sexta-feira, 30 de novembro de 2012

OS MALEFÍCIOS DE UM VIRULENTO E RASTEJANTE MOLUSCO

Muita gente já ouviu falar na estória do Rei Midas, aquele que transformava em ouro tudo o que tocava.

O que seria uma dádiva para o ambicioso Midas reverteu - se num tremendo castigo, pois o infeliz rei não podia comer, beber água, e nada fazer senão agüentar o peso de suas desmedidas ambições.

Em nosso caso temos um molusco peçonhento e falastrão, que contamina, infecta, polui e corrompe tudo o que toca, graças a sua capacidade incontrolável de se multiplicar.

Alguns estudiosos especulam sobre o montante dos prejuízos que a sua virulência causou para o País.

Em geral, referem – se aos dados numéricos que levantam uma estimativa dos prejuízos financeiros e patrimoniais, que o desgraçado causou à Nação, por sua ação, influência ou omissão.

Quanto aos danos futuros, nem se arriscam, pois tudo é possível.

Evidentemente, apóiam - se em dados avaliados dos grandes desperdícios, das doações, dos maus negócios, das corrupções e de toda a sorte de danos que a má gestão e os seus interesses têm causado.

São especulações, pois sem bola de cristal, não podem saber dos desdobramentos que ações do verme podem e poderão causar.

Quanto aos aspectos morais, nem cogitam dimensionar.

Como exemplo, e muitos outros, que sem dúvida existem, temos o recente caso da “Dra Rose”.

A operação Porto Seguro, descortinou apenas mais uma contaminação do poderoso verme nativo. Bastou a descoberta do elenco de patifarias que a Gerente do Gabinete da Presidência da República em São Paulo patrocinou para somarmos aos prejuízos já conhecidos mais um leque de patifarias.

Ao levantar a tampa da panela, descobrimos como eles podem tudo. São gritantes as maracutaias realizadas para que o Dr. Paulo Rodrigues Vieira, Diretor de Hidrologia da ANA (Agência Nacional de Águas), fosse guindado ao cargo graças a uma forte pressão do molusco e a uma manobra patrocinada por José Sarney.

Tudo com a flagrante omissão ou com o aval do Congresso Nacional.

Tivemos uma pálida ideia de como atingir um fim com qualquer meio. É assim que vivemos, quando possível ou impossível, eles alcançam os seus objetivos, doa a quem doer.

Mas, certamente, como a “Dra Rose”, tivemos o Dirceu, teremos o Haddad, e sabe – se lá quantos mais, muitos a descobrir, e muitos que nunca serão descobertos.

Abordamos apenas os prejuízos financeiros, nem tocamos na devastação da moral, dos valores e da cidadania.

O montante dos malefícios que o Brasil herdará como adepto de um verme nunca será dimensionado, e muitas décadas deverão decorrer para que aquelas terríveis contaminações possam ser apagadas de nossa memória.

Como e quando será possível recuperar tamanho dano? Provavelmente, nunca.

No Brasil, ao contrário dos demais países, nunca tivemos as cruentas lutas internas ou mesmo sofremos as devastadoras invasões de outros países.

Assim, nestes aspectos, os nacionais nunca vivenciaram as devastações, as grandes pragas, a mortandade em massa, mas ao que parece, ao invés de guerras, de sangrentas revoluções, a desdita nacional foi ser o berço de um debochado crápula e de sua famigerada quadrilha.

O verme é o nosso castigo, durante quanto tempo, nunca saberemos, pois mesmo depois de sua extinção os seus malefícios deverão perdurar por décadas, quiçá por séculos.

Infelizmente, nosso futuro será incerto enquanto servirmos de pasto para a sanguessuga e a sua “cumpanherada”.
 
Valdir Fonseca Azevedo Pereira

AGORA, A ROSE E O LULA

Pois é… Vocês se deram conta das entrelinhas das reportagens? Uma assegura que Dilma teve de negociar com Lula a demissão daquela senhora. Outra informa que Gilberto Carvalho — o faz-tudo do Apedeuta no Planalto — teve de ser acionado porque a presidente sabia que o assunto poderia ser delicado. Outra ainda dá conta de que a funcionária era dotada de um temperamento difícil, que tinha de ser, não obstante, tolerado — e por que tinha? Uma quarta conta que, embora chefe do escritório da Presidência em São Paulo, acompanhara Lula em boa parte das viagens ao exterior…

Talvez seja o caso, então, de resgatar outro livro importante que ajuda a explicar a formação do Brasil: “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre. Na formação do Brasil, as, como posso chamar?, “relações ancilares” tiveram grande importância, não é?, especialmente no período colonial. Traços dessa outra expressão de informalidade parece que se misturam também à formação do estado, muito especialmente este aí, “modernizado”, como se vê, pelo petismo. Uma coisa é certa: foi preciso negociar com Luiz Inácio Lula da Silva a demissão da chefe de gabinete da Presidência em São Paulo mesmo com as gravações da Polícia Federal a indicar que mulher era elo numa quadrilha que operava no coração do poder.

Coisa grave, sim!

Parem um pouco para pensar. O esquema, segundo a apuração da Polícia Federal, envolve uma funcionária graduada da Presidência, o número dois da, atenção!, Advocacia-Geral da União (que representa os interesses da Federação) e diretores de agências reguladoras — justamente as agências!, que deveriam ser a expressão do estado árbitro entre os prestadores de serviços e a sociedade que paga por eles. Uma súcia, pois, estava instalada no coração do poder e operando a poucos centímetros, no que concerne ao aspecto funcional, de Dilma Rousseff. E algumas nomeações, como está claro, se fizeram para satisfazer a vontade do Babalorixá de Banânia. Lembro: Luís Inácio Adams, o número um da AGU, ainda pode ser considerado pré-candidato ao Supremo. A infiltração, segundo a PF, havia chegado até o número dois…

Pior: não foram os mecanismos de controle do Executivo que detectaram as ações fraudulentas. Não fosse o arrependimento — ou algo assim — de um dos beneficiários da tramoia criminosa, o grupo continuaria a operar sem temor nem perigo, como se percebe, certo de que detinha as boas garantias. Não por acaso, quando a Polícia Federal chegou, Rose teve uma ideia: telefonar para José Dirceu — a quem havia servido por 12 anos (originalmente, foi ele quem a apresentou a Lula) — para ver se algo poderia ser feito. Consta que o homem que quer “julgar o STF” nas ruas não atendeu.

Um desses tontolinos que andam por aí (se não for coisa pior) nos conclama a aplaudir o governo Dilma por conta da independência da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, ao qual o órgão é vinculado, porque leva adiante a operação… EU NÃO APLAUDO, NÃO! SOU UM HOMEM CONVENCIONAL. EU VAIO UM GOVERNO EM QUE ESSA GENTE TODA OCUPA CARGOS DE CONFIANÇA — E CARGOS DA MAIS ALTA RELEVÂNCIA! POR QUE EU APLAUDIRIA?

“Ah, Reinaldo, mas o governo não impediu a Polícia Federal de agir…”

Só faltava isso, não? Imaginem se ocorreria a alguém a sugestão de que Barack Obama poderia impedir uma investigação do FBI. Por que eu deveria aplaudir a independência da PF, atribuindo-a ao governo Dilma — pagando, pois, quando menos, um tributo moral à turma — SE A CONSTITUIÇÃO ME DÁ DE GRAÇA A INDEPENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL? Por que eu devo pagar por aquilo que é uma garantia constitucional?

Eu vaio, mas Dilma será aplaudida

É claro que algumas notícias já nascem com perfis, desenhados pela máquina de propaganda, pelo viés ideológico do noticiário, pelo espírito do tempo… Esse noticiário já veio à luz com a marca “Dilma não tolera a corrupção e demite mesmo”. Os nomes de Lula e Dirceu associados à turma da maracutaia não indisporão o eleitorado petista com a presidente e ainda servirão para despertar a simpatia em setores da sociedade refratários à dupla. Compreendo o mecanismo que leva a isso, mas não posso me esquecer de que à Presidência da República coube a nomeação da quadrilha.

Um grupo operando no coração mesmo do poder só nos informa a que distância estamos de uma República de fato e como é ineficaz responder a certos desafios com algumas feitiçarias legiferantes. A questão é mesmo de outra ordem. Mas isso fica para outro post, que este já foi longe.

A síntese é esta: mais um escândalo envolvendo “a mulher” e os homens de Lula é a evidência do “moderno” estado arcaico petista.

