terça-feira, 4 de dezembro de 2012

TENHO PENA DA ESTELA


 Tenho pena da Estela, a inocente colocada na cova dos leões da corrupção.

Tenho pena da Estela, enganada nos governos anteriores do chefão, durante sete anos, por uma amiga íntima, também sua principal assessora no então considerado mais importante dos quase quarenta ministérios. Tão amiga essa moça, boa de guerra, que substituiu a chamada Mãe do PAC na casa também conhecida como vil, cujo dono anterior, injustamente chamado de chefe, foi condenado a mais de dez anos de cadeia.

Tenho pena da Estela, que teve a sua palavra posta em dúvida, quando uma importante servidora da Receita Federal disse que foi chamada ao seu Gabinete, para tentar “quebrar o galho” do filho de um homem incomum.

Tenho pena da Estela, que foi obrigada a confessar um erro dos seus assessores, que gostavam de chamá-la de mestra e doutora, como hoje gostam de chamá-la de presidenta.

Tenho pena da Estela, obrigada a herdar tantos ministros do seu antecessor, sete dos quais, por serem acusados de corruptos, solicitaram demissão antecipada, pois certos governos não gostam de demitir. Nas despedidas, coitada, teve que derramar lágrimas e palavras de agradecimento, talvez por ordem de algum Partido.

Tenho pena da Estela, por não ter tempo para despachar com os seus ministros, menos ainda para fiscalizar os projetos que se arrastam em sua execução ou nem saem do papel, mesmo sendo considerada gerentona.

Tenho pena da Estela, que, por dever tanta gratidão a quem lhe deixou a herança maldita da corrupção, é obrigada a repetir que nunca, na história deste país, houve um governante melhor do que o padrinho político.

Tenho pena da Estela, obrigada, pela amizade de velhos tempos, a manter em altos cargos pessoas acusadas de malfeitorias, mesmo que, para isso, tenha sido necessário extinguir, na prática, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Tenho pena da Estela, que vê a seca assolar o pobre Nordeste, seu principal reduto eleitoral, enquanto a transposição do Velho Chico, prometida para ontem, está com as obras abandonadas e com a previsão de custos triplicada.

Tenho pena da Estela, pois nem a graciosa amiga consegue segurar a queda da Petrobras, empresa tão usada para fins políticos nesses últimos anos.

Tenho pena da Estela, por ter mantido, como Chefe de Gabinete do Escritório da Presidência da República, em São Paulo, atendendo a pedidos, uma moça de fino trato, cuja roseira parece ter murchado.

Tenho pena da Estela, por acreditar em fantasias amanteigadas de um forte crescimento da economia brasileira, cujo Produto Interno Bruto, nesses dois anos de mandato, está na rabeira do crescimento mundial.

Tenho pena da Estela, por não ter assessores confiáveis, que abram os seus olhos, como aconteceu há poucos dias, em 13 de novembro, quando nomeou o então número dois da Advocacia-Geral da União, para integrar o Conselho Deliberativo do Fundo de Previdência Complementar do Funcionalismo da União, que será com certeza o maior Fundo de Pensão deste país, sem saber que o Sr "W" seria, logo em seguida, indiciado pela Polícia Federal no grande esquema de corrupção de venda de pareceres técnicos por agências que nada regulam.

Tenho pena da Estela, por ver que há falta de vassouras e de vontade para fazer a grande e esperada faxina.

Por último, tenho pena da Estela, cujo governo navega por portos inseguros, embora da negritude desponte uma tênue luz de esperança.

Luiz Osório Marinho Silva

3 comentários:

  1. Infelizmente não tenho pena e não vejo luz alguma.

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  2. Tenho pena deste povo que gosta de ser enganado e nunca toma jeito ... entra ano, sai ano e a história se repete ... o povo gosta de ser enganado ... "fato consumado"

    @DRLUIZAUGUSTO_

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