Tiberio Canuto e Antonio Sergio Martins – Pitacos-Políticos
O presidente Lula ultrapassou todas as fronteiras do bom senso. Chegou às raias da irresponsabilidade.
Não é possível que o chefe da Nação esqueça a importância do seu cargo e faça uma acusação tão irresponsável de chamar de “farsa” a agressão da qual foi vítima José Serra. Bem ao seu estilo populista, comparou o candidato ao goleiro chileno Rojas, que fingiu ter recebido um foguete na cabeça, no Maracanã, num jogo entre as seleções de futebol de seu país e do Brasil.
Diante da aberração que disse, Lula está na obrigação de denunciar Serra nas instâncias competentes, em decorrência de que teria estimulado a violência, criado uma fraude e de ser o responsável pela agressão à jornalista da TV Globo que recebeu uma pedrada. Mais do que isto: deve ir à Justiça Eleitoral para que impugne a candidatura de Serra, acusando-a de querer fraudar o processo eleitoral e introduzir o vírus da intolerância. No STF, o fórum dos candidatos à presidência, Lula deve denunciar o tucano por incitação à violência pública.
Se não fizer isto e se não provar o que afirmou, é Lula que estará na berlinda. O bumerangue cobrará seu preço.
Compete à oposição acionar rapidamente todos os meios legais para que o presidente arque com as consequências de sua irresponsabilidade. Não é possível que em um momento tão delicado da vida nacional, o presidente da República ignore o peso do seu cargo, sua liturgia e se ache no direito de afirmar o que bem entender, por se achar acima da lei.
Concretamente, o presidente da República assumiu o papel de insuflador de violência ao, mais uma vez, blindar seus companheiros do PT e encontrar uma desculpa esfarrapada para o ato insano praticado por uma horda fascista, comprovadamente formada por petistas, no Rio de Janeiro.
Nunca é demais repetir: violência gera violência. Esperamos que o outro lado – a militância oposicionista e seus partidos – mantenham o sangue frio e tenham nervos de aço. É hora de não se aceitar nenhuma provocação. Tudo o que o lulopetismo quer é que os tucanos deem o troco e respondam na mesma moeda. Seria o portal do paraíso para que Dilma venha a posar de vítima, para tentar virar o jogo.
A pregação do ódio e a irresponsabilidade do presidente desserve a democracia e nos faz desconfiar de que ele não tem tanta certeza da vitória da sua candidata, por mais que certos institutos de pesquisas turbinem os seus números.
Qual é a de Lula? Estimular um clima de confronto e de divisão entre brasileiros para, na hipótese de uma derrota, dizer que o resultado eleitoral não foi legítimo? Ou quer intimidar a oposição para que seus ativistas tranquem-se em suas casas e deixem as ruas livres para o proselitismo petista?
O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro não foi apenas uma agressão pessoal ao candidato José Serra. Foi uma agressão à Constituição e ao conjunto da legislação eleitoral. É assegurada a livre manifestação e o livre trânsito de todas as correntes nas disputas eleitorais, para que haja igualdade na disputa eleitoral, no caso, para Serra e Dilma, neste segundo turno.
A atitude de Lula opera para suprimir o direito constitucional da oposição. Com seu radicalismo está contribuindo, mesmo que não tenha plena consciência disso, para derramamento de sangue entre brasileiros. Desejamos, do fundo do coração, que estas linhas estejam pecando pelo exagero, fruto da indignação da hora.
Torcemos que a coisa não chegue a tanto e que a democracia brasileira seja suficientemente forte para que a etapa final da disputa presidencial aconteça em paz e em observância aos ditames do Estado de Direito Democrático.
O Brasil é maior do que Lula. Ele passa. A pátria fica. Lula queira ou não, os brasileiros decidirão, no segredo das urnas, a sucessão presidencial. O recado das urnas em 3 de outubro foi claro. A maioria dos brasileiros, que votaram em Serra e Marina, quer saber a que vieram as duas candidaturas. A normalidade do processo eleitoral, inclusive a livre circulação dos candidatos, é condição necessária para o cumprimento da vontade da maioria.
A paz vencerá, apesar de termos um presidente que, se não chegou às raias da loucura, afundou os pés no território da irresponsabilidade.
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