Reinaldo Azevedo

MANTEGA "ERROU FEIO"

Diário britânico critica medidas protecionistas e aponta que o México, um mercado mais aberto, está crescendo mais rápido que o Brasil

Ministro da Fazenda, Guido Mantega
Para Financial Times, as previsões de Mantega são 'desconcertantes' (Valter Campanato/ABr)
Em reportagem publicada na tarde desta quarta-feira, o jornal britânico Financial Times afirmou que o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre – com alta de apenas 0,6%, abaixo da expectativa do mercado e do próprio Banco Central – foi, no mínimo, frustrante. O diário destacou que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nacional ficou aquém do crescimento de todos os países emergentes e que o ministro Guido Mantega "errou feio". Duas foram as principais falhas do economista: em primeiro lugar, o fato de ter espalhado aos "quatro ventos" que a atividade estava em franca recuperação e, em segundo lugar, por ter afirmado a jornalistas, poucos dias antes do anúncio do IBGE, que o crescimento do PIB anualizado entre julho e setembro seria de cerca de 4%. "Os números apresentados hoje fazem com que as afirmações do ministro Mantega tenham um caráter desconcertante", afirma o FT.
O diário reconhece que há uma leve retomada em curso no país. "Em números anualizados, a economia está crescendo 2,4%", afirma. Contudo, a economia não está se recuperando num ritmo acelerado. "Talvez, Mantega tenha prestado excessiva atenção à projeção de PIB divulgada pelo boletim Focus, do Banco Central, em 14 de novembro, que previa um crescimento de 1,15% no terceiro trimestre – e uma taxa de crescimento anualizada de 4,6%", diz o jornal.
Protecionismo – O FT ainda apontou que o Brasil pode estar combatendo o inimigo errado ao criar inúmeras medidas protecionistas, como o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados e a fixação do Palácio do Planalto por enfraquecer o real. "Muito da retórica do governo tem foco na taxa de câmbio, com Mantega acusando os Estados Unidos de inflarem o valor do real contra o dólar por meio de uma política monetária expansionista. Mas economistas argumentam que muito mais precisa ser feito", afirma o FT. "Esse desempenho fraco abre espaço para a presidente Dilma introduzir medidas de urgência nas tão necessárias reformas que empurrarão o investimento em infraestrutura no país", acrescenta.
México – O jornal comparou novamente o desempenho do Brasil com o do México. "O México, por exemplo, tem uma economia muito mais aberta ao comércio internacional e está crescendo muito mais rápido que o Brasil." "É preciso ver o que o México fez em termos de contenção de custos", disse ao FT o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs. "Ao não conter gastos, o Brasil é precificado fora da economia global. O país não tem problema cambial, e sim um problema de competitividade", afirmou

"MEL NA CHUPETA"

O Estado de S.Paulo

É um novelo de desfaçatez este que se desenrola a partir da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal (PF). A sem-cerimônia com que se comportaram os já famosos "bebês de Rosemary", isto é, os funcionários apadrinhados por Rosemary Noronha, a antiga chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, seria, de si, suficiente para causar estupor. "Eles não paravam de cometer crimes. É o tempo inteiro, é o modus operandi deles, está na vida deles, eles só fazem isso o tempo inteiro", disse a procuradora Suzana Fairbanks, referindo-se aos irmãos Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas; Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil; e Marcelo Rodrigues Vieira, empresário, todos presos sob acusação de integrar uma quadrilha que comercializava facilidades no governo federal. À corrupção desenfreada, porém, some-se o "descuido" - digamos assim - do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, que tinha como seu adjunto o agora notório José Weber Holanda Alves, mesmo sabendo que esse servidor público, agora afastado de suas funções por suas relações com a máfia dos pareceres, havia sido investigado por grossas irregularidades no INSS, onde trabalhava como procurador-geral.

Adams diz agora que não tem mais "confiança profissional" em seu ex-adjunto, mas acha que o "ser humano Weber" vai "esclarecer tudo" e que "as pessoas muitas vezes fazem opções erradas, e a vida traz esses percalços". O advogado-geral conhece Weber há dez anos, tempo suficiente para saber que o nome dele aparece em ao menos cinco casos de irregularidades no INSS e que o amigo foi objeto de sindicância da Controladoria-Geral da União em 2008 porque seu patrimônio foi considerado desproporcional à sua renda. Ele era suspeito de participar de esquema com contratos do INSS com a Fundação Universidade de Brasília. Weber barrou a investigação na Justiça Federal. Mas a equipe da AGU recorreu e, em outubro de 2011, um advogado da União salientou que "as responsabilidades (de Weber) são caracterizadoras de infração administrativa". Apesar disso, nessa mesma época, Adams não viu nenhum inconveniente em dar a Weber cada vez mais espaço e representatividade na AGU.

Agora, sabe-se que o prestigiado Weber nem mesmo precisava redigir pareceres para a quadrilha - eles vinham prontos. Em um dos casos, Paulo Vieira, apontado pela PF como chefe do esquema, mandou para o então advogado-geral adjunto o parecer em que a AGU facilita o reconhecimento da utilidade pública, para fins privados, de um projeto do ex-senador Gilberto Miranda para a construção de um complexo portuário de R$ 2 bilhões em Santos. Em 30 de outubro passado, Paulo Vieira enviou a Weber um e-mail com a redação do parecer, bem explicadinho: "Segue em anexo nova minuta, que ao que me parece atende às preocupações do parecerista. Todas as modificações estão em vermelho para facilitar a análise da questão", escreveu Paulo. A prática de preparar antecipadamente os pareceres era corriqueira. Numa conversa com Miranda, Paulo diz que é fácil dar andamento aos processos, "principalmente se levar pronto, principalmente se levar mel na chupeta".

Esse ambiente nada republicano obviamente não resulta apenas de desvios de caráter. A cultura do oportunismo corrupto é fruto principalmente do inchaço da máquina estatal, por meio da criação desenfreada de cargos e ministérios e sua distribuição de acordo com critérios exclusivamente políticos. Quanto maior o Estado, maior é a sua permeabilidade aos malfeitos. Mesmo diante de um escândalo cuja essência é o descontrole administrativo, porém, o governo petista não parece nem um pouco inclinado a conter seu ímpeto estatista - ou de "partidarizar" o Estado. Acaba de passar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado um projeto de lei que cria 90 cargos de confiança nos órgãos da Presidência da República. Para o Executivo, trata-se de um imperativo para o "melhoramento" do funcionamento da Presidência. Mas, como se vê agora, pode servir também para produzir escândalos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MADAME PIDONA

Em 20 de outubro de 2009, a coluna publicou o cordel “Um PAC com a Dilma”, de Miguezim de Princesa. Passados três anos, nosso poeta popular continua em ótima forma: divididos em dez estrofes, os versos de “Madame Pidona” traçam o perfil e resumem o estilo de Rosemary Noronha, a Marquesa de Santos de Dom Pedro III.
O Brasil Maravilha que Lula inventou tornou-se uma capitania saqueada por quadrilhas federais protegidas por governantes de quinta categoria, que se mantêm no poder graças ao apoio de incontáveis vigaristas e da imensidão de cretinos fundamentais prontos para retribuir com o voto a esmola que garante a vida não-vivida. Os idiotas precisam de educação. A bandidagem precisa de cadeia.
O julgamento do mensalão mostrou que as coisas estão mudando. Enquanto a merecida punição não vem, meliantes apadrinhados por Lula e protegidos por Dilma Rousseff devem ser castigados com o sarcasmo, o deboche, o desprezo e a repulsa dos brasileiros decentes. Os versos do cordelista paraibano, por exemplo, doem mais que uma noite na cela. (AN)
MADAME PIDONA
(Miguezim de Princeza)
I
Que madame mais pidona:
Pedia sapato e bebida,
Brinco, anel e trancilim,
Colírio e furosemida,
Pedia até cirurgia
Pra enfeitar a “perseguida”.
II
No dia que ia almoçar
No rodízio de espeto,
Comia picanha, javali,
Coelho, sushi e galeto,
Depois indicava o besta
Para pagar o boleto.
III
Chefiando o gabinete
Da ilustre presidente,
Madame não se cansava
De tanto pedir presente
E, quando via um pacote,
Ela arreganhava os dentes.
IV
No Air Force Fifty One,
Pra cima e pra baixo andava,
Curruchiando com os homens
A quem demais agradava,
Enchia a bolsa de tudo
E ninguém a revistava.
V
O segredo de agradar
Tanto senhor afamado
É que ela todo ano
Reunia o apurado
Para cuidar de um lugar
Por demais apreciado.
VI
Depois de tudo cuidado,
Botava pra derreter,
Fazia o maior salseiro
Na hora do vamos-ver,
Inda pedia ao freguês
Para dar o parecer.
VII
Tinha parecer de cem,
De trezentos e de 1 milhão.
Quando ela estava inspirada,
Deitava touro no chão
E elogiava o besta:
“Cabra do parecerzão!”
VIII
De tanto queimar em brasa,
Formaram uma comissão
Para diminuir um pouco
Toda aquela comichão:
Chamaram um homem das águas,
Outro da aviação.
IX
Para completar o time
Do ar, da água e do chão
E o parecer completo
Render uma boa comissão,
Chamaram um advogado
Que já tinha parte com o cão.
X
Madame era tão pidona
Que chegou a encomendar
A Miguezim de Princesa
Um verso a lhe elogiar,
Mas o poeta, cabreiro,
Respondeu-lhe bem ligeiro:
“Deus me livre de ir lá!”.

O PT DE ROSEMARY

Carlos Brickmann –


Certos candidatos a certas nomeações, ao que parece, precisam apresentar entre seus documentos um atestado de antecedentes incompleto. Só o completarão, como folha corrida, como capivara, no exercício do cargo.
Mas esta não é uma novidade. Novidade seria explicar o motivo que levou a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, a investigar assuntos do Governo e gente influente do Governo anterior. Há alguns palpites, que podem até ser verdadeiros, mas que neste momento não passam de palpites:

a) há pouco tempo o Governo negou o aumento reivindicado pela Polícia Federal (só que essa investigação não começou há pouco tempo);

b) a Polícia Federal é dividida em várias alas (mas seria estranho que alguma delas agisse num nível tão alto sem que o ministro da Justiça fosse informado);

c) o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, era apontado como um dos preferidos de Dilma para o Supremo (e sua indicação ficou difícil pelo envolvimento no caso de seu adjunto e homem de confiança, cuja escolha para o cargo defendeu com todo o empenho). Outra possibilidade de escolha da presidente Dilma seria o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que vem a ser, por coincidência, o chefe da Polícia Federal. O afastamento do nome de Adams reforça, sem dúvida, o nome de Cardozo.

