terça-feira, 3 de agosto de 2010

FARRA COM DINHEIRO PÚBLICO CONTINUA.

O Senado aprovou hoje um novo pacote de projetos de apelo popular que serviu de combustível para as campanhas de parlamentares-candidatos.


Alguns senadores também aproveitaram para fazer gravações com produtoras de TV, nas dependências da Casa, para o horário eleitoral gratuito que será veiculado no rádio e nas emissoras de televisão.

Os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Magno Malta (PR-ES) foram flagrados usando funcionários dos gabinetes nas gravações, mas argumentaram que os servidores estavam fora do horário regulamentar de trabalho ou há haviam sido exonerados dos quadros da Casa para executarem trabalhos de campanha.

Nas votações-relâmpago, passaram pelo crivo do plenário temas como a obrigatoriedade da licença maternidade para seis meses, a autorização de empréstimos que ultrapassam US$ 400 milhões para o Estado de São Paulo e uma espécie de "trem da alegria" para servidores dos extintos territórios de Roraima e do Amapá.

Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) aprovou em primeiro turno a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estende a cerca de dois mil servidores dos ex-territórios benefícios da administração federal. Eles passam a ter todas as regalias dos funcionários públicos federais.

Candidato à reeleição, Jucá negou que a medida tenha fins eleitoreiros. "A PEC regulariza a situação dos servidores. Eles passam a integrar o quadro de extinção da administração federal."

Em postura semelhante, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) se empenhou para aprovar PEC da licença maternidade, da qual foi a autora. "Trabalhadoras simples, graduadas, terão direito de cuidar de seus filhos e com isso construímos um mundo socialmente mais justo", disse a candidata ao governo do Rio Grande do Norte.

A presidenciável Marina Silva (PV) voltou ao Senado ontem e participou das votações. Senadora pelo Acre, Marina pediu a palavra à Mesa Diretora para defender a PEC da licença maternidade, mas também falou da questão do crack.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) interrompeu sua campanha ao governo paulista para mobilizar a Casa em favor da aprovação de empréstimos para São Paulo. Outros três Estados foram beneficiados no "pacote de bondades" dos parlamentares, como o Rio de Janeiro, Mato Grosso e o Ceará.

"Estou me empenhando para liberar dinheiro que vai para um governo adversário. Um dos empréstimos é para as estradas vicinais, espero que apliquem melhor esses recursos", disse o petista.

Os empréstimos serão firmados entre o Estado e instituições como o Bird (Banco Mundial), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e JICA (Japan International Cooperation Agency) para ações nas áreas de transportes, gestão e saneamento em São Paulo. Juntos, somam US$ 454 milhões (R$ 798,7 mi) mais 6 bilhões de ienes (R$ 123 mi).

Sem disputar cargo eletivo este ano, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ironizou a mobilização dos colegas. "Nesse período eleitoral, os autores de projetos pressionam para que eles sejam incluídos na pauta."

Além do empenho em votar propostas de peso eleitoral, os parlamentares também usaram a tribuna do Senado para tecer elogios às próprias candidaturas. O senador Hélio Costa (PMDB-MG), candidato ao governo de Minas Gerais, destacou o histórico de seu vice Patrus Ananias (PT) no governo do presidente Lula. "Mais de 45 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e foram para níveis melhores de vida, graças ao trabalho do ministro Patrus Ananias, que é meu companheiro de chapa ao governo de Minas Gerais."

Os deputados e senadores trabalham esta semana, depois só retornam suas atividades por três dias em setembro. Todos continuam a receber salário.

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