A mais recente edição do Mapa da Violência traz uma constatação perturbadora: o ES é o segundo Estado do país onde mais se mata jovens
Os jovens do Espírito Santo estão sendo exterminados. A constatação é do Mapa da Violência 2013 - "Homicídio e Juventude no Brasil", publicado esta semana. Os números do estudo apontam que o Estado é o segundo do país onde mais se mata jovens. Os índices são alarmantes: 115 homicídios/100 mil jovens, na faixa etária etária entre 15 e 24 anos. Como no ranking geral de homicídios, o Estado fica apenas atrás de Alagoas.
Para se ter uma ideia da gravidade do índices, a taxa capixaba é maior que a de El Salvador - país que ostenta a liderança absoluta entre os mais violentos do mundo nessa faixa etária.
Mas não é preciso ir tão longe para dimensionar os índices do Estado. Em São Paulo, por exemplo, a taxa em 2011, ano do estudo, foi de 20/100 mil, ou seja, quase seis vezes menor do que a taxa capixaba.
Os municípios da Grande Vitória concentram os maiores índices do Estado. Serra aparece no levantamento como o mais violento município do Estado e o décimo mais letal do país. São 244 assassinatos para cada grupo de 100 mil jovens. Comparada à média nacional (53/100 mil), a taxa de Serra é quase cinco vezes maior. Os outros municípios da região metropolitana registram taxas acima da média do Estado, que é de 115/100 mil
Quando o estudo analisa o assassinato de mulheres, nesta mesma faixa etária, os dados do Espírito Santo são ainda mais alarmantes. Com 21 homicídios/100 mil, o Estado lidera o ranking. Para se ter uma ideia da gravidade dos dados, o índice é quase o dobro do segundo colocado, Alagoas, que registrou 13/100 mil.
Mais impressionante ainda são as taxas entre o jovens negros - grupo mais vulnerável à violência. O Mapa da Violência aponta 144 assassinatos/100 mil na faixa etária entre 15 e 24 anos. No mesmo segmento etário, quando são analisados os dados dos brancos, esse índice cai para 37/100 mil.
O estudo traça também a evolução dos homicídios juvenis de 2001 a 2011. Os números da série histórica deixam evidente que as políticas públicas empregados no Estado foram nulas ou insuficiente para transformar essa realidade. Esse curva fica mais acentuada durante o governo de Paulo Hartung (2003 - 2010), que fez parcos investimentos na área social e efetivamente não se preocupou em atacar o problema.
O ano recortado no atual estudo, 2011 - primeiro ano do governo Casagrande -, revela que o socialista, que se propôs a fazer um governo de continuidade ao de Hartung, paga a conta da omissão do seu antecessor. Isso explica porque o governo do PSB está tendo tanta dificuldade para reduzir as taxas gerais de homicídios, que se tronam mais evidente justamente entre os mais jovens, os principais autores e ao mesmo tempo vítimas da violência.
Para tirar o Estado dessa perturbadora situação, o governo teria que aumentar consideravelmente os investimentos em políticas públicas e empreender programas sociais que consigam dar respostas eficientes ao problema.
Mas tudo isso leva tempo e custa dinheiro, muito dinheiro. Ainda mais considerando que ele teria que partir praticamente do zero. Recurso há, embora o governo prefira gastá-lo em outras áreas. Quanto ao tempo, a situação é mais complicada. Entrando do segundo semestre do seu penúltimo ano de mandato, Casagrande hoje já não teria tempo hábil para conceber e desenvolver programas que resgatem esses jovens, que estão sendo exterminados, de volta à sociedade.
Editorial do Século Diário
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