momento crítico como este, seria talvez esperar demais que algo além disso fosse feito.

Entre lideranças políticas, após sua partida, era recorrente a visão de que "Dilma quebrou o gelo" agindo como agiu. Demonstrou, ao mesmo tempo, não estar alheia à tragédia capixaba - muito embora as informações sejam de que, nos bastidores, ela foi praticamente "forçada" a vir - e deu um passo no sentido de aproximar o governo federal do estadual.

Dilma agiu como estadista. "Cumpriu o que o cargo lhe exige e fez uma visita institucional", avaliou o deputado federal Lelo Coimbra, presidente regional do PMDB. 

O governador Renato Casagrande (PSB) foi além. "Estamos vivendo uma situação inacreditável. Isso nos exige buscar olhar o lado bom de tudo e agarrar todas as mãos que puderem nos ajudar", considerou.

Entre caciques do PMDB, do PSB e do próprio PT, há relatos de surpresa quanto ao "formato da visita" presidencial. Dilma não deu espaço a sorrisos ou apertos de mão. Agiu sucintamente e, segundo lideranças presentes, sua reunião de trabalho com o governador e com prefeitos da Grande Vitória foi de uma "precisão cirúrgica".

"Não houve nenhum tratamento político. Dilma considerou a situação grave, disse que a ordem é salvar vidas e colocou a União, mais uma vez, à disposição do Estado. Foi protocolar", avalia um parlamentar.

Dado o momento de apreensão que o Espírito Santo vive, com chuvas a não finir e inúmeras vítimas - até ontem à tarde, somavam-se 14 mortes, com tendência de aumento desse número -, menorizam-se as cobranças não feitas, na ocasião, por tudo aquilo que Dilma e seu padrinho Lula já prometeram e não veio.

No mercado político, após a passagem da petista por aqui, dizia-se que um “acerto de contas” não deixou de ser feito, apenas foi adiado. “O ambiente de diálogo se criou, e se houver algum resultado positivo a ser apresentado, algum anúncio a ser feito, a presidente criou chão para pisar, afastando a acusação de omissão”, avalia um aliado do PT.

O momento não foi mesmo de cobrança. Nos moldes a que se propôs a vir, Dilma cumpriu com o mínimo. O "gelo" foi quebrado, ela sinalizou que se lembra dos capixabas e guardou para 2014 a chance de uma segunda visita. Esta sim, espera-se, com clima (em todos os sentidos) para que se acertem as contas que ficaram pendentes nos últimos anos.

Direto ao ponto

A presidente Dilma Rousseff (PT) não estava mesmo para gracejos, em sua visita ontem ao Estado. No sobrevoo que fez na Grande Vitória, não levou nenhum petista a bordo e nem sequer chegou perto dos militantes do PT, que se aglomeravam do lado de fora do hangar onde ela se reuniu com o governador Renato Casagrande (PSB).

Dress code

Para receber Dilma, o comandante da PM, coronel Edmílson Ribeiro, vestiu a roupa de gala da corporação, mas não precisou nem cumprimentá-la na descida do helicóptero. Já o prefeito Luciano Rezende (PPS), de Vitória, desfilava com um colete da Defesa Civil pelo aeroporto. O modelito foi copiado, em seguida, por Casagrande e pela presidente.

Sobrevoo de verdade

Assim que se despediu de Dilma, Casagrande decolou no helicóptero da PM. Foi a Colatina e sobrevoou Itaguaçu. “Não tem jeito de ter Natal como sempre tivemos. Temos que ter é saúde para encarar essa tragédia”, desabafou.

Mangas arregaçadas

Em Colatina, o prefeito Leonardo Deptulski (PT) fez com que os servidores trabalhassem durante todo o dia de ontem, quando uma encosta deslizou, o Rio Doce transbordou e a cidade se transformou em caos. A prefeitura anulou o decreto que estabelecia a véspera de Natal como ponto facultativo.

Falta ajuda

Nenhum outro Estado enviou donativos ou ofereceu ajuda ao Espírito Santo, no socorro às vítimas
das chuvas

Boa ação

A Assembleia Legislativa destinou R$ 5 milhões remanescentes no caixa de 2013 para o Executivo. O dinheiro deverá ser empregado em auxílio a vítimas das chuvas no Estado. 


Fonte: Praça Oito, A Gazeta


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