Depois das desastrosas declarações do ministro sobre as prisões brasileiras, sob sua responsabilidade, seria esta também uma maneira de tirá-lo do posto, promovendo-o para fora do Governo.

Perguntas

Se Cardozo sabia das investigações, terá contado a Dilma? Se sabia e a informou, por que não houve providências imediatas, como afastar Rose Noronha antes que o caso se tornasse público? Se sabia e não a informou, continuará merecendo confiança?
Se não sabia, como manter-se no cargo que não terá exercido?

Fábula fabulosa

Diz a história que um dos Três Porquinhos fez uma casa de palha; o outro, de madeira; o terceiro, de tijolos. O que a fábula não conta é que, como os Três Mosqueteiros, os Três Porquinhos eram quatro. O quarto, em vez de uma casa, construiu um bunker de concreto reforçado.
Lá, protegido e seguro, dedicava-se à sua atividade favorita: trair os outros porquinhos e os donos da porcada.

Dúvidas, dúvidas

1 – Para que existem gabinetes da Presidência da República em vários Estados? Com o avanço extraordinário das telecomunicações, para que servem?

2 – A secretária Rose Noronha foi demitida do gabinete paulista, e não terá substituto. Se o cargo era necessário, por que não substituí-la? Se o cargo era desnecessário, por que se pagava uma funcionária para exercê-lo?

3 – Quando estourou o Mensalão, o presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Agora, o ex-presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Afinal de contas, para que servem seus guarda-costas?

4 – Lula provém de família pobre, foi operário, foi líder sindical, fundou um partido importante, elegeu-se duas vezes presidente da República, elegeu sua sucessora. Mas vive dizendo que foi traído. Será que Lula se considera ingênuo? Será que alguém no país seria capaz de considerá-lo simplório?

DESESPERO DE LULA



Desespero total – Por ocasião da Assembleia Nacional Constituinte, que culminou com a Carta Magna de 1988, o então deputado federal Luiz Inácio da Silva deu as costas ao parlamento, alegando lá existirem trezentos picaretas. Por certo Lula, naquele momento, fez também uma autocrítica, que tem sido comprovada ao longo dos anos.

Em cima de um palanque Lula é um animal político, mas quando está acuado é capaz de atos inacreditáveis. Desaparecido desde a deflagração da Operação Porto Seguro, que atingiu a sua mais que protegida Rosemary Nóvoa de Noronha, então chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Lula entrou em desespero com a possibilidade de a oposição criar, no Congresso, uma CPI para investigar o mais novo escândalo de corrupção da era petista.

Temendo pelo pior, Lula, creiam, está telefonando a líderes da oposição e pedindo um “voto de confiança”, como antecipou o jornalista Claudio Humberto. Esse ato desespero é porque cresce a possibilidade de criação da CPI da Rosemary, o que reduziria Lula a pó, não sem antes revelar à nação e à própria família o seu verdadeiro caráter.

Por ocasião da CPMI dos Correios, a oposição teve a derradeira chance de ejetar Lula do Palácio do Planalto por causa dos pagamentos feitos a Duda Mendonça no exterior. Soberba, a oposição descartou a possibilidade de impeachment, alegando que era preciso manter a governabilidade do País. Na ocasião José Sarney entrou em campo para auxiliar o então presidente, cobrando pelo trabalho, e Lula continuou mais alguns anos a patrocinar e endossar escândalos de todos os naipes.

Caso tropece na mais recente esparrela de Lula, a oposição está assinando um atestado da própria incompetência. Luiz Inácio da Silva é persuasivo e tem um impressionante arquivo de informações sobre os adversários. O negócio é enfrentar as ameaças sem medo e limpar o Brasil.

Fonte: Ucho.Info

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ALGUÉM ACREDITA?


HOMEM-BOMBA



Circulou na manhã desta terça-feira (27) o boato de que Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, fora internado em um hospital de Goiânia por causa de um suposto envenenamento, o que até prova em contrário é obra de ficção. Cachoeira foi internado por estresse e insônia, além de alguns problemas relacionados ao seu estado emocional.

O máximo que se poderia imaginar é que Carlinhos Cachoeira teria procurado um hospital como forma de se proteger de o séquito de seus irritados inimigos, que estão sem dormir desde que o contraventor anunciou que colocará “os pingos nos is” e o povo goiano voltará a sentir orgulho dele.
Cachoeira, como é de conhecimento de todos, sabe muito mais do que a extensa maioria dos envolvidos nos escândalos gostaria que ele de fato soubesse. Acostumado a gravar suas reuniões e encontros, Carlinhos Cachoeira tem um invejável arsenal de provas contra muita gente.

Se de fato o contraventor goiano, que permaneceu preso desde o dia 29 de fevereiro, resolver contar o que sabe, por certo a República virá abaixo. Afinal, correu muito dinheiro de caixa 2 na campanha presidencial de Dilma Rousseff, grande parte doada pela Delta Construção por meio das fatídicas empresas laranjas.

Resumindo, quando Cachoeira resolver colocar os anunciados pingos nos is, com certeza faltará a terceira vogal para tantos pingos. E corra quem puder, pois o conteúdo dos pingos é explosivo e o contraventor não pagará sozinha a conta que é de muitos. Com ele cairão pelo menos duas dúzias de autoridades.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O TAMANHO DO ESCÂNDALO


O Estado de S.Paulo

A cada nova informação revelada pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal (PF), afigura-se mais amplo o esquema de tráfico de influência em favor de interesses privados montado dentro do governo federal, espraiando-se por vários setores da administração. Além das Agências Nacionais de Transportes Aquaviários (Antaq), de Águas (ANA) e de Aviação Civil (Anac), estão envolvidos a Advocacia-Geral da União (AGU), a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério da Educação (MEC). Neste último, a desenvolta atuação de um dos principais integrantes da organização criminosa, Paulo Rodrigues Vieira, então diretor da ANA, indica que os delitos eram práticas assustadoramente comuns.

Como mostram escutas da PF feitas em março passado e noticiadas pela Folha (27/11), Paulo Vieira conseguiu de um funcionário do Ministério da Educação uma senha para entrar no sistema do órgão e modificar informações financeiras da Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro (SP), pertencente à sua família, provavelmente para obter benefícios do Programa Universidade para Todos (ProUni). No diálogo interceptado, ele conversa com Márcio Alexandre Barbosa Lima, da Secretaria Especial de Regulação do Ensino Superior. "Eu tô querendo entrar aqui no MEC com sua senha", diz Paulo Vieira. Em seguida, com a maior naturalidade, ele pede: "Me fala seu CPF". O pedido é atendido por Lima. Logo depois, em outra conversa gravada pela PF, uma funcionária da faculdade diz a Paulo Vieira que, conforme suas ordens, havia alterado alguns valores em 15%, e ele manda: "Aumenta agora 20%".

Outra ação de Paulo Vieira no MEC envolveu Esmeraldo Malheiros dos Santos, consultor jurídico do ministério que, segundo a investigação da PF, ajudou a quadrilha a obter pareceres favoráveis a faculdades ameaçadas de descredenciamento. Em e-mail enviado a Santos, Paulo Vieira cobra um parecer positivo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep): "Peça para a sua amiga fazer um bom relatório e logo". No mesmo e-mail, ele sugere o pagamento de propina: "Há 20 exemplares da obra à sua disposição na minha casa na próxima semana. É para a suas leituras de férias". Os "20 exemplares" seriam R$ 20 mil, segundo a PF.

Paulo Vieira, como se sabe, entrou no governo graças ao esforço de Rosemary Noronha, que era chefe de gabinete da Presidência em São Paulo. Rose foi secretária de José Dirceu durante 12 anos. Quando Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente, em 2003, ele lhe deu emprego na representação do governo federal em São Paulo, que passou a chefiar em 2005 por ordem de Lula. Foi Rose quem indicou Paulo Vieira para a ANA e o irmão dele, Rubens Vieira, para a Anac - e um dedicado Lula forçou a nomeação de Paulo a despeito da oposição do Congresso. Segundo a PF, era Rose quem agendava as reuniões entre a quadrilha e autoridades governistas, como o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Em troca de empregos públicos para a família e de mimos como um cruzeiro marítimo, Rose, que se orgulhava de sua proximidade com Lula, tornou-se a face rastaquera de um esquema que, no entanto, nada tem de trivial.

Como era previsível, Dilma Rousseff tratou logo de demitir os principais envolvidos, reeditando a "faxina" pirotécnica que caracterizou o início de seu mandato. Desta vez, porém, a rápida e inequívoca ação da presidente contra funcionários tão próximos de Lula decerto haverá de causar algum mal-estar na relação de Dilma com seu padrinho - que até agora não abriu a boca.

A tropa de choque governista está tentando caracterizar Rose como alguém menor, de "terceiro escalão", embora suas ligações com Lula e José Dirceu sejam antigas, firmes e inegáveis. Para o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), Rose é apenas "uma secretária", razão pela qual não deveria ser chamada a depor no Congresso. Diante do crescente acúmulo de evidências de que o escândalo mal começou, porém, essa tentativa de evitar que Rose fale mostra que ela certamente tem muito o que dizer.
 

