domingo, 20 de outubro de 2013

DESVIO MILIONÁRIO DA CÂMARA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM LEVA NOVE À PRISÃO

Uma operação conjunta entre a Polícia Militar, o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, prendeu ontem, temporariamente, nove pessoas envolvidas em um suposto esquema de desvio de dinheiro na Câmara. Cerca de R$ 1,2 milhão teriam sido desviados.
Foto: Gustavo Ribeiro
 Gustavo Ribeiro
Hélio Grecchi, apontado como chefe do esquema, foi detido em casa pela manhã
























O esquema foi descoberto no final de setembro, por um funcionário da Caixa Econômica Federal, que suspeitou que dois cheques, emitidos pela Câmara – com os valores de R$ 53.087,66 e R$ 39.394,58 – haviam sofrido rasuras no verso, onde é definida a destinação dos recursos. No início deste mês, o Tribunal de Contas realizou uma auditoria extraordinária na contabilidade da Câmara.

A operação denominada Parlamento Rosa, que faz alusão à campanha do câncer de mama, começou às 6h. Saíram dez equipes de polícia do 9º Batalhão, nove ficaram em Cachoeiro e uma foi para Marataízes, onde estava um dos envolvidos.

Nas casas dos suspeitos foram apreendidos documentos, contracheques, extratos bancários e cartões de crédito. Os policiais e representantes do Ministério Público (MP) chegaram à residência do suposto chefe do esquema, o contador Hélio Grecchi, por volta das 6h10. Hélio era funcionário da Câmara há cerca de 20 anos.

Operação

A operação consistiu no cumprimento de dez mandados de busca e apreensão e dez de prisão temporária, além da efetivação de ordens judiciais de sequestro de bens e ativos visando à restituição dos valores subtraídos no esquema.

Dos dez mandatos de prisão temporária expedidos pela Justiça, apenas nove foram cumpridos. Além do contador, outras oito pessoas, entre funcionários e terceiros, foram presas. O MP não divulgou o nome dos suspeitos, que foram levados para o auditório da promotoria para prestar depoimento. Alguns seriam liberados ainda ontem.

Se a fraude for comprovada, os acusados devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documento público, falsidade ideológica, peculato, entre outros.

Acusado tem seis carros na garagem

De acordo com o advogado Luciano Cortez, contratado para defender cinco funcionários efetivos da Câmara de Cachoeiro de Itapemirim detidos na operação de ontem, seus clientes são inocentes. “São pessoas que estão sofrendo e não têm envolvimento nenhum com este crime. Esses funcionários não sabiam a origem do dinheiro. Foram usados”, disse.

O advogado explicou que o contador Hélio Grecchi se utilizava da amizade e confiança dos demais servidores para pedir que eles recebessem a quantia em suas respectivas contas, alegando estar com dívidas no banco. “Tudo que caía na conta deles era devolvido no mesmo dia. Eles não ficavam com nada e temos como provar isso”, disse.

Grecchi está afastado do cargo desde setembro. Ontem, ao chegarem à casa do contador e receberem a informação de que ele não estava, policiais invadiram a residência. Só então familiares do contador confirmaram a presença dele no local. Quando saiu de casa, escoltado pelo polícia, Grecchi demonstrava estar abalado e não falou com a imprensa.

Foram apreendidos seis veículos pertencentes à família de Grecchi. Agentes anotaram a quilometragem de cada um dos veículos, que ficaram estacionados na frente da residência.

O esquema

A fraude
No mês passado, foram descobertas fraudes em cheques da Câmara, destinados ao pagamento de tributos previdenciários. Os valores estariam sendo desviados para as contas de funcionários da Casa. O montante desviado é estimado em R$ 1,2 milhão

Chefe
O contador Hélio Grecchi, é apontado como o chefe do suposto esquema. Segundo a investigação, ele alegava uma dívida com banco e pedia para que cedessem suas contas para recebimento do valor estipulado por ele

Banco
Anexo aos cheques, o banco recebia uma relação com os nomes das pessoas que deveriam receber os valores, junto com o número das respectivas contas

 
Fonte: A Gazeta

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