quarta-feira, 16 de março de 2011

ALCKMIN PISOU NA BOLA FEIO (By Mara Kramer)


Hoje é um dia de indignação! O Ministério da Cultura autorizou Maria Bethânia captar no mercado R$ 1.3 milhões para produzir um blog de difusão de seu trabalho. É ético um artista gastar tanto para colocar um blog no ar em um país como o Brasil? Entretanto o que me chamou mais atenção, e sobre o que quero tratar é a declaração do governador de São Paulo Geraldo Alckmin em visita hoje à Brasília que disse torcer pelo governo Dilma.

Pessoalmente, ainda não havia engolido aquele apoio amplo e irrestrito dos governadores do PSDB ao governo Dilma expresso na Carta de Maceió. A explicação dos governadores, e de Alkmin, era a priorização do pacto federativo. Ora, o pacto federativo, mau ou bem, esta posto, e não é necessário que em uma reunião da oposição ele seja prioridade. O que ficou claro com relação à Carta de Maceió é que o PSDB, no caso seus governadores, não participariam da oposição ao governo exigida pelo eleitorado oposicionista, e responsabilidade de seu partido.

Neste caso, o partido estaria dividido em dois: alguns se oporiam e outros não. Como isto funciona não me pergunte. Passado algumas semanas de dita reunião FHC, em entrevista senão me engano a Kennedy Alencar, demonstra seu apreço a Lula, não como pessoa, mas ao político. Também em entrevista FHC diz que Dilma começou bem seu governo. Diz isto mesmo depois de todas as negociações de cargo em troca de apoio realizado pela presidenta, da incorporação de Palocci ao governo, da inação do governo frente ao caso Erenice Guerra o qual por sua importância, pois envolve a própria presidenta, deveria ser prioridade do executivo, a manutenção do aparelhamento de várias instituições públicas, e sobretudo, do significado de ter Dilma como presidente da república. Ou seja, uma pessoa que nunca concorreu sequer a uma vereança é colocada no cargo mais alto de um país pelas mãos de um homem que para alcançar seu objetivo não mediu esforços em termos de uso do dinheiro público e da máquina pública na campanha, da desobediência à legislação eleitoral inúmeras vezes, a ofensa às instituições e aos partidos, a mentira deslavada como foi o caso da "bolinha de papel" atirada na cabeça de Serra no Rio de Janeiro, etc. FHC desconsiderou completamente o que consiste em termos de autonomia do poder o fato, muito bem lembrado por Ferreira Gullar, de termos no cargo mais alto do país uma pessoa que não tem autoridade frente a outrem, no caso o ex-presidente. Temos aí o criador e a criatura, e todas as conseqüências intrínsecas a esta relação. Ainda assim, FHC só soube apoiar o discurso vigente na época que destacava como maravilhoso no novo governo a discrição de Dilma, ou seja, confundia discrição com competência. Creio que FHC perdeu uma ótima oportunidade de elucidar qual é o papel do partido como oposição, não o fez, preferiu agradar o governo. Não encontro os motivos para isto, mas não posso interpretar de outra maneira.

Não contente o PSDB, que simultaneamente grita aos quatro ventos que fará (sempre no futuro) oposição ferrenha, lemos hoje a declaração de Alckmin que diz torcer pelo governo Dilma. As palavras textuais de Alckmin foram: “Torcemos por ela, pelo seu trabalho. Ela tem conhecimento das questões de Estado e conhecimento de gestão. São Paulo será parceiro nesse trabalho”. http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/03/alckmin-diz-torcer-por-sucesso-de-dilma-na-presidencia.html

Penso que o governador foi muito infeliz em suas palavras por várias razões. Primeiro que esta confundindo torcer pelo país com torcer pela situação, embora não pareça são coisas muito distintas e com conotações também muito diferentes, as quais não devem escapar a um político experimentado como Alckmin. Alckmin não diz que torce pelo país, deixa claro que torce pelo governo. Segundo, os partidos de oposição constituem-se oposição porque tem uma proposta para o país diferente do(s) partidos de situação, portanto não concordam e não acreditam na eficiência do programa da situação. A oposição deve a partir daí mostrar a seu eleitorado os equívocos desta proposta, segundo sua ótica, na condução do país. A oposição é critica ao programa da situação. No momento que um político de destaque da oposição diz torcer pela situação ele esta dizendo que espera que sua política seja boa para o país. Como? Ele não pertence à oposição que se diz contrária ao programa da situação? Se a política da situação pode ser boa para o país, porque ele não faz parte da situação? Em outras palavras, porque ele se opõe? Em terceiro lugar, se o PSDB, pela voz de Alckmin, entende que a política da situação é capaz de ser exitosa, entendo torcer como desejar que seja vitoriosa, então o PSDB não é oposição. Entretanto, o PSDB e o próprio Alckmin diz em outras ocasiões ser oposição. Tem algo aqui que não fecha, e que teremos que pensar melhor, mas em outra ocasião para não sair da linha de pensamento deste artigo.

Em quarto lugar, Alckmin com esta declaração demonstra explicitamente seu apoio ao governo Dilma, e portanto a tudo o que ele envolve. Alckmin esta assinando embaixo do governo sobre o qual Álvaro Dias em recente entrevista no Twitter disse, “nunca na historia desse país houve tanta corrupção como nos últimos 8 anos”, assim como da incompetência na educação, saúde, segurança, infra-estrutura. Esta reconhecendo a validade da aparelhagem do Estado, do uso de empresas públicas pelo partido de situação, da aliança do partido do governo com as oligarquias, da repressão a liberdade de expressão e busca de monopolização da informação. Diante de tal aberração só podemos concluir que Alckmin e conseqüentemente seu partido o PSDB estão completamente confundidos com o que é ser oposição e como fazer oposição. Não tem a menor idéia do que isto significa. São “barcos” ao sabor dos ventos que mudam de rumo aleatóriamente. Situação cada dia mais preocupante.