EXCESSO DE DESENVOLTURA

 Há três possibilidades no escândalo Rosemary Noronha, a Rose: ou Dilma não sabia da operação da PF, ou sabia e não falou para Lula, ou sabia, falou para Lula e ambos combinaram lavar as mãos.

Se a presidente não foi informada, ponto para o Ministério da Justiça e para a PF, que agiram profissionalmente e serviram ao país, não a um governo de plantão.

Se foi informada e não interveio no trabalho da PF, ponto para Dilma, mas o clima não deve estar nada bom entre ela e Lula, que prestigiava tanto a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo que sempre a levava em viagens internacionais.

Se Dilma autorizou a operação e avisou Lula, ponto para ambos, mas a própria Rose, com tanto poder nos dois mandatos de Lula, deve estar se sentindo traída. Uma arara.

Afora o tal cruzeiro do Bruno e Marrone, parece que Rose não é nada modesta. Além de empregar na Anac e na ANA os companheiros agora presos, também arranjou três (três!) vagas gordas para o marido e boquinhas para a filha, para o genro e sabe-se lá mais para quem. Boa mãe...

Afinal, ela se autoinvestiu desse poder ou recebeu delegação de quem mandava de fato e de direito? Caberia ao presidente do Senado, José Sarney, e ao líder do governo Lula na Casa, Romero Jucá, contar por que --e por quem-- inverteram as regras, a tradição e o bom-senso para aprovar em plenário um cidadão que tinha sido rejeitado duas vezes para uma agência reguladora. E que acabou preso pela PF pela venda de pareceres para empresas privadas.

Será que os dois ilustres senadores fizeram das tripas coração para aprovar o sujeito por um cândido pedido de Rose? Ou ela tinha tanta desenvoltura que usava e abusava do nome do então presidente Lula? E ele não tinha ideia de que isso ocorria?

Dilma volta à fase da "faxina" e Lula espalha que não viu, não ouviu, não sabia, mal conhecia a moça. Os dois se dizem indignados. Deveriam ficar também muito preocupados.

Eliane Castanhêde

COITADINHO!!!!

conversar com petistas, Lula disse ter sido traído por Rosemary Noronha, que era chefe do gabinete da Presidência em SP AFP Photo
BRASÍLIA - Apontado como o padrinho de Rosemary Nóvoa Noronha desde sua ida para o governo, o ex-presidente Lula chegou sábado da Índia e, segundo interlocutores, recebeu com surpresa e grande insatisfação a participação de Rosemary em esquema que, segundo a Polícia Federal, favorecia empresas e pessoas interessadas em obter vantagens ilícitas junto a órgãos federais e agências reguladoras.
Além do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Lula tem conversado com outros petistas sobre a operação da PF. Assim como aconteceu na época do mensalão, Lula se disse traído pela ex-assessora.
Eu me senti apunhalado pelas costas. Tenho muito orgulho do escritório da Presidência, onde eram feitos encontros com empresários para projetos de interesse do país desabafou Lula, segundo gente com quem ele conversou.
Rosemary trabalhou, durante anos, no Partido dos Trabalhadores e foi para o governo federal depois que Lula foi eleito. Nomeada para a chefia de gabinete da Presidência em SP pelo ex-presidente, ela foi mantida no cargo pela presidente Dilma, a pedido de Lula.
Lula e Dilma se reuniram pelo menos três vezes este ano no escritório da Presidência em São Paulo. Oficialmente, a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula afirmou que ele não vai se pronunciar porque seria leviano comentar investigação ainda em andamento.
Petistas reagiram neste domingo ao que consideram uma tentativa de ligar Lula à denúncia, por ter pedido para que Rosemary fosse mantida no cargo por Dilma. Para pessoas ligadas ao PT, há uma tentativa de desgastar e atingir Lula por vias transversas, como aconteceu com o mafioso Al Capone.
Ex-líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) diz que é inadequada a decisão de associar Lula a uma funcionária de terceiro escalão. Segundo ele, foi Lula quem indicou Dilma para sua sucessão e muitos ministros e funcionários do atual governo são ligados ao ex-presidente. Ele diz que é amigo de Rosemary e foi surpreendido pela denúncia da PF:
Pegar um funcionário de terceiro escalão e tentar associar ao Lula não é adequado. Todos são, eu fui líder de governo e sou ligado ao Lula. Acho de muito mau gosto, cretinice falar de Al Capone.
Vaccarezza vai defender, na reunião de bancada do PT, que o partido não se oponha se a oposição quiser mesmo levar adiante a convocação de pessoas denunciadas no esquema. O deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) confirmou que irá apresentar, amanhã, requerimento para que Rose e os demais envolvidos sejam inquiridos em comissões.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o momento agora é de aguardar as apurações da PF.
A nossa orientação é que a Polícia Federal cumpra seu papel seguindo estritamente as ordens disse Cardozo.
O governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), estranhou o fato de seu nome ter sido pinçado da agenda de encontros mantidos no escritório da Presidência em São Paulo, onde vários outros ministros e governadores mantêm agendas.
 
Fonte: O Globo

BANCA DE NEGÓCIOS



 O fato de a Operação Porto Seguro ter resvalado na Advocacia-Geral da União, culminando com o afastamento de José Weber Holanda Alves, segundo na hierarquia do órgão depois de Luís Inácio Adams, deve levar a Polícia Federal a investigar mais profundamente o caso.
Longe de derramar dúvidas e suspeitas sobre os integrantes da AGU, mas na cidade de São Paulo há pelo menos uma dúzia de conhecidos advogados vendendo facilidades no órgão, em especial para conseguir pareceres técnicos ou impedir que a União se manifeste em determinadas ações judiciais em que é ré.

Trata-se de um esquema aparentemente muito bem orquestrado, em que os advogados falam com muita tranquilidade sobre o assunto, inclusive citando nomes de integrantes da AGU. Há alguns meses, um renomado advogado, com suntuoso escritório fincado no elegante bairro do Jardim América, ofereceu seus serviços para que em uma ação de indenização a União não recorresse da decisão judicial condenatória.

Em outras palavras, o esquema é altamente criminoso e de amplitude inimaginável. Ou o governo investiga o assunto a fundo, ou a credibilidade da Advocacia-Geral da União irá pelo ralo. Sem contar que o sonho do advogado-geral Luís Inácio Adams ser indicado para o Supremo Tribunal Federal virou pesadelo e dos grandes.

Fonte: Ucho.Info

O DONO DO ESCÂNDALO


O Estado de S.Paulo

Recém-desembarcado de um voo decerto turbulento para ele, depois de uma viagem à África e à Índia, o ex-presidente Lula teria dito a pessoas de sua confiança que se sentia "apunhalado pelas costas" por outra pessoa de sua confiança, a então chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, a Rose. Secretária do companheiro José Dirceu durante 12 anos, da década de 1990 até a ascensão do PT ao Planalto, Lula a empregou na representação do governo federal na capital paulista. Dois anos depois, em 2005, entregou-lhe a chefia da repartição. Na sexta-feira passada, ela e José Weber Holanda, o sub do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, foram indiciados pela Polícia Federal (PF), no curso da Operação Porto Seguro, pela participação em um esquema de venda de facilidades instalado em sete órgãos federais.

O indiciamento alcançou 11 outros ocupantes de cargos públicos, além do notório ex-senador Gilberto Miranda. Cinco pessoas foram presas, entre as quais três irmãos, o empresário Marcelo Rodrigues Vieira, um diretor da agência reguladora da aviação civil (Anac), Rubens Carlos Vieira, e outro da agência de águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira - ambos patrocinados pela amiga de Lula. A PF devassou o apartamento de Rose e o gabinete de Holanda. No dia seguinte, a presidente Dilma Rousseff afastou de suas funções os diretores das agências (tendo mandato aprovado pelo Senado, eles não podem ser demitidos sumariamente) e mandou abrir processo disciplinar contra eles. O caso da nomeação de Paulo Rodrigues, tido como chefe da gangue e também chegado a Lula e a Dirceu, é um capítulo de livro de texto sobre a esbórnia no Estado sob o governo petista e a serventia de seus aliados nos altos círculos do poder nacional.

Submetida ao Senado, como requerido, a indicação começou mal e seguiu pior. A primeira votação terminou empatada. Na segunda, o nome foi rejeitado por um voto de diferença. Se os mandachuvas da República se pautassem pela decência, a história terminaria por aí. Não terminou porque, contrariando até mesmo um parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, o seu presidente José Sarney ordenou uma terceira votação da qual o afilhado de Rose saiu vencedor por confortável maioria. A essa altura, 2010, estava para mudar a sorte da madrinha - cuja influência derivava diretamente de sua intimidade com Lula, a quem, aliás, acompanhava nas viagens ao exterior, não se sabe bem para fazer o que. Eleita Dilma, que só a manteria no posto em São Paulo para não criar caso com o padrinho, Rose tentou em vão conseguir uma boquinha em Brasília. O imponderável fez o resto.

