sábado, 22 de junho de 2013

ONDE ESTÃO OS POLÍTICOS ?

Onde estavam e o que pensavam a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador Renato Casagrande (PSB), nossos deputados, prefeitos e vereadores, na noite de quinta-feira, enquanto a multidão ocupava as ruas do país num protesto legítimo e vândalos, de cara escondida, quebravam o patrimônio público sem medo da polícia? Por que o silêncio prolongado, por que palavras medidas?

Dilma trancafiou-se com parte de seu ministério no gabinete, por duas horas, ontem de manhã. Saiu manifestando perplexidade. Casagrande foi cumprir agenda oficial no interior do Estado. Não houve, nos primeiros momentos pós ato público, nenhuma palavra dos eleitos sobre o que ocorrera. Não havia o que dizer ou eles não sabiam por onde começar? Reservadamente, lideranças do Estado ouvidas pela coluna dizem que ainda é cedo para saber o que virá da onda de protestos. “A história está se desenrolando diante de nós. Não sabemos para que lado ir nem até quando vai essa indignação”, diz uma liderança da “direita”.

Outra figura – desta vez, da “esquerda” capixaba – frisa que há certo temor pelas reais intenções dos manifestantes. “Pode ser que a pauta se esgote e só sobre a anarquia nas ruas. Isso tem que ser medido”, pondera. As duas opiniões têm seu quê de razão.

Conforme a coluna destacou ontem, a marcha que reuniu milhares de brasileiros não tem uma pauta específica. Por isso, não se exige de ninguém uma resposta perfeita, ainda mais porque, se todas as insatisfações foram postas no mesmo pacote, talvez seja hora de alguém pensar em ações coletivas.

O povo grita contra a corrupção? É hora de demonstrar disposição para varrer da vida pública os corruptos, pondo fim à política do toma-lá-dá-cá e priorizar a eficiência da gestão. O Congresso que já assistiu ao destemor dos populares tem que levar a sério a reforma política.

Em cartazes postos ao longo da passeata de dois dias atrás, eram várias as pessoas manifestando-se contra a PEC 37 – proposta que quer tirar do Ministério Público o poder de investigação. Verdade que havia gente que notadamente não sabia o significado da sigla, mas o clima é propício para o Congresso sepultar o texto, jogando uma pá de cal sobre essa afronta à moralidade.

Já que crianças e adultos pedem escolas “padrão Fifa”, por que não anunciar um pacote de investimentos – com prazo e dinâmica factíveis – para virar a página da má educação no país? Há um clamor por escola digna de padrões internacionais e valorização dos professores. O mesmo vale para a rede pública de Saúde, hoje em frangalhos.

O povo foi para as ruas e pediu mudança. Se alguém “lá em cima” ainda não sabe como começar, talvez o primeiro passo necessário seja sair do gabinete. Os representantes do povo têm que ir para a rua, sentir o que sentem as pessoas. É preciso reaprender a ser povo.

Eduardo Fachetti - A Gazeta

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