A irresponsabilidade política da declaração de Alckmin é imensa!

A inconseqüência da declaração de Alckmin beira a insanidade!

Alckmin não tem noção das conseqüências de seus pronunciamentos como governador do estado mais rico da União, político de destaque e peso no maior partido da oposição do país?

Alckmin nunca escutou o eleitorado do PSDB que exige que o partido faça oposição? Se é assim em que mundo ele vive?

A situação é séria, mas o PSDB continua brincando.
 
Mara Kramer.

6 comentários:

  1. A oposição me é um espanto... um enigma... podendo até chegar a caixa de pandora.
    Integridade é qualidade de pessoas de bem. Pouco vejo isto nos que tiveram nossos inúmeros votos. Aduladores vendem a alma a qualquer preço. Mais que isso, a preço de ocasião.
    Mia

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  2. ESTA É A CONSEQUÊNCIA DE TODA A ARRECADAÇÃO DOS ESTADOS IREM PARA AS MÃOS DO GOVERNO FEDERAL. O QUE VOLTA NÃO DÁ NEM PARA A MERENDA ESCOLAR ENTÃO TODOS SÃO OBRIGADOS A BEIJAR A MÃO DO PODER CENTRAL E COM O PIRES NA MÃO PEDIR AJUDA P OBRAS IMPORTANTES E DE VULTUOSOS VALORES. ALÉM DA REFORMA POLÍTICA NECESSÁRIO URGÊNCIA NA REFORMA TRIBUTARIA.

    Marisa Cruz

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  3. Você tem toda razão, Marisa Cruz!
    Agora, beijar a mão dessa turma é mesmo o fim da picada. :(

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  4. A aproximadamete uns 3 meses atrás,eu neste Blog, postei comentário, que foi um erro eu apoiar o PSDB, cada dia mais me convenço disto.Não posso nem mecionar que é uma oposição medíocre, pq simplesmente não há.As bases da Democracia estão abaladas, apenas subsistindo por um tênue liame, que se encontra nas redes socias, eleitores como eu indignados com os rumos que estes eventos vem apontando.O cenário é caótico. As vezes acho que não e verdade, é uma fábula.Mas esta pode não ter um final feliz. Talvez viveremos a do Brsilzinho Vermelho e o lobo mau.

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  5. Li atentamente esse artigo crítico em que a autora cobra uma posição mais coerente do tucano (?) governador paulista.

    O reconhecimento de Geraldo, ou melhor, de Alckmin, o Geraldo foi apenas quando ele saiu candidato a presidente, apenas para tentar popularizá-lo, ao Governo de Dilma Rousseff pode ser avaliado como um comentário de um líder republicano, aberto ao diálogo.

    Por outro lado é o supra-sumo da incoerência política. A afirmação de Alckmin é o MDC do paradoxo político.

    Quando ao FHC... esqueçamos, como ele orientou, esqueçamos o que disse. Esse Sr. até quando está calado está errado.

    Errou quando criticou o presidente anterior e erra novamente quando elogia a nova presidenta. Ex-presidente, coerentemente deveria restringir-se a sua condição de “ex” e ficar calado. Isso vale também para Lula da Silva (popular pára os petistas e populista para os oposicionistas)

    Em resumo o PSDB e suas lideranças erraram quando estavam no poder e agora erram fora deste.

    Prefiro o PSDB da forma que deve ser, ou melhor, deveria ser: na oposição. Um partido caracterizado por integrantes comprometidos efetivamente com a elite e classe dominante empresarial.

    Confesso, como simpatizante do PT, me decepcionar com esses comentários elogiosos dos tucanos a atual administração federal que tem seus acertos e seus equívocos como qualquer uma outra.

    Por que? Alguém pode indagar. Porque o PSDB não elogia nada que preste. Valei me meu Padim Ciço!!

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  6. Mara, o PT representa um retrocesso na qualidade de gestão, por ter aparelhado partidariamente o governo, com quadros despreparados, corporativistas, pelo populismo, pelo passado da Presidente, pela banalização da corrupção, pela coloração ideológica, pelas companhias pouco recomendáveis e uma infinidade de outros motivos. Porem vejo o PT como um adversário não um inimigo. A presidente foi eleita, e tem na base alugada aprox. 70% dos votos no Senado e Câmara, portanto consegue aprovar o que ela bem entender, votos esses cooptados com cargos e verbas. Os eleitores colocaram a oposição na inconfortável tarefa de fazer discursos inócuos de constantes desaprovações. A Oposição vem sendo realizada de forma firme e adequada em todas as matérias que foram apresentadas. Não concordo que o Geraldo Alckmin tenha pisado na bola ao desejar que a presidente faça um bom governo; é o que todos os brasileiros esperam... Não devemos torcer contra, mesmo porque, não se trata de um jogo esportivo, mas sim a qualidade de vida, que todos os brasileiros precisam e merecem. O Geraldo foi pedir verbas federais para o Rodoanel em São Paulo. Os 60% de toda a arrecadação de impostos federais, equivale a 210 bilhões, que é repassado ao Governo Federal. Desejar à presidente um bom governo e ter a esperança que parte daquilo que pertence ao Estado SP volte em forma de investimento, não é falta de fazer oposição e sim uma oração para que tudo de certo, caso contrario, não haverá as verbas federais necessárias para as obras. Na realidade precisamos de um novo pacto federativo.

    José Parra

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