Em um dia de março do ano passado, um servidor do Tribunal de Contas da União (TCU) procurou a Polícia Federal para se confessar. Contou que aceitara uma propina de R$ 300 mil, dos quais já havia recebido um adiantamento de R$ 100 mil, para produzir um parecer técnico sob medida para uma empresa que atua no Porto de Santos. Além disso, Paulo Rodrigues Vieira falsificou um documento acadêmico para beneficiar o funcionário. Mas este se arrependeu, devolveu o dinheiro e revelou aos federais o que sabia. A PF abriu inquérito, obteve autorização judicial para grampear telefonemas e interceptar e-mails. Do material, emergiu uma Rose que lembra a personagem do samba de Chico Buarque que pedia apenas "uma coisa à toa" - no caso, um cruzeiro de Santos a Ilha Grande animado por uma dupla sertaneja, um serviço de marcenaria, uma pequena operação… Claro que ela também empregou uma filha na Anac e o marido na Infraero. Tinha fama de mandona e jeito de alpinista social.

Mas o dono do escândalo é quem deu a Rose o aparentemente inexplicável poder de que desfrutava, a ponto de o Senado de Sarney inovar em matéria de homologação de um futuro diretor de agência reguladora. Ao se declarar "apunhalado pelas costas", Lula faz como fez quando o mensalão veio à tona, e ele, fingindo ignorar a lambança, se disse "traído". Resta saber se, desta vez, tornará a repetir mais adiante que tudo não passou de uma "farsa" - quem sabe, uma conspiração da Polícia Federal com a mídia conservadora, a que a sua sucessora no Planalto afinal sucumbiu.

BOMBA-RELÓGIO



 A cada hora que passa aumentam em todo o País os rumores sobre a intensa intimidade entre o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência, em São Paulo, que pediu demissão do cargo após a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.

De acordo com a PF, Rosemary de Noronha integrava uma quadrilha infiltrada na máquina federal para fraudar pareceres técnicos em favor de empresários que desejavam realizar negócios com o governo ou para outros fins.

Se Lula e Rosemary eram amantes, ou não, é um problema que deve ser tratado a três. Entre os dois e Dona Marisa Letícia, a nossa ex-primeira-dama. A intimidade entre ambos era tamanha, que Rosemary chamava Lula de “tio.

Pois bem, até nesse tipo de confusão o PT comete lambança, deixando digitais por todos os lados. Por outro lado, o Brasil tem na sua história ex-presidentes que tiveram amantes, mas foram discretos.

Um deles, em viagem ao exterior, escalou na comitiva uma jornalista, sua amante de longa data. Para entrar na suíte do presidente sem ser flagrada pelas câmeras de segurança do hotel, a jornalista-amante foi colocada na parte inferior do carrinho usado por garçons para levar comida aos hóspedes em seus aposentos. Como o carrinho estava coberto por uma elegante toalha branca, a jornalista, de porte pequeno, não foi flagrada pelas câmeras de segurança e passou a noite com o presidente. E para sair pela manhã foi utilizada a mesma estratégia.

Esse pulo do gato se repetiu várias vezes e à época os jornalistas que cobriam o cotidiano do Palácio do Planalto batizaram a tramoia de “Operação Padrão

Fonte: Ucho.Info

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UM FUTURO PARA O PSDB?

José Augusto Guilhon Albuquerque e Elizabeth Balbachevsky

Na noite das eleições municipais, a mensagem de uma jovem universitária chegou com lágrimas na voz: "A oposição vendeu São Paulo para o governo". Tão desafiadora que merece uma resposta igualmente franca.

A derrota do PSDB na cidade onde nasceu, e no Estado que domina há 20 anos, se deve exclusivamente ao próprio partido. Não pode ser atribuída a intuições geniais do adversário, pois o candidato tucano - um dos mais expressivos nomes do partido - obteve menos de 30% do eleitorado contra um mar de 33% de votos não válidos.
É triste admitir, mas José Serra não precisou de adversários para ser derrotado.

O PSDB foi vítima de seu próprio sucesso. Nascido como uma federação de dissidências regionais do PMDB e do antigo PFL, logrou conquistar o eleitorado de centro graças ao gênio político de Franco Montoro, que lhe deu voz e horizonte político, reunindo um leque admirável de lideranças regionais com experiência e capacidade governativa.

Com a vitória de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e, sobretudo, com sua reeleição, em 1998, o PSDB cresceu demais e desordenadamente, mas não o bastante para garantir uma maioria governativa. As vacas gordas transmitiram doenças crônicas: o esgarçamento das bandeiras, o caciquismo e uma crise de identidade que o impede de entender o seu próprio eleitorado e definir rumos coerentes.

Fernando Henrique, o líder de maior sucesso eleitoral e político na história tucana, jamais foi unanimidade no próprio partido. Seções inteiras do PSDB repudiaram o Plano Real, que não teria passado sem o apoio do PFL. Seções inteiras apoiaram Lula nas eleições de 1994. Em 1998, além de Lula, também apoiaram outro candidato. Lideranças expressivas renegam até hoje a maior fonte da popularidade e da base eleitoral do partido - o reconhecimento da estabilidade econômica e da robustez financeira conquistadas sob sua liderança. Alinhando-se à visão míope do PT, as candidaturas tucanas à Presidência no pós-FHC esmeraram-se em tratar seu legado como a vergonha da família - abertura da economia, privatizações, responsabilidade fiscal, reforma bancária, moeda forte -, permitindo que Lula e o PT fossem os únicos beneficiários do sucesso dessas políticas.

A perda da identidade abre as portas para o caciquismo: setores inteiros do PSDB preferem perder para o adversário a ter de dividir a vitória com o rival no próprio partido. Os caciques regionais bloqueiam a ascensão de futuros rivais nas capitais, tática que explica como lideranças fortes em 30 anos de domínio político - se contarmos desde Mário Covas como prefeito de São Paulo - só conseguiram emplacar um candidato em condições realmente competitivas em 2004, com Serra.

Sua quintessência é a coalizão de vetos, em vigor desde a sucessão de FHC em 2002. Diferentes lideranças, por diferentes razões, embora minoritárias, reúnem recursos de resistência suficientes para frustrar a eleição do eventualmente consagrado pela maioria do partido.

Foi assim em 2002 com Serra, que chegou a ser derrotado em Estados onde a coalizão tucana obteve vitória incontestável. Foi assim em 2006 com Geraldo Alckmin, que chegou ao segundo turno para ser hostilizado publicamente por seu próprio partido. Foi assim em 2010 com Serra, que, em que pesem seus erros de percurso, foi indiscutivelmente hostilizado por seus próprios pares antes, durante e depois da campanha.

O esgarçamento das bandeiras resulta diretamente da extensão das coalizões tucanas, para além do útil e do desejável. Para dar conta desse esgarçamento basta deixar uma pergunta no ar: quem sabe quais as posições da oposição tucana sobre a matriz energética brasileira desde o ministério Dilma Rousseff; sobre o atual modelo de crescimento; sobre a missão do Banco Central, sua tolerância com a inflação e o gasto público; sobre o desmantelamento da Petrobrás e a paralisia da política de exploração do pré-sal; sobre a política federal para enfrentar as mudanças climáticas; sobre o nacionalismo comercial e cambial; sobre o "controle social" da liberdade de imprensa?

Vivemos uma década de despolitização graças à capacidade do ex-presidente Lula para manipular corações e mentes. Os partidos, as ideias, os anseios de parte significativa do eleitorado foram ofuscados pelo culto à personalidade e pelo maniqueísmo do "nós contra eles".

Em artigo publicado em Opinião Pública (vol. 13, n.º 2, 2007), Elizabeth Balbachevsky e Denilde Holzhacker mostraram que o eleitor de Lula em 2006 diferiu significativamente do seu eleitor em 2002. Naquela eleição o voto em Lula não foi determinado, como nas eleições anteriores, pela identidade do eleitor com o PT nem por sua inclinação ideológica. Variáveis demográficas, como o nível de renda e de escolaridade, foram mais importantes na propensão para votar em Lula. Uma controvérsia foi criada sobre a emergência de uma nova realidade social e política, o "lulismo", capaz de alterar definitivamente a matriz do sistema partidário nacional.

As últimas eleições municipais, entretanto, evidenciam a perda de fôlego do personalismo. Lula considerou questão de honra bater seus adversários em dúzia e meia de cidades. Venceu em pouco mais de meia dúzia. É visível, ademais, um realinhamento do voto nacional, com as administrações municipais concentradas novamente em três grandes partidos, um ao centro (PSDB), outro à direita (PMDB) e outro à esquerda (PT). Com isso os tucanos precisam tomar algum rumo, pois há dois partidos emergentes prontos para ocupar o seu lugar ao centro (PSB) e à direita (PSD).

NOVO RISCO DE MORDAÇA AO MINISTÉRIO PÚBLICO


Fica nítido o interesse de parte da classe política em enfraquecer quem contribui para dar um basta na bandalheira praticada por autoridades

Por mais forte que seja o lobby dos delegados, há no Congresso terreno fértil para iniciativas que reduzam o poder de investigação do Ministério Público. Não é pequeno o número de parlamentares e aliados já denunciados por promotores e procuradores. Fica nítido o interesse de parte da classe política em enfraquecer quem contribui para dar um basta na bandalheira praticada por autoridades.
Essa intenção agora vem novamente à tona com a aprovação de uma proposta contra o Ministério Público por uma comissão da Câmara dos Deputados. Mais uma vez parte dos congressistas agiu em favor dos próprios interesses e contra o país, mesmo sob risco de cometer um gravíssimo retrocesso constitucional.

O que vemos agora é a repetição da chamada PEC da Mordaça, ou PEC Maluf, que já previa punições para promotores ou procuradores cujas ações na Justiça representam "má fé" ou perseguição política, por exemplo.

