terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O BRASIL NÃO SERÁ O MESMO

Não faltaram adjetivos no voto do ministro Celso de Mello, favorável à cassação de três deputados por decisão do Supremo Tribunal Federal, para o caso de a Câmara não cumpri-la: intolerável, inaceitável, incompreensível, esdrúxula, arbitrária e inconstitucional será, para o decano da mais alta corte nacional de justiça o comportamento da casa dos representantes do povo.

Estão deflagradas as hostilidades entre Judiciário e Legislativo, ainda que muitos meses devam decorrer antes dos primeiros tiros. Para que para a sentença contra os deputados se efetive, faltam o acórdão do relator, depois os embargos dos advogados dos réus, em seguida o julgamento de cada um desses recursos, em separado, pelo plenário e, por último, o texto final das sentenças que só então transitarão em julgado. Coisa para o segundo semestre do ano que vem. Tempo há, assim, para o recolhimento das armas e a celebração da paz entre as instituições em conflito.

Nos primórdios da Segunda Guerra Mundial, quando exércitos alemães e aliados encontravam-se frente a frente, sem avançar, a segunda autoridade nazista pilotou um avião, voou até a Escócia e saltou de paraquedas na propriedade de um nobre inglês sensível ao entendimento entre as nações beligerantes. Era Rudolph Hess, logo preso por ordem de Winston Churchill, sem ter oportunidade de fazer qualquer proposta. Morreu na cadeia, décadas depois do fim da guerra, onde dezenas de milhões de soldados e de civis foram sacrificados.

Certamente a vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas, não sabe pilotar aviões, muito menos saltar de paraquedas no quintal do ministro Ricardo Lewandowski, mas se isso acontecesse, não adiantaria nada. O nosso Churchill caboclo, Joaquim Barbosa, não permitiria. Mostra-se disposto a levar a conflagração até o fim, mesmo podendo o Supremo ser bombardeado quase à exaustão, como Londres. Ainda hoje, lamenta-se a maior carnificina da História.

Ignora-se no que vai dar o choque entre Legislativo e Judiciário. Mas o Brasil não será o mesmo, como o planeta não foi, depois de tudo acabado.

Carlos Chagas

Nenhum comentário:

Postar um comentário