Dupla face – O rompante de valentia de José Eduardo Martins Cardozo, ministro da Justiça, durou pouco. E o tempo extra se deveu a um ordem da presidente Dilma Rousseff, que exigiu que seu assessor reagisse às ruidosas e procedentes críticas do PSDB, alvo de uma grosseira fraude em documento sobre suposto cartel formado pela Siemens para fornecer material metroferroviário ao Metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Nesta terça-feira (3), ao participar, na condição de convidado, da audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre a atuação da Polícia Federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nas investigações sobre o tema, Cardozo mais uma vez negou o uso político de ambos os órgãos e disse que cabe a ele prezar pela “isenção”.
“São órgãos republicanos, independentemente do partido que dirija e cabe ao ministro da Justiça zelar para que isso ocorra”, disse o petista. “O ministro da Justiça não pode ser engavetador de denúncias. Não esperem de mim um comportamento juridicamente repreensível”, completou José Eduardo.
Na última semana, quando a polêmica possivelmente alcançou seu ápice, a oposição chegou a pedir a demissão do ministro, que foi acusado de usar o cargo para atacar políticos tucanos e desviar o foco das prisões dos condenados no processo do Mensalão do PT. A reação oposicionista ocorreu após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar o conteúdo de um relatório escrito pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, que no texto afirma ter provas de caixa 2 do PSDB e do DEM e cita propina ao chefe da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin, o tucano Edson Aparecido.
Durante a audiência no Senado, José Eduardo Cardozo disse que o comando da investigação é da Polícia Federal. A declaração foi uma resposta ao senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e que na última semana disse que Cardozo não tinha “condições de liderar as investigações”.
O caso é tão escandaloso, que reprisá-lo chega a ser nauseante. O ex-diretor da Siemens garantiu que o documento, sem qualquer assinatura, não é de sua autoria, ao mesmo tempo em que negou as acusações contra políticos tucanos. Fato é que a denúncia em questão avançou e nas reticências surgiu a informação de que Rheinheimer teria pedido ajuda a Cardozo para conseguir um cargo na direção da mineradora Vale.
Considerando que o ministro da Justiça não pode ser “engavetador de denúncias”, José Eduardo Cardozo deveria estender essa fumaça de patriotismo e moralidade ao caso de Rosemary Noronha, a Marquesa de Garanhuns, que na próxima semana completa um ano sem que até agora a Polícia Federal tenha conseguido avançar na investigação do que pode ser o maior escândalo da era Lula.
O ex-presidente e agora lobista de empreiteira atuou escandalosamente nos bastidores para que sua amante – a afirmação é da própria Rose – não fosse alvejada pelas garras da Justiça, com medo de que a verdade de um governo corrupto viesse à tona.
Rose, que usava o nome de Lula para vender vantagens e praticar tráfico de influência a partir do escritório da Presidência, em São Paulo, voltou a morar no confortável apartamento localizado na Rua Treze de Maio, na região central da capital paulista. O que mostra que alguém impediu o trabalho de investigação da Polícia Federal.
Fonte: Ucho.Info
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