Felizmente, setores organizados da sociedade reagiram duramente na época. Diante disso, a iniciativa acabou deixada de lado no Congresso. Agora, ela volta em outro formato, mas com o mesmo sentido: amordaçar o Ministério Público.

O texto prevê que a instituição só pode abrir investigação se a denúncia que receber contiver provas materiais. Caso contrário, a apuração caberia apenas às polícias. O Ministério Público teria apenas de acompanhar.

Na prática, a ideia esvazia o Ministério Público, praticamente tira seu sentido de existir. Mas, num momento em que o STF condena os réus do mensalão com base em uma denúncia robusta do Ministério Público, embasada com investigações da Polícia Federal, uma proposta desse tipo é que soa anacrônica e sem sentido.

"O Ministério Público foi fortalecido pela Constituição de 1988 e vem cumprindo bem seus papéis, defendendo com vigor os interesses coletivos da sociedade", opina o deputado federal Lelo Coimbra (PMDB), que trabalhou contra a tramitação da primeira PEC da Mordaça.

Lelo aponta que setores da Câmara foram contaminados com o conflito corporativo entre delegados e integrantes do Ministério Público. De fato, delegados defensores da PEC afirmam que o MP não faz bem o papel investigativo, além de invadir a atribuição das polícias.

"Essa aprovação na Câmara transcende o embate corporativo. Há políticos querendo se livrar do Ministério Público", acrescenta Lelo.

Há quem aponte que o Ministério Público realmente já cometeu exageros país afora. Porém, sempre houve muito mais acertos. E hoje foi criado um órgão nacional que regula sua atuação.

Aqui no Estado não faltam grandes e bons exemplos da atuação do MP estadual e federal no combate ao crime organizado e aos desmandos diversos na política. A instituição teve papel fundamental na faxina ética e política dos poderes públicos.

A proposta da nova mordaça ainda passará por votações na Câmara e no Senado. Há tempo de a sociedade reagir e evitar mais essa irracionalidade do Congresso contra o país.

Fonte: A Gazeta

VOCAÇÃO PARA CORRUPÇÃO



Sem conserto – Definitivamente o PT tem vocação para a corrupção ou, então, é um eficiente chamariz para a mais nociva e criminosa atividade do Estado. Nesta sexta-feira (23), a Polícia Federal deflagrou a Operação Porto Seguro, tendo como alvos A chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, e o advogado-geral da União adjunto, José Weber Holanda Alves, homem de confiança de Luís Inácio Adams, advogado-geral da União.

A PF realizou apreensões na sede da Presidência da República em São Paulo e no gabinete do número dois da AGU, localizado no mesmo andar da sala de Adams, em Brasília. O objetivo da operação é desarticular uma organização criminosa inserida na máquina federal para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos em benefício de interesses privados.

Coordenada pela Superintendência de São Paulo, a Polícia Federal realizou busca e apreensões e seis órgãos públicos na capital dos brasileiros, onde apreendeu dezoito malotes de documentos. Entre os órgãos está a Agência Nacional de Águas (ANA), onde atua o diretor Paulo Rodrigues Vieira, indicado, em 2010, para integrar o colegiado do órgão pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva.

Acusado de ser uma dos principais operadores do esquema criminoso de compra de pareceres técnicos para negócios vultosos no governo, Vieira prestou depoimento e foi recolhido à carceragem da PF. O indicado por Lula foi preso em sua residência, em Brasília, minutos depois da 6 horas da manhã e não ofereceu qualquer resistência.

Os outros órgãos visados na operação policial são o Ministério da Educação (MEC), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Quando o ucho.info afirma que o dano causado por Lula ao País exigirá dos brasileiros pelo menos meio século de esforço ininterrupto, a esquerda verde-loura torce o nariz. Como disse certa vez um conhecido profeta de botequim, “nunca antes na história deste país”.

Ucho Info

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OS MENSALEIROS RUMO À DISNEYLÂNDIA

Neste momento, tenho certeza de que os mensaleiros não pretendem fugir do Brasil. Por quê? – porque têm certeza de que não irão parar na cadeia. Como?!!! – os mensaleiros contam com a brilhante defesa do juiz Lewandowski, secundado por seu discípulo juiz Toffoli. Para começo de conversa, o ministro Lewandowski pode decidir ler artigos de jornais – fazendo pausas explicativas e comentativas, uma vez que ele não acredita na inteligência de seus pares, e, generosamente, explica, comenta, sempre de modo didático, para que todos possam alcançar e compreender o profundo significado do artigo de jornal por ele selecionado para a tarde de leitura educativa (talvez até recreativa) do STF. O ministro Lewandowski passou a tarde do último dia 7 de novembro, em plena sessão de julgamento da AP 470, ilustrando os demais magistrados com a leitura de um artigo de jornal; se tomar gosto, passará a usar esse procedimento, sempre com a generosa intenção de informar os demais membros do STF acerca do publicado na mídia. O ministro Lewandowski, até completar 70 anos, poderá ter em sua generosidade didático-informativa-midiática para com a marcha do julgamento da AP 470 sob seu domínio, apenas lendo artigos de jornais.

Pois bem. Evidentemente, e por razões explicadas por seu curriculum vitae, o ministro Toffoli está sempre de acordo com seu colega de defesa dos mensaleiros. Não vale a pena gastar comentários sobre o ministro Toffoli: ele é no STF o que todos sabemos.

E aí, entram como coadjuvantes as ilustres ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia. Tende-se a explicar todas as decisões da primeira pelo fato de ter vindo da justiça trabalhista e, por isso, não se ter exercitado na decisão de mandar bandidos para a cadeia. A ministra Carmen Lúcia parece ter vindo da melhor escola de retórica e, por isso, os pronunciamentos de seus votos são sempre marcados pela veemência da condenação da corrupção, da defesa da Lei e da Ordem e da Democracia e da República e do Estado de Direito – é tal o brilho do discurso da ministra que se podem ver as maiúsculas na nomeação de cada uma dessas instituições.

Se no caso da ministra Rosa Weber, o que se nota é uma grave insegurança de uma profissional competente, escudada em fórmulas vazias de “data venia” e outras tantas expressões típicas da superficialidade insincera da etiqueta cerimonialística do STF, deixando mais entender que está dando conta do “dever de casa”, cumprindo compromissos ideológicos que antecedem e excedem o julgamento da AP 470, na atuação da ministra Carmen Lúcia há uma clara determinação de tornar mais leves as penas dos mensaleiros, gerando profunda contradição entre seu firme discurso condenatório da corrupção, sua séria defesa da República, da Democracia, do Estado de Direito, e a leveza das punições por ela votadas.

Os quatro eminentes ministros (Lewandowski, Toffoli, Weber, Carmen Lúcia) estão sempre em defesa dos criminosos, defendendo penas brandas – quando não absolvem os bandidos - considerando lamentável a aplicação da pena de privação de liberdade. Jamais estão em efetiva defesa da sociedade de contribuintes brasileiros lesados, roubados, expropriados (aposentados e pensionistas) pela ação dos quadrilheiros do mensalão.

Não é demais lembrar que o dinheiro roubado pelos políticos corruptos significa menos escolas, menos leitos de UTI, menos verba de segurança pública, menos vagas em maternidades, entre outros inúmeros prejuízos para a sociedade. Portanto, um juiz do STF dizer que os quadrilheiros do mensalão não são ameaças à sociedade para serem presos, é simplesmente prova de insensibilidade em relação à realidade da sociedade brasileira – ou talvez os magistrados não leiam jornais ou não assistam aos telejornais. No caso do mensalão, a atuação dos quadrilheiros permitiu a canalhice da reforma previdenciária, que cobra de aposentados e pensionistas uma dinheirama que não resulta em melhores benefícios para os expropriados e acaba na vala comum da devoração do dinheiro público consumido pela corrupção, via zilhões de expedientes (superfaturamento, não cumprimento de contratos, abandono de obras, obras inacabadas, viagens turísticas, gastos nos cartões corporativos, embelezamento de peruas, e muito mais - tudo muito bem explicado... para o Tribunal de Contas...).

Acompanhando as sessões do STF de julgamento do mensalão nesta fase da dosimetria das penas, e fazendo atenção aos votos dos eminentes ministros Lewandowski, Weber, Toffoli, Carmen Lúcia, tem-se a certeza de que a Justiça no Brasil está aparelhada para defender os criminosos. Os ilustres ministros têm imensa dificuldade de mandar para a cadeia quem cometeu crime. Se lamentam ter que privar um ser humano da liberdade (já dita repetidamente como bem maior do ser humano), jamais lamentam que suas vítimas foram privadas da vida – aí sim o maior bem do ser humano, pois, para poder ter liberdade, é preciso ter vida. Os nobres juízes comprometidos com a defesa da liberdade dos criminosos mensaleiros, nem sequer pensam em quantos cidadãos perdem a vida por falta de vagas em UTIs, em quantas crianças morrem em hospitais sem estrutura adequada, em quantas mulheres precisam parir na porta das maternidades, em quantos analfabetos o Brasil cultiva, porque o Brasil e seus magistrados lamentam mandar bandidos para a cadeia.

Esse compromisso politicamente correto na defesa dos criminosos do mensalão não é exclusivo dos quatro notáveis do STF. Todos os dias, vemos no noticiário casos de bandidos liberados pela Justiça (para responder processo em liberdade, progressão de pena, condicional) que cometem os mesmos crimes pelos quais já foram condenados e receberam benefício de algum juiz politicamente correto que pouco pensa nos cidadãos. Esses juízes que só pensam no benefício dos bandidos, na verdade, condenam a sociedade à condição de vítima desses criminosos.

