terça-feira, 29 de março de 2011

SAÚDE PEDE SOCORRO. (CAOS NO ESP. SANTO)

Depois de nove meses funcionando provisoriamente no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, o atendimento no Hospital São Lucas chegou a ser suspenso por decisão dos médicos que trabalham no local. Eles chamaram a polícia e fecharam as portas da unidade, alegando que uma pessoa morreu e outras estavam sendo atendidas de forma precária, em corredores e outros ambientes sem ventilação.


O clima de caos que se formou no São Lucas se estendeu para outras unidades da Grande Vitória. Ontem, doentes eram atendidos em cadeiras e no chão do Hospital Dório Silva, na Serra e outros, por falta de macas, aguardavam socorro dentro de ambulâncias em frente ao Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. No hospital da Serra, além das consequências da paralisação no São Lucas, a direção diz enfrentar a falta de médicos.

O estudante Eduardo de Souza, 24 anos, que sofreu um acidente de trânsito, ficou cerca de uma hora no chão da ambulância até ser levado para o Hospital Antônio Bezerra de Faria. Na mesma ambulância estava o salva-vidas Rony Pontara, 28.

O registro de um boletim de ocorrência no último domingo ocorreu após a morte de um rapaz de 23 anos, e denuncia as deficiências do hospital, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Otto Baptista. "Os principais problemas do São Lucas são a superlotação e a falta de equipamentos para tratar pacientes graves, principalmente o respirador artificial. No domingo, chegou um paciente grave. Ele foi entubado com ventilação mecânica. Todos os respiradores estavam ocupados, e ele morreu".

Após o atendimento ter sido paralisado no São Lucas por causa dos corredores lotados de pacientes, outros tiveram de esperar dentro de ambulâncias no Hospital Antônio Bezerra de Farias para ser atendidosSegundo ele, havia mais de 100 pessoas além da capacidade do hospital. O sindicalista fez um vídeo que traduz o drama de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes e acompanhantes disputavam o espaço de um corredor sem janelas. Alguns aparecem ao lado de lixeiras, com ferimentos expostos e não têm nem sequer um lençol para se cobrir. (Com informações de Letícia Gonçalves, Mayra Bandeira e Patrícia Scalzer)

Sesa transfere pacientes e dá alta a outros 10

Diante da interrupção no atendimento por iniciativa dos próprios médicos que trabalham no Hospital São Lucas, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) investiu em transferências e compra de leitos da rede privada para reduzir a superlotação no local.

O secretário estadual de Saúde, Tadeu Marino, informou que 15 pessoas foram transferidas e 10 tiveram alta da unidade, ontem. O secretário disse ainda que os médicos voltaram a atender casos de urgência e emergência. Ele garante que não há falta de equipamentos.

"Começamos a comprar leitos na iniciativa privada. Mas a resposta não é imediata. Incluímos outros hospitais além daqueles que normalmente cedem os leitos para normalizar a situação. O São Lucas é referência em trauma, urgência e emergência em toda a Grande Vitória", enfatiza.

Mais um ano de obras

A população terá que aguentar mais um ano até o fim das obras na sede do Hospital São Lucas, em Vitória. A expectativa, segundo o secretário, é que a primeira parte da reforma e ampliação do hospital seja entregue no primeiro semestre do próximo ano, com 30 vagas em UTI mais emergência, além de sete salas de cirurgias. A capacidade total será de 271 leitos e 74 de UTI. A previsão inicial no início das obras, em junho do ano passado, era que os serviços fossem concluídos em 12 meses. O investimento é de cerca de R$ 41 milhões.

Já as obras do Hospital Dório Silva devem terminar no começo do próximo ano, com 371 leitos e 84 vagas na UTI, além de um heliponto. O investimento é de R$ 121 milhões.

A situação da rede

Hospital São Lucas.

Está funcionando provisoriamente em parte do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Bento Ferreira. Até ontem, possuía cerca de 100 pessoas no chão ou corredores, de acordo com o Sindicato dos Médicos. A primeira etapa das obras de ampliação e reforma serão entregues no primeiro semestre de 2012. Terá capacidade para 271 leitos e 74 vagas na UTI

Hospital Estadual Dório Silva.

Com a paralisação do São Lucas, ontem, ficou ainda mais sobrecarregado. Faltavam até macas para os pacientes ficarem no corredor, e acompanhantes afirmam que muitos estão em lençóis, no chão. O novo hospital está em construção, com previsão de conclusão em 2011. A unidade terá 371 leitos, sendo 84 de terapia e com heliponto. O Pronto-socorro terá capacidade para 10 mil atendimentos por mês

Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória.

Hoje funciona no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba) para que a reforma do espaço aconteça. As obras incluem pintura, correção das infiltrações em diversas paredes e a criação de um ambiente de repouso para crianças em observação

Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria.

Ontem, muitos pacientes aguardavam atendimento dentro das ambulâncias, por falta de maca. A reportagem não pode ter acesso nem mesmo à recepção

Rapaz ferido em acidente segue em estado grave

O auxiliar administrativo Alexandre Matos Novaes permanece internado no Hospital São Lucas em estado grave. Ele sofreu um acidente de carro sábado, em Vila Velha, e foi dado como morto por um técnico em Enfermagem que prestava socorro por meio do Samu 192. A Secretaria Estadual de Saúde admitiu que houve erro, informou que o profissional foi afastado e que vai reforçar a capacitação do restante da equipe.

Sindicato aponta queda na compra de leitos da rede privada desde 2010

Apesar da falta de leitos nos principais hospitais da Grande Vitória, o Hospital Estadual Central - que funciona como retaguarda no atendimento de urgência - ainda não está sendo utilizado em toda sua capacidade. A redução na compra de leitos na rede particular registrada desde o início do ano também contrasta com a superlotação.

Segundo dados da própria Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), hoje há 103 leitos sendo utilizados no Hospital Estadual Central, inaugurado em dezembro de 2009, e cuja capacidade máxima é de 120 vagas.

Além disso, houve queda na procura por leitos particulares. O presidente do Sindicato dos Médicos, Otto Baptista, acredita que a redução tenha sido de 70%. Só no Hospital Meridional, em Cariacica, o número médio de pacientes passou de 15 (80% deles em UTI) em 2010 para cerca de um ou dois este ano. A queda aconteceu bruscamente em fevereiro.

"Verificamos a diminuição do número de atendimentos para pacientes da Sesa. A contratação é sob demanda, portanto, não há necessidade de justificativa para a redução na procura por parte do Estado. Quando vendemos o serviço para a rede estadual, usamos o menor valor praticado pelos convênios", explica o diretor de relacionamento do Hospital Meridional, Marne Nascimento.

O secretário estadual de Saúde, Tadeu Marino, diz que a Sesa investiu R$ 65 milhões na compra de leitos no ano passado e só nos primeiros três meses deste ano foram mais R$ 8 milhões.

Fonte: A Gazeta - http://glo.bo/gKjYdO

2 comentários:

  1. Aqui em Ribeirao Preto, a epidemia de dengue chega a 40 mil casos,os postos de saude estao sucateados,gente morrendo de dengue e a prefeita bandida,gastando 15 milhoes de reais, em corrida de stock cars,ta bom pra voce?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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