sábado, 22 de junho de 2013

O DIA QUE OS MANIFESTANTES BATERAM NA PORTA DO PLANALTO

Reportagem de VEJA desta semana revela como Dilma Rousseff reagiu à maior manifestação popular desde as Diretas Já. Perdido, o governo tenta achar formas de ganhar tempo e vislumbrar um plano para serenar a fúria do povo

Otávio Cabral
ISOLADA - Um cordão de militares protegia o Palácio do Planalto na noite de quinta. Da janela do 4º andar, a presidente Dilma olhava os protestos
ISOLADA - Um cordão de militares protegia o Palácio do Planalto na noite de quinta. Da janela do 4º andar, a presidente Dilma olhava os protestos (Eraldo Peres/AP)
No dia 20 de junho de 2013, a presidente Dilma Rousseff ficou por quase duas horas acuada no Palácio do Planalto, impedida de deixar o local pela porta da frente por uma multidão que, do lado de fora, bradava contra a corrupção, a PEC 37, os gastos na Copa, ela, o seu governo, todos os governos e mais uma lista sem fim de insatisfações - todas naquele momento atribuídas aos políticos no poder.
"Como a Abin não percebeu nada disso?", perguntou a presidente ao general José Elito, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Naquele momento, 50 000 manifestantes desciam a Esplanada dos Ministérios rumo à Praça dos Três Poderes, enquanto um grupo tentava entrar à força no Congresso. Dilma, perplexa, assistia a tudo na televisão de seu gabinete no Palácio, àquela altura cercado por um cordão de militares que impedia a aproximação dos manifestantes. À pergunta da presidente, o general respondeu com silêncio. Dilma ainda deu dois telefonemas: um para o seu antecessor, o ex-presidente Lula, e o outro para o marqueteiro João Santana. Para o último, repetiu a pergunta feita ao general:"Como as suas pesquisas nunca pegaram isso, João?". Na noite mais tensa dos trinta meses de mandato de Dilma Rousseff na Presidência da República, 1 milhão de pessoas em uma centena de cidades brasileiras estavam nas ruas. Foi a maior manifestação popular desde o movimento Diretas Já. E o PT, o partido de Dilma e de seu antecessor, não tinha nenhum controle sobre ela.
Revista Veja

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