Essa é a ideologia politicamente correta dos ministros Lewandowski, Toffoli, Weber, Carmen Lúcia. Os mensaleiros não devem ser presos. A sociedade que encontre formas de se defender dos políticos e empresários corruptos. Acontece que a sociedade sempre acreditou que havia Justiça, leitos em UTIs, vagas em maternidades e política de segurança pública... E a sociedade paga impostos. E, até hoje, a sociedade não encontrou formas paralelas ao estado de direito para criar creches, leitos em hospitais, vagas em UTIs, salas de parto, política de segurança pública, prevenção de catástrofes naturais, política de habitação, modo de fazer a prometida transposição do rio São Francisco. Enquanto houver magistrados ideologicamente comprometidos com os corruptos, em nome da liberdade dos criminosos, defendendo penas brandas para quem ataca a sociedade, os brasileiros continuarão a ser vítimas autorizadas pela Justiça a pagar altos impostos em troca de péssima qualidade de vida.

Se os mensaleiros envolvidos na Ação Penal 470 podem escapar da cana, o que impede prefeitos, governadores, deputados estaduais, vereadores, pequenos empresários, grandes empresários de entrar na fartura que pode ser auferida com a corrupção?

E, agora, entram em campo os mensaleiros condenados pelo STF – bandidos oficiais – para contestar a apreensão dos passaportes.

Apesar do ministro Lewandowski, posso dizer, livremente, que se trata de criminosos condenados e muitos já sentenciados pelo STF.

Como disse, os mensaleiros condenados e sentenciados não pretendem fugir, hoje, porque apostam que jamais serão presos. Nada os impede de, desde que tenham seus passaportes, atravessar a fronteira, caso a cadeia se lhes afigure como destino. Mas, hoje, na segurança de que têm poder e de que contam com juízes que lhes são favoráveis, os criminosos condenados na Ação Penal 470 querem muito mais desmoralizar o julgamento do STF e, antes de tudo, desqualificar o ministro Joaquim Barbosa.

Pode-se prever um longo debate entre os magistrados defensores dos criminosos e desinteressados dos direitos da vítima (no caso, a sociedade brasileira) e os magistrados que consideram que criminosos devem ser punidos e, portanto, não devem ter facilidades para fugir da punição.

Não dá para antecipar que artigos de jornais o ministro Lewandowski lerá nas sessões do STF, para defender que os passaportes sejam devolvidos aos idôneos mensaleiros já condenados. Mas, fica a certeza de que o ministro, brilhantemente, lerá artigos de jornais; usará argumentos de pouca credibilidade intelectual, proferidos em retórica latinística; deixará pública sua flexibilidade moral casuística; assumirá com brilhantismo o papel de defensor dos mensaleiros; tentará confundir a opinião pública, transformando corruptos em vítimas da injustiça da Lei; defenderá que os corruptos condenados têm o direito de ir e vir à/da Disneylândia – e terá orgasmos verbais, ao pronunciar sua prolixa e redundante e óbvia falação.

O ministro Dias Toffoli apenas estará de acordo com Lewandowski, e nem sequer terá papel irritante ou emocionante – Toffoli consegue ser um ZERO à esquerda sem provocar qualquer comoção – deve ter aprendido esse procedimento como advogado da campanha de Lula na eleição de outubro de 2002 e como advogado do mensaleiro condenado Pelo STF José Dirceu.

A ministra Rosa Weber vai exercitar sua insegurança, em demanda do “dever de casa” cumprido, e dirá todos os “data venia” e “ao (sic) meu ver” e será a favor de que os corruptos condenados possam visitar a Disneylândia, jantar em Paris ou em Dubai. Ela terá sempre a certeza de que os criminosos retornarão docilmente para ir em cana. Não me cabe discutir sua leveza do crime, pois não me cabe discutir seu compromisso de defesa do criminoso, pois para a ministra a vítima pouco interessa, mesmo que seja a sociedade brasileira.

A retórica da ministra Carmen Lúcia até poderá inovar, defendendo a obrigação daqueles que cometem crimes contra a Democracia, contra a República, contra o Estado de Direito, apresentarem-se diante da penitenciária, depois de um tour pela Oropa, França e Bahia... Porém, como é, retoricamente, contra a corrupção política, a ministra defenderá a devolução dos passaportes dos mensaleiros, na certeza de que criminosos de colarinho branco sempre comparecem à porta da cadeia. Evidentemente, a ministra Carmen Lúcia só não consegue ser mais retórica por falta de palco – ela tem que dividir o espaço como 3 outros colegas de ofício.

O julgamento do mensalão vai durar bom tempo. Apesar da atitude de alguns ministros, tudo pode terminar em pizza – ou turismo na Disneylândia

Sonia Van Dijck

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

OS INOCENTES DIRCEU E GENOINO


 Se alguém entrar numa penitenciária e conversar com os presos, individualmente, verificará uma situação muito curiosa, até mesmo engraçada: não há ali nenhum culpado. Quando se pergunta ao preso, como todo juiz faz, ao longo da carreira, "qual é a sua bronca?", logo vem a resposta: "Ah, doutor, armaram pra mim, eu num fiz nada".

Se houver insistência quanto ao tipo de crime de que são acusados, quase todos se saem do mesmo jeito: "O meu é o 155", ou o 158, ou o 171, e assim por diante. Quase sempre há dificuldade em obter do preso afirmações como "eu matei", "eu roubei", "eu trafiquei drogas" e outras que tais, porque, afinal, todos se dizem inocentes. Por isso acham preferível dizer o número do artigo do Código Penal pelo qual foram enquadrados, julgados e condenados.

O mesmo poderá acontecer com os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares quando estiverem na cadeia, porque, conforme eles propagam o tempo todo, nada fizeram de errado e o que ocorreu - na desculpa esfarrapada com se encobrem - foi o julgamento de um partido político vitorioso. Sim, na visão que procuram propagar, o que houve foi tão somente um julgamento político de pessoas inocentes, tão inocentes que talvez pudessem até ser canonizadas.

Enfim, quando José Dirceu, já preso, for indagado a respeito de sua "bronca", depois de reiterar a proclamação de inocência, ele poderá dizer que é o 333, ou seja, corrupção ativa, e o 288, formação de quadrilha. O primeiro prevê pena de 2 a 12 anos e o segundo, de 2 a 5 anos, além de multa, podendo ser aumentada da metade se a vantagem ilícita for também destinada a servidor ou agente público.

Dada a gravidade da conduta, por envolver o então chefe da Casa Civil, o cargo mais poderoso da República após o de presidente, não se pode alegar que tenham sido severas as penas a ele impostas. Para os ministros do STF Ricardo Lewandowski, revisor do processo, e Dias Toffoli, não havia prova alguma contra José Dirceu e José Genoino. Havia, sim, provas contra todos os outros, menos contra esses dois mais poderosos.

Na visão desses dois juízes, os mesmos delitos, decorrentes das mesmas condutas criminosas, foram admitidos para a imposição de penas aos demais réus, mas não a José Dirceu e Delúbio Soares. Isso equivale a dizer que as provas dos autos foram válidas para condenar e para absolver, conforme as pessoas, sugerindo um paradoxal silogismo jurídico, capaz de entortar o cérebro de quem buscar entendê-lo.

Consequência disso está no infeliz surgimento de anedotas que mostram sempre o relator, Joaquim Barbosa, em posição de antagonismo com o revisor, Ricardo Lewandowski. Numa delas, que circula de boca a boca e também pela internet, aparece um preso, na hora do julgamento, pedindo, pelo amor de Deus, para ser julgado por Lewandowski. Apesar de ser tão sério o assunto, o espírito jocoso do brasileiro sempre encontra uma forma de se divertir.

Contribui para tal o comportamento desse ministro, ao causar a impressão de que se opõe deliberadamente aos julgamentos e à forma de julgar do relator, Joaquim Barbosa. Lewandowski parece não se haver dado conta de que está sob a luz dos holofotes e de que milhões de brasileiros acompanham, pela televisão, cada gesto, cada olhar, cada palavra dele.

Sua irritação quando se retirou do plenário do Supremo porque Barbosa alterou a ordem dos julgamentos, prerrogativa do relator, serviu para demonstrar que Lewandowski anda com os nervos à flor da pele. Não se vê o mesmo nervosismo em Gilmar Mendes, em Celso de Mello, em Marco Aurélio nem em nenhum outro.

Essa atitude o diferencia e o deixa numa situação realmente desconfortável perante o julgamento que cada pessoa faz dos ministros daquela Corte. Sim, os ministros estão sendo julgados por cada um de nós e esse ponto é positivo para o reforço de uma instituição que há anos vem sofrendo processo de deboche e desmoralização.

Também ganha com esse histórico julgamento a democracia brasileira. Exemplo disso está no próprio José Dirceu, que, ameaçadoramente, afirma que não se vai calar e que vai continuar lutando. Para sua sorte, ele está no Brasil e aqui vai cumprir pena, porque se estivesse na sua amada Cuba, cujo regime sonhou importar para nós, nunca mais poderia abrir a boca, a não ser para cantar o hino cubano e dar vivas a Fidel Castro.

É curioso observar que o canto de sereia marxista, que encantou gerações e, felizmente, já não seduz, continuou a fazer estragos e vítimas no Brasil. José Dirceu e José Genoino são duas delas. A geração deles, a mesma da presidente Dilma Rousseff, passou anos a fio estudando Marx e discutindo se foi certa ou errada a opção de Stalin ou de Trotsky para substituir o moribundo Lenin.

