domingo, 23 de dezembro de 2012

O MUNDO ACABOU

Este é um relato de quem viu o mundo acabar. Embora os céticos dissessem que o calendário maia era uma farsa, o apocalipse aconteceu! Engraçado foi ver as pessoas ingênuas acreditando que aquele seria apenas mais um dia 21 de dezembro. O fim do mundo aconteceu, e aqui deixo registrado o que aconteceu nos últimos dias da humanidade.

Tudo parecia correr bem, mas os sinais do fim dos tempos eram evidentes! Há quatro meses o mundo da ética sofria com meteoros vindos de estrelas vermelhas já sem brilho. A constelação petista fazia um barulho absurdo e tentava transformar a mentira em verdade. A decadência da raça humana podia
ser constatada na facilidade com que os alienígenas enganavam
seus seguidores. Estes, por sua vez, acreditavam em qualquer coisa,
até em ETs.

Ainda assim muitos insistiam em não crer que estávamos com os dias contados. Veio, então, outro desastre nada natural: o crescimento do PIB brasileiro não superou 1%. Para fugir da responsabilidade, a presidente disse que o desenvolvimento de um país se media por aquilo que era feito por suas crianças. Semanas depois, o Brasil conquistou a penúltima posição entre 40 países no ranking mundial de educação.

Os fracassos econômicos não foram exclusividade tupiniquim. No Velho Mundo a recessão levou o povo às ruas e o desemprego proporcionou cenas de caos que reduziram os homens a animais famintos. E a cada dia, enquanto a esperança de muitos diminuía, o bolso de poucos enchia com as verbas de salvação dos governos.

Em nosso caso, as verbas de salvação do Rio de Janeiro e do Espírito Santo quase vazaram dos poços petrolíferos. E na briga pelos royalties, tive a certeza de que não havia mais salvação na Terra: para derrubar o veto de Dilma, a múmia Sarney propôs votar mais de 3000 vetos em um só dia, algo tão impossível quanto o retorno do senador ao sarcófago.

Os mortos não ressuscitaram no apocalipse, mas o brasileiro viveu algo parecido, quando Sarney voltou à presidência por quatro dias. Dizem as más línguas que nesse período o presidente montou um aquário em seu gabinete e aprendeu a fazer o mesmo que os peixes: nada.

Mas quem dera se as loucuras do poder ficassem restritas ao dono do Maranhão. As terras capixabas também foram escolhidas pelo destino para anunciar os tempos que viriam.

Em Guarapari, o ex-prefeito Edson Magalhães Que Não Larga o Osso queria o terceiro mandato e acabou ficando sem nenhum. Já em Viana, o eleito Gilson Daniel foi acusado de comprar votos com dinheiro do tráfico de drogas. Em Vila Velha, o vereador Almir Neves Mister-M mostrou ser paranormal e, além de ser investigado por ter funcionária fantasma, provou que domina o truque da multiplicação do patrimônio: em quatro anos, a avaliação de suas posses subiu apenas 482%.

A certeza de que estávamos perdidos veio quando o STF ameaçou a prisão imediata dos mensaleiros condenados. Aí até os cosmos ficaram chocados com Marco Maia (PT): o presidente da Câmara foi contra a cassação dos mandatos parlamentares, considerou dar asilo aos réus e levantou a hipótese dos deputados exercerem seus cargos de dentro dos presídios! Alguns certamente se sentiriam em casa.

Já não tinha mais jeito! Os maias estavam certos. O fim do mundo já estava concretizado na falência da ética, na legalização da bandidagem e na idolatria de vermes políticos. Nada mais poderia nos salvar. E nada nos salvou.

Não aconteceram terremotos, tsunamis, erupções ou acidentes com meteoros. Os polos não se inverteram e o eixo de gravidade não estava nem aí para nós. Não aconteceu absolutamente nada! E esse é o nosso apocalipse! Nossa catástrofe é viver no país em que nada muda e em que a corrupção cresce como se não houvesse amanhã.

No dia 21 de dezembro, “mudaram as estações”, mas definitivamente, “nada mudou”. Restou-nos, pois, a lamentável realidade de desastres que só começará a ter fim quando conseguirmos compreender a constatação de Cássia Eller: “O mundo está ao contrário e ninguém reparou”.

Gabriel Tebaldi, 19 anos, é estudante de História da Ufes.

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