Até hoje, alguns desse grupo ainda acham que a matança de mais de 10 milhões de adversários, por Stalin, não é fato relevante nem deslustra o encanto do verdadeiro comunismo. Sempre é bom que cada um de nós pergunte a si mesmo se o verdadeiro comunismo é aquele de Cuba, o da China ou o que foi sepultado na Alemanha Oriental, com a queda do Muro de Berlim.

Enfim, pelo jeito, foi por água abaixo o sonho do pequeno grupo que pretendeu usar dinheiro público - dinheiro nosso, arrecadado dos impostos que pagamos - para a aventura consistente em comprar votos no Congresso Nacional, em atos de corrupção e de formação de quadrilha, com o propósito de implantar no Brasil uma República sindical socialista.

Por trás das grades, terão tempo suficiente para refletir. Dirceu e Genoino já cumpriram pena antes, mas, desta vez, a prisão a eles imposta não vem de ditadura alguma, mas do cumprimento da lei, à qual todos estamos subordinados

Aloísio de Toledo César

ALGUÉM PRECISA DIZER A CARDOZO QUE ELE ESTÁ NU



O grande problema dos gestores do Estado não é fazer planos –isso elas fazem num piscar de olhos—, mas falar com a pleteia. Sempre que decidem explicar por que determinados problemas resistem aos planos, eleva-se a taxa de confusão. Veja-se, por exemplo, o caso do ministro da Justiça.
 
Na semana passada, José Eduardo Cardozo disse que preferia morrer a passar uma temporada longa num dos presídios “medievais” do Brasil. Nesta terça-feira, chamado à Câmara para falar sobre índios, o doutor foi espremido pelos ecos dos seus comentários. Nada a ver com os condenados do PT, ele tentou esclarecer.
“As pessoas estão com um problema epidérmico com a questão do mensalão e qualquer coisa que se fale tem a ver com isso. Falo como deputado e como ministro sobre as péssimas condições dos presídios brasileiros há anos. Na verdade, foi uma fala sincera, e absolutamente honesta de quem conhece essa realidade e acha que um governante não tem o direito de esconder a verdade do povo.”
 
Em timbre acaciano, Cardozo disse que a encrenca prisional “é uma questão histórica, que vem de décadas.” Empurrada para baixo do tapete, a “sujeira” parece inexistir. Mas, acumulada, “ela aparece” cedo ou tarde. “Estamos vivendo esse problema” agora, afirmou o ministro.
 
Sempre de mãos dadas com o conselheiro Acácio, Cardozo reiterou: “Não podemos ter no sistema carcerário uma escola de criminalidade. Temos que ter um sistema que recupere e não amplie a potencialidade criminosa…”
“Se tentarmos tapar o sol com a peneira não vamos resolver nada no Brasil. É necessário colocar o problema a nu, à luz. Isso não tem nada a ver com aquele caso, aquele julgamento [do mensalão]. Essa é uma realidade que está posta nesses dias.” O brasileiro, um sujeito simples, olha para Cardozo e enxerga a alma complexa que se esconde dentro dele.
Filiado a um partido que governa o Brasil e seu sistema carcerário há dez anos, o doutor ocupa a poltrona de ministro da Justiça desde janeiro de 2011. Não consegue nem executar o orçamento destinado à melhoria das cadeias. A plateia dispensa o lero-lero. Em vez “colocar o problema a nu” espera-se do ministro que pare de desfilar pelado diante dos refletores.

Josias de souza

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

MISERICÓRDIA SIM, MAS SÓ PARA COMPANHEIROS?

José Nêumanne

"De repente, não mais que de repente", como escreveu o poeta Vinicius de Moraes, os companheiros do Partido dos Trabalhadores (PT), teoricamente tão atentos às agruras da realidade nacional, constataram as condições desumanas de vida dos presidiários brasileiros. Usando uma gíria jocosa em voga nos anos 60 nos "bacuraus" da Praça do Rotary, em Campina Grande (PB), "estão descobrindo o Brasil de bicicleta". Ninguém jamais precisou passar uma noite que fosse numa cela de prisão no Brasil para saber que, ao contrário do que se diz, esta não é uma sucursal do inferno, mas o reino de Satã é que deve ser um posto avançado de qualquer uma delas.

Tudo começou com o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. Em palestra para empresários em São Paulo, na semana passada, ele disse que preferia morrer a cumprir uma pena longa em cadeias nacionais. Trata-se, evidentemente, de uma hipérbole descabida. Só um suicida prefere a morte a uma dificuldade qualquer, e na certa este não é o caso. E o que, com a devida vênia, parece ter acionado o alerta dele não foi um súbito amor aos pretos, pobres e prostitutas que povoam nossas infectas celas comuns, mas a perspectiva de alguns de seus mais ilustres colegas de filiação partidária virem a passar uma temporada no inferno prisional brasileiro.

Pois é. Contrariando quaisquer expectativas no panorama da impunidade generalizada no Brasil, o ex-chefe da Casa Civil de Lula José Dirceu, o ex-presidente nacional do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares foram condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. Se não houver nenhum acidente de percurso, o primeiro terá de cumprir pena em regime fechado ao longo de, pelo menos, um ano e dez meses. Ora, ora, em princípio, o zelo do ministro solidário parece exagerado: se bicheiros e chefões de quadrilhas de traficantes cumprem pena em pleno conforto no regime excludente que reproduz atrás das grades as injustiças sociais dos inocentes de fora, por que Dirceu seria exceção?

Como os bicheiros do Rio, os criminosos de colarinho branco de Brasília e os chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC), o homem definido como o chefe da quadrilha dos "mensaleiros" disporá de todas as garantias de vida e tranquila segurança em nosso Arquipélago Gulag, com suas ilhas de bem-estar no mar de miséria e sordidez. Pelo que deixa vislumbrar o estilo de vida de bons vinhos e charutos cubanos em condomínio de luxo, o primeiro réu do núcleo político do escândalo de corrupção em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) tem dinheiro, poder e prestígio para transformar os 22 meses de seu regime fechado num retiro forçado de leitura, repouso e reflexão, que podem até vir a calhar.

Nem o gosto exacerbado pela ironia deste escriba poderá negar-lhe o desconforto óbvio da privação da liberdade, a cessação do fundamental direito constitucional de ir a vir. Mas o Estado brasileiro, de cuja máquina burocrática detém o controle permitido pelo competente aparelhamento executado no primeiro governo Lula, do qual foi dignitário do topo e de ponta, não lhe negará o que permite aos criminosos comuns. Se, como reconheceu Cardozo em outra declaração, os quadrilheiros do crime organizado comandam hordas de bandidos nas ruas, por que o mais bem-sucedido lobista do Brasil terá silenciada sua voz de comando no interior dos muros do presídio?

No reino de faz da conta da República tupiniquim, não faltará quem faça o possível para reduzir as agruras dele no cárcere. O ex-companheiro Paulo de Tarso Venceslau, que arriscou a própria vida participando do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick para libertá-lo das masmorras da ditadura, onde muitos conheceram a morte, por exemplo, já lhe garantiu publicamente a remessa de um charuto (nacional) por dia enquanto ele estiver cumprindo pena. Embora nunca o próprio Dirceu lhe tenha mandado um cigarrinho que fosse no tempo que ele passou em prisões desumanas.

O noticiário posterior à condenação de Dirceu não deixa dúvidas quanto a isso. O ministro Cardozo puxou o rosário das lamentações sem dar a mínima atenção ao fato de ser um dos maiores responsáveis pela calamidade pública do sistema prisional brasileiro, contra a qual clamam organismos internacionais de direitos humanos. Se reclamou da condição "medieval" (esta é a palavra da moda) das prisões, embora tenha usado apenas um quinto do que dispunha no orçamento para melhorar as penitenciárias, o que impedirá Sua Excelência de impedir que o "herói da resistência à ditadura" seja submetido a algum vexame em sua cela?

Outro figurão da República que certamente fará o possível para poupar o ex-chefe da Casa Civil de desconfortos será o ministro Dias Toffoli, dono do voto que levou à mais dura condenação, pelo STF, de um parlamentar, o deputado Natan Donadon (PMDB-RO). Revoltado contra a imposição da pena pesada ao ex-chefe, por cuja absolvição votou, seguindo o revisor, Ricardo Lewandowski, o mesmo delfim do Supremo comparou as punições aplicadas ao período da Inquisição. Apesar da mão pesada que usou, há apenas dois anos, contra um integrante do baixo clero no Congresso por crime bem semelhante, o ex-chefe da Advocacia-Geral da União no governo Lula usou o mesmo tom do manifesto petista contra o STF e defendeu a imposição de penas financeiras, pois, segundo ele, não atenta contra o Estado Democrático de Direito quem comete crimes só para amealhar o "vil metal", ainda que público.

A própria presidente Dilma Rousseff engrossou o cordão dos misericordiosos ao completar sua declaração óbvia ao jornal espanhol El País de que acata as decisões da cúpula do Poder Judiciário com a observação de que ninguém estaria "acima dos erros e das paixões humanas". Ai, que dó! Os romanos já sabiam disso quando reconheceram que "errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico". É para isso que existe a justiça dos homens: quem erra e põe as paixões acima da razão deve pagar pelos erros, para não reincidir na falta e servir de exemplo.